César, do Animot, sugere leitura de um artigo do professor de Economia Política, Gar Alperovitz, da Universidade de Maryland (EUA), publicado no New York Times. O artigo trata de uma experiência que estaria em curso na Califórnia, com o governo de Arnold Schwarzenegger. O “exterminador do futuro” teria percebido, segundo o autor, uma verdade essencial: nenhuma grande nação, nem mesmo os Estados Unidos, pode ser bem administrada sem implementar mecanismos de descentralização de poder e de democracia participativa. O que a noção de democracia participativa pode significa em um país com as dimensões e o poder dos EUA? – pergunta o autor. Divisão do poder e descentralização são o caminho de sua resposta. A Califórnia, diz Alperovitz, está implementando políticas próprias em áreas como saúde pública e aquecimento global, distintas daquelas praticadas pelo governo Bush. César fez um resumo do artigo, no Animot.
As dimensões de um país, democracia e relações exterioresO New York Times de ontem traz "California Split", um artigo de Gar Alperovitz que aborda, entre outros assuntos, as relações entre o tamanho de um país, a democracia e as relações exteriores. Alperovitz é autor do livro America Beyond Capitalism. Abaixo, algumas idéias apresentadas:
* Nações de grande escala não podem ser governadas com sucesso a partir de um centro.
* Nações de grande escala têm dificuldade em conviver com o empoderamento da população.
* A noção de democracia (governo do povo) deixa de fazer sentido se o país é muito grande. Defender a redução da escala de um país grande é uma maneira de defender a democracia participativa. O que significa "democracia participativa" em uma comunidade de escala continental?
* Os economistas Alberto Alesina e Enrico Spolaore mostraram que quanto maior uma nação, mais difícil é o governo dar conta das necessidades da população.
* Quanto maior a nação, mais caro é dirigir-se a todo o povo. Só as elites conseguem se dirigir a todos, mas as prioridades das elites não são as prioridades da população em geral.
* James Madison, um dos arquitetos da constituição estadunidense, preocupava-se com os efeitos da explosão demográfica na democracia. Em uma carta a Jefferson, quando os EUA tinham uma população de 4 milhões de habitantes, ele se preocupa com a possibilidade das elites dividirem e conquistarem uma população dispersada, levando o país a uma tirania.
* Há duas soluções para os problemas que a grande escala de um país trazem à democracia: fragmentação da nação ou descentralização do poder. (A segunda me parece mais interessante do que a primeira, o separatismo.)
* A grande escala de um país em relação aos outros também traz problemas internacionais, pois a tentação de um país gigante de interferir em um país de menores proporções é enorme. Quem disse isso foi George F. Kennan, diplomata estadunidense. Para ele os EUA deveriam ser constituídos por mais ou menos uma dúzia de repúblicas unidas por um rudimento de governo federativo.
FONTE:
http://www.nytimes.com/2007/02/10/opinion/10alperovitz.html?ei=5070&en=c941148dc495bf10&ex=1171861200&pagewanted=all
