É muito fácil responder à pergunta do tópico: Se alguem, de alguma maneira, tivesse provado de forma clara e incontestável que um certo deus existe, não haveria motivo para se acreditar em outros deuses, nem para existirem ateus. Muitos religiosos têm essa idéia de que os ateus estariam "rejeitando deus", por negarmos que argumentos baseados na introspecção ou revelação constituam evidência, mas o fato é que não existem motivos concretos para acreditarmos em deuses. As pessoas que assim o fazem estão se baseando em um conhecimento intuitivo, numa espécie de visão mística que, a experiência demonstra, não é um conhecimento confiável. A história está repleta de exemplos de tragédias causadas por pessoas que seguiram líderes guiados por visões. Por outro lado, a própria ausência de evidência permite que certas pessoas consigam manter seus deuses e seu conhecimento científico em compartimentos separados de sua mente [1]. Resumindo: nada impede que um cientista seja deísta, ou até mesmo teísta (isso vai depender de até onde ela está disposta a reinterpretar os dogmas de sua igreja).
Ah, e sempre devemos tomar cuidado com um cientista que faz declarações sobre assuntos fora de sua especialidade. Nesse caso, devemos tomar suas declarações como as de um leigo, embora geralmente um leigo bem-informado.
[1] Exceto quando essa crença religiosa conflita diretamente com os dados científicos, vide o caso da transubstanciação e do criacionismo. Nesse caso, é preciso uma boa dose de duplipensar misturada com algumas colheradas de estupidez.