Tópico: Sobre a fetichização da ciência

[Freddy Hazuki]

Sobre a fetichização da ciência
Por Daniel Patire em 13/2/2007

Os temas científicos, quando transformados em matérias jornalísticas, passam por mecanismos editoriais que, em muitas ocasiões, causam no leitor comum a sensação de que a ciência é algo mágico. Essa forma de divulgação da ciência e seus efeitos para o conhecimento científico é examinada pela mestranda em sociologia Verena Fornetti em sua dissertação "Divulgação científica fetichizada: análise comparativa das revistas Superinteressante, suas edições especiais, e National Geographic Magazine".

A pesquisa, orientada pela socióloga Fátima Cabral, do Departamento de Sociologia e Antropologia da Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC), campus de Marília, foi submetido a uma banca para Exame de Qualificação de Mestrado no último dia 30/01, em São Paulo.

A banca foi composta por Wilson da Costa Bueno, jornalista científico e professor de Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo, e pela professora aposentada Isabel Maria Frederico Rodrigues Loureiro, da FFC.

Misticismo e ciência

"Nosso objetivo é entender o que ocorre com a ciência quando esta é transformada em mercadoria e submetida, na mídia, aos padrões do jornalismo em revista: sensação, sucesso e relaxamento", disse Verena.

Segundo a mestranda, nesse processo de "fetichização" da ciência, em algumas reportagens o conhecimento científico se iguala ao conhecimento místico. Embora a perspectiva cética também seja abordada nas reportagens sobre temas místicos, não há uma afirmação categórica da perspectiva científica e pode parecer que tanto o misticismo, quanto a ciência, são armas igualmente válidas para entender o mundo. "Essa é uma maneira complicada de abordar a ciência. Se a revista borra a fronteira entre religião e ciência, isso pode confundir o leitor", explicou Verena.

Escola de Frankfurt

Isabel e Bueno enfatizaram que a principal crítica de Verena ao jornalismo cientifico, sobretudo da revista brasileira, está no fato dele apresentar a ciência como um simples entretenimento, uma curiosidade. "No trabalho há uma idéia reguladora de que a ciência é uma ferramenta crítica para reflexão e a divulgação científica não é página de literatura ou de relaxamento", destacou Isabel, professora de Filosofia.

Em suas análises, Verena utiliza um arcabouço teórico construído pelos principais filósofos e sociólogos da chamada Escola de Frankfurt – Adorno, Horkheimer e Habermas – para avaliar como a divulgação científica é tratada nos veículos de comunicação de massa.

Seus estudos abrangem as edições publicadas em 2005 das revistas científicas com altos índices de venda. Sob este critério, destacam a Superinteressante, a mais vendida no Brasil, e a National Geographic, a mais comercializada no mundo.

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Fonte: Observatório da Imprensa

[danieli]

Sabe que eu já notei isso, você lê uma Super ou Galileu e fica absorto com a magic wand que o editorial passa por cima de todos os anos de trabalho, o modo como as pesquisas foram realizadas… É como se o cientista fosse um popstar que teve um insight e PUFT! Fez as descobertas e tal, como um cantor que lançou um sucesso recente devido a sua imaginação para a letra e a melodia frutos da sua perspicácia de idéias artisticas, complicado isso, eles querem vender, mas eu acredito que o compromisso com a verdade dos fatos é primordial dentro do jornalismo, ou então de que serve uma notícia tão… enfeitada (pra não dizer mentirosa e omissa).

[PauloCesar]

Acho que o principal interesse da mídia é vender seu produto (informação). Se puder melhorar a embalagem, nesse caso, transformando o cientista num artista pop, melhor ainda...

Por outro lado, não é de hoje que percebo essa atitude no mínimo 'suspeita' de "não haver uma afirmação categórica da perspectiva científica e pode parecer que tanto o misticismo, quanto a ciência, são armas igualmente válidas para entender o mundo". Porra! Colocam a ciência como se fosse 'mais uma' alternativa! Na certa com 'medinho' de 'não respeitar a crença alheia'... É isso que o Dawkins vive afirmando e ninguém parece entender! Defender crenças comprovadamente refutadas pela ciência não é algo razoável!

Um exemplo: numa edição recente da Galileu (Edição 183 - Out/2006). Um ex-pastor americano encontrou provas de que os evangelhos são uma verdadeira colcha de retalhos (montagens, inserção de textos, modificações grosseiras etc.) Mas a reportagem passa a impressão de que isso é uma mera 'opinião' do cara, como se fosse uma simples forma de interpretação! Não há reflexão, não há questionamento... é tudo feito em cima do 'mistério' (estou passando a detestar essa palavra) como se as evidências científicas estivessem no mesmo patamar d'O Código Da Vinci... i s s o   é   r i d í c u l o!

 

[Buckaroo Banzai]

A superinteressante (e a galileu, possivelmente) tinha é que ser malhada mensalmente no OI e em tudo que é lugar.

[Herf]

Os temas científicos, quando transformados em matérias jornalísticas, passam por mecanismos editoriais que, em muitas ocasiões, causam no leitor comum a sensação de que a ciência é algo mágico.

Já li críticas a Stephen Hawking no que se refere a isso.

[Alenônimo]

Acho que o principal interesse da mídia é vender seu produto (informação). Se puder melhorar a embalagem, nesse caso, transformando o cientista num artista pop, melhor ainda…

Por outro lado, não é de hoje que percebo essa atitude no mínimo 'suspeita' de "não haver uma afirmação categórica da perspectiva científica e pode parecer que tanto o misticismo, quanto a ciência, são armas igualmente válidas para entender o mundo". Porra! Colocam a ciência como se fosse 'mais uma' alternativa! Na certa com 'medinho' de 'não respeitar a crença alheia'… É isso que o Dawkins vive afirmando e ninguém parece entender! Defender crenças comprovadamente refutadas pela ciência não é algo razoável!

Um exemplo: numa edição recente da Galileu (Edição 183 - Out/2006). Um ex-pastor americano encontrou provas de que os evangelhos são uma verdadeira colcha de retalhos (montagens, inserção de textos, modificações grosseiras etc.) Mas a reportagem passa a impressão de que isso é uma mera 'opinião' do cara, como se fosse uma simples forma de interpretação! Não há reflexão, não há questionamento… é tudo feito em cima do 'mistério' (estou passando a detestar essa palavra) como se as evidências científicas estivessem no mesmo patamar d'O Código Da Vinci… i s s o   é   r i d í c u l o!

 

Esse é o pior problema da ciência tratada na mídia. Sério mesmo. Isso faz o meu sangue ferver.

[FxF]

A ciência não é "poética", não diz que o universo é como gostaríamos que fosse, é malvada. O povão não tem interesse.

[Herf]

A ciência não é "poética", não diz que o universo é como gostaríamos que fosse, é malvada. O povão não tem interesse.

Eu mesmo, no tempo em que não pensava sobre essas coisas, ficava irritado com os céticos chatos que apareciam para refutar as eviências de OVNI's e outras coisas sobrenaturais, pois para mim aquilo era tão entusiasmante... Sequer ligava para as críticas feitas por eles.

[Dbohr]

A ciência não é "poética", não diz que o universo é como gostaríamos que fosse, é malvada. O povão não tem interesse.

A Ciência é extremamente poética para mim

Meu maior momento de epifania e êxtase espiritual foi quando compreendi as Equações de Maxwell!