Olá Luiz.
E eu pensava que eu era desiludido… as leis não são universais, e a compreensão da justiça e da moral também não, mas isso não quer dizer em si muita coisa.
Pra mim quer dizer muito. Ou você acha que só as suas leis são as "corretas". Porque o que eu disse não quer dizer em si muita coisa?
Gente é gente em qualquer lugar, e a ética da reciprocidade, apesar de todos os desafios, deve ser buscada em qualquer circunstância.
Que viagem cara. Fala sério. E quem define ética?, e quem define reciprocidade?. Estamos a falar de opiniões religiosos e as leis não foram criadas para tal.
Seja como for, você tem algum motivo para acreditar que a lei romena protege (ou deveria proteger) esse padre? A notícia não mostra nenhum. Estou deixando escapar algo?
Não, não tenho motivo nenhum para acreditar que a lei Romena proteja tal homem. As leis daquele país tem que ser cumprida, isso é fato. Estou a simplesmente me atentar que casos como estes não devem ser julgados de acordo com nossos costumes, pois eles possuem os costumes deles e nós os nossos. Se formos efetuar o julgamento, estaremos sim por ser etnocentristas. E isso é preconceito.
Imagine a cena.
Você vai pra uma aldeia de índios, onde o incesto é praticado. Você vai fazer o que?.
Segundo a notícia ela foi acorrentada, e não pregada.
Muda em alguma coisa?. Que seja, acorrentada.
Diante de pelo menos cinco religiosos que permitiram que isso acontecesse.
Já se perguntou se isso não foi vontade dela?
Para mim é uma situação clara em que a defesa aos direitos individuais da falecida se sobrepõe amplamente aos da Igreja. Você discorda?
Sim e não. Sim, porque não sou a favor da matança gratuita de pessoas em nome de algum Deus, qualquer que seja. E não, porque eu entendo perfeitamente o porque as pessoas o fazem, porque acreditam naquilo, se sentem bem, e isso não pode ser mudado. E se pode ser mudado, eles é que mudem por eles mesmos.
Eu certamente não tenho vontade de viver em um país que dê aos seus padres o direito inconteste de decidir quais de suas fiéis devem viver e quais devem morrer. E não tenho muita simpatia por quem tem.
Eu não também não tenho simpatia por qualquer país que aceita isso. Como disse Luiz e repito, não sou a favor disso, mas respeito, pois há práticas religiosas envolvidas. Do mesmo jeito que pra alguns muçulmanos, é completamente obsceno mulheres mostraem os braços e tantas outras coisas mais.
Vem cá, deixa eu te perguntar uma coisa, só para tirar minha dúvida. A pouco foi notíciado que Toni Blair simpatizou-se com a idéia(idiota por sinal) que proibia, isso mesmo, vou soletrar. P-R-O-I-B-I-A o uso de véus por meninas islamicas nas escolas.
E aí, o que você acha disso?
Muitas vezes é sim, mas esta não é uma delas; é um caso até excepcionalmente claro de abuso religioso.
Então estamos por evoluir aqui?. Você então concorda com as práticas religiosas. Mas não concorda com a prática do exorcismo. Se isso acontecesse aqui no Brasil tudo bem, as leis daqui iriam julgá-lo e aconteceu em um país onde as leis são quase iguais as nossas (visto porque ele vai a julgamentO). Mas, tente entender, e se isso fosse um costume de uma determinada religião?
O Padre e as freiras não tentaram suicídio, tentaram? A questão é a respeito de homicídio, não suicídio.
Ótimo então, você então não vai se limitar a ir até a Romênia para tentar ajudar em tal caso, pois lá estão por julgá-lo. Mas então você parece, pelo menos pra mim, que se prontifica a querer mudar o mundo conforme suas verdades. E isso é no mínimo, um pouco estranho.
Se fosse possível, informaria o paciente o melhor possível sobre os riscos e decisões envolvidos. Se houvesse uma emergência imagino que faria o que considero moralmente correto; há situações em que uma convicção moral se contrapõe a outra e eu nem sempre é possível conciliá-las.
Você não respondeu a minha pergunta. Queria que se possível, você respondesse diretamente.
Você (sim ou não) deixaria um paciente que é praticante Testemunha de Jeová morrer porque tal paciente não "aceita" sangue?
Explique melhor do que você está falando aqui, por favor. Ficou muito vago.
Explico sim, claro. Digo que entender não dói, porque não é preciso fazer muito esforço para entender os costumes religiosos de um povo, na realidade, não dói entender os costumes, quaisquer que seja de um povo. Mesmo que isso, aos nossos olhos seja horrendo e repugnante.
Nada, mas é exatamente o tema da sua objeção à minha opinião; você defende que as leis de uma cultura devem se sobrepor ao meu direito de julgar seus atos, não?
Ah Luiz, se for por isso, iremos enumerar milhões de coisas aqui que determinados paízes efetuam e nunca iremos sair do mesmo lugar. Eu de um lado, não aceitando, mas defendendo o direito de escolha das pessoas, e você repudiando com todo o seu sangue que isso é errado de acordo com suas verdades.
Contrario suas opiniões quando você diz que práticas religiosas que são erradas porque envolvem morte, ou extirpação de clitóris, ou etc. Coisas horrendas ocorrem em nome de um Deus mas nem por isso tenho que me opor a isso. São crenças, até que elas mudem, merecem respeito.
Peraí, você está propondo que a vontade religiosa se sobreponha automaticamente à Lei? Sério?
Eu não proponho nada. Digo e volto a repetir que assim como as práticas religiosas foram inventadas por homens, as leis também foram. Aliás, bem idiota isso não?. De um lado temos as práticas inventadas por homens que a extirpão de clitóris e outra práticas que "atravanquem" a evolução da sociedade, e, de outro lado, a lei, que vão contra a tais conceitos.
De que lado devemos ficar?, já que ambos foram criados pelos homens com objetivos distintos?. Questão difícil não?. Eu, sinceramente não sei o que faria, não consigo pensar numa resposta por hora.
Só consigo defender uma coisa. O direito de opinião.
Abraços.