Autor Tópico: A True Polar Wander e a Explosão do Cambriano  (Lida 4582 vezes)

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APODman

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A True Polar Wander e a Explosão do Cambriano
« Online: 23 de Fevereiro de 2007, 20:05:15 »
A deriva continental é um processo bem conhecido fundamentado desde os anos 60, igualmente evidências robustas apontam para a deriva regular dos polos magnéticos do planeta, porém um tipo de deriva continetal radical proposto no sec XIX é bem pouco citado mesmo pq sua existência permanecia sem evidências isto até 1997, a True Polar Wander, ou Movimento Polar Verdadeiro.

A deriva continental implica na movimentação das placas continentais devido a convecção do magma sob a crosta, isto ocasiona um movimento de poucos centímetros por ano destas placas, já a True Polar Wander é muito mais radical, envolvendo movimentos de vários metros por ano ( 10 a 100 vezes mais rápido do que a deriva continetal comum ) podendo tal proceso durar vários milênios ou milhares de anos.

Tal movimentação tb possui uma causa muito distinta da deriva continetal comum, pois está baseada em princípos físicos, na necessidade da Terra em manter seu momento angular. Assim um desbalanço da distribuição da massa da Terra ( como o surgimento de um grande vulcão ou a deriva de grandes massa continentais )  na região dos polos ( ou próximo ao eixo de rotação do planeta ) ocasiona que todo o eixo de rotação do planeta “viaje” em direção ao equador redistribuindo e equalizando a distribuição de massa crostal de modo a manter o momento angular ou máximo momento de inércia.

Abaixo uma representação gráfica da TPW, a distribuição continental é remodelada completamente em um período de 5 a 20 milhões de anos:






Um exemplo que ilustra bem este processo é quando se fixa pesos nas extremidades de uma bola de futebol, se estes pesos estão na linha do equador da bola e esta é posta a girar então nada ocorre, porém se estes pesos estão fixos próximos ao eixo de rotação ( polos ) da bola e esta é posta a girar, o ponto do eixo de rotação da bola ( e os pesos )  tendem a migrar para o equador até que o máximo momento de inércia esteja realinhado ao eixo de rotação.

É importante notar que a True Polar Wander é uma movimentação do eixo relativa aos continentes e não ao plano orbital da Terra, o ângulo de inclinação da Terra permanece inalterado em relação a eclíptica ( o que leva alguns pesquisadores a argumentar que True Polar Wander não é um nome apropriado já que na verdade o eixo de rotação permanece inalterado )

A TPW permaneceu como uma possibilidade hipotética até 1997 quando uam equipe de geólogos do California Institute of Technology ( CALTECH) mediu a direção em que apontavam o eixo norte-sul de certos depósitos minerais antigos ( conforme resíduos de mineral magnético depositam-se no fundo do oceano estes alinham-se ao campo geomagnético da época de sua deposição, assim quando estes depósitos solidificam-se em rochas, estes guardam seu alinhamento de modo que é possível se determinar onde estava o polo magnético norte e sul no tempo de formação da rocha ) e o que encontraram foi que o alinhamento magnético destes minérios divergiam grandemente em um curto espaço de tempo geológico a cerca de 550 milhões de anos atrás, ou seja, ou campo magnético havia migrado grandemente em um curto espaço de tempo ( o que não é corroborado por outros depósitos ) ou toda a massa continetal havia migrado e mudado sua posição sobre a superfície do planeta. O “start” de tal mudança teria sido o final da formação ( da grande agregação de massa em um único ponto da crosta ) do supercontinente de Gondwana. Esta foi a primeira evidência em prol da TPW.

Recentemente ( 2006 ) uma equipe da Universidade de Princeton realizou novas medições com depósitos encontrados na Noruega e demonstraram que estes depósitos guardam o registro de uma grande e rápida modificação das massas continentais por volta de 800 milhões de anos, agora a equipe tenta realizar medições em depósitos minerais da mesma idade em outras partes do globo. Esta seria a segunda grande evidência a favor da TPW.

Abaixo o exemplo fornecido pela equipe do Maloof Laboratory. O "hot spot" vermelho ( um grande vulcão, por exemplo) surge na região próxima ao polo, então a TPW o recoloca próximo ao equador em um tempode 20 milhões de anos, toda distribuição continental é refeita:



A TPW serviria para se explicar grandes dúvidas entre geólogos e climatologistas, por exemplo, depósitos de resíduos orgânicos no leito de antigos mares indicavam que houve uma era Era Glacial por volta de 800 milhões de anos, porém outras evidências associadas a eras glacias não estão presentes para o mesmo período relatado. Com a ocorrência de uma TPW neste período tais depósitos poderiam ser explicados quando rios que antes levavam seus depósitos orgânicos aos trópicos pasaram a jogá-los na região do ártico, mudando toda química local dos mares.

Da mesma forma, algumas propostas associam a TPW a Explosão do Cambriano.

A "explosão" Cambriana é um episódio sem igual na história da Terra (iniciando-se a cerca de 530 milhões de anos e durando por volta de 15 milhões de anos ) , quando essencialmente todos o filos animais atuais surgiram “repentinamente” no registro fóssil. Existe uma variedade de explicações genéticas e ecológicas para este complexo evento, porém não são capazes de explicar totalmente o grande aumento observado na disparidade e diversidade de espécies, o começo da radiação e sua duração.

A Explosão do Cambriano iniciou-se 20 milhões de anos após o início da TPW, como detectado pela equipe da Caltech, mas seu início se deu ainda dentro da grande reconfiguração de massas, já que a TPW do Cambriano durou por volta de 15 milhões de anos. Durante 15 milhões de anos a vida batalhou para adaptar-se as rápidas mudanças climáticas e geológicas que ocorriam no planeta onde regiões polares de uma hora para outra tornavam-se regiões tropicais, correntes marítmas mudavam bruscamente sua direção, aquecimento e características químicas e onde mesmo o clima se modificava entre períodos de aquecimento e resfriamento.

A explosão evolutiva teria sido favorecida por dois fatores: a extrema e recorrente fragmentação dos ecossistemas marinhos existentes e pela periodicidade do resfriamento e aquecimento global.

No primeiro caso toda vez que um ecossistema começava a se estabilizar, uma nova mudança na conformação das correntes marítimas o fragmentava criando centenas de “patchs” (manchas segundo o modelo de biogeografia de ilhas), onde a evolução ocorria devido ao isolamento com as outras ilhas (redução do fluxo gênico) , até que novas fragmentações levassem a formação de novos ecossistemas, com novas adaptações sendo selecionadas. Isto teria favorecido um grande aumento da biodiversidade, um imenso experimento evolutivo que teria sido acelerado ainda pelo surgimento da reprodução sexuada logo nas primeiras fases.

O segundo ponto estaria fundamentado na grande variedade isotópica do carbono durante o período pré e pós explosão do cambriano, algo que por sí só não possui uma explicação satisfatória pelos modelos alternativos.

O que se sabe é que diferentes variações de “qualidades” de carbono orgânico são detectadas durante o período Cambriano e estes tipos ( isótopos ) de carbono variam grandemente de extrato a extrato rochoso ( mais do que uma dúzia de vezes ), o que indica que houve uma grande e rápida variação em sua origem e forma de deposição. Isto poderia indicar várias expansões e retrações da biosfera durante a Explosão Cambriana, favorencendo assim, a hipótese de que os ecossistemas existentes, sendo continua e rapidamente rompidos alteravam a taxa ( e a qualidade, o tipo isotópico ) de produção e deposição de carbono em determinadas regiões.

Mas uma outra proposta provinda de pesquisadores da mesma equeipe da Calthec é ainda mais interessante. Eles propõem que a anomalia de Carbono se deveu a várias etapas ( que tb por fim, favorecem a explosão do Cambriano ) .

Na primeira etapa, as regiões da borda do supercontinente tropical de Rodinia que havia se fragmentado ( estas regiões eram ricas em carbono orgânico, isotopicamente mais “leve” do que o carbono inorgânico )  foram arrastadas rapidamente pela TPW até regiões próximas ao polo sendo que lá as condições favoreceram que o metano biogênico fosse “preso” em camadas de gás hidratado ( armadilha do metano ) . Ainda , durante o período Vediano, houve um continuo aumento de deposição de carbono aumentando as reservas de metano altamente pressurizado nas camadas mais profundas do assoalho oceânico.

Então ocorreu uma nova e rápida traferência de massa devido a TPW e estas regiões ricas em metano pressurizado foram tranferidas às regiões dos trópicos. Neste momento, ao aquecerem-se gradualmente conforme a região adentrava em latitudes tropicais, os depósitos de metano sofreram momentos de rápida liberação do gás, seguidas de momentos de retração desta ejeção até que o próximo depósito alcançasse a temperatura certa para sua liberação. Isto induziu pulsos de aquecimento global exatamente quando uma nova jazida de metano era liberada na atmosfera.

Se sabe que a temperatura está relacionada a diversidade biológica, já que a cinética das alterações metabólicas são favorecidas por temperaturas mais altas, assim o tempo de uma geração a outra das espécies biológicas diminuia considervalmente durante estes períodos de aquecimento global facilitando o aumento de ocorrências de mutações que  eventualmente se fixavam, ocasionando evolução e mantendo assim, a taxa de formação da (  rica ) diversidade de espécies no período.

Assim a associação de múltiplos fatores biológicos, geoquímicos, climáticos e tectônicos iniciados pela TPW teriam favorecido a maior explosão da diversidade biológica da histórica geológica da Terra.


Fontes:

- http://pr.caltech.edu/media/lead/072497JLK.html
- http://www.princeton.edu/main/news/archive/S15/64/72A37/index.xml?section=newsreleases
- http://cat.inist.fr/?aModele=afficheN&cpsidt=14579302
- http://geoweb.princeton.edu/people/maloof/tpw.html
- http://gondwanaresearch.com/hp/paleosol.htm
- http://arjournals.annualreviews.org/doi/abs/10.1146/annurev.earth.33.031504.103001
- http://www.ssf.npolar.no/pages/newsArchive.htm

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« Última modificação: 28 de Fevereiro de 2007, 14:52:23 por APODman »

Offline Buckaroo Banzai

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Re: A True Polar Wander e a Explosão do Cambriano
« Resposta #1 Online: 23 de Fevereiro de 2007, 21:44:12 »
Que doideira!  :o

Não conhecia essa idéia.... do "fringe" geológico só conhecia as idéias pré-deriva de pontes continentais, e uma idéia "concorrente" à deriva, da mesma época, que não vingou, de que a Terra se expandia tremendamente de tamanho....

Ainda não entendi direito isso do "hotspot", vou ler mais para ver se entendo...... interessante que há quem proponha que tenham ocorrido TPWs bem recentes também!  :o

Mas acho que talvez sejam um tanto precipitadas as defesas de correlações com a explosão cambriana.... tenha isso ocorrido ou não, a explosão cambriana (que nem foi tão explosiva assim) poderia muito bem ser mais "autônoma", não ter tido muito de suas particularidades devido ao evento, ainda que tenham ocorrido ao mesmo tempo... essas coisas de correlações como emergência de filos/temperatura, são meio "míopes", desconsideram um monte de coisas muito importantes, supervalorizando apenas um fator...

Offline Worf

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Re: A True Polar Wander e a Explosão do Cambriano
« Resposta #2 Online: 23 de Fevereiro de 2007, 22:01:21 »
Essa teoria parece fazer mais sentido do que a inversão dos pólos.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: A True Polar Wander e a Explosão do Cambriano
« Resposta #3 Online: 24 de Fevereiro de 2007, 14:29:15 »
Essa teoria pretende substituir a inversão magnética dos polos? Ou poderiam as duas coisas ocorrerem ao mesmo tempo? Bem, ao menos em teoria, são mecanismos distintos, e os dois poderiam ocorrer... e tenho impressão que não são propostos como auto-excludentes, dado o elevado número de inversões magnéticas que defende-se ter ocorrido, e o que isso representaria em paleoclimatologia...





Suyndara

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Re: A True Polar Wander e a Explosão do Cambriano
« Resposta #4 Online: 26 de Fevereiro de 2007, 09:43:02 »
Explosão do cambriano tem n causas possíveis, só testando mesmo para descobrir  :P E espero que um dia a gente tenha a resposta  :ok:

Acredito em vários fatores, incluindo a temperatura (hoje já está comprovado que ela influencia bastante a diversidade de espécies)

Deriva rápida ou lenta, não deixa de ser uma questão latitudinal no fim das contas  ::)

Offline Vito

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Re: A True Polar Wander e a Explosão do Cambriano
« Resposta #5 Online: 27 de Fevereiro de 2007, 00:40:26 »
Tenho uma dúvida:

Não seria aquele giroscópio a planeta a terra? Com lado a lua e sol estão derrubando. Sem Lua e então ela começa alterar sem sentido. Que acha?
Não sei muito bem, mas eu acabei assisti BBC que o Xara passou documentário para a gente. E é última parte. Quem mostra é Jacques Laskar.
« Última modificação: 27 de Fevereiro de 2007, 02:10:32 por Vito Álvaro »

Offline Buckaroo Banzai

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Re: A True Polar Wander e a Explosão do Cambriano
« Resposta #6 Online: 27 de Fevereiro de 2007, 02:17:04 »
Explosão do cambriano tem n causas possíveis, só testando mesmo para descobrir  :P E espero que um dia a gente tenha a resposta  :ok:

Acredito em vários fatores, incluindo a temperatura (hoje já está comprovado que ela influencia bastante a diversidade de espécies)

O problema é que, ainda que se discuta se houve uma temperatura que em situações mais normais é relacionada à diversidade de espécies, a explosão cambriana (ou mais especificamente, no pré-cambriano) ocorreu a evolução de grupos bem mais díspares que simplesmente espécies... a diversificação biológica não é totalmente "fractal", ainda que num gráfico, possa ser vista assim... próximo à "raiz" da árvore da vida, há um espectro maior de possibilidades morfológicas/adaptativas/etc a serem exploradas, pelo simples fato de não haver ainda grande diversidade (ou talvez, melhor dizendo, grandes disparidades)... só isso já torna mais ou menos esperada uma "explosão" de diversidade inicial, que nem foi tão explosiva assim, como demonstra o registro fóssil pré-cambriano, sendo a maior parte da coisa toda provavelmente devida à dificuldade de fossilização daqueles seres todos que ainda não eram muito propensos à fossilização, e o tempo todo transcorrido de lá até os dias de hoje, para processos geológicos diversos tornarem ainda mais escassos eventuais registros.

Se a "explosão" cambriana é vista como real, e não como uma má qualidade de registro fóssil devido a esse contexto todo, o que dizer então de "espécies Lázaro", grupos inteiros, maiores que espécies até, que parecem se extinguir para então reaparecerem eras mais tarde? Poderia-se postular um tipo de hiperconvergência ortogênica ou qualquer coisa. Mas o melhor, para ambas as situações, é não esperar que a fossilização seja um fenômeno feito para nós por Jesus, para que compreendamos perfeitamente nos mínimos detalhes a história da vida no planeta.

Suyndara

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Re: A True Polar Wander e a Explosão do Cambriano
« Resposta #7 Online: 28 de Fevereiro de 2007, 17:14:42 »
Não vejo tantos problemas no fato de mudanças bruscas no gradiente latitudinal provocar também mudanças bruscas na diversidade de espécies (mesmo em termo de filo)  ::)

[]s

Offline Buckaroo Banzai

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Re: A True Polar Wander e a Explosão do Cambriano
« Resposta #8 Online: 28 de Fevereiro de 2007, 18:17:21 »
Não tem exatamente problema, mas tem suas limitações.... quanto ao nível de diferenciação muito maior do que de espécie, há dois problemas básicos, que talvez se misturem em um só: a correlação de calor com o número de espécies é simplesmente uma correlação, e não a causa em si (ainda que uns já tenham dito que o calor pode inclusive aumentar taxas de mutação, isso é muito pouco); e diferenças mais drásticas do que de espécies tem mais "requerimentos"... nichos ecológicos, e ausências de restrições de desenvolvimento, talvez sejam os principais.

Essa situação toda de TPW, se voltasse a ocorrer atualmente, não teria o mesmo efeito, gerando uma nova "explosão" biológica nas mesmas proporções, apenas aumentando a diversidade como se fosse meramente um fractal...

Os nichos ecológicos já estão lotados; uma imensa parte dos seres tem seu potencial de evolução limitado pelo que já são - é muito mais difícil evoluir "rapidamente" um novo filo a partir de uma espécie suficientemente avançada, não basal. De maneira um pouco análoga ao comprometimento das células no decorrer do desenvolvimento, que perdem o potencial de especialização posterior, conforme se especializam.



As principais explicações para a "explosão" cambriana são a relativa disponibilidade de nichos, e que todos animais eram praticamente uns "vermes", formas muito básicas, antes disso. Por serem formas básicas, o leque de possibilidades de inovação, é muito maior do que com qualquer forma já mais avançada (além de serem de fossilização mais improvável, dando uma aparência falsamente "explosiva"). Ao mesmo tempo, a relativa desocupação de nichos fornece um "terreno amigável" para "experimentações"; não há "pioneiros", bem adaptados no nicho para impedir a adaptação à ele, quando se é o primeiro a explorar.

Outras explicações, são secundárias, ainda que tenham tido seu papel; com essencialmente esses dois ítens a "explosão" cambriana já não é algo inesperado, até meio previsível.

Offline Charles

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Re: A True Polar Wander e a Explosão do Cambriano
« Resposta #9 Online: 28 de Fevereiro de 2007, 18:24:48 »
Na verdade, o grande problema não é a explosão do Cambriano. É a quiescência de novidades depois. Até onde eu sei, só um filo (Brachyopoda?) apareceu depois do Cambriano, mesmo depois que a extinção em massa do Permiano acabou com quase 95% das espécies marinhas.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: A True Polar Wander e a Explosão do Cambriano
« Resposta #10 Online: 28 de Fevereiro de 2007, 19:19:21 »
Eu acho que é essencialmente a mesma razão...

Esperar a emergência de novos filos, depois do estabelecimento de vários é meio como esperar que novos troncos grossos, com árvores do mesmo tamanho, nasçam de galhos no alto de uma árvore. (ainda que as causas que impedem as duas coisas não tenham nada a ver)

O resultado de nichos vagos e de "caminho andado" em termos de "construção" dos organismos, mesmo depois das maiores extinções, não é comparável ao pré-cambriano. É meio como a diferença entre poda e semente.

Isso sem falar de questões meramente taxonômicas, não relacionadas à qualquer mecanismo, mas simplesmente ao estudo e classificação. Há uma série de pessoas que são contrárias ao ranking de "filo", argumentando que é super-agregador, criador de falsas dicotomias. Tende-se a ter classificações "obrigatórias" em algum deles, mesmo para seres que poderiam ser defendidos como tendo uma classificação "intermediária".

Offline Wolfischer

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Re: A True Polar Wander e a Explosão do Cambriano
« Resposta #11 Online: 28 de Fevereiro de 2007, 21:13:38 »
A categoria de filo parece mesmo artificial demais.
Lembremos que o surgimento de um novo filo derivaria (se a categoria é natural) do surgimento de uma nova espécie, que se dividiria ou não em outras, gerando um novo gênero, nova família.
Grupos taxonômicos maiores não surgem simplesmente de outros grupos, são decorrência do surgimento de espécies inovadoras.

Offline Charles

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Re: A True Polar Wander e a Explosão do Cambriano
« Resposta #12 Online: 01 de Março de 2007, 07:55:22 »
A categoria de filo parece mesmo artificial demais.
Lembremos que o surgimento de um novo filo derivaria (se a categoria é natural) do surgimento de uma nova espécie, que se dividiria ou não em outras, gerando um novo gênero, nova família.
Grupos taxonômicos maiores não surgem simplesmente de outros grupos, são decorrência do surgimento de espécies inovadoras.

Embora a questão taxonômica poderia realmente inflar idéias sobre diversidade morfológica, este não é o caso para a explosão do Cambriano. Os filos representam o que se tem chamado "body plans" ("Baupläne"), ou seja, formas distintas de organização do desenvolvimento. Além disso, há vários estudos que quantificaram diversidade fenotípica explicitamente, sem olhar para a taxonomia. A explosão do Cambriano é um fenômeno real, assim como a falta do aparecimento de novos body plans depois. É uma questão complexa que envolve abordagens interessantes. Esse artigo aqui é particularmente relevante nessa discussão:

Pie & Weitz. 2005. A null model of morphospace occupation. Am. Nat. 166, E1.


Suyndara

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Re: A True Polar Wander e a Explosão do Cambriano
« Resposta #14 Online: 01 de Março de 2007, 14:56:48 »
As principais explicações para a "explosão" cambriana são a relativa disponibilidade de nichos, e que todos animais eram praticamente uns "vermes", formas muito básicas, antes disso. Por serem formas básicas, o leque de possibilidades de inovação, é muito maior do que com qualquer forma já mais avançada (além de serem de fossilização mais improvável, dando uma aparência falsamente "explosiva"). Ao mesmo tempo, a relativa desocupação de nichos fornece um "terreno amigável" para "experimentações"; não há "pioneiros", bem adaptados no nicho para impedir a adaptação à ele, quando se é o primeiro a explorar.

Sim, mas continua sendo uma questão de latitude (no caso da TPW). O ambiente é muito determinado por questões latitudinais, e estas pela deriva :wink:

Seu post me lembrou do experimento do MacArthur (nunca escrevo certo :P)...

Suyndara

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Re: A True Polar Wander e a Explosão do Cambriano
« Resposta #15 Online: 01 de Março de 2007, 14:59:14 »
A explosão do Cambriano é um fenômeno real, assim como a falta do aparecimento de novos body plans depois. É uma questão complexa que envolve abordagens interessantes. Esse artigo aqui é particularmente relevante nessa discussão:

Pie & Weitz. 2005. A null model of morphospace occupation. Am. Nat. 166, E1.

:ok:

Bem lembrado :wink:

Offline Buckaroo Banzai

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Re: A True Polar Wander e a Explosão do Cambriano
« Resposta #16 Online: 01 de Março de 2007, 16:20:19 »
As principais explicações para a "explosão" cambriana são a relativa disponibilidade de nichos, e que todos animais eram praticamente uns "vermes", formas muito básicas, antes disso. Por serem formas básicas, o leque de possibilidades de inovação, é muito maior do que com qualquer forma já mais avançada (além de serem de fossilização mais improvável, dando uma aparência falsamente "explosiva"). Ao mesmo tempo, a relativa desocupação de nichos fornece um "terreno amigável" para "experimentações"; não há "pioneiros", bem adaptados no nicho para impedir a adaptação à ele, quando se é o primeiro a explorar.

Sim, mas continua sendo uma questão de latitude (no caso da TPW). O ambiente é muito determinado por questões latitudinais, e estas pela deriva :wink:

... bem... o que eu acho é que não continua, e que é secundário... a principal questão não é latitude, mas a forma primitiva dos seres, que por si só já reduz as possibilidades de evolução rumo à complexidade, mesmo considerando que a evolução fosse totalmente aleatória quanto a isso... só por probabilidades. Acho que o Gould coloca isso num gráfico... eram seres muito à margem esquerda em um gráfico, próximo do mínimo necessário, com muito espaço vago à direita. Não acho que seja simplesmente isso, aleatoriamente, mas ao mesmo tempo se tem corridas armamentistas e tudo mais, e com tremenda liberdade de inovação devido ao pouco "comprometimento" evolutivo dos seres em questão, analogamente ao comprometimento de células no desenvolvimento ontológico, junto à ausência de pioneiros bem adaptados impedindo a evolução em diversos nichos.

E algo nessas proporções não ocorreu novamente em seguida, nem continuou ocorrendo em ritmo/proporção constante, apesar da latitude favorável, devido ao "comprometimento" evolutivo e estabelecimento de nichos.

Citar
Seu post me lembrou do experimento do MacArthur (nunca escrevo certo :P)...
?

Offline LIAN

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Re: A True Polar Wander e a Explosão do Cambriano
« Resposta #17 Online: 01 de Março de 2007, 16:35:06 »
Pelos artigos que estou lendo, parece que a explicação mais aceita para a aparente explosão do Cambriano é o aumento do nível de O2 que favoreceu maior deposição de minerais nos organismos! Isso é bem coerente com datações moleculares que estimam a divergência de metazoa bem anterior a esse período geológico!
"Não consigo me convencer de que um Deus caridoso e onipotente teria propositalmente criado vespas parasitas com a intenção expressa de alimentá-las dentro de corpos vivos de lagartas." Charles Darwin

Offline Buckaroo Banzai

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Re: A True Polar Wander e a Explosão do Cambriano
« Resposta #18 Online: 01 de Março de 2007, 17:00:54 »
A explosão do Cambriano é um fenômeno real, assim como a falta do aparecimento de novos body plans depois. É uma questão complexa que envolve abordagens interessantes.

Eu considero "real" apenas no sentido de que de fato foi o período histórico - mais do que uma "explosão" - onde evoluíram o que são consideradas principais divisões de animais.

A aparente "explosividade", não vejo como real, mas como produto esperado da situação, com os fatores principais sendo:

- a maior disponibilidade histórica de nichos, favorecendo a maior radiação adaptativa da história;

- maior liberdade de inovação morfológica; tanto por razões ecológicas, por ausência de competição bem estabelecida, quanto por menores restrições de desenvolvimento de seres menos complexos.

- imperfeição do registro fóssil, que apesar disso, já mostra o começo de tudo muito antes, na fauna de Ediácara. (E mesmo sem o registro fóssil, os relógios moleculares também dão a separação de alguns grupos como algo anterior ao período que teria sido a "explosão" do cambriano.)



Esses fatores, não se repetem mais tarde na história, daí não ser surpreendente que não houvesse posterior evolução de formas comparavelmente tão díspares... sem falar que, de qualquer forma, a evolução no decorrer do crescimento de cada um desses galhos principais não foi exatamente algo que se possa chamar de "estase".

Esperar algo proporcional ocorrendo depois seria esperar uma evolução ortogênica com uma invencionisse maluca, compulsiva, e que conseguisse avançar contra às restrições ecológicas, de algum modo. É meio parecido com um argumento criacionista que vi, de taxas de especiação... se ocorrem eventualmente especiações em velocidades consideravelmente rápidas, a Terra é jovem porque essa taxa de especiação preveria um fuzilhão de espécies.

Não funciona assim, há restrições ecológicas, e durante imensa maior parte do tempo, não há nicho que os seres das principais divisões já não possam ocupar enquanto continuam mais ou menos como são. E mesmo que se concebesse que seria possível meios de vida para seres extremamente díspares, mais ou menos como "polvos-helicópteros-cogumelos" ou "rãs-balões-fotossintetizadoras/filtradoras de aeroplancton"... a história evolutiva para permitir esse tipo de coisa seria muito improvável... mesmo coisas menos alucinadas que essas, digamos, uma espécie de "verme-parafuso", que cavasse a terra, se enterrando nela, através de rotação de seu corpo, recoberto por um exoesqueleto em forma de parafuso... os problemas são essencialmente os mesmos.

Offline Charles

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Re: A True Polar Wander e a Explosão do Cambriano
« Resposta #19 Online: 01 de Março de 2007, 19:29:49 »
A explosão do Cambriano é um fenômeno real, assim como a falta do aparecimento de novos body plans depois. É uma questão complexa que envolve abordagens interessantes.

Eu considero "real" apenas no sentido de que de fato foi o período histórico - mais do que uma "explosão" - onde evoluíram o que são consideradas principais divisões de animais.

A aparente "explosividade", não vejo como real, mas como produto esperado da situação...


Por real eu estava me referindo a que a EC foi algo que realmente aconteceu e não simplesmente um artefato de preservação ou de categorias taxonômicas, como foi mencionado anteriormente. Eu não entendo a diferença entre a explosividade da EC ser real ou ser "o produto esperado da situação". Quanto à idéia de métodos de relógio molecular indicarem que a divergência dos filos é anterior ao Cambriano, há muita rocha anterior ao Cambriano sem nada nem um pouco espetacular como vemos na EC. Além disso, há um registro muito bom depois do Cambriano, e mesmo assim não vemos uma diversificação fenotípica tão intensa depois de então. Ou seja, a EC e a posterior quiescência na diversificação fenotípica são fenômenos reais, não simplesmente artefatos. Cabe lembrar que a EC é uma área importante de pesquisa de paleontólogos e evolucionistas e não uma simples invenção de criacionistas.

Como indicado no artigo que eu citei anteriormente, há duas hipóteses principais para explicar a explosão no Cambriano e a sua posterior quiescência. Uma hipótese diz que havia mais nichos vagos, os quais foram ocupados e não deram mais chance para novos body plans. A outra hipótese diz que os mecanismos de desenvolvimento vão ficando cada vez mais engessados, de forma que as novas possibilidades futuras para a evolução de body plans fica cada vez mais difícil. É difícil separar estas duas hipóteses, e o artigo que eu mencionei era uma tentativa de testar isso. Mas com certeza a resposta não é trivial, e achar que se sabe a resposta é muita ingenuidade. Primeiro, não há forma alguma de se medir disponibilidade de nichos hoje em dia, quanto mais no Cambriano (ou seja, um ecólogo no final da extinção em massa do Permiano saberia dizer se há mais ou menos nichos vagos então do que na EC?). Segundo, como se mede restrição de desenvolvimento? Terceiro, não há nada na teoria evolutiva que sugira *em princípio* que a taxa de evolução fenotípica precise diminuir e isso não tem nada a ver com ortogênese.

Arrumar hipóteses ad hoc e usá-las como conclusões é justamente a armadilha na qual não podemos cair.



Suyndara

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Re: A True Polar Wander e a Explosão do Cambriano
« Resposta #20 Online: 02 de Março de 2007, 09:29:21 »
Buckaroo,

Acho que você não estava entendendo o que eu quis dizer, a grande questão é que a latitude é causa primária de novas temperaturas, novos ambientes, novos nichos, etc.

Os fatores para a explosão do cambriano estão muito interligados e por isso seria difícil determinar qual o fator ocasionou a explosão, nem mesmo usando uma análise de PCA :?

O artigo que o Charles citou traz uma discussão muito interessante em termos de hipótese, mas como ele mesmo disse, só há hipóteses...nenhuma conclusão :P

Ah, é MacAarthur & Wilson mesmo :P

http://www.dern.ufes.br/gc/Biogegrafia%20de%20ILhas.pdf

http://zoo.bio.ufpr.br/diptera/bz023/aula_10_teorica.htm

É que a biogeografia trabalha muito com essa questão de devira influenciando a diversidade de espécies e também a questão da dinâmica de ocupação de nichos :wink:

Offline Buckaroo Banzai

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Re: A True Polar Wander e a Explosão do Cambriano
« Resposta #21 Online: 02 de Março de 2007, 18:07:22 »

Por real eu estava me referindo a que a EC foi algo que realmente aconteceu e não simplesmente um artefato de preservação ou de categorias taxonômicas, como foi mencionado anteriormente. Eu não entendo a diferença entre a explosividade da EC ser real ou ser "o produto esperado da situação".

Realmente o fraseamento não foi dos melhores.

Quis dizer que se levarmos em consideração a fauna Ediacariana, os métodos molecualres, e a imperfeição do registro fóssil, e as questões taxonômicas, a diversificação geralmente atribuida como algo súbito e ocorrido praticamente exclusivamente no período cambriano, seria na verdade algo que já vinha ocorrendo há um bom tempo, de forma menos "explosiva", sendo a aparência explosiva resultado, em boa parte, da imperfeição do registro fóssil e da taxonomia.

Apenas abre-se o intervalo de tempo para essa diversificação, que sim, é consideravelmente real (com as ressalvas das artificialidades taxonômicas levantadas pelo pessoal da cladística) e sim, praticamente "cessou" nesse nível taxonômico, por volta dessa data também.




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Quanto à idéia de métodos de relógio molecular indicarem que a divergência dos filos é anterior ao Cambriano, há muita rocha anterior ao Cambriano sem nada nem um pouco espetacular como vemos na EC.
O registro fóssil não pode ser considerado como uma representação fiel da história, pois senão, como já disse, os fenômenos "Lázaro", seriam uma maluquice evolutiva. Mas simplesmente desaparecem se considerarmos a imperfeição do registro.

De um texto do Douglas Theobald:
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[...]espécies aparecem no registro fóssil, então desaparecem, e reaparecem depois. Uma instância excepcional são os celacantídeos, que apareceram na última vez no registro fóssil há 80 milhões de anos, ainda que estejam vivos hoje. Durante o Cretáceo (um período crucial na evolução das aves), há uma lacuna de 50 milhões de anos no registro fóssil diplodocoideano, maior que a lacuna de 40 milhões de anos do registro paquicefalossauriano, maior que uma lacuna de 20 milhões de anos dos troodontideos, e que uma lacuna de cerca de 15 milhões de anos no registro fóssil ovirraptossauriano (ambas as duas últimas ordens de dinossaurso são terópodes celurossaurianos manirraptores, que são importantíssimos na evolução das aves). Durante o Jurássico, há uma lacuna de 40 milhões de anos no registro fóssil de heterodontosauridae (Sereno 1999). A maioria dos organismos não se fossilizam, e não há razão para que um representante de algumas espécies deva ser encontrado no registro fóssil. Como todo estudante de graduação na pesquisa científica sabe (ou eventualmente aprende, talvez da forma difícil), argumentos baseados em evidência negativa são argumentos científicos bem fracos, especialmente na ausência dos controles positivos apropriados.





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Além disso, há um registro muito bom depois do Cambriano, e mesmo assim não vemos uma diversificação fenotípica tão intensa depois de então.
Bem, como eu disse antes, não sei se toda a diversificação dentro dos filos é algo que possa ser considerado meio como praticamente "estase", não sendo talvez algo até praticamente proporcional, apenas ocorrido sobre as diferenças taxonômicas entre filos, em vez de a partir de um "zero" taxonômico, ou melhor dizendo, do reino.


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Ou seja, a EC e a posterior quiescência na diversificação fenotípica são fenômenos reais, não simplesmente artefatos. Cabe lembrar que a EC é uma área importante de pesquisa de paleontólogos e evolucionistas e não uma simples invenção de criacionistas.

Como indicado no artigo que eu citei anteriormente, há duas hipóteses principais para explicar a explosão no Cambriano e a sua posterior quiescência. Uma hipótese diz que havia mais nichos vagos, os quais foram ocupados e não deram mais chance para novos body plans. A outra hipótese diz que os mecanismos de desenvolvimento vão ficando cada vez mais engessados, de forma que as novas possibilidades futuras para a evolução de body plans fica cada vez mais difícil. É difícil separar estas duas hipóteses, e o artigo que eu mencionei era uma tentativa de testar isso.

Eu até concordo com esses dois pontos, foi o que quis dizer, apenas incluindo o maior tempo possível para a coisa toda e o lado taxonômico.



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Mas com certeza a resposta não é trivial, e achar que se sabe a resposta é muita ingenuidade. Primeiro, não há forma alguma de se medir disponibilidade de nichos hoje em dia, quanto mais no Cambriano (ou seja, um ecólogo no final da extinção em massa do Permiano saberia dizer se há mais ou menos nichos vagos então do que na EC?).
Provavelmente devem ter havido outros que elaboraram isso de forma melhor que eu... não seria nem tanto uma questão de nichos em si... que são meio que imensuráveis por serem de certa forma meio "platônicos" os nichos teóricos, até que de fato existam.... o que eu vejo é uma tolerância ecológica maior à modificações consideravelmente mais drásticas, antes duma diversificação maior de nichos existir propriamente. Não me vem em mente exatamente como poderia ser testado isso agora, provavelmente alguém já pensou nisso pro mais tempo e já fez algo nesse sentido, acho... mas não consigo imaginar porque os "vermes" primitivos teriam grande pressão seletiva para se manter como tal.



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Segundo, como se mede restrição de desenvolvimento?
Eu acho que deve poder ser feito de vários modos.... tem bastante coisa interessante na área.... talvez meio análogo ao desenvolvimento embrionário até, talvez nem tanto, talvez meramente pelo resultado funcional.

Por exemplo, pense nos artrópodes e como seriam mutações mais drásticas com eles, alterando o número de segmentos mais drásticamente... eles parecem ser mais suscetíveis que digamos, vertebrados tetrápodes de modo geral, não? Tanto que tem esse tipo de variação dentro do grupo, enquanto que coisas parecidas dentro dos vertebrados são comparativamente muito mais tênues.

Sem falar em outros pontos relevantes como a taxa de reprodução também.


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Terceiro, não há nada na teoria evolutiva que sugira *em princípio* que a taxa de evolução fenotípica precise diminuir e isso não tem nada a ver com ortogênese.
Mas claro que tem, a ecologia. Estando preenchidos os picos adaptativos, a evolução não iria de alguma forma contra isso, evoluindo além disso (que seria algo ortongênico por definição, acho), tenderia à estase, exceto por eventuais modificações que permitissem a exploração de um novo nicho.

Sem falar nos outros pontos levantados anteriormente, de funcionalidade da construção dos organismos, e talvez até algo análogo (ou quiçá meio "homólogo") ao desenvolvimento ontológico e o potencial celular.


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Arrumar hipóteses ad hoc e usá-las como conclusões é justamente a armadilha na qual não podemos cair.

Ok... o meu ponto todo é que prefiro o mínimo de explicações possível, as mais relevantes, e as secundárias como secundárias..... digamos que se descubra que por exemplo, não houve aquilo do aumento de oxigênio , que uns creditam como outro possível elemento.... ou que a Terra já estava com as massas continentais organizadas do melhor modo possível antes, ou estava pior durante o cambriano, e melhorou depois.... o que isso faz? Refuta a explosão do cambriano? Diz que os filos não evoluíram, porque a situação que se tinha como causal não ocorreu? Acho que não... continua tendo ocorrido, apenas continuam as hipóteses mais diretamente relacionadas, mais "autônomas"...


 

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