Autor Tópico: Ser católico  (Lida 481 vezes)

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  • Evoé Baco
Ser católico
« Online: 23 de Fevereiro de 2007, 23:33:17 »
A diferença entre um livre-pensador e um pensador católico é que as diretivas do pensamento do primeiro estão orientadas pela própria consciência enquanto que a do segundo estão estabelecidas pela doutrina. A própria definição de católico como aquele que abraça, adota e pratica as doutrinas do catolicismo. Um devoto ou praticante, dessa maneira, tem a doutrina como orientação ao seu pensamento.

No catolicismo quem estabelece a doutrina é a Igreja, entendida como a representante oficial da palavra de Deus. Quando Lutero sentiu que a Igreja não detinha o monopólio da palavra divina rompeu com a instituição e fundou uma nova Igreja. A descentralização e a discussão da palavra pelos pastores e fiéis que estão livres para estabelecer os preceitos. No protestantismo, o Espírito Santo intercede diretamente no fiel. No catolicismo, a intercessão se dá através da Igreja.

Não que não haja mudanças. Porém, as mudanças ocorrem em diferentes níveis. No protestantismo, a mudança é direta, dá-se ao nível dos pastores e podem ser imediatamente aplicadas a seus fiéis. Já no catolicismo, qualquer mudança tem de ser discutida pela hierarquia e formalizada numa encíclica.

Ainda assim, as duas vertentes do cristianismo possuem pontos nevrálgicos cuja modificação redundaria em descaracterização de suas crenças. A tríade divina é comum a ambas. O determinismo e predestinação no protestantismo em oposição ao livre-arbítrio católico. As obras, a caridade como força propulsora da salvação católica oposta aos sinais do protestantismo e a exclusividade da salvação somente pela fé.

Os católicos devem estar conscientes de que se adotam o catolicismo romano adotam, também, um corpo doutrinal milenar, uma tradição e uma história.

A coerência das ações humanas é uma aspiração impossível, utópica. Mas abraçar uma doutrina é fazer um esforço por ela; nunca é fácil. Nietzsche falava do cristão 3/4 da nossa era, moderna, referindo-se àqueles que da doutrina obedeciam o que lhes era conveniente; exigia a inteireza, tudo ou nada. Hoje os fiéis católicos são doutrinários percentuais: 50%, 70%. Sinal de que a doutrina está caduca, perdendo força, ou de que o fiel está hesitante tendo de optar entre o hedonismo atual e o ascetismo doutrinal.

O fiel segue sua trilha apesar dos pesares. Se proclama rebanho, mas, rebelde, não obedece aos pastores. Faz pouco das encíclicas papais, mas idolatra os papas, transformando-os em ídolos pop. O que acontecerá ao catolicismo? Se se moderniza deixará de ser e se insistir na tradição deixará de ter. Deve dobrar-se aos desejos das massas que, com a democracia, julgam-se importantes e capazes de tudo decidir? Ou manter a postura julgando-se acima das ações humanas?

A Irlanda é uma porca gorda que come toda a sua cria - James Joyce em O Retrato do Artista Quando Jovem

rizk

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Re: Ser católico
« Resposta #1 Online: 24 de Fevereiro de 2007, 12:34:31 »
Por que todo mundo sempre pára a análise na reforma luterana? Gentes, tem 600 anos de lá pra cá, e 600 anos BEM CHEIOS de coisas a notar. Na pior das hipóeteses, que lembrem do Vaticano II.

E, em tempo: esperar que Nietzsche diga como deve ser o católico, realmente, é demais pra minha cabeça. :lol:

 

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