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Rhyan

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A inflação é uma droga
« Online: 05 de Março de 2007, 22:21:50 »
A inflação é uma droga
por João Luiz Mauad em 05 de março de 2007

Resumo: Qual a semelhança entre José Sarney, Hugo Chavez e Robert Mugabe?

© 2007 MidiaSemMascara.org

O índice anual de preços acaba de alcançar incríveis 1.281% no Zimbábue, paupérrimo país africano comandado pelo truculento socialista Robert Mugabe.A hiperinflação está, aos poucos, destruindo o que ainda restava das atividades industrial e agrícola do país, contribuindo de forma contínua e desumana para o aumento da fome e outras mazelas, infelizmente já tão comuns naquela região.

Responsável direto por um dos piores momentos da história desta pequena nação sul africana, Mugabe acaba de anunciar sua mais nova estratégia de combate ao impiedoso dragão inflacionário: decretou a ilegalidade da inflação.  Sei que parece piada, mas é coisa séria.  De 1º de março a 30 de junho, qualquer pessoa que ousar aumentar preços ou salários será presa e severamente punida.

Também na Venezuela, o dragão começa a mostrar suas garras.  Há algum tempo que as taxas oficiais de inflação divulgadas já não refletem a realidade. Tabelamentos, "pactos" e manipulação de índices têm sido noticiados rotineiramente por fontes jornalísticas ainda isentas.  Além disso, é recorrente a escassez de alguns produtos básicos, especialmente a carne, cujo preço "autorizado" pelo governo estaria muito abaixo do mercado.

A exemplo de seu colega do Zimbábue, o botocudo Hugo Chavez tem usado todo o poder arbitrário de que dispõe na tentativa de transferir para os empresários uma responsabilidade que é exclusivamente sua.  Há poucos dias, após anunciar um corte de três zeros na moeda, ele advertiu que "nacionalizará" cadeias de supermercados, armazéns e frigoríficos que façam
"especulação" continuada com os preços e mantenham a escassez de oferta de produtos.

Ao ler notícias como as acima, não dá para não lembrar do nosso passado recente: pacotes, tabelamentos, pactos sociais, congelamentos, "tablitas", confiscos, fiscais do Sarney, caça ao boi no pasto, corte de zeros, mudança de moeda e mais uma infinidade de bobagens heterodoxas para acabar com a inflação na marra.  Quem não tem memória curta sabe, perfeitamente bem, que as estratégias de Mugabe e Chávez fracassarão.  E fracassarão simplesmente porque suas armas estão apontadas não para as causas do problema, mas para os seus efeitos; não para os verdadeiros inimigos, mas para as próprias vítimas.

A primeira coisa que os dois déspotas - nada esclarecidos - deveriam saber é que, numa economia sadia, os preços oscilam, acompanhando os movimentos de oferta e demanda.  Estas oscilações são saudáveis e extremamente importantes para que os agentes econômicos tomem as suas decisões de poupar, consumir, investir, etc.  Já a inflação, malgrado o seu efeito mais visível seja o aumento generalizado dos preços, o que a caracteriza não é isso, mas a perda do poder aquisitivo do dinheiro, causada pelo aumento da quantidade de moeda e/ou crédito sem o respectivo lastro.

Para efeito de raciocínio, imaginemos algumas crianças sentadas em torno de um tabuleiro do jogo "Banco Imobiliário".  A cada uma delas é fornecida uma quantidade fixa de dinheiro para que comecem o jogo.  Nesse momento, o preço médio do patrimônio imobiliário será, obviamente, o resultado da divisão entre o valor total de moeda disponível e a quantidade de bens em jogo.  Na medida em que alguns preços aumentem, em função do aquecimento da demanda, a tendência é que outros automaticamente diminuam, já que a quantidade de dinheiro disponível se mantém inalterada e, conseqüentemente, o preço médio permanece constante.  Neste caso, apesar de um ou outro aumento nos preços, não haverá inflação.

Imaginemos agora que, a certa altura do jogo, resolvêssemos brindar um - ou cada um - dos nossos jogadores com mais um punhado de dinheiro.  Não é difícil concluir que o preço médio dos bens subiria, já que a relação inicial entre moeda e bens foi alterada.  Numa economia complexa, por uma série de fatores, que não cabe agora analisar, os preços não sobem de forma uniforme, nem tampouco concomitantemente.  A longo prazo, no entanto, tal qual no jogo das crianças, o poder de compra da moeda será afetado.

O exemplo acima, apesar de bastante rudimentar, demonstra que, como dizia Ludwig von Mises, a inflação "não é um ato de Deus, ... uma catástrofe da natureza ou uma doença que se alastra como a peste.  A inflação é uma política, uma política premeditada" adotada por políticos e burocratas que, para nosso azar, são os únicos responsáveis pela quantidade de dinheiro em circulação.

Só há duas maneiras legítimas de os governos financiarem seus gastos: ou impondo tributos à sociedade, ou tomando emprestado.  Infelizmente, alguns governantes ainda julgam haver um outro método, menos desgastante e impopular, qual seja, fabricar papel pintado e despejá-lo na economia.

Durante algum tempo, essa política se mostra "magnífica".  O governo gasta a  vontade, sem que precise aumentar tributos ou endividar-se.  Nestas condições, o povo se habitua a pensar no Estado como senhor de recursos ilimitados à sua disposição.  Isto é como droga injetada diretamente na veia dos políticos, já que obras e benesses sociais costumam torná-los extremamente populares.  Num primeiro instante, os investimentos estatais também impulsionam a economia e a criação de empregos, gerando uma falsa impressão de prosperidade.  Aliás, esse efeito de curto prazo é o responsável pela grande popularidade das políticas monetárias expansionistas propaladas por Keynes, não por acaso autor da famigerada sentença: "a longo prazo estaremos todos mortos".

Estes primeiros efeitos, no entanto, são passageiros e logo aparecem os problemas. Não por acaso, Milton Friedman comparou a inflação ao alcoolismo. Nos dois casos, a causa do mal é o excesso de "liquidez" e os efeitos bastante semelhantes: tanto a overdose de álcool no organismo, quanto de moeda na economia, causam grande euforia, logo seguida de ressaca(depressão).  Para reencontrar a sensação de euforia inicial, o viciado tende a aumentar a dose.  Com o tempo, as depressões tornam-se cada vez mais profundas e a necessidade da "droga" cada vez mais premente.  A partir de determinado momento, a velocidade de emissão de moeda - tal qual a ingestão alcoólica - se torna frenética, euforia e ressaca se confundem e o viciado perde totalmente o controle.

Mais cedo ou mais tarde, a inflação cobra o seu preço e, como qualquer droga, castiga com mais rigor justamente os mais fracos.  Quando o dinheiro começa a desvalorizar-se de forma acelerada, os que mais perdem são aqueles que não dispõem de meios para proteger os seus rendimentos, seja imobilizando-os, seja colocando-os ao amparo de uma moeda estrangeira forte ou simplesmente aplicando-os no mercado financeiro.  Os mais prejudicados são, portanto, os mais pobres e desprovidos de meios de defesa, cujos salários, pouco a pouco, passam a valer cada vez menos.

O processo de cura, a exemplo do alcoolismo, também é difícil e doloroso. Quando a Casa da Moeda pára as suas máquinas, o efeito imediato na economia é análogo ao da abstinência no organismo de um alcoólatra.  O processo de cura é longo e difícil.  Ao mesmo tempo, a tentação da volta é freqüente. Por isso, nos dois casos, é tão difícil levar o tratamento até o fim.

Como se vê, não há qualquer fundamento científico em apontar como causas da inflação a ganância dos empresários, os circuitos de distribuição ou a falta de responsabilidade social das empresas, como pretendem fazer agora os senhores Chavez e Mugabe.  Com o conhecimento econômico hoje existente, não é mais possível culpar os frigoríficos, os açougues, os sindicatos ou o comportamento vil dos empresários sempre que os preços sobrem ou há escassez de um ou outro produto cujo preço encontra-se tabelado.

http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=5616&language=pt

Offline Huxley

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Re: A inflação é uma droga
« Resposta #1 Online: 05 de Março de 2007, 22:43:21 »
Hugo Chavez se ferrou.Agora, é provável que a Venezuela caminhe para a hiperinflação.Burro e ignorante do jeito que é, ele vai utilizar economistas que utilizarão o mesmos remédios brasileiros:tabelamento, corte de zeros, macumba, etc.O resultado disso será:mais inflação! Estou feliz que o prestígio político dele irá se desintegrar entre o povo venezuelano, mas pena que o custo para este será caro demais.
"A coisa mais importante da vida é saber o que é importante". Otto Milo

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Offline Rodion

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Re: A inflação é uma droga
« Resposta #2 Online: 05 de Março de 2007, 23:01:54 »
pena nada, eles que se virem com as más escolhas que fizeram.
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

 

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