http://www.primeiraleitura.com.br/auto/entenda.php?id=5638 Hora de coragem
Quem tiver a coragem de defender o cumprimento da Constituição estará com um ativo político, eleitoral e democrático nas mãos
Por Reinaldo Azevedo
Eu não sei o que fazem os especialistas em comunicação e/ou marketing que não transformam Jão Pedro Stedile num case digno de estudo. Este homem como objeto apenas de perorações sociológicas é um caso clássico de desperdício. Depois da Rrevolução Cubana, creio eu, o MST é a mais bem-sucedida construção ideológica do mundo. A exemplo daquela, consegue transformar suas violências em poesia; sua truculência em utopia; seu entedimento bárbaro do mundo num novo humanismo. Não deixa de ser fascinante!
A Revolução Cubana, vá lá, ainda se assentava num problema real. Havia, de fato, desigualdade social na ilha, que foi basicamente eliminada — ou drasticamente reduzida. Agora, todo mundo é pobre, diferenciando-se apenas a minoria dirigente e/ou amiga do regime que vive à tripa forra. Também havia a metafísica influente de um tempo, não é?, especialmente apto a transformar assassinos contumazes em heróis. O MST, de verdade, nem mesmo uma causa tem.
Vejam lá. O MST chega a Brasília, promove confronto com a polícia, fere, literalmente, a ordem constituída e é recebido, com pompa, pelo presidente da República. Que, no momento, não tem nem dinheiro nem projeto de reforma agrária para lhes dar terra, mas pode lhes sossegar o espírito com algumas prosopopéias e seus protestos pessoas de estima, consideração e apreço pela justiça social. E nem mesmo existem sem-terra no Brasil. Não, ao menos, como uma categoria social, como se quer fazer crer.
O mais interessante, creio eu, é destacar que o milionário MST, hoje o maior latifundiário do Brasil, nem está em Brasília em busca de terra. A sua presença ali é, por assim dizer, apenas fática — ou seja, existe para comprovar que existe. Ora, é claro que os sem-terra sabem que os tais 400 mil assentamentos são uma balela gigantesca. Nem terra nem recursos existem para tanto. Hoje, o movimeto se tornou um pensionista do Estado, de quem arranca recursos — nas várias esferas da administração — para manter funcionando o aparelho que lhe permite continuar a ser um aparelho. E ponto!
O MST tinha caído pelas tabelas no governo FHC. Em primeiro lugar, porque os assentamentos, afinal de contas, eram feitos em maior números e, em segundo, mas não menos importante, porque a MP antiinvasão havia acabado com a indústria moral que sustenta o movimento. No governo Lula, reorganizou-se e, ao que se viu nesta terça, está preparado também para ser força de ataque. Enquanto um grupo conversava com Lula, outro quebrava o nariz de policiais. João Pedro Stedile começa agora a cercar as cidades.
Fica aqui um desafio: quais serão os políticos, candidatos a suceder Lula ou alguns dos atuais governadores, com coragem para dizer com clareza: “Cumpra-se a lei. Acabou a baderna!”? Quem o fizer primeiro e de forma consistente, não tenham dúvida, estará interpretando o sentimento da maioria da população brasileira, que não aceita nem a bagunça em curso nem o desrespeito contumaz e organizado ao direito de propriedade.
Chegou a hora de devolver aos domínios do Brasil as “áreas liberadas” hoje ocupadas pelo MST. E jamais de ampliá-las. Quem tiver a coragem de defender o cumprimento da Constituição estará com um ativo político, eleitoral e democrático nas mãos. Até porque, convenha-se, nós já vimos qual é a do “movimento”: num dia, condecora policiais; no outro, quebra-lhes o nariz.