"No Estado popular do Sr. Marx, diz-se, não haverá classe privilegiada. Todos serão iguais, não só do ponto de vista jurídico e político, mas também do ponto de vista econômico. Pelo menos assim no-lo prometem, ainda que eu duvide muito de que, da maneira em que é encarado e pela via que se quer seguir, se possa manter a sua promessa. Então já não haverá nenhuma classe, mas um governo e, reparem bem, um governo excessivamente complicado, que não se contentará em governar e administrar as massas politicamente, como o fazem hoje todos os governos, mas também as administrará economicamente, concentrando em suas mãos a produção e a justa repartição das riquezas, a cultura da terra, o estabelecimento e o desenvolvimento das fábricas, a organização e a direção do comércio, enfim, a aplicação do capital na produção pelo único banqueiro, o Estado. Tudo isso exigirá uma imensa ciência e muitas cabeças transbordantes de cérebro neste governo. Será o reino da inteligência científica, o mais aristocrático, o mais despótico, o mais arrogante e o mais desprezível de todos os regimes. Haverá uma nova classe, uma nova hierarquia de "savants" reais e fictícios, e o mundo se dividirá em uma minoria dominando em nome da ciência, e uma imensa maioria ignorante.
E então, cuidado com a massa dos ignorantes!
Tal regime não deixará de provocar seríssimos descontentamentos nesta massa e, para contê-la, o governo iluminador e emancipador do Sr. Marx necessitará de uma força armada não menos séria."
Fonte: Os anarquistas julgam Marx. Novos Tempos Editora
Achei o texto interessante por ser, para alguns, uma visão "profética". Gostaria de iniciar um debate, o tema que proponho é o relacionamento entre o autoritarismo e a liberdade.
* O título é de minha autoria.