Nina
Estamos esbarrando em um problema de semântica. Eu estou utilizando o termo "pressuposição" para me referir a coisas que tomamos como verdadeiras, mas que não temos como prová-las. Neste sentido, pressuposição = dogma. Você tem usado estas palavras com um sentido um pouco diferente. Enfim, vou me expressar de outra forma pra tentar explicar melhor o meu ponto de vista.
O Cristianismo tem pressuposições, coisas que não se pode provar, como a existência de Deus e seus atributos (o que vc chama de dogmas). Geralmente diz-se que o Cristianismo em particular, e religião em geral, é irracional por causa disso. Contudo, utilizar elementos que não podem ser provados é algo que acontece em TODAS as áreas do conhecimento humano, inclusive a ciência (ex.: por mais que façam sentido, é impossível provar que a realidade existe e que não é simplesmente um sonho, ou que os mecanismos físicos que observamos agora sempre foram e sempre serão assim (uniformitarianismo epistemológico)). E não é possível achar um atalho - isto é inevitável. como indicado no teorema de Gödel que eu estava sugerindo ao Atheist. Portando utilizar este critério para detonar a religião é dar um tiro no próprio pé
Pelo contrário.. é uma característica da religião não poder ser comprovada, portanto, falta de falseamento pode denotar, sim, um aspecto religioso.
Agora, o que o Atheist falou e eu entendo é que a base da ciência empírica que fazemos é a falseabilidade. Não há dogmas na ciência como há na religião. Isso porque não são apenas pressuposições e não é questão de poder ou não provar. Dogmas são também incontestáveis, não apenas afirmações que não podem ser comprovadas. Um fiel não deve jamais duvidar de um dogma.
Neste sentido há uma diferença enorme entre religião e ciência. Você pode até não conseguir provar algo na ciência, mas pode duvidar. Em se tratando de religião, é necessária fé cega.
E talvez para seu espanto, também não conheço um pregador que aceite tentar falsear seus dogmas.
Imagino que consegui explicar a minha posição… há elementos (dogmas) impossíveis de serem testados ou falseados na religião e em qualquer outra área do conhecimento humano.
Creio que a sinonimização de dogma e pressuposto não cabe aqui...
Com o agravante de que o crente NÃO DEVE duvidar dos dogmas da sua religião, e eis o porquê da importância de diferenciarmos dogma de pressuposto. É por isso que ainda aguardo que você indique qual pregador aceita duvidar de seus dogmas.
Ninguém nesta discussão trata isso [deísmo, teísmo, CTJ, CTA…] como um "balaio de gato"…
Então vc convive com um pessoal muito bom, pq a minha experiência não é essa, inclusive neste fórum. O Dawkins e o Dennett fazem isso.
Não lembro do Dawkins estar discutindo conosco...
O ponto, Charles é que existem aspectos compartilhados entre CTJ, CTA, católicos, evangélicos neo-pentecostais... não só pelo fato de serem cristãos. De forma geral, creem que o universo surgiu pela mão de Javé. Essas simplesiomorfias são compartilhadas com outros tipos de criacionismos também, embora cada um mantenha seus diferenciais... Mas todos atribuem a criação a uma entidade desconhecida.
Não vejo como a existência de tal entidade não possa ser averiguada. Seria muito fácil, por exemplo, provar que ela direciona ou não a evolução, como afirmam os ID. E de fato, todas as evidências afirmam que se os ID estão corretos, a força motriz, a fonte de energia cósmica ou o deus que direciona a evolução é bastante limitado (à variação pré-existente) e se chama Seleção Natural no meio acadêmico, sendo que às vezes, ainda deixa trabalho para a Deriva.
O fato fundamental e que vale reflexão é que como ciência, a hipótese deus poderia ser testada, e embora dificilmente comprovada falha ou verdadeira. Mas no âmbito religioso, ela jamais deveria ser motivo de dúvida.
Charles, a maioria dos cristãos no Brasil é de católicos. Nada mais comum do que manter os comentários em relação ao mais comum, e quando se referir às exceções, citá-las. Evangélicos sempre ficam bravinhos quando os comentários generalistas são em função dos católicos e não deles próprios. Isso é um pouco de exagero, a meu ver.
Se a partir de hoje a maior parte dos brasileiros concordassem com a teoria da evolução, mas na verdade não tivessem a mínima idéia do que ela diz, isso não implicaria que a teoria está errada. Não se pode julgar um ponto de vista pelos seus abusos.
Abusos? Realmente não entendo o que você quer dizer... Não vejo problema algum em usar a conduta que narrei acima... por acaso trata-se de uma falácia? Creio que nem generalização pode ser imputada, pq não disse que todos os cristãos são desta ou outra forma. Disse que estava me referindo à distribuição modal.
Eu falei
Quanto à falseabilidade. Em nenhum momento eu afirmo que toda a esfera do que engloba a "religião" é testável. Isso não é verdade, e sabemos disso. Mas o objetivo não é tentar elevar a religião ao mesmo patamar da ciência, principalmente pq o patamar da ciência não é tão alto assim. Como disse Polkinghorne, o sucesso da ciência foi comprado com a modéstia de suas ambições. O critério de falseabilidade não se aplica à ética, à estética, à metafísica, à lógica, à filosofia, etc., todos elementos fundamentais do pensamento humano.
E vc respondeu
Nem à religião…
Que é exatamente o que eu tenho falado até agora.
Na verdade você concluiu após ter desviado repetidamente o argumento no decorrer da mensagem, com a confusão entre palavras de significado diferente. Não é apenas uma confusão semântica... é uma confusão de significados reais.
Veja bem, a questão não é equiparar religião à ciência? Então por que compará-las? Há pressupostos na ciência, mas na religião, há dogmas. São coisas diferentes. Isso porque pressupostos podem ser falseados, mas dogmas não.
Foi por isso que concordei com o final de sua mensagem, que está bastante diferente do resto dela, e acrescentei que a relgião não é passível de falseamento.