Autor Tópico: Evolutionary Psychology: Science or Pseudoscience?  (Lida 7769 vezes)

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Atheist

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Re: Evolutionary Psychology: Science or Pseudoscience?
« Resposta #25 Online: 10 de Março de 2007, 13:05:36 »

Infelizmente, o meu receio anterior estava correto. A caricatura da cosmovisão judaico-cristã que vc está buscando refutar é grotestamente limitada. Aparentemente, você considera a tradição judaico-cristã = criacionismo da terra jovem + deus das lacunas, o que é um absurdo. O argumento do deus das lacunas têm sido altamente criticado dentro mesmo do cristianismo desde o século 3.

Não estou buscando refutar absolutamente nada. Só estou dizendo que seguir dogmas nos fins de semana é incompatível com recusar dogmas durante a semana.

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É fácil criticar leigos quando rejeitam a evolucao com base nos argumentos dos criacionistas de terra jovem sem uma analise critica dos argumentos. Mas infelizmente faz-se a mesma coisa ao criticar a tradicao judaico crista com argumentos tao infantis e desinformados.

Para algum cristão, judeu ou muçulmano, seu livro sagrado pode estar errado? Para algum deles a sua própria interpretação pode estar errada?

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Evolutionary Psychology: Science or Pseudoscience?
« Resposta #26 Online: 10 de Março de 2007, 13:06:52 »
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Mas todo cérebro em algum grau, e o do ser humano provavelmente no ápice dessa capacidade, é um órgão que "improvisa" adaptação, é capaz de dar maleabilidade comportamental sem qualquer embasamento genético.

Pelo contrário, o embasamento é completamente genético. Se um ou outro fator afeta ou controla a expressão de um gene, o resultado continua sendo a expressão deste gene. Se não houvesse meios genéticos de se alterar a expressão, nada mudaria.

Água encanada, por exemplo, dentre outras coisas diversas de tecnologia. Não tem embasamento genético. O embasamento genético é apenas o mínimo necessário, suficiente para desenvolver um cérebro humano, com instintos de aprendizagem e imitação, transmissão cultural. E é praticamente o mesmo todas diversas culturas, apesar de todas as diferenças culturais entre elas, e segundo muitos dos próprios defensores da Psicologia Evolutiva, é o praticamente o mesmo desde o fim do Pleistoceno.

Talvez um pouco relacionado:

HUMAN BEHAVIOR AND EVOLUTION SOCIETY MEETING:
An Evolutionary Squeeze on Brain Size
Constance Holden

PHILADELPHIA, PENNSYLVANIA--Brain volume is evolutionarily more stable than that of any other bodily organ, researchers reported here last week at the Human Behavior and Evolution Society meeting 1 to 2 June.


http://www.sciencemag.org/cgi/content/summary/312/5782/1867b

Atheist

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Re: Evolutionary Psychology: Science or Pseudoscience?
« Resposta #27 Online: 10 de Março de 2007, 13:16:45 »
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Mas todo cérebro em algum grau, e o do ser humano provavelmente no ápice dessa capacidade, é um órgão que "improvisa" adaptação, é capaz de dar maleabilidade comportamental sem qualquer embasamento genético.

Pelo contrário, o embasamento é completamente genético. Se um ou outro fator afeta ou controla a expressão de um gene, o resultado continua sendo a expressão deste gene. Se não houvesse meios genéticos de se alterar a expressão, nada mudaria.

Água encanada, por exemplo, dentre outras coisas diversas de tecnologia. Não tem embasamento genético. O embasamento genético é apenas o mínimo necessário, suficiente para desenvolver um cérebro humano, com instintos de aprendizagem e imitação, transmissão cultural. E é praticamente o mesmo todas diversas culturas, apesar de todas as diferenças culturais entre elas, e segundo muitos dos próprios defensores da Psicologia Evolutiva, é o praticamente o mesmo desde o fim do Pleistoceno.

Mas água encanada é um comportamento? Não é uma ferramenta para solucionar um problema instintivo, como coloquei antes?

Talvez um pouco relacionado:

HUMAN BEHAVIOR AND EVOLUTION SOCIETY MEETING:
An Evolutionary Squeeze on Brain Size
Constance Holden

PHILADELPHIA, PENNSYLVANIA--Brain volume is evolutionarily more stable than that of any other bodily organ, researchers reported here last week at the Human Behavior and Evolution Society meeting 1 to 2 June.


http://www.sciencemag.org/cgi/content/summary/312/5782/1867b

Estranho. O cérebro humano está diminuindo gradativamente segundo estudos. A domesticação de cães e raposas mostra o mesmo fato:

Coppinger, R. e Coppinger, L. 2001. Dogs: a startling new understanding of canine origin, behaviour and evolution. Scribner.
« Última modificação: 10 de Março de 2007, 13:27:01 por Atheist »

Offline Charles

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Re: Evolutionary Psychology: Science or Pseudoscience?
« Resposta #28 Online: 10 de Março de 2007, 15:26:01 »
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É fácil criticar leigos quando rejeitam a evolucao com base nos argumentos dos criacionistas de terra jovem sem uma analise critica dos argumentos. Mas infelizmente faz-se a mesma coisa ao criticar a tradicao judaico crista com argumentos tao infantis e desinformados.

Para algum cristão, judeu ou muçulmano, seu livro sagrado pode estar errado? Para algum deles a sua própria interpretação pode estar errada?
[/quote]

Mesmo os cristãos mais ortodoxos que acreditam na inerrância bíblica não acreditam na inerrância da sua própria interpretação. Além disso, há uma variedade de pontos de vista. Mas é claro que é muito mais fácil descrevê-los todos como duplipensantes ou ignorantes do que realmente saber o que eles pensam.

Por outro lado, o cristianismo e o judaísmo tem várias crenças que não podem ser verificadas empiricamente. Isso é um problema? Não necessariamente, já que a ciência também as têm, como provado no teorema de Goedel.

Atheist

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Re: Evolutionary Psychology: Science or Pseudoscience?
« Resposta #29 Online: 10 de Março de 2007, 16:09:27 »
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Mesmo os cristãos mais ortodoxos que acreditam na inerrância bíblica não acreditam na inerrância da sua própria interpretação.

Não são apenas cristãos mais ortodoxos que acreditam na inerrância bíblica. E isso vale para as demais religiões ocidentais. Todas as religiões ou denominações são as únicas verdadeiras, sempre. O que acontece é que algumas pessoas que dizem pertencer a determinadas religiões acabam fazendo interpretações individuais do que o padre/pastor/rabino disse ou do que está na bíblia ou outro livro sagrado, embora tais interpretações não estejam de acordo com a religião que professam. Ou seja, talvez a pessoa não entenda muito bem o que é uma religião e certamente jamais conversou com seu pastor sobre o assunto. Eles já estão mais para o deísmo do que para religiões estabelecidas, apenas seguem a tradição de serem "católicos não praticantes".

E sobre o teorema de Goedel, há quem diga que matemática não é ciência, é linguagem...

Offline Charles

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Re: Evolutionary Psychology: Science or Pseudoscience?
« Resposta #30 Online: 10 de Março de 2007, 18:20:53 »

Não são apenas cristãos mais ortodoxos que acreditam na inerrância bíblica. E isso vale para as demais religiões ocidentais. Todas as religiões ou denominações são as únicas verdadeiras, sempre. O que acontece é que algumas pessoas que dizem pertencer a determinadas religiões acabam fazendo interpretações individuais do que o padre/pastor/rabino disse ou do que está na bíblia ou outro livro sagrado, embora tais interpretações não estejam de acordo com a religião que professam. Ou seja, talvez a pessoa não entenda muito bem o que é uma religião e certamente jamais conversou com seu pastor sobre o assunto. Eles já estão mais para o deísmo do que para religiões estabelecidas, apenas seguem a tradição de serem "católicos não praticantes".

E sobre o teorema de Goedel, há quem diga que matemática não é ciência, é linguagem…


Primeiramente você afirmou que a maior parte das pessoas na tradição judaico-cristã acreditavam que sua interpretação não errava. Eu indiquei que isso é falso, um strawman enorme. Aliás, a tradição cristã envolve "colocar tudo à prova, e reter o que é bom".

Depois você os critica por afirmarem que eles estão certos. O que vc espera? que eles ensinassem que estão errados? Além do mais, a verdade POR DEFINIÇÃO é excludente. Não dá pra dizer que a verdade é A e não-A ao mesmo tempo. Aliás, não só as religiões "ocidentais" são excludentes (o oriente médio não é ocidente, mas tudo bem). Todas as religiões são excludentes (inclusive o ateísmo). O Budismo se originou na rejeição do Budha contra a tradição induísta dos vedas, etc.

Finalmente, vc diz que os religiosos são ignorantes pq não sabem nem o que a própria religião deles prega. Isso está ficando cada vez mais parecido com um daqueles argumentos convolutos dos criacionistas.

Finalmente, ainda gostaria de ouvir o seus argumentos do pq afirmar que "religião e ciência são compatíveis é muito exercício imaginativo." O único argumento que vc apresentou até agora é que a religião usa dogmas, mas a ciência, não. O cristianismo em particular faz muitas afirmações (ex. arqueológicas) que estão abertas à verificação. Quanto à ciência, o teorema de Gödel prova que vc está equivocado. A ciência usa várias pressuposiçòes que simplesmente não podem ser provadas (dogmas, segundo vc). Assim como o ateísmo.

Offline Huxley

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Re: Evolutionary Psychology: Science or Pseudoscience?
« Resposta #31 Online: 12 de Março de 2007, 23:07:46 »
Aê, Atheist, Danniel e outros.Coloquei alguns trechos desse debate sobre Psicologia Evolutiva lá no meu blog.Vejam: http://biologiaevolutiva.blogspot.com/2007/03/psicologia-evolutivacincia-ou.html

Espero que não se incomodem.

Acredito que Stephen Pinker fale mais sobre isso não. Mas, de antemão, não acredito que seja pseuciência a psicologia evolutiva, visto que pode ser também aplicada a todos os seres viventes.

Abraços.

Está confundindo psicologia evolutiva com etologia. Etologia é o estudo do comportamento biológico. Psicologia Evolutiva é exclusivamente humana e parte da premissa que há uma natureza especificamente humana, moldada por seleção natural, especificamente no Pleistoceno.

Não acho necessária haver uma separação de Etologia e Psicologia Evolutiva.A Psicologia Evolutiva poderia ser incorporada como uma subdivisão da Sociobiologia.O ser humano é um animal e os genes também tem influência em tornar certos comportamentos humanos mais prováveis que outros.Se assim não fosse, a mente de um feto seria a uma tábula rasa a ser preenchida pelos pais e pela sociedade e uma alma material dotada de livre-arbítrio seria a única responsável pelas nossas ações.Ambas as coisas não tem respaldo nas evidências, como argumenta Steven Pinker em "Tábula Rasa" (Cia das Letras).Parte da explicação do comportamento humano é biologia pura.

Ainda que o comportamento humano sofra impacto da evolução cultural, esse aspecto também é uma preocupação da Biologia Evolutiva.John Maynardi Smith e Eros Szathmáry (em "The Major Trasitions in Evolution", Oxford University Press) colocam a origem da linguagem como um dos nove eventos-chaves da evolução, ao lado da origem da multicelularidade e da origem simbiótica dos procariontes a partir dos procariontes.Como tratar da origem da liguagem sem inseri-la num contexto cultural?A verdade é que criamos conceitos e tentamos cortar e esticar a natureza para que a mesmo cabe, ignorando que não cabe.A verdade é que a natureza é muito complexa para ser descrita por um único conceito.

"A coisa mais importante da vida é saber o que é importante". Otto Milo

Meu blog: http://biologiaevolutiva.blogspot.com

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Evolutionary Psychology: Science or Pseudoscience?
« Resposta #32 Online: 13 de Março de 2007, 03:33:49 »
Alguns cientistas, acho que o PZ Myers por exemplo (o biólogo do desenvolvimento do blog pharyngula) dizem que o "tábula rasa" tem muito de falácia do espantalho. Eu não sei, ainda não li, e não lembro se houve algum trecho específico mencionado.

O problema da psicologia evolutiva, não são as idéias mais gerais, mas algumas especificidades, e a dificuldade de comprovação, com os dados que pretenderiam comprovar, diante de outras possíveis explicações. Meio como aquelas idéias de psicologia já um tanto fora de moda, de que a mulher tem inveja do pênis e sei lá mais o quê. Que inclusive não precisam ser descartadas, basta que se por exemplo, proponha que no curso da evolução foi reprodutivamente vantajoso que as mulheres tivessem inveja do pênis, ou do que quer que se imagine.

Alguns pesquisadores da área até preferem evitar o termo "psicologia evolutiva", e usar coisas como "etologia humana", "antropologia evolutiva", para tentarem se dissociar um pouco disso.

Argumenta-se também, que a psicologia não é universal, e a sua variação não pode ser atribuida a uma série de adaptações pré-determinadas do tipo de plasticidade fenotípica ou de desenvolvimento, porque o cenário de seleção para gerar esse tipo de coisa é bastante complexo e raro, sem falar em custos de seleção, herdabilidade e etc. A seleção tenderia a favorecer mentes adaptativas por serem maleavelmente adaptáveis, não fixamente "adaptadas".

Offline Memphis Belle

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Re: Evolutionary Psychology: Science or Pseudoscience?
« Resposta #33 Online: 15 de Março de 2007, 16:11:29 »
Boa tarde...perdoe-me a intromissão.
Achei sua  página bem interessante . Gosto muito do assunto comportamento humano , no qual venho alicerçando alguns estudos , não sobre a parte evolutiva, mas sobre o comportamento do  homem contemporâneo.Mesmo assim  , percebi que o assunto em vioga aqui é da melhor 'nata'...não so expeculações , como opiniões bem centradas.

Abraços.
"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele ou por sua origem, ou sua religião.
Para odiar, as pessoas precisam aprender.
E se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto.
A bondade humana é uma chama que pode ser oculta, jamais extinta."
(Nelson Mandela)

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Re: Evolutionary Psychology: Science or Pseudoscience?
« Resposta #34 Online: 28 de Março de 2007, 21:10:52 »
Alguns cientistas, acho que o PZ Myers por exemplo (o biólogo do desenvolvimento do blog pharyngula) dizem que o "tábula rasa" tem muito de falácia do espantalho. Eu não sei, ainda não li, e não lembro se houve algum trecho específico mencionado.

O problema da psicologia evolutiva, não são as idéias mais gerais, mas algumas especificidades, e a dificuldade de comprovação, com os dados que pretenderiam comprovar, diante de outras possíveis explicações. Meio como aquelas idéias de psicologia já um tanto fora de moda, de que a mulher tem inveja do pênis e sei lá mais o quê. Que inclusive não precisam ser descartadas, basta que se por exemplo, proponha que no curso da evolução foi reprodutivamente vantajoso que as mulheres tivessem inveja do pênis, ou do que quer que se imagine.

Alguns pesquisadores da área até preferem evitar o termo "psicologia evolutiva", e usar coisas como "etologia humana", "antropologia evolutiva", para tentarem se dissociar um pouco disso.

Argumenta-se também, que a psicologia não é universal, e a sua variação não pode ser atribuida a uma série de adaptações pré-determinadas do tipo de plasticidade fenotípica ou de desenvolvimento, porque o cenário de seleção para gerar esse tipo de coisa é bastante complexo e raro, sem falar em custos de seleção, herdabilidade e etc. A seleção tenderia a favorecer mentes adaptativas por serem maleavelmente adaptáveis, não fixamente "adaptadas".

Danniel, pelo que estou vendo das críticas e pelo que já li sobre psicologia evolutiva, está me parecendo que tais críticas são puros espantalhos. O livro "o que nos faz humanos" de Matt Ridley comenta sobre as idéias da psicologia evolutiva e sobre as bases dela e, pelo que parece, está longe de pseudociência.

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Re: Evolutionary Psychology: Science or Pseudoscience?
« Resposta #35 Online: 28 de Março de 2007, 21:19:49 »
Primeiramente você afirmou que a maior parte das pessoas na tradição judaico-cristã acreditavam que sua interpretação não errava. Eu indiquei que isso é falso, um strawman enorme.

Desconheço um único pastor/rabino/padre que afirme que a interpretação de sua religião/denominação pode estar falsa. Por definição, ciência pode ser falseada.

Aliás, a tradição cristã envolve "colocar tudo à prova, e reter o que é bom".

Está em alguma carta de Paulo. A cúpula religiosa simplesmente continua achando que o que é bom é continuar pregando os mesmos dogmas, mesmo que a ciência mostre que está errado, pois a inerrância bíblica garante seu ganha-pão.

Depois você os critica por afirmarem que eles estão certos. O que vc espera? que eles ensinassem que estão errados? Além do mais, a verdade POR DEFINIÇÃO é excludente. Não dá pra dizer que a verdade é A e não-A ao mesmo tempo. Aliás, não só as religiões "ocidentais" são excludentes (o oriente médio não é ocidente, mas tudo bem). Todas as religiões são excludentes (inclusive o ateísmo). O Budismo se originou na rejeição do Budha contra a tradição induísta dos vedas, etc.

E a ciência continua fazendo afirmações que podem ser falseadas. Não há diferença?

Finalmente, vc diz que os religiosos são ignorantes pq não sabem nem o que a própria religião deles prega. Isso está ficando cada vez mais parecido com um daqueles argumentos convolutos dos criacionistas.

Ou não sabem, ou não querem saber.

Finalmente, ainda gostaria de ouvir o seus argumentos do pq afirmar que "religião e ciência são compatíveis é muito exercício imaginativo." O único argumento que vc apresentou até agora é que a religião usa dogmas, mas a ciência, não. O cristianismo em particular faz muitas afirmações (ex. arqueológicas) que estão abertas à verificação. Quanto à ciência, o teorema de Gödel prova que vc está equivocado. A ciência usa várias pressuposiçòes que simplesmente não podem ser provadas (dogmas, segundo vc). Assim como o ateísmo.

Mais uma vez, matemática não é considerada ciência para todos. Além disso, se a psicologia evolutiva (discutida em outro tópico) não é ciência porque não tem base e não faz predições que podem ser testadas, por que tais teoremas seriam?

Offline Charles

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Re: Evolutionary Psychology: Science or Pseudoscience?
« Resposta #36 Online: 29 de Março de 2007, 10:47:26 »
Alguns cientistas, acho que o PZ Myers por exemplo (o biólogo do desenvolvimento do blog pharyngula) dizem que o "tábula rasa" tem muito de falácia do espantalho. Eu não sei, ainda não li, e não lembro se houve algum trecho específico mencionado.

O problema da psicologia evolutiva, não são as idéias mais gerais, mas algumas especificidades, e a dificuldade de comprovação, com os dados que pretenderiam comprovar, diante de outras possíveis explicações. Meio como aquelas idéias de psicologia já um tanto fora de moda, de que a mulher tem inveja do pênis e sei lá mais o quê. Que inclusive não precisam ser descartadas, basta que se por exemplo, proponha que no curso da evolução foi reprodutivamente vantajoso que as mulheres tivessem inveja do pênis, ou do que quer que se imagine.

Alguns pesquisadores da área até preferem evitar o termo "psicologia evolutiva", e usar coisas como "etologia humana", "antropologia evolutiva", para tentarem se dissociar um pouco disso.

Argumenta-se também, que a psicologia não é universal, e a sua variação não pode ser atribuida a uma série de adaptações pré-determinadas do tipo de plasticidade fenotípica ou de desenvolvimento, porque o cenário de seleção para gerar esse tipo de coisa é bastante complexo e raro, sem falar em custos de seleção, herdabilidade e etc. A seleção tenderia a favorecer mentes adaptativas por serem maleavelmente adaptáveis, não fixamente "adaptadas".

Danniel, pelo que estou vendo das críticas e pelo que já li sobre psicologia evolutiva, está me parecendo que tais críticas são puros espantalhos. O livro "o que nos faz humanos" de Matt Ridley comenta sobre as idéias da psicologia evolutiva e sobre as bases dela e, pelo que parece, está longe de pseudociência.

Essa conversa não está avançando muito, por isso vou falar só mais esta vez o que eu vejo que é o problema da psicologia evolutiva, e deixarei vc ter a última palavra, se quiser.

A argumentação da psicologia evolutiva geralmente é assim:

- Pq observamos a característica "A"?
- Simples. Havia uma época onde não havia A. Daí aconteceu uma mutação que fez com que A aparecesse. Os descendentes que tinham A deixaram mais prole do que os que não tinham A. Ergo, por isso observamos A.

O mesmo argumento poderia ser utilizado para explicar a ausência de A, dizendo que a mutação fez com que A se perdesse.

Foram apresentados vários argumentos importantes indicando a insuficiência da psicologia evolutiva, principalmente pelo Buckaroo. Seria interessante ouvir os seus contra-argumentos.

Offline Charles

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Re: Evolutionary Psychology: Science or Pseudoscience?
« Resposta #37 Online: 29 de Março de 2007, 11:24:58 »
Primeiramente você afirmou que a maior parte das pessoas na tradição judaico-cristã acreditavam que sua interpretação não errava. Eu indiquei que isso é falso, um strawman enorme.

Desconheço um único pastor/rabino/padre que afirme que a interpretação de sua religião/denominação pode estar falsa. Por definição, ciência pode ser falseada.


Pelo jeito vc não deve conhecer muitos.

Aliás, a tradição cristã envolve "colocar tudo à prova, e reter o que é bom".
Está em alguma carta de Paulo. A cúpula religiosa simplesmente continua achando que o que é bom é continuar pregando os mesmos dogmas, mesmo que a ciência mostre que está errado, pois a inerrância bíblica garante seu ganha-pão.


Vc está se referindo ao criacionismo de terra jovem? Olha, dizer que CTJ = Cristianismo é absurdo.

Depois você os critica por afirmarem que eles estão certos. O que vc espera? que eles ensinassem que estão errados? Além do mais, a verdade POR DEFINIÇÃO é excludente. Não dá pra dizer que a verdade é A e não-A ao mesmo tempo. Aliás, não só as religiões "ocidentais" são excludentes (o oriente médio não é ocidente, mas tudo bem). Todas as religiões são excludentes (inclusive o ateísmo). O Budismo se originou na rejeição do Budha contra a tradição induísta dos vedas, etc.

E a ciência continua fazendo afirmações que podem ser falseadas. Não há diferença?


Nem tudo na vida é ciência. Mas eu não entendo qual a relevância da sua afirmação pro que eu havia colocado antes. Vc pretende colocar o princípio de falseabilidade de Popper para filosofia, teologia, ética, estética, questões últimas e de significado? Boa sorte, mas isso me parece um erro epistemológico crasso, além de ser completamente inviável. Como vc testaria a hipótese que homicídio é errado?


Finalmente, vc diz que os religiosos são ignorantes pq não sabem nem o que a própria religião deles prega. Isso está ficando cada vez mais parecido com um daqueles argumentos convolutos dos criacionistas.

Ou não sabem, ou não querem saber.


Perdoe-me, mas vc está usando a mesma estratégia de alguns criacionistas. Pq gastar tempo estudando genética quantitativa, paleontologia, cosmologia? Eu sei que está tudo errado. Então vou ficar aqui sentado e dizendo que eles são todos ignorantes. É muito mais cômodo do que tentar entender o que realmente é o outro ponto de vista.

Finalmente, ainda gostaria de ouvir o seus argumentos do pq afirmar que "religião e ciência são compatíveis é muito exercício imaginativo." O único argumento que vc apresentou até agora é que a religião usa dogmas, mas a ciência, não. O cristianismo em particular faz muitas afirmações (ex. arqueológicas) que estão abertas à verificação. Quanto à ciência, o teorema de Gödel prova que vc está equivocado. A ciência usa várias pressuposiçòes que simplesmente não podem ser provadas (dogmas, segundo vc). Assim como o ateísmo.

Mais uma vez, matemática não é considerada ciência para todos. Além disso, se a psicologia evolutiva (discutida em outro tópico) não é ciência porque não tem base e não faz predições que podem ser testadas, por que tais teoremas seriam?

Praticamente ninguém considera matemática como uma ciência. Mas este não é o ponto. O teorema de Gödel trata de lógica formal e representa uma das descobertas mais influentes na epistemologia moderna. Mas aparentemente vc, para usar a sua expressão, "não sabe ou não quer saber" o que ele quer dizer (pensei que eram só os criacionistas que faziam isso). Fica difícil discutir com vc se vc não lê o que lhe escrevem, pega um detalhe de uma frase e muda completamente o rumo das coisas. Eu repito o que eu havia falado anteriormente:


"Finalmente, ainda gostaria de ouvir o seus argumentos do pq afirmar que "religião e ciência são compatíveis é muito exercício imaginativo." O único argumento que vc apresentou até agora é que a religião usa dogmas, mas a ciência, não. O cristianismo em particular faz muitas afirmações (ex. arqueológicas) que estão abertas à verificação. Quanto à ciência, o teorema de Gödel prova que vc está equivocado. A ciência usa várias pressuposiçòes que simplesmente não podem ser provadas (dogmas, segundo vc). Assim como o ateísmo."

Offline Nina

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Re: Evolutionary Psychology: Science or Pseudoscience?
« Resposta #38 Online: 29 de Março de 2007, 22:51:50 »
Primeiramente você afirmou que a maior parte das pessoas na tradição judaico-cristã acreditavam que sua interpretação não errava. Eu indiquei que isso é falso, um strawman enorme.

Desconheço um único pastor/rabino/padre que afirme que a interpretação de sua religião/denominação pode estar falsa. Por definição, ciência pode ser falseada.


Pelo jeito vc não deve conhecer muitos.


Então cite os que você conhece, por favor… Nem mesmo linhas de pensamento diferentes aceitam estar erradas em certos dogmas centrais…

Eu sinto que você não tem bem definidos os limites de deísmo, teísmo, CTJ, CTA… faz uma grande confusão…

Dizer que a tradição cristã diz para avaliar de tudo e reter o que é bom é bastante exagerado… A maioria dos cristãos no Brasil nunca lê a bíblia… já fui presidente de grupo de jovens da ICAR e NUNCA vi um estudo aprofundado da mesma. Muito mais comum era o estudo dos ritos do que da doutrina.

E, desculpe-me, mas os que gostam de ler a bíblia estão sim amparados no dogma da inerrância das escrituras.

Dizer que a religião é falseável porque se pode procurar pelos locais narrados na bíblia e fazer análises arqueológicas é também bastante desvio da questão central abordada aqui. A falseabilidade deveria estar relacionada com TODOS os aspectos da doutrina para poder pensar em ser comparada com a ciência. Que religião cristã considera apenas uma possível verdade Jesus ser o filho de Deus sacrificado (na minha terra são os pais que se sacrificam pelos filhos… mas enfim…  :umm:)? Quantas aceitam que tallvez a própria entidade do deus seja um embuste, uma explicação falha da doutrina? Onde isso é dito? Nos cultos e missas? Dormi demais nesse domingo…  ::)

« Última modificação: 29 de Março de 2007, 23:02:15 por Nina »
"A ciência é mais que um corpo de conhecimento, é uma forma de pensar, uma forma cética de interrogar o universo, com pleno conhecimento da falibilidade humana. Se não estamos aptos a fazer perguntas céticas para interrogar aqueles que nos afirmam que algo é verdade, e sermos céticos com aqueles que são autoridade, então estamos à mercê do próximo charlatão político ou religioso que aparecer." Carl Sagan.

Offline Charles

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Re: Evolutionary Psychology: Science or Pseudoscience?
« Resposta #39 Online: 29 de Março de 2007, 23:39:17 »
Como eu sou meio lerdo com esse lance de quotes, vou responder separado.

Nina, vc diz: "Então cite os que você conhece, por favor… Nem mesmo linhas de pensamento diferentes aceitam estar erradas em certos dogmas centrais…"

Dogmas realmente são aceitos como "pressuposições". Mas não era isso que estávamos discutindo antes. O Atheist falou "Desconheço um único pastor/rabino/padre que afirme que a interpretação de sua religião/denominação pode estar falsa". A tradição judaico-cristã realmente acredita na inerrância bíblica, mas não acredita na *inerrância da interpretação bíblica* . Mas vc partir de pressupostos que não se podem provar não é uma exclusividade sua, é algo comum a todas as empreitadas do pensamento humano, inclusive a ciência.

Vc diz: "Eu sinto que você não tem bem definidos os limites de deísmo, teísmo, CTJ, CTA… faz uma grande confusão…". Eu os conheço bem. O problema que eu estava me referindo neste post e no outro tópico acontece quando se trata o Cristianismo inteiro como se fosse CTJ (ou YEC, como gostam alguns, talvez pela onomatopéia).

Sobre colocar as coisas à prova, o próprio texto bíblico fala disso em Tessalonicenses 5:21. Paulo mesmo disse que se alguém o mostrasse os ossos de Jesus, ele cairia fora. Mas preciso concordar com vc que a ICAR realmente não incentiva isso, mas ICAR não é  = Cristianismo. Mas lembre de Agostinho, Tomás de Aquino, etc.

Quanto à falseabilidade. Em nenhum momento eu afirmo que toda a esfera do que engloba a "religião" é testável. Isso não é verdade, e sabemos disso. Mas o objetivo não é tentar elevar a religião ao mesmo patamar da ciência, principalmente pq o patamar da ciência não é tão alto assim. Como disse Polkinghorne, o sucesso da ciência foi comprado com a modéstia de suas ambições. O critério de falseabilidade não se aplica à ética, à estética, à metafísica, à lógica, à filosofia, etc., todos elementos fundamentais do pensamento humano.

Offline Nina

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Re: Evolutionary Psychology: Science or Pseudoscience?
« Resposta #40 Online: 30 de Março de 2007, 12:34:54 »
Como eu sou meio lerdo com esse lance de quotes, vou responder separado.

Vou tentar separar.  :wink:

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Nina, vc diz: "Então cite os que você conhece, por favor… Nem mesmo linhas de pensamento diferentes aceitam estar erradas em certos dogmas centrais…"
Dogmas realmente são aceitos como "pressuposições". Mas não era isso que estávamos discutindo antes.

Charles, dogmas não são simples pressuposições passíveis de contextação. Um dogma, no campo filosófico, é uma crença/doutrina imposta, que não admite contestação. No campo religioso é uma verdade divina, revelada e acatada pelos fiéis. Não vejo qualquer possibilidade de cotextação de um dogma por um crente.

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O Atheist falou "Desconheço um único pastor/rabino/padre que afirme que a interpretação de sua religião/denominação pode estar falsa". A tradição judaico-cristã realmente acredita na inerrância bíblica, mas não acredita na *inerrância da interpretação bíblica* . Mas vc partir de pressupostos que não se podem provar não é uma exclusividade sua, é algo comum a todas as empreitadas do pensamento humano, inclusive a ciência.

Mais uma vez, dogmas não são pressupostos. Pressupostos podem ser considerado "supor antecipadamente; conjeturar". Isso de nada se assemelha a um dogma, a não ser por não ser ainda comprovado.

E talvez para seu espanto, também não conheço um pregador que aceite tentar falsear seus dogmas.

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Vc diz: "Eu sinto que você não tem bem definidos os limites de deísmo, teísmo, CTJ, CTA… faz uma grande confusão…". Eu os conheço bem. O problema que eu estava me referindo neste post e no outro tópico acontece quando se trata o Cristianismo inteiro como se fosse CTJ (ou YEC, como gostam alguns, talvez pela onomatopéia).

Ninguém nesta discussão trata isso como um "balaio de gato"...

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Sobre colocar as coisas à prova, o próprio texto bíblico fala disso em Tessalonicenses 5:21. Paulo mesmo disse que se alguém o mostrasse os ossos de Jesus, ele cairia fora. Mas preciso concordar com vc que a ICAR realmente não incentiva isso, mas ICAR não é  = Cristianismo. Mas lembre de Agostinho, Tomás de Aquino, etc.

Charles, a maioria dos cristãos no Brasil é de católicos. Nada mais comum do que manter os comentários em relação ao mais comum, e quando se referir às exceções, citá-las. Evangélicos sempre ficam bravinhos quando os comentários generalistas são em função dos católicos e não deles próprios. Isso é um pouco de exagero, a meu ver.

Mas o ponto é que nem mesmo os demais criacionismos ou demais linhas cristãs tratam esta questão tão abertamente. Ninguém põe os dogmas à prova, mesmo tendo lido a "sugestão" de Paulo. Isso porque dogmas são verdades absolutas. Esse é o pilar básico do porquê da não possibildiade de se falsear algo no aspecto religioso.

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Quanto à falseabilidade. Em nenhum momento eu afirmo que toda a esfera do que engloba a "religião" é testável. Isso não é verdade, e sabemos disso. Mas o objetivo não é tentar elevar a religião ao mesmo patamar da ciência, principalmente pq o patamar da ciência não é tão alto assim. Como disse Polkinghorne, o sucesso da ciência foi comprado com a modéstia de suas ambições. O critério de falseabilidade não se aplica à ética, à estética, à metafísica, à lógica, à filosofia, etc., todos elementos fundamentais do pensamento humano.

Nem à religião...
"A ciência é mais que um corpo de conhecimento, é uma forma de pensar, uma forma cética de interrogar o universo, com pleno conhecimento da falibilidade humana. Se não estamos aptos a fazer perguntas céticas para interrogar aqueles que nos afirmam que algo é verdade, e sermos céticos com aqueles que são autoridade, então estamos à mercê do próximo charlatão político ou religioso que aparecer." Carl Sagan.

Offline Charles

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Re: Evolutionary Psychology: Science or Pseudoscience?
« Resposta #41 Online: 30 de Março de 2007, 21:32:24 »
Nina

Estamos esbarrando em um problema de semântica. Eu estou utilizando o termo "pressuposição" para me referir a coisas que tomamos como verdadeiras, mas que não temos como prová-las. Neste sentido, pressuposição = dogma. Você tem usado estas palavras com um sentido um pouco diferente. Enfim, vou me expressar de outra forma pra tentar explicar melhor o meu ponto de vista.

O Cristianismo tem pressuposições, coisas que não se pode provar, como a existência de Deus e seus atributos (o que vc chama de dogmas). Geralmente diz-se que o Cristianismo em particular, e religião em geral, é irracional por causa disso. Contudo, utilizar elementos que não podem ser provados é algo que acontece em TODAS as áreas do conhecimento humano, inclusive a ciência (ex.: por mais que façam sentido, é impossível provar que a realidade existe e que não é simplesmente um sonho, ou que os mecanismos físicos que observamos agora sempre foram e sempre serão assim (uniformitarianismo epistemológico)). E não é possível achar um atalho - isto é inevitável. como indicado no teorema de Gödel que eu estava sugerindo ao Atheist. Portando utilizar este critério para detonar a religião é dar um tiro no próprio pé

E talvez para seu espanto, também não conheço um pregador que aceite tentar falsear seus dogmas.

Imagino que consegui explicar a minha posição... há elementos (dogmas) impossíveis de serem testados ou falseados na religião e em qualquer outra área do conhecimento humano.

Ninguém nesta discussão trata isso [deísmo, teísmo, CTJ, CTA…] como um "balaio de gato"…

Então vc convive com um pessoal muito bom, pq a minha experiência não é essa, inclusive neste fórum. O Dawkins e o Dennett fazem isso.

Charles, a maioria dos cristãos no Brasil é de católicos. Nada mais comum do que manter os comentários em relação ao mais comum, e quando se referir às exceções, citá-las. Evangélicos sempre ficam bravinhos quando os comentários generalistas são em função dos católicos e não deles próprios. Isso é um pouco de exagero, a meu ver.

Se a partir de hoje a maior parte dos brasileiros concordassem com a teoria da evolução, mas na verdade não tivessem a mínima idéia do que ela diz, isso não implicaria que a teoria está errada. Não se pode julgar um ponto de vista pelos seus abusos.





Eu falei
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Quanto à falseabilidade. Em nenhum momento eu afirmo que toda a esfera do que engloba a "religião" é testável. Isso não é verdade, e sabemos disso. Mas o objetivo não é tentar elevar a religião ao mesmo patamar da ciência, principalmente pq o patamar da ciência não é tão alto assim. Como disse Polkinghorne, o sucesso da ciência foi comprado com a modéstia de suas ambições. O critério de falseabilidade não se aplica à ética, à estética, à metafísica, à lógica, à filosofia, etc., todos elementos fundamentais do pensamento humano.

E vc respondeu
Nem à religião…

Que é exatamente o que eu tenho falado até agora.

Offline Nina

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Re: Evolutionary Psychology: Science or Pseudoscience?
« Resposta #42 Online: 30 de Março de 2007, 22:08:35 »
Nina

Estamos esbarrando em um problema de semântica. Eu estou utilizando o termo "pressuposição" para me referir a coisas que tomamos como verdadeiras, mas que não temos como prová-las. Neste sentido, pressuposição = dogma. Você tem usado estas palavras com um sentido um pouco diferente. Enfim, vou me expressar de outra forma pra tentar explicar melhor o meu ponto de vista.

O Cristianismo tem pressuposições, coisas que não se pode provar, como a existência de Deus e seus atributos (o que vc chama de dogmas). Geralmente diz-se que o Cristianismo em particular, e religião em geral, é irracional por causa disso. Contudo, utilizar elementos que não podem ser provados é algo que acontece em TODAS as áreas do conhecimento humano, inclusive a ciência (ex.: por mais que façam sentido, é impossível provar que a realidade existe e que não é simplesmente um sonho, ou que os mecanismos físicos que observamos agora sempre foram e sempre serão assim (uniformitarianismo epistemológico)). E não é possível achar um atalho - isto é inevitável. como indicado no teorema de Gödel que eu estava sugerindo ao Atheist. Portando utilizar este critério para detonar a religião é dar um tiro no próprio pé

Pelo contrário.. é uma característica da religião não poder ser comprovada, portanto, falta de falseamento pode denotar, sim, um aspecto religioso.

Agora, o que o Atheist falou e eu entendo é que a base da ciência empírica que fazemos é a falseabilidade. Não há dogmas na ciência como há na religião. Isso porque não são apenas pressuposições e não é questão de poder ou não provar. Dogmas são também incontestáveis, não apenas afirmações que não podem ser comprovadas. Um fiel não deve jamais duvidar de um dogma.

Neste sentido há uma diferença enorme entre religião e ciência. Você pode até não conseguir provar algo na ciência, mas pode duvidar. Em se tratando de religião, é necessária fé cega.

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E talvez para seu espanto, também não conheço um pregador que aceite tentar falsear seus dogmas.

Imagino que consegui explicar a minha posição… há elementos (dogmas) impossíveis de serem testados ou falseados na religião e em qualquer outra área do conhecimento humano.

Creio que a sinonimização de dogma e pressuposto não cabe aqui...

Com o agravante de que o crente NÃO DEVE duvidar dos dogmas da sua religião, e eis o porquê da importância de diferenciarmos dogma de pressuposto. É por isso que ainda aguardo que você indique qual pregador aceita duvidar de seus dogmas.

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Ninguém nesta discussão trata isso [deísmo, teísmo, CTJ, CTA…] como um "balaio de gato"…

Então vc convive com um pessoal muito bom, pq a minha experiência não é essa, inclusive neste fórum. O Dawkins e o Dennett fazem isso.

Não lembro do Dawkins estar discutindo conosco... :P

O ponto, Charles é que existem aspectos compartilhados entre CTJ, CTA, católicos, evangélicos neo-pentecostais... não só pelo fato de serem cristãos. De forma geral, creem que o universo surgiu pela mão de Javé. Essas simplesiomorfias são compartilhadas com outros tipos de criacionismos também, embora cada um mantenha seus diferenciais... Mas todos atribuem a criação a uma entidade desconhecida.

Não vejo como a existência de tal entidade não possa ser averiguada. Seria muito fácil, por exemplo, provar que ela direciona ou não a evolução, como afirmam os ID. E de fato, todas as evidências afirmam que se os ID estão corretos, a força motriz, a fonte de energia cósmica ou o deus que direciona a evolução é bastante limitado (à variação pré-existente) e se chama Seleção Natural no meio acadêmico, sendo que às vezes, ainda deixa trabalho para a Deriva.

O fato fundamental e que vale reflexão é que como ciência, a hipótese deus poderia ser testada, e embora dificilmente comprovada falha ou verdadeira. Mas no âmbito religioso, ela jamais deveria ser motivo de dúvida.

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Charles, a maioria dos cristãos no Brasil é de católicos. Nada mais comum do que manter os comentários em relação ao mais comum, e quando se referir às exceções, citá-las. Evangélicos sempre ficam bravinhos quando os comentários generalistas são em função dos católicos e não deles próprios. Isso é um pouco de exagero, a meu ver.

Se a partir de hoje a maior parte dos brasileiros concordassem com a teoria da evolução, mas na verdade não tivessem a mínima idéia do que ela diz, isso não implicaria que a teoria está errada. Não se pode julgar um ponto de vista pelos seus abusos.

Abusos? Realmente não entendo o que você quer dizer... Não vejo problema algum em usar a conduta que narrei acima... por acaso trata-se de uma falácia? Creio que nem generalização pode ser imputada, pq não disse que todos os cristãos são desta ou outra forma. Disse que estava me referindo à distribuição modal.

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Eu falei
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Quanto à falseabilidade. Em nenhum momento eu afirmo que toda a esfera do que engloba a "religião" é testável. Isso não é verdade, e sabemos disso. Mas o objetivo não é tentar elevar a religião ao mesmo patamar da ciência, principalmente pq o patamar da ciência não é tão alto assim. Como disse Polkinghorne, o sucesso da ciência foi comprado com a modéstia de suas ambições. O critério de falseabilidade não se aplica à ética, à estética, à metafísica, à lógica, à filosofia, etc., todos elementos fundamentais do pensamento humano.

E vc respondeu
Nem à religião…

Que é exatamente o que eu tenho falado até agora.

Na verdade você concluiu após ter desviado repetidamente o argumento no decorrer da mensagem, com a confusão entre palavras de significado diferente. Não é apenas uma confusão semântica... é uma confusão de significados reais.

Veja bem, a questão não é equiparar religião à ciência? Então por que compará-las? Há pressupostos na ciência, mas na religião, há dogmas. São coisas diferentes. Isso porque pressupostos podem ser falseados, mas dogmas não.

Foi por isso que concordei com o final de sua mensagem, que está bastante diferente do resto dela, e acrescentei que a relgião não é passível de falseamento.

 :wink:
"A ciência é mais que um corpo de conhecimento, é uma forma de pensar, uma forma cética de interrogar o universo, com pleno conhecimento da falibilidade humana. Se não estamos aptos a fazer perguntas céticas para interrogar aqueles que nos afirmam que algo é verdade, e sermos céticos com aqueles que são autoridade, então estamos à mercê do próximo charlatão político ou religioso que aparecer." Carl Sagan.

Offline Charles

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Re: Evolutionary Psychology: Science or Pseudoscience?
« Resposta #43 Online: 31 de Março de 2007, 08:46:39 »
Nina

Nossa discussão não está avançando muito. Eu só estava definindo os termos que eu estava usando pra que vc entendesse o que eu estava querendo dizer. Se vc concorda com as minhas definições, é outro problema.

O meu argumento é simples. Há elementos que não podem ser testados dentro da ciência, mas que são necessários pra que a ciência avance. Eu dei alguns exemplos acima. Se você duvidar que a realidade existe e acreditar que o que vemos é somente um sonho, toda a ciência é inútil. Eu falei que a testabilidade não se aplica a muita coisa que consideramos como real, como ética e lógica. Portando, dizer que religião é irracional pq tem elementos que não podem ser testados (os dogmas que vc se refere) não faz sentido.

p.s.: Só pra que não pareça que eu fui rude sem necessidade, quando eu falei "Não se pode julgar um ponto de vista pelos seus abusos." eu estava dizendo que, pra se julgar os méritos de um ponto de vista, deve-se olhar para o argumento em si, e não para abusos/deturpações deste argumento (eg. cristãos que não agem como cristãos). Eu não estava dizendo que os abusos eram seus.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Evolutionary Psychology: Science or Pseudoscience?
« Resposta #44 Online: 31 de Março de 2007, 14:22:05 »
Como é que isso acabou virando sobre os méritos (ou não) da religião e o quanto os dogmas são epistemologicamente comparáveis aos pressupostos e axiomas em apenas uma página?

O PZ Myers passou por aqui e disse que Psicologia Evolutiva é religião? :D

Offline Nina

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Re: Evolutionary Psychology: Science or Pseudoscience?
« Resposta #45 Online: 01 de Abril de 2007, 20:26:52 »
Nina

Nossa discussão não está avançando muito. Eu só estava definindo os termos que eu estava usando pra que vc entendesse o que eu estava querendo dizer. Se vc concorda com as minhas definições, é outro problema.

Não estávamos usando a língua portuguesa para comunicação? Pensei que as definições deveriam ser as do nosso vernáculo…

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O meu argumento é simples. Há elementos que não podem ser testados dentro da ciência, mas que são necessários pra que a ciência avance. Eu dei alguns exemplos acima. Se você duvidar que a realidade existe e acreditar que o que vemos é somente um sonho, toda a ciência é inútil. Eu falei que a testabilidade não se aplica a muita coisa que consideramos como real, como ética e lógica. Portando, dizer que religião é irracional pq tem elementos que não podem ser testados (os dogmas que vc se refere) não faz sentido.

Você tem certeza de que leu minha mensagem? Não é a questão de não se poder testar todos os aspectos, Charles. Em se tratando de religião, não se deve questionar os aspectos dogmáticos. Isso é a língua portuguesa que define. Qualquer religioso sabe que há dogmas em quaisquer religiões.

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p.s.: Só pra que não pareça que eu fui rude sem necessidade, quando eu falei "Não se pode julgar um ponto de vista pelos seus abusos." eu estava dizendo que, pra se julgar os méritos de um ponto de vista, deve-se olhar para o argumento em si, e não para abusos/deturpações deste argumento (eg. cristãos que não agem como cristãos). Eu não estava dizendo que os abusos eram seus.

Você se refere ao conceito que você tem de cristão. Para um católico comum, não ler a blíblia não faz dele menos cristão. Lembre-se que quem instituiu o acesso às escrituras foi a reforma protestante. No catolicismo, os dogmas principais não dizem respeito a decorar versículos. E infelizmente para os protestantes e outros evangélicos, ninguém pode ser achar mais cristão que outro, nem mesmo que um católico. Afinal, fé é imensurável e ninguém pode avaliar a fidelidade aos dogmas dos outros. Assim, seu argumento não tem cabimento.

Mas concordo contigo que essa discussão não vai para frente. Não vejo mais o que poderia ser acrescentado, afinal, nem a mesma língua estamos usando! ;)
« Última modificação: 01 de Abril de 2007, 20:29:00 por Nina »
"A ciência é mais que um corpo de conhecimento, é uma forma de pensar, uma forma cética de interrogar o universo, com pleno conhecimento da falibilidade humana. Se não estamos aptos a fazer perguntas céticas para interrogar aqueles que nos afirmam que algo é verdade, e sermos céticos com aqueles que são autoridade, então estamos à mercê do próximo charlatão político ou religioso que aparecer." Carl Sagan.

Offline Nina

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Re: Evolutionary Psychology: Science or Pseudoscience?
« Resposta #46 Online: 01 de Abril de 2007, 20:27:47 »
Como é que isso acabou virando sobre os méritos (ou não) da religião e o quanto os dogmas são epistemologicamente comparáveis aos pressupostos e axiomas em apenas uma página?

O PZ Myers passou por aqui e disse que Psicologia Evolutiva é religião? :D

:lol:
"A ciência é mais que um corpo de conhecimento, é uma forma de pensar, uma forma cética de interrogar o universo, com pleno conhecimento da falibilidade humana. Se não estamos aptos a fazer perguntas céticas para interrogar aqueles que nos afirmam que algo é verdade, e sermos céticos com aqueles que são autoridade, então estamos à mercê do próximo charlatão político ou religioso que aparecer." Carl Sagan.

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Re: Evolutionary Psychology: Science or Pseudoscience?
« Resposta #47 Online: 13 de Abril de 2007, 16:52:55 »

 

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