Autor Tópico: Por que sou libertário (por Lucas Mendes)  (Lida 1169 vezes)

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Rhyan

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Por que sou libertário (por Lucas Mendes)
« Online: 17 de Março de 2007, 05:00:18 »
Por que sou libertário

Em artigo publicado no Jornal do Brasil, dia 08/03/07, intitulado Por que não sou liberal, Olavo de Carvalho justifica sua posição conservadora ao tempo em que diferencia esta da posição liberal. Tomo o referido artigo como estímulo e provocação para justificar porque não sou liberal nem conservador, mas sim, libertário. Antes, porém, é necessário esclarecer os conceitos fundamentais para o entendimento da coisa.

Para Olavo o conservador defende a liberdade de mercado porque ela promove o Estado de direito, enquanto que o liberal defende o Estado de Direito porque ele promove a liberdade de mercado. O libertário, contrariamente, rejeita ambas as posições. O libertário é aquele indivíduo que é invariavelmente contra toda e qualquer forma de agressão à vida e à propriedade de outro indivíduo. Esse é o princípio básico e fundador do credo libertário, chamado por Rothbard de “teorema da não agressão”.

Então é imperioso que entendamos o que é o Estado, esta entidade amplamente aceita tanto pelos liberais quanto pelos conservadores. O Estado é uma entidade que detém o monopólio sobre a oferta de determinados serviços (geralmente se reconhece que o Estado deva ofertar, no mínimo, serviços de segurança, justiça e ordem) sobre um determinado território. Outra característica inédita é que o Estado obtém sua renda através dos impostos e não das relações voluntárias e contratuais como ocorre no mercado.

Assim sendo, o Estado é por natureza o perfeito predador social, uma entidade que se caracteriza pela agressão e pelo confisco da propriedade alheia. Por isso, é logicamente impossível argumentar em favor da propriedade privada, do livre mercado e da não agressão aos demais, quando, em meio a isso, não se abstrai o Estado. Liberdade e Estado são incompatíveis. Durante séculos o Estado (através dos membros do governo) tem produzido assassinatos em massa que chamou de “guerras”. Por séculos o Estado tem escravizado pessoas em seus exércitos e chamou isso de “conscrição” para o “serviço nacional”. Por séculos o Estado tem roubado as pessoas e chamou isso de “impostos”.

Contrariamente, a questão da religião e dos valores morais tradicionais, tão caro aos conservadores, estão intimamente associados ao credo libertário, porém, consignado ao direito de propriedade privada. Ao dizer que a tradição judaico-cristã fundamentou a liberdade de mercado e o estado de direito, Olavo de Carvalho não falou para que serve o Estado, ou não se deu conta que o Estado vive exclusivamente da agressão e do roubo, atribuição não somente negada mas criminalizada à todos os demais indivíduos e organizações. Essa ética jamais pode derivar do cristianismo.

O direito à vida e, consequentemente, à propriedade privada é antes de tudo um direito natural e para isso não precisa do Estado. Aliás, o Estado é a personificação cabal da própria negação desde direito. Pois, como pode uma entidade criada para proteger a propriedade privada viver exatamente da agressão à propriedade? Ora, se qualquer indivíduo ou organização ousar confiscar ou tributar a propriedade alheia, imediatamente se enquadrará no crime de roubo.

Outro ponto fundamental é o monopólio da justiça que o Estado se outorga. A propensão natural do ser humano é buscar sempre o seu auto-interesse. Assim sendo, a crítica libertária mostra que os legisladores (que são membros do próprio aparato estatal e também são seres humanos) sempre tenderão fazer leis em favor do próprio Estado. A expansão do poder estatal ao longo da história foi uma conseqüência inevitável de sua própria natureza. O questionamento libertário é o fato paradoxal que uma entidade com o monopólio exclusivo do poder de última decisão em caso de conflito (justiça) e a exclusividade de obter sua renda através do roubo seja necessária, ou melhor, seja ideal para a justiça e a segurança.

Sinto-me incapaz de seguir o ideal conservador ou liberal, ou qualquer outro ideal que requeira o Estado como protetor, organizador e fornecedor da justiça ou de qualquer outro bem ou serviço que se queira. Em poucas palavras, prefiro a ética libertária com suas naturais imperfeições à ética da agressão e do roubo oficializado.
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Para uma análise profunda sobre estes e outros tópicos da fragilidade do ideal conservador e liberal e da alternativa libertária, vide:

Hoppe, Hans-Hermann. Democracy: The God That Failed. Transaction Publishers, 2001.

Hoppe, Hans-Hermann. Natural Elites, Intellectuals, and the State. (http://www.mises.org/story/2214)

Rothbard, Murray N. For a New Liberty: The Libertarian Manifesto. Macmillan Publishing, 1978.

Rothbard, Murray N. Robert Nozick and the Immaculate Conception of the State. (http://www.mises.org/journals/jls/1_1/1_1_6.pdf)

Osterfeld, David. Anarchism and the Public Goods Issue: Law, Courts, and the Police. (http://www.mises.org/journals/jls/9_1/9_1_3.pdf)

E, por fim, a indispensável compilação de livros e papers feita por Hoppe http://www.lewrockwell.com/hoppe/hoppe5.html

Fonte: http://www.austriaco.blogspot.com/

Rhyan

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Re: Por que sou libertário (por Lucas Mendes)
« Resposta #1 Online: 17 de Março de 2007, 05:01:12 »
Não que eu concorde totalmente com o texto, mas é uma filosofia bem interessante!

Raphael

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Re: Por que sou libertário (por Lucas Mendes)
« Resposta #2 Online: 17 de Março de 2007, 05:42:56 »
Quando li o autor me lembrei disso.

http://desciclo.pedia.ws/wiki/Olavo_de_carvalho

Sem mais.

Rhyan

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Re: Por que sou libertário (por Lucas Mendes)
« Resposta #3 Online: 17 de Março de 2007, 05:59:23 »
Perdeu uma bela oportunidade de escrever algo válido...

Raphael

  • Visitante
Re: Por que sou libertário (por Lucas Mendes)
« Resposta #4 Online: 17 de Março de 2007, 06:00:12 »
Perdeu uma bela oportunidade de escrever algo válido…

Feio.

Rhyan

  • Visitante
Re: Por que sou libertário (por Lucas Mendes)
« Resposta #5 Online: 17 de Março de 2007, 06:01:54 »
Não sei se vc percebeu, mas o autor não é o Olavo.

Offline Quereu

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Re: Por que sou libertário (por Lucas Mendes)
« Resposta #6 Online: 17 de Março de 2007, 09:28:13 »
Recomendo este link que também foi uma resposta ao artigo do Olavo.

http://www.diegocasagrande.com.br/do=Wm14aGRtOXlKVE5FYldGdVkyaGxkR1Z6SlRJMmFXUWxNMFF4TkRNMk1EUkxRUT09WnhQMko=

Achei-o muito sensato e comedido. E diferente do texto do Olavo não ofende ninguém. Apesar da grande inteligência, o Olavo não domina a arte de ofender como dominava o Paulo Francis. Este último também variava seus temas comentando sobre uma vastidão de assuntos, enquanto o Olavo repete os temas monocordicamente até o cansaço. É pena, desperdicio de inteligência com carolismo e anticomunismo. Mas ainda assim, fica de positivo para o Olavo a capacidade de provocar, indício de que seus artigos, muito embora não concordem com suas idéias, é muito lido. Goste-se ou não ele é uma referência.

Sei que divago do tema. Mas faço justiça ao sujeito que provocou o debate.





No que tange ao Estado, quando o texto (deste tópico) empregou o termo predador para defini-lo, não pude deixar de concordar, principalmente no caso brasileiro. Se a sociedade brasileira tem um inimigo a combater esse inimigo é o Estado, grande responsável pela pobreza, pelo atraso, pela rapinagem institucionalizada - quase não há mal onde não haja o toque do dedo podre do nosso Estado.

E para corroborar a profunda mazela em que estamos o povo espera ajuda do Estado e se comporta ante ele como a criança mais indefesa frente a um adulto superpoderoso. O povo, rebanho, não compreende que se entrega ao lobo, voraz e malicioso.

Não concordo, porém, com a eliminação total do Estado. Isso soa para mim anarquismo. A multidão não poderia se auto-controlar, é preciso o Estado para tanto, esse mal necessário.




A Irlanda é uma porca gorda que come toda a sua cria - James Joyce em O Retrato do Artista Quando Jovem

Rhyan

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Re: Por que sou libertário (por Lucas Mendes)
« Resposta #7 Online: 18 de Março de 2007, 03:29:03 »
Eu também não sou anarcocapitalista, estou mais para minarquista mesmo.

 

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