Tópico: Mapas ´revelam´ que português descobriu Austrália em 1522

[Skorpios]

Mapas ´revelam´ que português descobriu Austrália em 1522

Segundo livro, navegante português Christopher de Mendonça liderou uma frota de quatro navios até a Austrália em 1522, 250 anos antes de James Cook

Reuters e BBC

SYDNEY - Uma carta náutica do século 16 que está em uma biblioteca de Los Angeles prova que os aventureiros portugueses, não os britânicos nem holandeses, foram os primeiros europeus a descobrir a Austrália, diz um novo livro que detalha a descoberta secreta do continente australiano.

O livro Beyond Capricorn (Além de Capricórnio, em tradução livre) diz que o mapa, que marca locais geográficos de forma acurada em português ao longo da costa leste da Austrália, prova que o navegante português Christopher de Mendonça liderou uma frota de quatro navios até a Baía de Botany em 1522 - quase 250 anos antes da chegada do capitão britânico James Cook.

O autor, o australiano Peter Trickett, disse que quando viu o pequeno mapa reconheceu todas as baías e cabos da Baía de Botany em Sydney - o local onde Cook reivindicou a Austrália para a Grã-Bretanha em 1770.

"(O mapa) era tão certeiro que eu pude desenhar nele as modernas pistas de aeroporto, nos lugares apropriados, sem nenhum problema", disse Trickett à agência de notícias Reuters nesta quarta-feira, 21.

Mapas

Trickett disse que se deparou com uma cópia do mapa enquanto folheava livros em uma livraria de Canberra há oito anos. Ele disse que a livraria tinha uma reprodução do Atlas Vallard, uma coleção de 15 mapas feitos à mão completados até 1545 na França. Os mapas representavam o mundo como ele era conhecido na época.

Dois dos mapas chamados "Terra Java" tinham uma similaridade notável com a costa leste australiana. "Havia algo familiar neles, mas havia algo errado - era um quebra-cabeça. Como conseguiram ter todos esses lugares com nomes portugueses?", disse Trickett.

Ele pensou que os cartógrafos haviam feito os mapas de Vallard alinhando erradamente dois mapas portugueses dos quais copiavam. É aceito que cartógrafos franceses tenham usado mapas adquiridos ilegalmente de Portugal e de embarcações portuguesas que foram capturadas, disse o autor.

"Os mapas originais teriam sido desenhados em pergaminhos feitos de animais, normalmente pele de carneiro ou cabra, de tamanho limitado. Para uma costa do tamanho do leste da Austrália, de 3.500 km, seriam 3 a 4 mapas", explicou ele.

"O cartógrafo de Vallard juntou esses mapas como um quebra-cabeças. Sem marcações de bússolas claras é possível juntar o mapa sul de duas maneiras diferentes. Minha teoria é que ele foi combinado de maneira errada".

Usando um computador, Trickett fez uma rotação de 90 graus da parte sul do mapa de Vallard para produzir um mapa que representa acuradamente a costa leste da Austrália.

"Eles forneceram provas notáveis de que navios portugueses fizeram essas viagens corajosas de descoberta no início dos anos 1520, apenas alguns anos depois de eles terem navegado o norte da Austrália para chegar às Ilhas Spice - as Moluccas. Isso foi um século antes dos holandeses e 250 anos antes do capitão Cook", disse.

Descoberta

Trickett acredita que os mapas originais foram feitos por Mendonça, que saiu de Portugal com quatro navios em uma missão secreta para descobrir a "Ilha do Ouro" de Marco Pólo, no sul de Java.

"Isso pode ser um choque para os anglófilos, mas as evidências nos mapas não deixam nenhuma dúvida de que os portugueses navegaram na baía de Botany e a representaram graficamente 250 anos antes da chegada de Cook em seu (navio) Endeavour", disse Trickett.

"Os portugueses, provavelmente, estiveram lá em dezembro de 1522. Seu mapa da baía de Botany foi incrivelmente preciso. Todos os detalhes da baía são mostrados", disse.

Segundo o livro, a descoberta não foi por acaso, mas, sim, o resultado da expedição de quatro navios ordenada pelo então rei Manuel 1º de Portugal.

As descobertas teriam sido mantidas em segredo por causa da "paranóia de Portugal com a ameaça de seu rival maior e mais poderoso, a Espanha".

"Qualquer tentativa de divulgar esses segredos de Estado era um crime punido com a pena de morte", explicou Tricket.

O Atlas Vallard, que contém os mapas, foi compilado pela primeira vez em 1547, na França, usando gráficos portugueses.

A obra foi mantida em residências de aristocratas franceses e, posteriormente, britânicos, antes de ser comprada pelo magnata americano Henry Huntington e adicionada à biblioteca criada por ele em Los Angeles.

Parte do mapa da Austrália feita
por portugueses




http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2007/mar/21/237.htm

[Raphael]

Ahh, depois que foi descoberta, um montão de gente vem dizer que havia descoberto.

Mas, cara, já se passou tanto tempo, agora eles vem falar disso. Que bocós.

[Pagão]

A síntese de Skorpios está muito bem feita. Tenho o livro de Peter Trickett e li-o no ano passado. Além do mapa, a obra apresenta fotografias e dados sobre muitas outras evidências da chegada dos portugueses à Austrália no séc. XVI, bem como uma extensa biografia com outros trabalhos que defenderam a mesma tese ao longo dos tempos.
Ainda assim, o mapa de Vallard é a evidência mais forte e não tenho conhecimento que alguém tenha posto em causa a sua veracidade. Antes pelo contrário, foi feito em data anterior a 1547, em França, a partir de mapas portugueses, e as suas origens estão bem documentadas pois foi compilado em Dieppe.
A expedição que navegou pelas costas australianos terá sido a de Cristovão de Mendonça, que estava em Malaca em 1521-22. Malaca era portuguesa desde 1511, e a partir dessa data houve navegação portuguesa regular na Insulíndia... a Austrália estava só um pouco mais a Sul.
Vale a pena ver o mapa na secção de imagens da internet (ver: atlas de Vallard).

[Pagão]

1547

[Pagão]

1547

[Pagão]

1547

Este é o formato original do mapa de Vallard que tendo de juntar 3 a 4 mapas parciais para formar o mapa completo, e desconhecendo a forma como os portugueses faziam a junção, fez uma ligação errada.

Os dois mapas das duas postagens anteriores resultam de corte e junção correta feita pela investigador australiano, e então ficou claro que se tratava da costa australiana e foi-lhe fácil identificar diversos pontos da costa (identificados em grande número no livro que publicou). 

[Geotecton]

Bem a Austrália somente pode ter sido considerada "descoberta" sob uma visão eurocentrista, visto que já existiam seres humanos modernos habitando-a muito tempo antes de qualquer europeu quinhentista.

[Liddell Heart]

Suspeito que algum chinês fez contato com a Austrália antes dos europeus.

[Geotecton]

Suspeito que algum chinês fez contato com a Austrália antes dos europeus.

Que o diga Gavin Menzies.

[Pagão]

Bem a Austrália somente pode ter sido considerada "descoberta" sob uma visão eurocentrista, visto que já existiam seres humanos modernos habitando-a muito tempo antes de qualquer europeu quinhentista.

Skorpios é muito claro quando refere que a questão em causa é quem foram os primeiros europeus a chegar à Austrália. É disso e apenas disso que está a falar, conforme as primeiras linhas do texto.

Todavia, é preciso frisar que a época dos grandes Descobrimentos Marítimos é a de ligação permanente entre todo o mundo e a todos os níveis, e que muito mais do que terra, os grandes descobrimentos foram a descoberta dos caminhos do mar que ligavam todo o planeta e o mapeamento definitivo de terras e mares...
Antes houve viagens, mas poucas com impacto permanente e definitivo.
O contexto do tema do tópico é o dos descobrimentos marítimos dos séc XV em diante... e não outro. Outro contexto, outra discussão.
   

[Geotecton]

Bem a Austrália somente pode ter sido considerada "descoberta" sob uma visão eurocentrista, visto que já existiam seres humanos modernos habitando-a muito tempo antes de qualquer europeu quinhentista.

Skorpios é muito claro quando refere que a questão em causa é quem foram os primeiros europeus a chegar à Austrália. É disso e apenas disso que está a falar, conforme as primeiras linhas do texto.

Todavia, é preciso frisar que a época dos grandes Descobrimentos Marítimos é a de ligação permanente entre todo o mundo e a todos os níveis, e que muito mais do que terra, os grandes descobrimentos foram a descoberta dos caminhos do mar que ligavam todo o planeta e o mapeamento definitivo de terras e mares...
Antes houve viagens, mas poucas com impacto permanente e definitivo.
O contexto do tema do tópico é o dos descobrimentos marítimos dos séc XV em diante... e não outro. Outro contexto, outra discussão.

E é esta a minha principal crítica, pois a mensagem está implícita: O "mundo só passou a existir" depois que foi "descoberto" pelos europeus. E todos aqueles que conhecem minimamente a História e a Arqueologia sabem que isto não é correto, pois todos os deslocamentos anteriores tiveram enorme impacto na História da humanidade, desde que o homem moderno saiu da África há cerca de 70.000 a 100.000 AP.

[Pagão]

E é esta a minha principal crítica, pois a mensagem está implícita: O "mundo só passou a existir" depois que foi "descoberto" pelos europeus.

Assim, literalmente, essa tal mensagem implícita seria efetivamente incorreta... o que julgo que seja a verdadeira mensagem implícita é a de que passou a existir um mundo globalmente conhecido por todos no seu mapeamento, formas de interligação por mar, produtos, culturas, povos.... uma "inflação" da interação internacional em face do período medieval anterior...     

[Pagão]

A imprensa internacional está a divulgar que um adolescente australiano encontrou numa praia um pequeno canhão de bronze idêntico aos usados pelos portugueses há 500 anos. A peça foi recolhida para estudo científico.

A descoberta foi feita por um rapaz de 13 anos numa praia de Darwin. O canhão do século XVI reforça a teoria da descoberta dos portugueses na Austrália. A peça está a ser analisada no Museu de Darwin.



As fotografias em que o rapaz exibe o canhão revelam que há forte probabilidade de ser um falconete semelhante ao da imagem acima.