Autor Tópico: Estoicismo  (Lida 8571 vezes)

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Offline Josef Babinski

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Estoicismo
« Online: 31 de Março de 2007, 22:29:29 »
Breve resumo:

O estoicismo é uma corrente filosófica iniciada por Zenão de Cítio, e recebeu esse nome porque seu fundador costumava ensinar no pórtico de Atenas, já que sua origem semita não podia adquirir imóvel na cidade.

Pregava que a felicidade se obtinha pela virtudade e pela impassibilidade, (ou, como julgo eu, pela apatia), não sofrer com as dores, nem buscar os prazeres.

Muito vagamente, vejo um resquício de índole budista em relação á atitude de meditação e moderação do eu (disciplinação) para o mantimento do estágio desejado, que é pregado em parte de tal filosofia, se eu fechar um olho posso ver influência em Charles Bradlaugh, Walt Whitman e até em Robert Ingersoll, não é por ter uma convicção exata do que se trata, talvez, seja muito pelo contrário, desconheço bem esta doutrina denominada estoicismo, suas raízes podem estar dispersas em diferentes pensadores e suas obras..

Conheço parcialmente o estoicismo, porém, nada esplêndido ou explícito tal como um Sobre a raiz quádrupla do princípio da razão suficiente fora de representativo para a filosofia de Schopenhauer, deixo, agora, em aberto, duas questões..

Alguem conhece o Estoicismo ou algo similar?
Alguma obra relacionada?

"Não esperemos desconstruir rapidamente preceitos formados ao longo dos anos; acreditemos na razão e na perseverança."

Offline Josef Babinski

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Re: Estoicismo
« Resposta #1 Online: 31 de Março de 2007, 22:30:16 »
O tópico deveria estar na área de filosofia, se alguém puder/quiser mudar.. nem é necessário que eu diga algo sobre.
"Não esperemos desconstruir rapidamente preceitos formados ao longo dos anos; acreditemos na razão e na perseverança."

Raphael

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Re: Estoicismo
« Resposta #2 Online: 01 de Abril de 2007, 02:36:05 »

Offline Rodion

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Re: Estoicismo
« Resposta #3 Online: 01 de Abril de 2007, 03:15:17 »
vulgarmente, o estoicismo me parece um 'budismo ocidental'.
Citar
Alguma obra relacionada?



as meditações de marco aurélio ou tudo mais o que epíteto escreveu.

adicionei as meditações em anexo.
« Última modificação: 01 de Abril de 2007, 03:18:50 por Bruno »
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline Josef Babinski

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Re: Estoicismo
« Resposta #4 Online: 01 de Abril de 2007, 13:23:53 »
Pra falar a verdade eu já possuo meditações de MA, não conheço nada além..
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Offline Rodion

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Re: Estoicismo
« Resposta #5 Online: 01 de Abril de 2007, 17:03:26 »
bah, então cícero, epíteto, sêneca.
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Re: Estoicismo
« Resposta #6 Online: 01 de Abril de 2007, 17:43:04 »
Interessante, pensei que por aqui ninguém conhecesse…

Qual sua opinião sobre o assunto, Sr. Bruno?
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Offline Rodion

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Re: Estoicismo
« Resposta #7 Online: 01 de Abril de 2007, 17:49:49 »
não é pra mim, não vejo graça em me domar além do necessário.
o estoicismo pertence a outro tempo de outros valores e concepções. não que não tenha deixado sua vestígios...
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Offline Josef Babinski

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Re: Estoicismo
« Resposta #8 Online: 01 de Abril de 2007, 17:57:15 »
Minha filosofia é o contrário do que o estoicismo propõe, na verdade, só queria examiná-lo em parte..

Será que posso chamá-lo de pessimismo apático? ;)
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Offline Rodion

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Re: Estoicismo
« Resposta #9 Online: 01 de Abril de 2007, 18:00:59 »
por que pessimismo?
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Offline Josef Babinski

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Re: Estoicismo
« Resposta #10 Online: 01 de Abril de 2007, 18:05:38 »
Ao meu ver a negação de prazeres em si (quaisquer que sejam) é um disparate..

Se assumir que a negação de um prazer previne a sensação de falta consequente, e assim evita algum tipo de sofrimento, é o que faz o estoicismo, pra mim isso é pessimismo.
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Offline Rodion

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Re: Estoicismo
« Resposta #11 Online: 01 de Abril de 2007, 18:15:44 »
Ao meu ver a negação de prazeres em si (quaisquer que sejam) é um disparate…

Se assumir que a negação de um prazer previne a sensação de falta consequente, e assim evita algum tipo de sofrimento, é o que faz o estoicismo, pra mim isso é pessimismo.

de certa forma...
é pessoal isso. eu sinto que a vida é (e deve ser) sentir intensamente vez ou outra. acho que não teria tanta graça se eu tivesse todo o controle das minhas paixões e do que mais que seja. 'bem estar espiritual', afinal, não é necessariamente a única coisa que se deve buscar.
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Offline Josef Babinski

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Re: Estoicismo
« Resposta #12 Online: 01 de Abril de 2007, 18:32:07 »
De fato, não dá pra não dizer que é pessoal..

Concordando com o que você disse, acrescento, o que intensifica mais uma viagem de cruzeiro do que diversos meses juntando um mísero salário de estagiário como o meu?

Por isso que eu falo, não deve ter muita graça ser o Bill Gates, aliás, seria eu tão desconfiado de certas coisas que mal aproveitaria um fight com minha esposa..
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Offline Rodion

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Re: Estoicismo
« Resposta #13 Online: 01 de Abril de 2007, 18:38:42 »
ser bill gates deve ser legal nos primeiros dias, hehe
vai um conto:

O bilhete premiado
a. tchekov

Ivan Dmítritch, homem remediado que vivia com a família na base de uns 1200 rublos por ano, muito satisfeito com seu destino, certa noite, depois do jantar, sentou-se no sofá e começou a ler o jornal.

- Esqueci de dar uma olhada no jornal de hoje - disse sua mulher tirando a mesa. - Dê uma espiada para ver se saiu o resultado do sorteio.

- Saiu - respondeu Ivan Dmítritch -, mas você não penhorou seu bilhete?

- Não. Paguei os juros na terça.

- Qual é o número?

- A série é 9499, bilhete 26.

- Então… Vejamos… 9499 e 26.

Ivan Dmítritch não acreditava na sorte da loteria e em outra ocasião jamais se daria ao trabalho de verificar a lista. Agora, porém, que não tinha nada para fazer e o jornal estava bem debaixo de seu nariz, percorreu com o dedo de cima para baixo Os números da série. E não é que logo de cara, corno que para zombar de sua descrença, já no alto da segunda coluna apareceu de repente, diante de seus olhos, o numero 9499! Sem conferir o número do bilhete nem verificar se tinha lido certo, deixou cair rapidamente o jornal no colo e como se alguém lhe tivesse derramado água na barriga, sentiu um friozinho agradável no fundo do estômago. Era urna sensação de coceira terrível e deliciosa ao mesmo tempo.

- Macha - disse com voz surda -, o 9499 está aqui. A mulher olhou para seu rosto surpreso, assustado, e compreendeu que o marido não estava brincando.

- 9499? - perguntou ela, empalidecendo e deixando cair na mesa a toalha dobrada.

- Sim, sim… Está, de verdade!

- E o número do bilhete?

- E mesmo! Ainda falta o número do bilhete. Mas tenha paciência… espere. Então, que tal? De qualquer modo o número de nossa série está, hem? De qualquer modo, entendeu?…

Ivan Dmítritch olhou para a mulher e sorriu num sorriso largo e apalermado como uma criança a qual tivessem mostrado alguma coisa brilhante. A mulher também sorria. Sentia o mesmo prazer que o marido por ele ter lido somente a série e não ter tido pressa em saber do número do feliz bilhete. E tão delicioso, tão angustiante consumir-se e espicaçar-se na esperança de uma felicidade possível!

- A nossa série está - disse Ivan Dmítritch depois de um longo silêncio. - Significa que existe uma possibilidade de termos ganho. Apenas uma possibilidade, mas, apesar de tudo, ela existe!

- Está bem, mas agora, olhe.

- Espere. Ainda teremos tempo a vontade para nos desiludir. Se esta na segunda coluna de cima, quer dizer que o prêmio é de 75 mil. Isso não é dinheiro, é uma força, um capital! E se de repente eu olhar para a lista e lá estiver o numero 26? Hem? Escute, e se tivermos ganho de verdade?

Os cônjuges começaram a dar risada e a olhar demoradamente um para o outro, sem falar nada. A possibilidade da ventura deixara-os obnubilados, e eles não conseguiam sequer sonhar, dizer para que precisavam daqueles 75 mil, o que comprariam, para onde iriam. Imaginavam apenas Os números 9499 e 75 mil, desenhavam-nos em sua imaginação, mas a idéia da felicidade, que estava tão próxima, parecia não lhes passar pela cabeça.

Ivan Dmítritch andou algumas vezes de um lado para outro com o jornal nas mãos e só quando a primeira impressão se acalmou é que, aos poucos, começou a sonhar.

- E se tivermos ganho? - disse. - Seria uma vida nova, uma catástrofe! O bilhete é seu, claro, mas se fosse meu, antes de mais nada, naturalmente eu compraria algum imóvel, algo como uma propriedade, no valor de, digamos, 25 mil; deixaria uns 10 mil para despesas extras: mobília nova… uma viagem… pagamento de dívidas e assim por diante. Os 40 mil restantes colocaria no banco, para render juros…

- Realmente, uma propriedade seria ótimo - disse a mulher sentando-se e deixando cair os braços no colo. - Nalgum canto, na região de Tula ou de Orlóv… Em primeiro lugar, não seria preciso alugar nenhuma casa de campo e, em segundo, não deixa de ser uma renda.

E na imaginação dele começaram a se aglomerar imagens, uma mais poética e aprazível que a outra. E em cada uma delas ele se via satisfeito, tranqüilo, saudável e chegou a sentir um calorzinho agradável, um calorzão, mesmo! Lá está ele, depois de ter comido uma sopa de legumes fria como o gelo, de barriga para cima na areia quente, na beira do rio ou no jardim mesmo, embaixo de uma tília… Faz calor… O filho e a filha rastejam perto dele, rolam na areia ou caçam algum bichinho na relva. Cochila docemente sem pensar em nada e sente com todo o corpo o que significa não ter de ir ao serviço nem hoje, nem amanhã, nem depois. E quando cansar de ficar deitado, pode ir ver cortar o feno, ou ao bosque, colher cogumelos, ou então ficar observando como os camponeses pescam os peixes com o arrastão. Ao pôr-do-sol, pega um pano, um sabonete e esgueira-se na casa de banho, onde se despe devagarzinho, passa um tempão alisando o peito nu com as palmas das mãos e finalmente cai n'água. Na água, Os peixinhos se agitam em volta das bolhas turvas de sabão e as plantas aquáticas balançam na corrente. Depois do banho, um chá com creme e rosquinhas doces… À noite, um passeio ou uma partida de uíste com os vizinhos.

- Sim, seria bom comprar uma propriedade - diz a mulher, também sonhando. Lê-se em seu rosto que está encantada com os próprios pensamentos.

Ivan Dmítritch imagina o outono chuvoso, as noites frias, o veranico. Nessa época é preciso andar um tempão pelo jardim, pela horta, pela margem do rio até sentir bem o frio e depois beber um copo cheinho de vodka junto com cogumelos salgados ou um pepino em salmoura e pronto - tomar outro trago. As crianças vêm correndo da horta, trazendo cenoura e nabo. Sente-se o cheiro fresco da terra… Depois, estirar-se no sofá e folhear uma revista qualquer, sem pressa, até que o sono chegue. Cobrir o rosto com a revista, desabotoar o colete e entregar-se…

Após o veranico o tempo é fechado, ruim. Chove dia e noite. As árvores despidas choram, o vento é úmido e frio. Os cachorros, os cavalos, as galinhas - não há quem não esteja molhado, melancólico, encolhido. Não se tem por onde passear; sair de casa, nem falar! Passa-se o dia inteiro andando de um canto para outro e olhando tristemente pelas janelas embaçadas. Que coisa enfadonha!

Ivan Dmítritch parou e olhou para a mulher.

- Sabe de uma coisa, Macha, eu iria é para o estrangeiro.

E ficou pensando como seria bom viajar para o estrangeiro, cruzar o oceano profundo e ir para algum lugar no sul da França, para a Itália… Para a Índia!

- Eu também iria para o estrangeiro correndo - disse a mulher. - Mas olhe o número do bilhete!

- Espere! Daqui a pouco…

Andou pelo quarto e continuou a pensar. E se a mulher fosse realmente para o estrangeiro? Viajar é bom sozinho, ou em companhia de mulheres despreocupadas, sem compromisso, que vivem o momento presente, e não com aquelas que ficam o tempo todo pensando e falando em crianças, suspirando, tremendo com medo de gastar um copeque que seja. Ivan Dmítritch imaginou sua mulher no vagão, cheia de embrulhos, cestas, pacotes: suspira e queixa-se que a viagem lhe deu dor de cabeça, que gastou muito dinheiro. É preciso correr na estação atrás de água quente, sanduíches, água potável. Almoçar ela não pode, custa caro…

"Tenho certeza que ela iria controlar cada copeque", pensou ele, olhando para a mulher. "O bilhete é dela, não é meu! E pra que ela precisa ir para o estrangeiro! O que é que lhe falta ver lá de importante? Já sei. Ficará fechada o tempo todo no hotel e não me deixará desgrudar dela um só momento."

E pela primeira vez em sua vida reparou que a mulher tinha envelhecido, ficara feia e cheirava a cozinha, enquanto ele ainda era moço, saudável, viçoso, bom para se casar uma segunda vez.

"Claro, tudo isso é bobagem, é besteira", pensou. "Mas… para que iria ela ao estrangeiro? O que ela aproveitaria lá? Mas iria mesmo… Imagino. Para ela Nápoles ou Klin iriam ser a mesma coisa. Ficaria me atormentando e eu dependeria dela. Tenho certeza de que na hora em que recebesse o dinheiro, iria trancá-lo a sete chaves, como faz o mulherio… Iria escondê-lo de mim… Aos parentes dela tudo, mas para mim, contaria cada copeque.

Ivan Dmítritch ficou pensando na parentela. Logo que todos esses irmãozinhos, irmãzinhas, titias, titios soubessem do ganho, viriam se arrastando, bancando os mendigos, sorrindo untuosamente, bajulando. Eta gentinha sórdida! Se lhe oferecem a mão, pegam o braço. Se não lhe oferecem, amaldiçoam, rogam pragas, desejam todo tipo de desgraça.

Ivan Dmítritch lembrou-se de seus parentes e seus rostos, que ele sempre olhara com indiferença, pareciam-lhe agora odiosos, repulsivos.

"São uns canalhas", ele pensou.

E o rosto da mulher começou também a parecer-lhe odioso, repulsivo. Em seu íntimo começou a ferver um ressentimento contra ela e ele pensou com alegria perversa: "Não entende nada de dinheiro, por isso é avarenta. Se ganhasse, mal me daria cem rublos, e o resto iria direto para o cofre".

Já olhava agora para a mulher com ódio e não mais com um sorriso. Ela também olhava para ele com maldade e com ódio. Ela tinha seus próprios sonhos dourados, seus pianos, suas idéias e sabia perfeitamente no que estava pensando o marido. Sabia que seria o primeiro a avançar no que ela teria ganho.

"É bom sonhar por conta dos outros!", dizia o olhar dela. "Não, você não conseguirá!".

O marido compreendeu seu olhar: o ódio ferveu-lhe no peito e para decepcionar sua mulher e fazer-lhe mal olhou rápido na quarta página do jornal e anunciou solene:

- Série 9499, bilhete 46! Não 26!

A esperança e o ódio desapareceram ambos de repente e, no mesmo instante, Ivan Dmítritch e sua mulher acharam os aposentos escuros, pequenos e abafados, e o jantar que tinham acabado de comer pesado e insosso, e as noites longas e enfadonhas.

- Só o diabo sabe - disse Ivan Dmítritch, começando a implicar. - Por todo lado que eu pise, só há papéis, migalhas, casquinhas, sei lá. Será que nunca varreram esses quartos! Terei de ir embora de casa, o diabo que me carregue. Vou sair e me enforcar na primeira árvore.


http://www.noxinvitro.com/carus/sonus/?text=881
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Offline Josef Babinski

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Re: Estoicismo
« Resposta #14 Online: 01 de Abril de 2007, 19:16:08 »
Ahahah… eu diria que o estoicismo é adequado para o Dmítritch…

É bom ele nem pensar em prazeres (como ganhar o prêmio) :P
« Última modificação: 01 de Abril de 2007, 19:21:02 por Rod Infinity »
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Offline Josef Babinski

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Re: Estoicismo
« Resposta #15 Online: 01 de Abril de 2007, 19:21:58 »
E por um momento o conto me fez pensar no estado de empresários ex-milionários falidos..
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Offline Worf

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Re: Estoicismo
« Resposta #16 Online: 01 de Abril de 2007, 20:21:46 »
Citar
Se assumir que a negação de um prazer previne a sensação de falta consequente, e assim evita algum tipo de sofrimento, é o que faz o estoicismo, pra mim isso é pessimismo.
Leia "O Mundo Como Vontade e Representação", do Schopenhauer. :)

Para o Schopenhauer, não é necessário negar 1 prazer, simplesmente, mas a Vontade, já que a existência do indivíduo acaba sendo toda perpassada pelo vaivém dos prazeres e desprazeres, quando, na realidade, pouco importam esses pequenos prazeres e seus objetos (meras representações), e sim a Vontade (não-sublimada), a única culpada por tudo isso. A Vontade se apresenta como mecanismo insaciável, tomando qualquer tipo de objeto para si e tornando-o foco de uma busca por um prazer específico - qualquer que seja o objeto e qualquer que seja o prazer.

Chamar isso de pessimismo pode ser até justo, mas não quer dizer que a argumentação não tenha lá a sua verdade. :)

Offline Josef Babinski

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Re: Estoicismo
« Resposta #17 Online: 01 de Abril de 2007, 20:29:29 »
Eu já li o livro, embora na época não fui capaz de entender muita coisa, mas no que se refere á vontade humana, pode ser que seja sim, verdade, o que está contido no livro, a questão em si é como cada um relaciona os fatos, eu não passo a chamar nossa realidade por um viés pessimista de uma bancarrota ou um mal negócio.

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Offline Pagão

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Re: Estoicismo
« Resposta #18 Online: 30 de Janeiro de 2011, 17:33:05 »
Estoicismo:
Para Deus - Panteísmo
Para o Homem - Equanimidade
Nenhuma argumentação racional exerce efeitos racionais sobre um indivíduo que não deseje adotar uma atitude racional. - K.Popper

Offline Sr. Alguém

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Re:Estoicismo
« Resposta #19 Online: 26 de Junho de 2012, 16:37:12 »

Alguma obra relacionada?


Sobre a Brevidade da Vida e A Tranquilidade da Alma, de Sêneca.
Se você acha que sua crença é baseada na razão, você a defenderá com argumentos e não pela força e renunciará a ela se seus argumentos se mostrarem inválidos. (Bertrand Russell)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Humanismo_secular
http://pt.wikipedia.org/wiki/Liberalismo_social

Offline Rocky Joe

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Re:Estoicismo
« Resposta #20 Online: 27 de Junho de 2012, 22:09:00 »
Jeevies consola Bertie:

"I wonder if i might call your attention to an observation of the Emperor Marcus Aurelius. He said: Does aught before you? It is good. It is part of the destiny of the Universe ordained for you from the beginning. All that befalls you is part of the great web."
"He said that, did he?"
"Yes, sir."
"Well you can tell him from me he's an ass. Are my things packed?"

P G Wodehouse.

Tradução:

"Gostaria de saber se eu poderia lhe chamar a atenção para uma observação do imperador Marco Aurélio. Ele disse: Será que alguma coisa aconteceu a você? É boa. Faz parte do destino do Universo  ordenado para você desde o início. Tudo o que acomete a você faz parte da grande trama."
"Ele disse isso, é?"
"Sim, senhor."
"Bem, você pode dizer a ele que ele é um imbecil. As minhas coisas estão embaladas?"

 

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