Tópico: crime organizado e operações militares vs. policiais

[Buckaroo Banzai]

Geralmente falam de colocar o exército na rua aparentemente no sentido de mera intimidação paliativa, não de resolver nada.

Mas imagino se uma grande operação militar, com uma série de objetivos bem definidos (prender ou matar tais e tais criminosos que saiba-se se encontrarem em tais e tais lugares) não poderia ter um efeito mais significativo.

Bem, não necessariamente militar no sentido clássico, tipo com uniformes camuflados e tanques de guerra e etc. Talvez algo mais inteligente/"cirúrgico" e à paisana. Talvez mais caso para PF do que exército. Ainda que pudesse ser algo conjunto, sei lá.

Não sei, me pergunto se não seria melhor que esses tiroteios cotidianos, que me parecem sem sentido algum, entre polícia e bandido.

[Dbohr]

Duas considerações aí:

1 - Objetivos bem definidos

Não basta chamar o Exército, não basta fazer a PM subir morro para trocar tiro com traficante. É preciso saber por que diabos se está fazendo isso.

O confronto com traficantes se aproxima muito da tal "guerra assimétrica" com que os americanos estão tendo que lidar no Iraque. Por mais que os morros representem o território inimigo, as fronteiras são muito porosas; agravadas pela presença de civis e pelo panorama urbano.

Logo, se não há objetivo definido e plano de ataque coordenado com a polícia e um tremendo aparato investigativo por trás, o Exército e nada é a mesma coisa. O que, por si só, já é uma considerável derrota para o Exército.

2 - Responsabilidade de arcar com o prejuízo político

É preciso encarar os fatos: mesmo numa operação bem-planejada falhas acontecem. E num teatro de operações como o Rio, a possibilidade de haver baixas civis é enorme. A repercussão disso não é algo com que os políticos estejam dispostos a lidar, e o Exército muito menos.

Então é preciso ter consciência do preço a ser pago.

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Dá para fazer? Eu acho que sim. É viável? Sim. Mas não vai sair barato. E é por isso que isso de chamar Exército não passa de bravata.

[Buckaroo Banzai]

Eu me pergunto se, enquanto algo mais efetivo não é preparado, se serve de alguma coisa ao menos essas trocas de tiro, com os policiais no começo do morro e os bandidos lá de cima.

Os policiais deveriam garantir a segurança, mas parece que esse combate sem estratégia clara causa mais vítimas do que evita.

[Herf]

Lembram-se de quando invadiram aquele quartel no Rio e roubaram não sei quantos fuzis?

O exército rapidamente se mobilizou e foi em direção do morro onde estavam os criminosos. Prenderam bandidos, apreenderam drogas e se não me engano, conseguiram recuperar os fuzis. Ao menos demonstra que colocar o exército nas ruas faz diferença, nem que seja para intimidar.

É exagero meu ou as coisas não podem ficar piores?

[Dbohr]

Ah, podem. Cada vez que eu abro o jornal eu me dou conta que podem.

[Herf]

Na verdade quis perguntar o seguinte: todos sabemos que o exército não é treinado para o combate urbano, que não é a força armada mais adequada para entrar numa favela. Mas considerando a situação, será que colocar o exército nas ruas seria mais prejudicial do que benéfico?

[Dbohr]

Depende, Procedure. Se for para ficar que nem vaca de presépio eu acho que é danoso, sim, pela imagem de inutilidade que passarão.

Tem que haver um objetivo definido, senão é melhor nem chamar. O problema é o ônus político -- quando se dão conta do que vai ser necessário para o Exército na rua realmente servir para alguma coisa, todo mundo recua. E aí fica demonstrado que pedir o Exército é bravata ou desespero.

[rizk]

Eu acho que lugar de exército é na fronteira.

[Dbohr]

E eu concordo. O que é só mais uma razão para que haja um pusta planejamento antes dos caras virem para cá.