"[…]O advento do sufrágio universal é que despedaçou a representação à moda da Revolução Francesa.
Não há, talvez, demonstração mais clara de como uma classe pode perseguir objetivos contrários a seus interesses fundamentais, ou de como a força das idéias, a lógica dos princípios, pode impor-se sobre os interesses concretos, do que a história do sufrágio universal. De fato, foi ele uma reivindicação burguesa, difundida, pregada e tornada vitoriosa pelos grupos políticos burgueses mais apegados aos princípios santificados da liberdade e da igualdade.
Não foram os líderes da classe operária ou da classe camponesa que se bateram pelo sufrágio universal. Os autênticos líderes dessas classes trabalhadoras lutavam por medidas concretas de proteção. E, se admitiam que só pelo Estado lograriam impor a melhoria da sorte dos seus liderados, não era pelo voto, mas pela revolução que pretendiam chegar ao poder. Tudo isso transparece bem claro na obra dos socialistas da primeira metade do século passado*."
*Por exemplo, na obra de Blanqui, L´enfermé, o teórico da insurreição permanente, conforme aponta Jean Touchard (Hi toire des idées politiques, paris, 1959)
'do processo legislativo' de manoel gonçalves ferreira filho.