Em um Portugal que vivia sob o fascismo havia quase 5 décadas, empobrecido e enfraquecido após 13 anos de guerras coloniais, o levante coordenado por oficiais de média patente conquistou apoio popular e conseguiu, em poucas horas e quase sem derramamento de sangue, derrubar o governo. Sua data, 25 de abril de 1974, entraria para a história de Portugal como o dia da Revolução dos Cravos. Isso porque a população que aderiu com entusiasmo aos capitães revoltosos, começou espontaneamente a colocar cravos nos canos dos fuzis.
Foi tudo muito simples. À 0h20 do dia 25 de abril de 1974, a Rádio Renascença, de Portugal, tocou uma música proibida: Grândola, Vila Morena, de Zeca Afonso. Era a senha para o início do movimento dos capitães, sendo que a ação, desencadeada em vários pontos do país ao mesmo tempo, foi coordenada por um posto de comando do Movimento das Forças Armadas-MFA (fortemente influenciado pelo Partido Comunista) nos arredores de Lisboa e articulada por comunicados veiculados por rádio. Seu palco principal: os poucos quarteirões que separam, em Lisboa, a praça do Comércio (Terreiro do Paço) e o Largo do Carmo, diante do quartel da Guarda Nacional.
Lá, cercado pelos militares rebeldes e pela multidão, o presidente do Conselho de Ministros, Marcelo Caetano, sucessor do ditador Oliveira Salazar, se rendeu e entregou o governo ao MFA. Ao saírem da Guarda Nacional em tanques blindados, Caetano e seus ministros foram enviados para a Ilha da Madeira. Em 20 de maio, o governo da ditadura militar brasileira lhes concederia asilo político.
O pior incidente da Revolução dos Cravos foi na Rua Antonio Maria Cardoso, sede da famigerada PIDE-a polícia política fascista da ditadura salazarista, a qual disparou rajadas de metralhadoras e lançaram gás lacrimogêneo contra os civis que nas ruas aderiam a Revolução dos Cravos. Quatro jovens morreram e 45 ficaram feridos. No mesmo dia, pela noite, as tropas da MFA cercam a sede da PIDE, a qual se renderia na manhã do dia seguinte.
Após 48 anos de ditadura fascista, Portugal voltava a ter um regime democrático.
O desfecho
Libertados os presos políticos das prisões de Caxias e Peniche. Constituída por militares, a Junta de Salvação Nacional transforma-se em governo de transição. O MFA apresenta seu programa político, baseado nos “Três Ds”: democratizar, descolonizar e desenvolver. Voltam do exílio os líderes do Partido Socialista (Mário Soares) e do Partido Comunista (Álvaro Cunhal). Em abril de 1975 as eleições livres para a Assembléia Constituinte são vencidas pelo Partido Socialista. As últimas colônias portuguesas na África obtêm independência.
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