Autor Tópico: A Arábia sob o véu  (Lida 2358 vezes)

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A Arábia sob o véu
« Online: 27 de Abril de 2007, 13:26:22 »
O Encosto postou isto no REV. É interessante como existem vários mundos dentro deste mundo.


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A Arábia sob o véu

A reportagem de ÉPOCA foi ao reino saudita testemunhar o conflito entre a ortodoxia islâmica e as forças da globalização



José Ruy Gandra, de Riad

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/1,,EDG77059-6014,00.html

Por flertar com o ocidente globalizado sem deixar de professar um islamismo ultraconservador, o Reino da Arábia Saudita convive hoje com infindáveis dilemas. Os ringtones dos celulares protagonizaram um dos mais recentes. Milhares de sauditas fizeram, no início de 2007, download de uma campainha que reproduz um canto de convocação de fiéis para as orações. Um decreto religioso, ou fatwa, vetou o uso de versos do Alcorão em aparelhos e esperas telefônicas. Assunto encerrado. Outro desses decretos proibiu que as lojas vendessem, sob risco de fechamento, qualquer artigo vermelho - em especial balões e rosas - durante a semana do Dia dos Namorados, o Valentine's Day. A intenção era evitar que os jovens celebrassem o que as autoridades religiosas sauditas consideram "uma tradição ocidental nefasta". Nos hotéis de Riad, a capital do país, estrangeiros vibram diante de latinhas de cerveja Budweiser, até se dar conta de que o álcool, considerado pelos muçulmanos uma droga equivalente ao ópio ou à heroína, não figura entre seus ingredientes.

Entrar em território saudita é difícil. Para os não-muçulmanos, dificílimo. O país recebe raríssimos turistas de outras religiões e só costuma conceder vistos a homens de negócios e trabalhadores temporários, como os jogadores de futebol, muitos s deles brasileiros, contratados pelos clubes locais. O acesso de jornalistas é ainda mais restrito. A reportagem de ÉPOCA rompeu essas barreiras. Foi a primeira revista brasileira a receber permissão para visitar o país com o declarado propósito de traçar um perfil da sociedade saudita atual. Após uma negociação com a embaixada saudita em Brasília, ÉPOCA obteve o visto. Nele veio grafada, em caracteres árabes, a palavra "cristão" para se referir à religião do repórter. A revista teve acesso a autoridades sauditas e foi recebida por famílias e empresários locais. Foi possível circular livremente, apesar de uma preocupação inicial dos sauditas com os passos da reportagem. O clima tenso se dissipou rapidamente, indicador da vontade saudita de mostrar outra imagem ao mundo exterior.


Nem todos os dilemas sauditas são singelos. No Marriott, um dos muitos hotéis internacionais de Riad cujos lobbies fervilham com encontros de negócios, o executivo ítalo-austríaco Walter Lustig, representante de um pool de seguradoras européias, lamenta sua sorte. O seguro de vida, carro-chefe de seu portfolio, ainda não pode ser comercializado no país. "A Sharia (a lei islâmica) considera o seguro uma aposta com a vida humana, um ato que interfere com a obra de Deus", diz Lustig.

A Arábia Saudita é um paradoxo em forma de país. Nenhuma nação muçulmana, nem mesmo a secularizada Turquia, é tão americanizada. Historicamente, os sauditas sempre foram grandes aliados dos Estados Unidos no Oriente Médio. E, embora dê mostras de odiar Bush, a elite do país venera a América. Nem mesmo os atentados de 11 de setembro, em que 15 dos 19 terroristas eram sauditas, conseguiram romper essa aliança. Ao contrário. Maior produtora e exportadora mundial de petróleo, a Arábia Saudita vem aumentando ainda mais sua importância estratégica diante da ameaça nuclear iraniana e graças aos recentes esforços diplomáticos do octogenário rei Adbullah para frear os enfrentamentos entre muçulmanos sunitas e xiitas e reabrir a negociação de paz entre Israel e seus vizinhos árabes.

Nenhum país, nem o Irã, é tão conservadoramente islâmico. A Arábia Saudita é uma monarquia teocrática. Não tem partidos, eleições nem Constituição. Segue, com a máxima literalidade possível, os ensinamentos do Alcorão e preceitos da Sharia. Teoricamente, seu Estado é um instrumento a serviço de Deus. Outras religiões não são publicamente toleradas. Não há nenhuma igreja ou sinagoga no país - quando muito uma capela nos condomínios ocupados exclusivamente por estrangeiros, onde nenhum saudita pode pôr os pés.

Desde sua unificação, em 1932, a Arábia é governada por monarcas da mesma família, a Saud, que empresta seu nome ao reino. Sua nobreza, agrupada em torno de 5 mil príncipes, controla o Conselho de Ministros e monopoliza os postos mais cobiçados do Estado e da iniciativa privada. Nesse círculo estreito e assombrosamente rico, os casamentos se dão entre os membros de poucas famílias, quase todas descendentes das lideranças tribais anteriores à unificação.

A teocracia saudita tem um mentor histórico: o clérigo Muhammad Ibn Al-Wahhab. Em meados do século XVIII, atacando a dissolução dos costumes reinantes, ele pregava o retorno do islã à pureza original. Seus conceitos e discípulos tiveram enorme influência sobre Ibn Saud, o primeiro rei saudita, e modelam até hoje a religião e a arquitetura institucional do país. Devido à apropriação de suas teorias por radicais islâmicos, como Osama Bin Laden, Wahhab é hoje oficialmente renegado. "Seu nome nem sequer figura no currículo das escolas", diz o vice-ministro da Cultura e Informação, Abdulaziz bin Salamah. Sua influência, no entanto, ainda é notória.


A Arábia Saudita é o berço histórico do islamismo, a segunda maior religião do mundo e a que mais rapidamente se expande. Meca e Medina, cidades em que viveu o profeta Maomé, são sagradas para os muçulmanos de todas as partes e matizes. Só eles podem visitá-las. Os não-islâmicos são barrados nos inúmeros checkpoints nos arredores das duas. O monarca saudita ostenta o título de Guardião das Duas Mesquitas Sagradas, de Meca e Medina.

Mesmo professando sua fé de modo tão visceral, os sauditas exibem um inegável pendor pelo estilo de vida ocidental. A capital Riad lembra uma cidade americana. As imponentes auto-estradas são hoje infestadas de SUVs, aqueles veículos a meia estrada entre uma caminhonete e um tanque de guerra. Riad tem 5 milhões de habitantes, muitos deles trabalhadores estrangeiros. É uma espécie de Nova York do mundo árabe. Suas dezenas de enormes malls e shopping centers vivem lotados. Seu centro novo, em cuja silhueta sobressai a arquitetura arrojada de dois arranha-céus (as torres Kingdom e Faisalia), é uma ode ao consumo. Ali estão as grifes mais exclusivas do mundo.

Por mais frenético que seja o movimento, o comércio cerra suas portas em respeito às cinco orações diárias obrigatórias para os muçulmanos, chamadas salat. Três delas coincidem com sua abertura. Membros da mutawwa, a polícia religiosa saudita, obrigam lojistas a baixar suas portas. "Eles apenas tentam se certificar de que as leis da religião estão sendo cumpridas", diz o general Mansour Al-Turk, porta-voz do Ministério do Interior. Não é raro que, flagrados à mesa por agentes da polícia religiosa durante horários dedicados às preces, estrangeiros sejam convidados a se retirar de restaurantes em meio a uma refeição. A brigada responde a um órgão do Ministério do Interior chamado Comissão de Promoção da Virtude e Prevenção ao Vício. Emblematicamente, sua sede em Riad fica na Hamam Square, uma bucólica praça do velho centro em que, certas manhãs de sexta-feira, os condenados à morte são decapitados publicamente.

Al-Turk menciona outras situações em que a mutawwa pode entrar em cena: "Quando um casal estiver se beijando na rua, a milícia pode pedir documentos para se certificar de que são mesmo casados". Ainda de acordo com o porta-voz, a mutawwa costuma advertir mulheres que estejam com a face descoberta em público. Aquelas com muita maquiagem no rosto ou flagradas em encontros que os milicianos considerem suspeitos podem ser seguidas, abordadas e, muitas vezes, conduzidas a uma delegacia de polícia.

Para um ocidental, a condição das mulheres é, de longe, o traço mais aflitivo da sociedade saudita. Elas não podem viajar sozinhas nem dirigir automóveis. Representam apenas 6% da força de trabalho. Em hipótese alguma têm permissão para endereçar uma palavra ou mostrar seu rosto a um estranho. Só podem sair às ruas acompanhadas de marido, pai ou irmão. Em público, envergam sempre a abaya, a capa negra s que esconde por completo seus corpos, exceto, em geral, por uma diminuta fresta para os olhos. As mulheres sauditas cobrem-se logo após a primeira menstruação.

Alvo de tantas restrições, elas encontram nos shopping centers o único espaço público em que, cobertas, podem transitar com certa liberdade. Muitas são jovens, sob cujas abayas podem-se entrever olhos exoticamente pintados com henna ou jeans e saltos altos no melhor estilo ocidental. Certos shoppings, como o Kingdom Mall, reservam um andar exclusivo para as mulheres. Nele ficam as lojas de lingerie, como Victoria's Secret e La Perla. Fora do alcance dos olhares masculinos, ali as mulheres sauditas podem experimentar as novas coleções. "Como as ocidentais, elas usam peças íntimas sensuais", diz Abdullatif Kosibati, sócio de uma cadeia de lojas de lingerie. "Elas adoram se enfeitar para os maridos." Uma cena típica de Riad são consumidoras cobertas de negro da cabeça aos pés diante de vitrines repletas de vestidos coloridos.



Uma tênue brisa liberal bafeja o país. "Estamos preparando as mulheres para assumir papéis cada vez mais importantes no mercado", diz o ministro adjunto do Trabalho saudita, Abdulwahed Al-Humaid. "Há muita resistência a esse processo, mas também muito entusiasmo e apoio." As resistências, segundo Al-Humaid, são muito mais culturais que religiosas. "Na tradição islâmica, as mulheres trabalham. Queremos que elas trabalhem, mas sem ferir nossas famílias e tradições", diz ele.

Eis a pedra angular da sociedade saudita: a família. É em torno dela que gravitam todas as relações sociais. Lugares públicos, como restaurantes, bancos, museus e lanchonetes, mantêm espaços (ou horários) separados para famílias e solteiros. Por toda parte vêem-se placas escritas em árabe e inglês com os dizeres: single's area ou family's area. Só os homens têm acesso às primeiras. Nas familiares, mulheres só entram acompanhadas do marido ou pai. Mesmo nas festas, como casamentos, há áreas rigorosamente separadas para cada sexo. A maioria dos sauditas, homens e mulheres, casa-se virgem. Mesmo após o matrimônio, muitos homens raramente vêem o rosto das cunhadas ou sogras.

Salman Al-Mutairi, tradutor do Ministério da Informação, é um deles. Há dois anos casou-se com Maha, uma prima de segundo grau, cujo rosto só vira na infância. Sua mãe e seu irmão mais velho comunicaram seu interesse à família da noiva. Um posterior encontro entre Salman e o provável sogro foi marcado. "Depois que conversamos, seu pai a chamou, pedindo que me trouxesse um suco. Ela o trouxe, serviu-me com o rosto descoberto e imediatamente retirou-se", diz Salman. "Nesse momento qualquer um dos dois poderia recusar. Felizmente, adorei o rosto dela."

Depois de crescidos, e até que ficassem noivos, os dois jamais haviam trocado uma palavra. Algo absolutamente normal para Salman. "Jamais me casaria com uma mulher com quem eu tivesse falado", afirma Salman. "Quem me garantiria que ela nunca falou com outro homem antes de mim?" Três meses após o pedido, Salman e Maha se casaram. Ambos, segundo Salman, virgens. Ela, com 24 anos; ele, com 32. A festa foi à moda saudita: homens e mulheres separados, 20 carneiros servidos em enormes travessas com arroz e açafrão e nem uma única imagem registrada. "Sou conservador. Não gosto de fotografias", diz o marido. O casal passou a lua-de-mel em Dubai. Salman conta que só fizeram amor no quinto dia. "Quando estávamos enfim relaxados, as coisas aconteceram naturalmente", diz.

A reportagem de ÉPOCA foi recebida por uma família saudita. A esposa, Zeinab Abotalib, obstetra e ginecologista, foi a primeira mulher a formar-se em Medicina no país. Fez residência, mestrado e doutorado na Inglaterra - hoje, além de dar aulas na King Saud University, dirige uma clínica de fertilização in vitro. O marido, Fahad al Kheiraji, é professor de comunicação na mesma escola. Casados há 25 anos, têm três filhas e dois filhos.

Trajando uma abaya negra, Zeinab é contundente ao discutir a condição da mulher: "A questão fundamental é: alguém se importa em saber se nos sentimos felizes vivendo assim?". Sua resposta à própria questão é afirmativa. "O fato de as mulheres sauditas não desejarem integração com os homens em público não as torna submissas, menos femininas ou infelizes", diz Zeinab. A médica afirma que as ocidentais são mais merecedoras de pena. "Elas sim enfrentam uma opressão implacável: são escravas do individualismo, da competição no trabalho, da ditadura da beleza e de um absurdo culto à eterna juventude", diz. "Acho muito difícil uma pessoa sentir-se feliz de verdade submetida a tantas pressões." Ao final da entrevista, Zeinab retribui polidamente o aperto de mão do repórter, não sem antes esticar o punho rendado de sua abaya, de modo a evitar qualquer contato de pele. Uma atitude instintiva, femininamente saudita.

A colônia brasileira no país é uma população flutuante de algumas dezenas, quase todos ligados ao futebol. O meia-esquerda Denílson e o ex-craque - e atual técnico - Toninho Cerezo são seus mais novos integrantes. O primeiro joga no Al Faisal. O segundo dirige o Al Hilal. Afirmam ganhar, respectivamente, US$ 150 mil e US$ 200 mil mensais e, ao que tudo indica, vêm gostando da experiência. "Achei que só encontraria areia, mas isso aqui parece muito a Europa", diz Denílson.

Os estrangeiros vivem em condomínios exclusivos, chamados compounds. Cerezo deixou a família em Gênova, na Itália. "Vou ficar apenas cinco meses, não quis tirar os meninos da escola", diz. Denílson tem a companhia da noiva, Danielle Sobreira, de 23 anos, ex-assistente de palco de Gugu Liberato na televisão. Danielle faz enorme sucesso quando circula por Riad usando uma abaya com o rosto descoberto. "Há homens que, quando me vêem no trânsito, levantam placas dentro de seus carros com o número de seus celulares", afirma.

Os brasileiros passam boa parte do tempo livre em casa, assistindo aos canais brasileiros por satélite. Os sauditas se divertem de outra forma. Nos fins de semana, as áreas desérticas ao redor de Riad enchem-se de famílias. Elas aproveitam a sombra de seus carros e esticam tapetes sobre um pedaço de areia com a mesma desenvoltura com que um carioca lança sua tolha à praia. Ficam ali horas, tomando chás feitos em fogareiros, confabulando e admirando a imensidão. "Amamos três coisas: Alá, nossas famílias e o deserto", diz o vice-ministro da Cultura e Informação, Abdulaziz Bin Salamah.

Feito a poeira fina e dourada trazida pelo vento, Alá está presente em toda parte. "Temos perfeita consciência de nosso exemplo para o mundo islâmico", diz Abdulaziz. A Arábia Saudita é o coração do islã. Todo muçulmano deve, desde que tenha posses, ao menos uma vez na vida realizar o Hajj, a impressionante peregrinação a Meca que atrai milhões de fiéis todo ano. Cinco vezes ao dia, 1,3 bilhão de pessoas no mundo todo oram prostradas na direção de Meca, em cuja Grande Mesquita está a Kaaba - o enigmático cubo negro, símbolo máximo do islamismo. Os mortos são enterrados com a cabeça voltada para Meca. Mesmo um frango ou cordeiro, quando abatido conforme os preceitos halal - preceitos da culinária islâmica similares ao kasher judaico -, deve apontar para ela. "Temos orgulho de praticar o islamismo em sua forma mais pura", diz Saleh Alodhaib, diretor do Centro de Propagação do Islã.

Alá é também uma eterna fonte de desentendimentos. Muitos sauditas encaram com horror a ocidentalização do país. Os extremistas vêem uma ameaça ao islã que deve ser exterminada. A invasão do vizinho Iraque disseminou sentimentos antiamericanos. Numa clara evidência da ameaça do radicalismo, veículos blindados, metralhadoras antiaéreas e barreiras de concreto protegem hotéis, compounds e edifícios oficiais. Mesmo assim, as inclinações pelo Ocidente são notórias. "Gostemos ou não, teremos de responder aos desafios da economia globalizada", diz o economista Fahd Al-Rasheed, secretário-geral da Autoridade-Geral para Investimentos na Arábia Saudita. Difícil dizer se essa sociedade conservadora conseguirá acompanhar as passadas rápidas da economia mundial. Dilemas não faltarão nesse caminho.



O PRÍNCIPE DE DOIS MUNDOS

Maior investidor estrangeiro nos Estados Unidos, o bilionário Alwaleed combina islã e capitalismo sem drama



Décimo terceiro homem mais rico do planeta, segundo a revista Forbes, dono de uma fortuna estimada em US$ 20 bilhões, o príncipe Alwaleed bin Talal bin Abdulaziz Al Saud é um muçulmano fervoroso e um capitalista praticante. Sem crise. Um de seus lemas prediletos é: "O islã e o capitalismo combinam muito bem". Alwaleed, como é conhecido, comanda a Kingdom Holding Company, o maior grupo privado saudita. Seu portfolio inclui participações expressivas (entre 1% e 5%) em ícones da economia americana, como Apple, Citigroup, AOL Time Warner, Disney, HP e Pepsi. Sobrinho do rei Abdullah, formado em administração no californiano Menlo College, Alwaleed iniciou seus negócios no setor imobiliário. Aos 31 anos, alcançou o bilhão de dólares. Hoje, aos 52, é o maior investidor individual estrangeiro no mercado americano e tem interesses em 120 países.

Quando uma grande decisão se avizinha, Alwaleed carrega seus executivos para longas caminhadas pelo deserto, Também pode interromper reuniões de negócios para orar. A fé não o impede de voar a Paris a bordo de seu Boeing 747 Jumbo, a única aeronave particular desse tipo no mundo. Lá, pode se hospedar em um de seus hotéis de luxo, o George V, em cujo bar fez instalar dois painéis com inscrições do Alcorão. Alá e vinho francês são uma combinação que só conseguiria um príncipe com os pés em dois mundos.

"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

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Re: A Arábia sob o véu
« Resposta #1 Online: 27 de Abril de 2007, 14:56:42 »
O que faz a fotografia do genial "Borat" no meio disso tudo.

Offline Pregador

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Re: A Arábia sob o véu
« Resposta #2 Online: 27 de Abril de 2007, 15:11:38 »
O que faz a fotografia do genial "Borat" no meio disso tudo.

Não sei, copiei do REV, foi o Encosto que colocou... Deve ser alguma sacanagem dele...
"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

Offline Jeanioz

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Re: A Arábia sob o véu
« Resposta #3 Online: 27 de Abril de 2007, 15:11:55 »
O que faz a fotografia do genial "Borat" no meio disso tudo.

Foi sacanagem do Encosto na montagem da notícia, seguindo o costume do RV de postar fotos errados... ::)

http://www.rv.cnt.br/viewtopic.php?t=10972

Offline Fabi

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Re: A Arábia sob o véu
« Resposta #4 Online: 27 de Abril de 2007, 15:39:53 »
O que faz a fotografia do genial "Borat" no meio disso tudo.

Foi sacanagem do Encosto na montagem da notícia, seguindo o costume do RV de postar fotos errados… ::)

http://www.rv.cnt.br/viewtopic.php?t=10972
E lá na ele pôs uma foto de um carneiro numa moto com o Osama Bin Landen atrás :histeria:
« Última modificação: 27 de Abril de 2007, 15:52:23 por Fabi »
Difficulter reciduntur vitia quae nobiscum creverunt.

“Deus me dê a serenidadecapacidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar o que posso, e a sabedoria para saber a diferença” (Desconhecido)

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Re: A Arábia sob o véu
« Resposta #5 Online: 27 de Abril de 2007, 16:00:33 »
Na Arábia

O que nunca vou entender é o amor entre EUA e o reino saudita.
Lá pratica-se um tipo de islão quase inexistente noutras regiões ( seguem a escola hambalita, de onde saiu o Wahab). Com os petrodollares têm tentado e não sem algum sucesso influenciar outras nações/comunidades.

Entretanto foi o Iraque o país invadido...

Offline Pregador

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Re: A Arábia sob o véu
« Resposta #6 Online: 27 de Abril de 2007, 16:07:58 »
Na Arábia

O que nunca vou entender é o amor entre EUA e o reino saudita.
Lá pratica-se um tipo de islão quase inexistente noutras regiões ( seguem a escola hambalita, de onde saiu o Wahab). Com os petrodollares têm tentado e não sem algum sucesso influenciar outras nações/comunidades.

Entretanto foi o Iraque o país invadido…

Eu entendo muito bem. Muitos sauditas tem muitos negócios nos EUA, controlam grandes conglomerados e investem muito, mas muito mesmo nos EUA, eles são fundamentais para a saúde da economia Americana e para controlar a dívida.

Logo, muitos desde bilionários sauditas tem fortíssima influência no alto escalão americano. A coexistência das nações é benéfica para ambas. Quando o assunto é negócios e dinheiro, o mundo consegue falar a mesma linguagem... Ninguém se importa com a religião alheia nestes casos.
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Offline Alegra

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Re: A Arábia sob o véu
« Resposta #7 Online: 27 de Abril de 2007, 16:39:21 »
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Nos hotéis de Riad, a capital do país, estrangeiros vibram diante de latinhas de cerveja Budweiser, até se dar conta de que o álcool, considerado pelos muçulmanos uma droga equivalente ao ópio ou à heroína, não figura entre seus ingredientes.

Concordo com eles nesta parte. Estão cobertos de razão.



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Trajando uma abaya negra, Zeinab é contundente ao discutir a condição da mulher: "A questão fundamental é: alguém se importa em saber se nos sentimos felizes vivendo assim?". Sua resposta à própria questão é afirmativa. "O fato de as mulheres sauditas não desejarem integração com os homens em público não as torna submissas, menos femininas ou infelizes", diz Zeinab. A médica afirma que as ocidentais são mais merecedoras de pena. "Elas sim enfrentam uma opressão implacável: são escravas do individualismo, da competição no trabalho, da ditadura da beleza e de um absurdo culto à eterna juventude", diz. "Acho muito difícil uma pessoa sentir-se feliz de verdade submetida a tantas pressões."

Aqui também não deixam de ter uma certa razão.
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Re: A Arábia sob o véu
« Resposta #8 Online: 27 de Abril de 2007, 16:45:28 »
O dinheiro, sempre o dinheiro.



Quando analisamos um pouco sobre história vemos que os interesses financeiros são os criadores de muitos dos problemas actuais.

Irmandade muçulmana incentivados pelos serviços secretos ingleses para contrariarem os nacionalistas árabes.
Hamas incentivado por Israel para combater o laico Arafat.
Osama Bin Laden treinado pela CIA para combater a URSS
Osama vira-se contra o seu aliado no momento em que os EUA fazem uso da Arábia Saudita para atacarem outro país muçulmano ( 1 guerra do golfo).
Osama pretende ver combatida a corrupção no reino, o fim da extravagância dos príncipes que esbanjam fortunas em caprichos. Já para não falar do seu desejo em ver as forças americanas fora da Arábia.

Os interesses levaram a que coisas simples se complicassem,.
« Última modificação: 27 de Abril de 2007, 16:51:15 por One »

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Re: A Arábia sob o véu
« Resposta #9 Online: 27 de Abril de 2007, 16:50:11 »

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Trajando uma abaya negra, Zeinab é contundente ao discutir a condição da mulher: "A questão fundamental é: alguém se importa em saber se nos sentimos felizes vivendo assim?". Sua resposta à própria questão é afirmativa. "O fato de as mulheres sauditas não desejarem integração com os homens em público não as torna submissas, menos femininas ou infelizes", diz Zeinab. A médica afirma que as ocidentais são mais merecedoras de pena. "Elas sim enfrentam uma opressão implacável: são escravas do individualismo, da competição no trabalho, da ditadura da beleza e de um absurdo culto à eterna juventude", diz. "Acho muito difícil uma pessoa sentir-se feliz de verdade submetida a tantas pressões."

Aqui também não deixam de ter uma certa razão.


Importante é poder-se escolher, o que lá não se pode fazer.
E concordo que as mulheres no ocidente em nome da sua emancipação sejam hoje as verdadeiras escravas.

Offline Dr. Manhattan

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Re: A Arábia sob o véu
« Resposta #10 Online: 27 de Abril de 2007, 16:52:56 »
Alegra, não se deixe levar pela falácia de Zeinab: as mulheres ocidentais podem até ser oprimidas-pelo-individualismo-e-competição e
blá blá blá. Mas a questão não é essa: se uma mulher ocidental desejar, ela pode abdicar da competiçao e do individualismo.
Uma mulher pode escolher ser dona-de-casa (sei de mulheres com diploma universitário que um dia decidem simplesmente ficar em casa
e cuidar dos filhos). Além disso, uma mulher pode decidir deixar de usar maquiagem, ou deixar de pintar o cabelo. A questão principal
é que no ocidente, não existe uma polícia para forçar a mulher a se maquiar ou trabalhar na indústria. Você não pode ser presa por
se recusar a fazer compras no shopping center ou se recusar a uma plástica. Você não gosta de dirigir? Não existe lei que a impeça
de viajar no banco de passageiros. No ocidente se parte do pressuposto que você tem o direito de procurar a felicidade à sua maneira,
contanto que isso não prejudique ninguem. A afirmação de Zenaib na verdade é apenas uma racionalização. Isso não quer dizer
que ela, pessoalmente, não possa se sentir feliz assim, mas que lá ela não tem opções.
You and I are all as much continuous with the physical universe as a wave is continuous with the ocean.

Alan Watts

Offline Alegra

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Re: A Arábia sob o véu
« Resposta #11 Online: 27 de Abril de 2007, 17:00:06 »
Alegra, não se deixe levar pela falácia de Zeinab: as mulheres ocidentais podem até ser oprimidas-pelo-individualismo-e-competição e
blá blá blá. Mas a questão não é essa: se uma mulher ocidental desejar, ela pode abdicar da competiçao e do individualismo.
Uma mulher pode escolher ser dona-de-casa (sei de mulheres com diploma universitário que um dia decidem simplesmente ficar em casa
e cuidar dos filhos). Além disso, uma mulher pode decidir deixar de usar maquiagem, ou deixar de pintar o cabelo. A questão principal
é que no ocidente, não existe uma polícia para forçar a mulher a se maquiar ou trabalhar na indústria. Você não pode ser presa por
se recusar a fazer compras no shopping center ou se recusar a uma plástica. Você não gosta de dirigir? Não existe lei que a impeça
de viajar no banco de passageiros. No ocidente se parte do pressuposto que você tem o direito de procurar a felicidade à sua maneira,
contanto que isso não prejudique ninguem. A afirmação de Zenaib na verdade é apenas uma racionalização. Isso não quer dizer
que ela, pessoalmente, não possa se sentir feliz assim, mas que lá ela não tem opções.

Sim, sim, eu entendi, só concordo com a parte da "escravidão" da mulher ocidental, mas nunca trocaria a minha liberdade de não querer viver esta ditadura e de poder fazê-lo.  :)
Já sinto sua falta. Vá em paz meu lindo!

Offline Herf

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Re: A Arábia sob o véu
« Resposta #12 Online: 27 de Abril de 2007, 20:44:54 »
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Trajando uma abaya negra, Zeinab é contundente ao discutir a condição da mulher: "A questão fundamental é: alguém se importa em saber se nos sentimos felizes vivendo assim?". Sua resposta à própria questão é afirmativa. "O fato de as mulheres sauditas não desejarem integração com os homens em público não as torna submissas, menos femininas ou infelizes", diz Zeinab. A médica afirma que as ocidentais são mais merecedoras de pena. "Elas sim enfrentam uma opressão implacável: são escravas do individualismo, da competição no trabalho, da ditadura da beleza e de um absurdo culto à eterna juventude", diz. "Acho muito difícil uma pessoa sentir-se feliz de verdade submetida a tantas pressões."

Ótimo! Quer seguir o resto de sua vida vestindo a sua burca, que vista! Mas enquanto mulheres continuarem sendo mortas por negarem a religião oficial de seus países, continuarei insistindo para que invadam até o último canto deste planeta onde a liberdade individual não é respeitada.
« Última modificação: 27 de Abril de 2007, 20:48:44 por Procedure »

Offline Fabi

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Re: A Arábia sob o véu
« Resposta #13 Online: 28 de Abril de 2007, 02:48:41 »
Alegra, não se deixe levar pela falácia de Zeinab: as mulheres ocidentais podem até ser oprimidas-pelo-individualismo-e-competição e
blá blá blá. Mas a questão não é essa: se uma mulher ocidental desejar, ela pode abdicar da competiçao e do individualismo.
Uma mulher pode escolher ser dona-de-casa (sei de mulheres com diploma universitário que um dia decidem simplesmente ficar em casa
e cuidar dos filhos). Além disso, uma mulher pode decidir deixar de usar maquiagem, ou deixar de pintar o cabelo. A questão principal
é que no ocidente, não existe uma polícia para forçar a mulher a se maquiar ou trabalhar na indústria. Você não pode ser presa por
se recusar a fazer compras no shopping center ou se recusar a uma plástica. Você não gosta de dirigir? Não existe lei que a impeça
de viajar no banco de passageiros. No ocidente se parte do pressuposto que você tem o direito de procurar a felicidade à sua maneira,
contanto que isso não prejudique ninguem. A afirmação de Zenaib na verdade é apenas uma racionalização. Isso não quer dizer
que ela, pessoalmente, não possa se sentir feliz assim, mas que lá ela não tem opções.
Concordo com tudo o que você disse. E mais, não tem comparação, uma coisa é viver num país onde a religião e a cultura obriga as mulheres a usarem um véu, a nem falarem com os homens, outra coisa é viver num país onde algumas mulheres fazem plástica, e fazem compras...ninguém obriga elas a fazerem isso, diferente do primeiro caso, já que elas não tem escolha.
Difficulter reciduntur vitia quae nobiscum creverunt.

“Deus me dê a serenidadecapacidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar o que posso, e a sabedoria para saber a diferença” (Desconhecido)

 

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