Autor Tópico: Ceticismo como forma de diminuir as avaliações errôneas.  (Lida 1304 vezes)

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Offline Alegra

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Ceticismo como forma de diminuir as avaliações errôneas.
« Online: 30 de Abril de 2007, 07:26:51 »
Não acredite em tudo o que você pensa

Quantas vezes somos traídos por nossos próprios pensamentos e induzidos a ações equivocadas? É por acreditarmos piamente naquilo o que pensamos que tantas vezes caímos em ciladas armadas por nós mesmos. Pesquisas realizadas pelo professor e especialista em tomada de decisões Thomas Kida atestam que nossa cabeça pode, sim, nos pregar peças e que a saída é adotar o pensamento cético e crítico e afastar as chamadas justificativas pseudocientíficas.

Recém lançado no Brasil, o livro Não acredite em tudo o que você pensa: os seis erros que cometemos quando pensamos, do original Don’t believe everything you think, analisa porque a humanidade está disposta a formar crenças bastante fora do comum, a partir de evidências inconsistentes.

Segundo Kida, o ser humano parece estar inclinado a acreditar – por conveniência ou facilidade - em fatos inverossímeis, e menos nas evidências. “Formamos muitas crenças incorretas porque temos a tendência natural de avaliar as evidências de forma distorcida e errônea”, avalia o autor.

Se nos é confortável, o que há nada de mal em confiarmos nestas crenças? O perigo vem quando elas afetam – e invariavelmente o fazem - as nossas decisões. Thomas Kida faz uso de diversos exemplos extraídos do cotidiano para explicar suas constatações científicas.

Imagine um cenário de investimentos na Bolsa de Valores. Muitas pessoas inteligentes acreditam que podem “bater o mercado” se dedicarem tempo e energia ao estudo das ações. Esta crença é estimulada por um bom número de livros escritos por “peritos” que afirmam o achismo. No entanto, o autor aponta a existência de pesquisas que mostram que é muito difícil, senão impossível, analisar a condição financeira de uma empresa e depois escolher com coerência as ações que superarão a média do mercado em determinadas condições de risco. Para Thomas Kida, não adianta as pessoas serem aconselhadas a pôr o dinheiro em um fundo de ações em geral porque elas preferem acreditar que podem vencer o mercado. O arrependimento vem quando a teimosia acarreta perda do patrimônio.

Não acredite em tudo o que você pensa tem como objetivo tratar do processo de como formamos nossas crenças e tomamos decisões, além de examinar várias possibilidades de darem com os burros n’água. Uma crença é um ponto de vista que acreditamos ser verdadeiro. Elas vêem de uma reação instintiva ou do tempo e da energia que gastamos pensando sobre algo, antes de a crença ser formada.

Thomas Kida avalia ainda a influência da comunicação de massa sob o público, como se tudo o que fosse dito pelos seus meios constituíssem verdades absolutas, quase científicas. Mas, na verdade, fortificam o que o especialista chama de pseudociência. Os meios de comunicação constituiriam uma ferramenta de firmação da pseudociência, que nos deixa ainda mais propensos a erros em nossas crenças e tomadas de decisões.

O conselho de Kida leva a adoção do ceticismo como forma de diminuir as avaliações errôneas. O cético precisa ver e avaliar uma evidência antes de acreditar no fato em si. Ele mantém a mente aberta, mas exige investigação antes de acreditar em algo e agir.

Em uma linguagem simples, o livro é recheado de piadas e exemplos reais para compreensão daquilo o que somos quando se trata de acreditar e executar um pensamento. Thomas Kida analisa seis pontos-chave para nos convencer de que não devemos acreditar em tudo o que habita o nosso pensamento:

- Preferimos histórias a estatísticas - Com isso, acabamos super valorizando informações infundadas. O livro apresenta histórias pessoais que corroboram a afirmativa. “O fato de falharmos em nos apoiar em estatísticas científicas nos faz acreditar em homeopatia, radiestesia, comunicação facilitada e várias outras alegações bizarras e / u equivocadas”, explicita o professor.

- Buscamos confirmar nossas idéias antes de questioná-las – Visando a facilidade, preferimos confirmar naquilo o que previamente acreditamos, reinterpretando as informações que nos contradizem. Tudo o que queremos é sustentar nossas próprias expectativas.

- Poucas vezes acreditamos no acaso ou em uma coincidência – Somos focados em explicações genuinamente causais. Enxergamos associações até mesmo onde não existem. Tal comportamento supersticioso pode afetar nosso comportamento de maneira significativa.

- Às vezes nossa visão do mundo nos engana - Nos agrada pensar que o mundo é como o concebemos. Aquilo o que queremos ver influenciam esta visão. Se acreditarmos em fantasmas ou alienígenas, provavelmente eles nos aparecerão.

- Tendemos a simplificar nosso raciocínio – Isso facilita a tomada de decisão e diminui a culpa. Mas ao confiar no que vem à mente com facilidade, superestimamos a possibilidade de acontecimentos sensacionais.

- Nossas lembranças são falhas – Confiamos na nossa memória. Contudo, pesquisas indicam que ela costuma falhar, e muito. O tempo também influencia nossas impressões e reproduções acerca de um acontecimento.

A busca de decisões melhores passa pela identificação das armadilhas de nosso processo de raciocínio. A partir do momento em que conhecemos o que nos incorre ao erro, fica menos complicado sermos traídos pela consciência.

- O que pode nos levar a maus lençóis não é o desconhecido, mas aquilo o que acreditamos saber o que seja, sem ser. Temos de ser parcimoniosos em nossas crenças. É preciso ter fortes evidências que o sustentem, mesmo que tenhamos predisposições profundamente arraigadas. A atitude cética beneficia decisões mais bem fundamentadas, aconselha Thomas Kida.


http://www2.uol.com.br/canalexecutivo/livros/livros05.htm
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Offline Adriano

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Re: Ceticismo como forma de diminuir as avaliações errôneas.
« Resposta #1 Online: 01 de Maio de 2007, 00:05:16 »
Eu vejo a publicação de livros como militância cética. A divulgação é importante pois o ceticismo se impõe pela lógica e racionalidade. Mas fica a pergunta que pode estar contida no livro, será que o autor é cético em deus, ou seja agnóstico ateísta? O ateísmo é a forma mais impactante de ceticísmo ao meu ver.

Interessante a exemplificação do uso de conhecimentos econômicos para demonstrar o ceticismo numa bolsa de valores. Eu acho importante o conhecimento cientifico das ciências humanas para atitudes coerentes na vida cotidiana. E vale lembrar que economia é humanas.
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Offline FxF

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Re: Ceticismo como forma de diminuir as avaliações errôneas.
« Resposta #2 Online: 01 de Maio de 2007, 01:40:18 »
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Eu vejo a publicação de livros como militância cética.
A divulgação é importante pois o ceticismo se impõe pela lógica e racionalidade.
Bom, talvez seja uma militância ignorante. Mas ainda sim, mesmo em livros, a maioria acreditando em algo, grande distorção de fatos ou mero comportamento humano de acreditar em qualquer carismo, acabam por impedir o ceticismo.

Offline Alegra

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Re: Ceticismo como forma de diminuir as avaliações errôneas.
« Resposta #3 Online: 01 de Maio de 2007, 13:21:49 »
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Eu vejo a publicação de livros como militância cética.
A divulgação é importante pois o ceticismo se impõe pela lógica e racionalidade.
Bom, talvez seja uma militância ignorante. Mas ainda sim, mesmo em livros, a maioria acreditando em algo, grande distorção de fatos ou mero comportamento humano de acreditar em qualquer carismo, acabam por impedir o ceticismo.

Eu não vi por esse lado de militância. Mas mesmo se for acho que é muito válido.

Gostei mesmo foi desta parte: "- O que pode nos levar a maus lençóis não é o desconhecido, mas aquilo o que acreditamos saber o que seja, sem ser. Temos de ser parcimoniosos em nossas crenças. É preciso ter fortes evidências que o sustentem, mesmo que tenhamos predisposições profundamente arraigadas. A atitude cética beneficia decisões mais bem fundamentadas,".
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Danieli

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Re: Ceticismo como forma de diminuir as avaliações errôneas.
« Resposta #4 Online: 01 de Maio de 2007, 16:08:04 »
Não entendo pelo que se quer fazer militância cética. O ceticismo, como o Adriano falou, se impõe pela lógica e pela racionalidade. Quando qualquer pessoa, seja ela teísta ou agnóstica não deseja ou não quer saber desses esclarecimentos que uma atitude cética pode propor digo que fazer militância com esse cunho parece que os ateus e céticos são quase pseudo-religiosos

Offline Adriano

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Re: Ceticismo como forma de diminuir as avaliações errôneas.
« Resposta #5 Online: 01 de Maio de 2007, 16:35:41 »
Eu nunca ouvi falar sobre militância religiosa (agora achei 501 resultados no google  :vergonha:), a palavra está  mais relacionada a atividade política e de esquerda, embora possa ser usada assim como a palavra ativismo. Para a divulgação religiosa o termo mais utilizado é pregação. 
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Offline Res Cogitans

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Re: Ceticismo como forma de diminuir as avaliações errôneas.
« Resposta #6 Online: 27 de Novembro de 2007, 09:02:42 »
Li o livro e recomendo. Os atalhos mentais (herística da disponibilidade, do ancoramento etc) que utilizamos são tratadas de maneira clara no livro. Os erros mostrados no livro são universais, só alterando a intensidade e frequência que cada um comete, saber como pensamos e nossos habituais atalhos cognitivos nos levam a uma metacognição mais eficiente.
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