[possivelmente falando bobagem]
Eu acho que entendi o ponto dele, ainda que da forma que eu entenda, a consciência não tem um papel tão relevante quanto esteja enxergando. Eu acho que na verdade talvez até seja um problema para essa idéia.
A idéia é (ou me parece ser) essencialmente, determinismo, o futuro "já existir", apesar de estarmos no que chamamos de presente. Se o tempo é visto/tratado como uma outra dimensão, é mais ou menos como se fosse "um outro tipo" de espaço.
O "futuro" seria mais ou menos como um lugar no espaço fora do nosso campo de visão; andamos em direção a uma esquina, e não podemos ver ainda o que está lá na rua que se cruza com a rua na qual estamos, mas ela não passa a existir apenas quando estamos lá, já existia antes.
Tirando isso do contexto "conscienciocêntrico", o espaço onde os objetos (incluindo cérebros conscientes) estão não passa a existir apenas a partir da interação do objeto com esse espaço, ele já existia antes, em outra coordenada. Uma ladeira existe do topo até o nível plano mesmo para uma pedra que começa a rolar, desde o instante que começa a rolar.
Fazendo uma analogia do tempo com o espaço, o futuro "já existiria" da mesma forma que essa rota da ladeira (ou a rua com a qual cruzamos) já existe antes dos objetos estarem lá interagindo; não é intrinsecamente diferente do agora/aqui ou do passado, são apenas coordenadas diferentes.
Acho que o Hawking e/ou um outro pessoal (Einstein?) já falaram umas coisas meio nesse sentido, do tempo talvez poder ser um tipo de ilusão.
Eu por outro lado acho que a nossa percepção do tempo passar provavelmente indica que ele existe mesmo, e que o futuro ainda não existe (ainda que esteja determinado em grande parte ou totalmente pelas variáveis do presente), que o deslocamento no tempo não é simplesmente um misterioso e meio ilusório "fluxo da consciência" através de uma série de eventos/"lugares" totalmente pré determinados - o que, de qualquer forma, requeriria um outro tipo ou "camada" de tempo (esse mais parecido com o tempo "clássico", acho, sem ser possível uma nova analogia com uma coordenada espacial, me parece*...)
Em vez disso, acredito que a consciência é só uma cadeia de eventos como outra qualquer, que não é mais especial do que uma xícara se espatifando nesse sentido. As pessoas que viveram no passado não "estão" vivas no "seu presente" que "está no passado", nem as que vão existir no futuro já vivem o seu presente "lá", como se fossem simplesmente pessoas em diferentes ruas, ou pedras rolando em diferentes pontos da ladeira. As primeiras deixaram realmente de existir, não são como simplesmente uma rua pela qual passamos mas continua lá; e as últimas ainda não existem de verdade.
O que acho que me leva a concluir que eu acredito num tipo de tempo mais clássico, que não é uma quarta dimensão "de verdade", embora possa ser visto assim. Mas nem sei se isso tem mesmo sentido ou se é só uma deturpação pessoal das coisas. Mas acho que independentemente dessa distinção entre tempo clássico e relativo, acho que mantenho que não consigo entender como a consciência poderia existir aqui/agora se o tempo é "a mesma coisa" que espaço, apenas em "outra direção". Se é que isso realmente é implicação de qualquer coisa, reenfatizando minha ignorância no assunto.
* mas talvez pudesse ser feito infinitamente, meio como aquelas bonecas russas que ficam uma dentro da outra, só que com "tempos".
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