(Valeu a força, Nightstalker)
Personalidade contrastante no folclore brasileiro, Enéas perdeu os pais aos nove anos de idade, sendo obrigado a trabalhar para sustentar seus irmãos. Em 1958 abandonou a vida humilde no estado do Acre para iniciar seus estudos no Rio de Janeiro. Em 1959 formou-se terceiro-sargento auxiliar de anestesia. Em 1965 formou-se em Medicina pela Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, com especialidade em Cardiologia. O livro didático sobre dele sobre eletrocardiograma fez tanto sucesso entre os alunos de medicina que era conhecido como A Bíblia do Enéas. A produção acadêmica de Enéas, entretanto, não se restringe à medicina, e ele é autor de artigos sobre diversos assuntos, desde Cardiologia, até Filosofia, Lógica e Robótica. Em 1980 foi diplomado como médico do Hospital do Câncer do Rio de Janeiro.
Enéas fundou, em 1989, o Prona, lançando-se imediatamente candidato à Presidência nas primeiras eleições diretas do Brasil, após o período da Ditadura Militar. O seu tempo na propaganda eleitoral gratuita era de apenas dezessete segundos. Todavia, sua imagem exótica (um homem pequeno, calvo, com enorme barba cerrada e grandes óculos), aliada a uma fala rápida e discurso inflamado e ultranacionalista (terminado sempre por seu indefectível bordão: "Meu nome é Enéas"), fez com que o então desconhecido político angariasse mais de 360 mil votos, colocando-o em 12º lugar entre 21 candidatos. A propaganda vinha sempre acompanhada pela Quinta sinfonia de Beethoven.
Percebendo a penetração de sua imagem junto ao eleitorado, Enéas voltou a se candidatar em 1994, dispondo então de um minuto e 17 segundos no horário eleitoral. Mesmo sendo o Prona um partido ainda sem expressão, o resultado surpreendeu os especialistas em política. Enéas foi o terceiro mais votado, posicionando-se à frente de políticos consagrados, como o então governador do Rio de Janeiro Leonel Brizola, do ex-governador de São Paulo Orestes Quércia, e do ex-governador de Santa Catarina, Esperidião Amin, com mais de 4,6 milhões de votos (7%).
Em 1998, com um minuto e 40 segundos disponíveis no horário eleitoral, Enéas expôs seu discurso nacionalista como nunca havia feito antes. Suas ideias, entretanto, como a construção da bomba atômica, a nacionalização dos recursos minerais do subsolo brasileiro e a ampliação do efetivo militar, consideradas polêmicas, passaram a ser usadas como arma política para deter sua crescente popularidade. Nas eleições presidenciais daquele ano, foi o quarto colocado.
Enéas, sem sua famosa barba, no horário político de 2006.Em 2000 candidatou-se à prefeitura de São Paulo, sem muito sucesso, embora tenha conseguido reunir votos para a eleição de sua candidata a vereadora Havanir Nimtz. Em 2002 candidatou-se a deputado federal por São Paulo, obtendo a maior votação da história brasileira para aquele cargo. Seu partido obteve votos suficientes para, através do sistema proporcional, eleger mais três deputados federais (mesmo com votações inexpressivas, abaixo dos mil votos). Este episódio ficou marcado pela polêmica de que alguns destes candidatos teriam mudado de colégio eleitoral de forma ilegal apenas para serem eleitos pelo princípio da proporcionalidade, confiando nos votos conferidos ao partido através de Enéas. Enéas também participou ativamente das eleições para prefeitos e vereadores em 2004, ajudando a eleger vereadores em várias capitais, como Rio e São Paulo, e prefeitos em pequenas cidades.
Enéas Carneiro apresentava-se como um político nacionalista e radicalmente contrário ao aborto e à união civil de pessoas do mesmo sexo. Alguns críticos o associavam como um novo ícone do Movimento Integralista. Analistas enxergam Enéas como um fruto da democracia moderna, alegando que sua imagem excêntrica e seu bordão ("Meu nome é Enéas") se sobrepõem ao seu discurso hermético e intelectualizado frente às classes mais pobres da sociedade brasileira. De uma forma ou de outra, é um dos políticos mais populares do Brasil.
No início de 2006, Enéas passou por sérios problemas de saúde, uma pneumonia e uma leucemia, que fizeram com que perdesse sua folclórica barba. Ainda em função de seus problemas de saúde, em junho de 2006 Enéas anunciou que desistira de sua candidatura à Presidência da República e que concorreria novamente à Câmara de Deputados. Na nova campanha, mudou seu bordão para "Com barba ou sem barba, meu nome é Enéas, 5656!". Foi reeleito com a quarta maior votação no estado de São Paulo, atingindo 386.905 votos, cerca de 1,90% dos votos válidos no estado.[1]
Após o primeiro turno das eleições presidenciais de 2006, seu partido, o Prona, se funde com o PL e então é fundado um novo partido, o Partido da República.
Enéas Carneiro faleceu em 6 de maio de 2007, vítima de Leucemia.
Citações de Enéas Carneiro
"Uma palavra só: nacionalista. Nós defendemos a iniciativa privada, queremos dar um empurrão gigantesco na indústria nacional. Precisamos que o nosso industrrial possa sobreviver e não se transformar, pouco a pouco, em revendedor de produto estrangeiro. Quero que o nosso agricultor possa produzir, e não, como agora, a gente tendo de importar feijão. O velho conceito da esquerda está acabado. Mas também o que está aí à direita, que hoje está assimilada ao modelo neoliberal especulativo, não queremos mesmo. Por isso, não há como definir esse novo modelo: somos nacionalistas, defendemos a iniciativa privada, o industrial, a agricultura, todo mundo que quiser produzir."
- Definindo seu perfil ideológico, em entevista ao Jornal Tribuna da Imprensa, no dia 09/02/98.
"A bomba atômica é fundamental. Não para jogar em ninguém, mas para sermos respeitados. É o que em geopolítica se chama dissuasão estratégica. Isto quer dizer, deixem-nos em paz. Quando se tem a bomba atômica senta-se para conversar em condições de igualdade. O mesmo acontece com as Forças Armadas. Se eleito, irei triplicar o seu efetivo. Elas são o braço armado do povo."
- Em entrevista à Revista Isto É, no dia 13/05/98.
"Já me chamaram até de Mussolini. Não me incomodo, apenas me divirto. Não conheço Le Pen, não gosto destas atitudes de agressão ao ser humano e sou contra a pena de morte. Não gosto dos neonazistas, isto é barbarismo. Eu gosto de ordem, de disciplina, de respeito aos valores tradicionais, de respeito à família, à propriedade, ao Estado e à Igreja. Sou contrário à discriminação das drogas. Estas comparações me fazem rir. Elas são feitas por ignorância profunda ou por má-fé explícita. Não quero que me amem ou me odeiem. Quero que saibam exatamente o que eu penso. Na televisão, eu desmoralizo todo mundo. Em um minuto ou meio segundo, eu sacudo a população quando falo. Reduzo meus adversários a pó."
- Em entrevista à Revista Isto É, no dia 13/05/98.
"Se, depois de tomar posse na Presidência da República, passado o período de seis meses, ainda existirem crianças nas ruas, abandonadas, sem escola, mendigando, eu e todos os meus companheiros de equipe renunciaremos às nossas funções".
"Quero que quem disse que eu sou o novo "macaco Tião" venha a minha frente que eu o reduzirei a sub-nitrato."
- Quando perguntado se o elevado número de votos que recebeu nas eleições presidenciais não teria sido um protesto bem-humorado da população assim como milhares de eleitores do Rio de Janeiro fizeram ao votar em um chimpanzé nas eleições para prefeito.
"Sou um homem normal, que come, gosta de mulher e usa o vaso sanitário."
"Miasmas pútridos emanam no Congresso em Brasília, contaminando o ar da metrópole. Mas o meu nome não exala odor mefítico, porque não chafurda no pântano da ignomínia"
- Em sua campanha a Câmara dos Deputados, em 2006"
"Com barba ou sem barba, meu nome é Enéas!! 5656!!"
- Em campanha em 2006