Recém descoberto e quase extinto
Nova espécie de macaco africano é identificada em duas regiões montanhosas no sul da TaMangabei-das-terras-altas macho adulto (fotos: Tim Davenport/WCS)
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Conhecida apenas por alguns caçadores locais como mangabei-das-terras-altas, a espécie de macaco Lophocebus kipunji foi descrita pela primeira vez por dois grupos de pesquisadores em um artigo publicado em 20 de maio na revista Science. Os biólogos trabalhavam separadamente em duas florestas no sul da Tanzânia quando encontraram os animais, cuja população total não deve passar de mil indivíduos.
O L. kipunji se diferencia dos demais macacos mangabeis da África principalmente por sua pelagem e pelos sons que emite. Quase todos os pêlos de seu corpo são de cor marrom, inclusive os da longa cabeleira eriçada. Apenas o rabo – bastante comprido – e a barriga são brancos. A cobertura de pêlos longos é provavelmente uma adaptação ao clima frio decorrente da elevada altitude da região onde vive. Os sons emitidos pelo primata, altos e suaves, foram comparados pelos cientistas a uma mistura de buzina com latido.
Ainda são necessárias análises do DNA da nova espécie para determinar sua proximidade em relação a outros mangabeis. Assim como os demais macacos do gênero Lophocebus (relacionado com os babuínos), os indivíduos da nova espécie vivem sobre as árvores e têm a cara, as pálpebras, as mãos e os pés pretos. Os adultos medem cerca de 90 cm de comprimento.
As duas localidades onde o mangabei-das-terras-altas foi encontrado estão separadas por 370 km. Uma delas – os arredores do vulcão Rungwe, a uma altitude de 2961 metros – fica no Parque Nacional de Kitulo. Lá, zoólogos da Sociedade para a Conservação da Vida Selvagem, liderados por Tim Davenport, procuravam há meses um macaco incomum que só alguns caçadores diziam conhecer.
A nova espécie vive em grupos nas florestas montanhosas do sul da Tanzânia. Assista a um
Vídeoque mostra macacos da nova espécie em seu hábitat natural (formato .mov, 3,1 MB )
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A outra região é a Reserva Florestal de Ndundulu, onde o pesquisador Trevor Jones, que trabalha para o Parque Nacional das Montanhas Udzungwa, deparou-se com o L. kipunji enquanto buscava uma outra espécie endêmica ameaçada de extinção. As duas equipes tomaram conhecimento dos achados simultâneos em outubro de 2004 e decidiram realizar juntas a divulgação da descoberta.
O Lophocebus kipunji é a primeira espécie de primata descrita na África em mais de 20 anos. A última a ser identificada foi a Cercopithecus solatus, no Gabão, em 1984. A identificação do mangabei-das-terras-altas destaca, portanto, a importância das florestas montanhosas da Tanzânia como foco de biodiversidade de primatas.
É muito provável que a nova espécie já seja incluída na lista de animais em risco de extinção: em cada localidade onde foram encontrados, os biólogos prevêem que não existam mais de 500 indivíduos. Como o mangabei-das-terras-altas vive nas árvores, o desmatamento ilegal na região o prejudica diretamente. Os cientistas esperam que a descoberta se traduza em mais esforços para a conservação das áreas montanhosas do sul da Tanzânia.
Lia Brum
Ciência Hoje On-line