Eu não concordo com tudo, faria algumas ressalvas. Não sabia que era esquerdista atribuir aos recuros naturais a riqueza. Se é, paciência, mas me parece que é realmente um dos fatores mais relevantes para explicar o grosso do desenrolar do desenvolvimento diferente nos diversos continentes ao longo da história da humanidade (vide "armas, germes e aço", do Jared Diamond, talvez "colapso" também).
Isso não nega totalmente a possibilidade de enriquecimento independente disso, não é como fosse algo estreitamente atrelado, ainda mais agora. A economia tem sua própria dinâmica, e é mais dinâmica que a riqueza proveniente dos recursos naturais, felizmente. Ainda assim, o cenário geral parece ser principalmente resultado das distribuições de riquezas naturais pelos continentes e o desenrolar da história.
Também sou um tanto favorável a intervenções no mercado em alguns casos. Acho coisas como cartelismo, monopólio e competição desleal ruins, e que provavelmente não se resolvem simplesmente pela dinâmica do mercado, ainda que se possa imaginar cenários hipotéticos ideais em que isso ocorra.
Poderia se objetar, dizendo que não tem nada demais, são apenas questão de poder e sorte, pessoas tendo obtido os recursos necessários para isso de forma legal e etc, mas acho que é uma espécie de falácia de "apelo a lei". A lei pela lei, simplesmente. Além disso, acho que achar isso correto seria só um posicionamento moral, essencialmente arbitrário, subjetivo, tal como achar incorreto, ou tal como achar que não deveria nem haver um estado para proteger a propriedade privada poderia ser mais desejável do que existir um.
Quanto a questão das colônias, bem, me parece bem razoável supor que sim, a exploração de qualquer coisa enriquece, e o colonizador mais que a colônia, de modo geral.
erá que a Espanha e Portugal estão melhores hoje, sem colônias, ou antes, com elas? A riqueza da pequena Holanda é explicada pelas ilhas que dominava no Caribe ou na Ásia? Mais riqueza tem a pequena Suíça sem jamais ter conquistado um palmo de território alheio.
E além disso, não se pode ser reducionista, achar que é a colonização e ponto, acabou. Se na vizinhança de países colonizadores, há um que não tem colônias ele mesmo, mas tem relações econômicas com os colonizadores, me parece bem razoável esperar que esse acabe sendo favorecido também. Meio como, são apenas uns grupos de pessoas que efetivamente fazem a exploração das colônias, mas não são os únicos beneficiados no país colonizado; se eles ficam mais ricos, podem gastar mais, e será por lá, na vizinhança, nacional ou internacional, mais provavelmente que nas colônias.
Mas são coisas tão óbvias que talvez eu não esteja vendo exatamente no contexto que ele tenta criticar. Fora isso, é um texto muito bom.