Deputados reclamam de "urucubaca" em dia de PapaNo dia em que o papa Bento XVI chegou ao Brasil, a Câmara Federal foi palco de uma série de brigas e agressões verbais mútuas, e uma parlamentar parou os trabalhos do plenário quando acusou, aos prantos, o colega Clodovil Hernandes (PTC-SP) de xingá-la com palavras de baixo calão. "No dia em que o Papa chegou a São Paulo, as bruxas vieram todas para Brasília. Que urucubaca!", brincou o deputado Júlio Delgado (PSB-MG).
Segundo Cida Diogo (PT-RJ), o deputado paulista sugeriu que ela não teria competência nem para exercer aquela que é conhecida como a profissão mais antiga do mundo. "A senhora é tão feia que não serve sequer para ser prostituta", disse ela a outras deputadas da bancada feminina, reproduzindo o suposto insulto.
Clodovil nega a ofensa, mas o atrito deve render-lhe um processo disciplinar na Corregedoria. "Eu tenho cara de quem agride mulher, meu amor? Ela que deve se achar feia", rebateu.
O clima ficou ainda mais tenso quando o presidente da Casa, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), anunciou que iria votar, em regime de urgência, o aumento salarial para parlamentares, ministros de Estado, presidente e vice-presidente da República. A oposição chiou e um novo bate-boca foi deflagrado.
Quando o ambiente já voltava à calma, houve uma nova contenda, esta protagonizada pelo deputado Fernando Gabeira (PV-RJ). Da tribuna, ele reclamou do excesso de gastos da Câmara e envolveu-se num entrevero com Chinaglia. Mais 30 minutos de polêmica e injúrias. "Ele quer fazer média aqui e dizer que só ele presta", gritou um deputado, aplaudido pela maioria. O presidente sorriu, sem esconder a satisfação de ser defendido pelo plenário.
No fumódromo da Câmara, um grupo se queixava da "onda de azar". "Eita que o diabo está solto," repetia o deputado Francisco Praciano (PT-AM). A noite acabou com o reajuste salarial de quase 30% e os deputados comendo lambuzando os dedos em uma leitoa assada levada pelo deputado Fabio Ramalho (PV-MG). "Sabia que a gente ia ficar até tarde e todo mundo iria sentir fome", explicou.
Fonte:
Terra