Fabi,
Eu entendo perfeitamente e não sou contra a punição. Só estou dizendo que existem faltas e faltas, e algumas não justificam uma cassação. E ainda que justificassem, logo após o período determinado de punição ou afastamento, nada impede que possam retornar à vida pública.
Um exemplo disso é o que ouvi sobre o Henrique Meirelles logo após entrar para o Banco Central. Rapidinho arrumaram um desvio de conduta dele, dizendo que ele havia feito algo ilegal para poder se candidatar a deputado em Goiânia.
Eu não sei no que deu o caso afinal, mas ainda que ele fosse culpado, não veria motivos para a cassação, porque a mutreta foi tão insignificante que o motivo da investigação por si só era político.
Eu também não estou aqui defendendo o Maluf. Eu nunca votei nele e acho que não votaria. Não sou contra que ele seja punido, caso seja provada a sua culpa. Mas que ele foi um bom administrador, isso foi. Temos que reconhecer.
E se o medo refreasse alguém, não existiriam bandidos em lugar algum. Não importa o tamanho da punição, pois todos se acham mais espertos que a justiça e nenhum acredita que será pêgo. Infelizmente o problema é moral e atinge toda a nossa sociedade. Os políticos apenas representam um retrato dela. Se tirássemos todos de lá hoje e substituíssemos por outros coletados aleatoriamente da população, das mesmas camadas sociais, a situação não se modificaria.
Ainda temos os exemplos de antigos criminosos arrependidos que começam a trabalhar em favor de companhias seguradoras, tais como antigos hackers que são contratados para aprimorar dispositivos de segurança e etc... Não acredito que alguém que é pêgo em flagrante uma primeira vez se arrisque uma segunda vez no mesmo crime, sabendo que todos estão de olho. Ex-criminosos arrependidos acabam sendo mais confiáveis que pessoas comuns na prevenção do mesmo tipo de crime pelo qual foi condenado.
Há um outro exemplo interessante, que não é de um ex-criminoso, mas de um ex-especulador financeiro que se tornou um dos melhores presidentes do Banco Central que o país já teve: O Armínio Fraga. Ele conhece os truques e as tramóias do sistema financeiro, pois já esteve no meio, e é mais útil trabalhando para nós do que afastado do mundo político. O Henrique Meirelles idem.
Na verdade, vocês criticam os crentes fundamentalistas, mas são na realidade iguais a eles. São vingativos e pregam a punição para toda a vida, sem se atentar que isso fere as mais básicas noções de justiça.
Um abraço.