(continuação da mensagem anterior)
Fatos da vidaAlguns desavisados podem confundir estas simples constatações com pessimismo. Esperamos que você não seja um desses e que consiga absorver a boa vontade dessas palavras que visam apenas livrá-lo de carregar no rosto aquela expressão estúpida de quem ainda acha que pode levar uma vida calma e sem preocupações.
A realidade é fruto da sua imaginação.
Faça a GUERRA, não SEXO. É mais seguro.
Tudo é desimportante de algum modo.
Sua cor da sorte está desbotando.
Se você acha que essa semana está uma droga, espera até a semana que vem.
Se você soubesse o que está fazendo, estaria entediado.
Se você consegue entender alguma coisa, ela já está obsoleta.
Tudo é possível, apenas não muito provável.
A luz no fim do túnel é o trem vindo na sua direção.
A vida é uma praia... então você se afoga.
O tempo voa quando você não sabe o que está fazendo.
O dia de hoje foi realmente necessário?
Todos os dias são segunda-feira.
Se tudo falhar, rebaixe seus padrões.
Não importa o quanto a situação esteja ruim; se você não conseguir rir dela... você está mesmo ferrado!
A vida é uma droga... e você ainda reencarna.
A vida é a maior viagem... então cadê sua passagem?
Eu não tenho nenhuma solução, mas admiro o problema.
Todos têm uma alma gêmea, mas a sua deve ter sido atingida por um raio.
Confiança é aquele sentimento que você tem antes de compreender a situação.
Só porque você não é paranóico, não significa que eles não estejam atrás de você.
Se você não está se sentindo bem, não se preocupe. Você supera.
Este é o primeiro dia do resto da confusão.
Tudo leva mais tempo do que você pensa.
Você sabe que é um dia ruim quando:
- o sol nasce no oeste;
- você pula da cama e erra o chão;
- o passarinho cantando lá fora é um urubu;
- você põe as duas lentes de contato no mesmo olho;
- seu bichinho de cerâmica te morde;
- seu encontro às escuras era sua ex-esposa;
- o cheque da devolução do imposto de renda bate sem fundos;
- você põe o sutiã ao contrário e ele encaixa melhor.
Tudo o que começa bem, termina mal. Tudo o que começa mal, termina pior.
Dentro de todo grande problema, existe um pequeno problema lutando para ser notado.
Se o dia de hoje fosse um peixe, eu o jogaria de volta na água.
Se você leva uma vida de cachorro, fique longe dos móveis.
Todo o propósito da sua vida é servir de alerta para os outros.
Ria dos seus problemas; é o que todos fazem.
Atenção: respirar faz mal à saúde.
Não importa o quanto você estude: a matéria não vai cair na prova.
Segundas-feiras são uma péssima forma de passar 1/7 da sua vida.
Dirija na defensiva: compre um tanque.
Chamadas e advertênciasElas podem estar em qualquer lugar: comerciais de TV, livros, créditos de filmes, contratos, embalagens de brinquedos e eletrodomésticos, tabuletas... É muito simples. Se algo vem escrito bem grande, desconfie. Se vem escrito bem pequeno, leve muito a sério, pois é o mais importante dos avisos que você já recebeu na vida. E se não vem nada escrito em lugar nenhum, procure de novo, pois você, provavelmente, deixou passar e isso lhe será cobrado depois. Portanto, cuidado.
Este produto foi criado para fins educacionais.
Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, será mera coincidência.
Algumas peças precisam ser montadas.
Pilhas não incluídas.
Conteúdo pode mover durante transporte.
Use conforme indicado.
Nenhuma outra garantia expressa ou aplicável.
Postagem paga pelo destinatário.
Algumas cenas podem chocar pessoas sensíveis.
Todas as modelos são maiores de idade.
Se os sintomas persistirem, consulte seu médico.
Melhor se consumido até a data indicada.
Sujeito à mudanças sem aviso prévio.
Conforme visto na TV!
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Escorregadio quando molhado.
Ponha em qualquer caixa de correio.
Editado para a televisão.
Não nos responsabilizamos por danos diretos, indiretos, incidentais ou circunstanciais resultantes de erros ou falhas de manuseio.
Uso externo.
A perda deste cartão resultará em pagamento total de 200 reais.
Evite contato com a pele.
Empregados e suas famílias não participam do concurso.
A garantia não cobre defeitos ocasionados pelo desgaste natural do aparelho.
Cuidado com o cão.
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Mantenha distante de fogo ou chama.
Alguns equipamentos são opcionais.
Não recomendado para crianças.
Reprodução expressamente proibida.
Orçamento sem compromisso.
Embalado sem contato manual.
Isto revoga todos os avisos anteriores.
Leis de Murphy para operações de combateAqui vão alguns fatos relacionados com a vida militar. Portanto, se você for convocado para uma guerra, que, se tudo correr bem, será breve, você já estará a par das leis que regem os combates.
O inimigo invariavelmente ataca em duas ocasiões:
- quando ele está pronto;
- quando você não está pronto.
Se é estúpido, mas funciona, então não é estúpido.
A distração do inimigo que você está ignorando é o ataque principal.
Não existe plano perfeito.
Granadas de cinco segundos sempre explodem em três.
Um inimigo em retirada está apenas recuando e reagrupando.
O caminho fácil está sempre minado.
Trabalho em equipe é essencial: dá ao inimigo mais pessoas para matar.
Se o ataque vai muito bem, é uma emboscada.
Se lhe falta tudo menos inimigos, você está na zona de combate.
O fogo inimigo tem a preferencial.
Se o inimigo está na mira, você também está.
A única coisa mais precisa que o fogo inimigo em sua direção, é o fogo amigo em sua direção.
O rádio falha assim que você precisa de apoio.
Tudo o que você fizer pode te matar, inclusive nada.
Quando os dois lados estão convencidos de que vão perder, os dois estão certos.
Soldados profissionais são previsíveis. O mundo está cheio de amadores perigosos.
Inteligência militar é uma contradição.
O clima nunca é neutro.
Matar pela paz é como trepar pela virgindade.
Nunca é o pacote com seu nome. É com aquele escrito "a quem interessar possa" que você deve se preocupar.
Na dúvida, esvazie o pente.
O lado com uniforme mais simples ganha.
O combate ocorrerá justamente naquela área onde dois mapas se juntam.
Nunca fique de pé quando pode se sentar. Nunca fique sentado quando pode se deitar. Nunca fique acordado se pode dormir.
A coisa mais perigosa do mundo é um segundo-tenente com um mapa e uma bússola.
Exceções provam a regra e destroem o plano de batalha. O inimigo nunca está olhando até você cometer um erro.
Um equipamento limpo e seco é um ímã para lama e chuva.
Quanto pior estiver o tempo, mais você será requisitado para sair.
Quando você está cheio de munição, você nunca erra. Quando tem pouca, não acerta nem a parede mais larga de um celeiro.
A complexidade da arma é inversamente proporcional ao QI do atirador.
Experiência de campo é uma coisa que você não tem até precisar.
Não importa para onde você marche, é sempre morro acima.
Um morro nunca desce.
De todas as freqüências de rádio que você anotou, a mais importante é sempre a mais ilegível.
O soldado mais novo e menos experiente é sempre o que ganha a medalha de honra.
O raio de destruição de uma granada é sempre meio metro maior que sua capacidade de pular.
Qualquer ordem que puder ser malcompreendida, será.
Jamais seja o primeiro, jamais seja o último e nunca seja voluntário para nada.
Se a emboscada estiver bem-feita, o inimigo não passará por ali.
A densidade de fogo aumenta proporcionalmente de acordo com a curiosidade do alvo.
A petulância de um superior é inversamente proporcional à posição dele na hierarquia.
Sempre existe uma saída, que geralmente não funciona.
O sucesso acontece quando ninguém está olhando, e as burradas ocorrem bem na frente do general.
Assim que eles servem sopa quente em campo aberto, chove.
Nunca diga ao sargento que você não tem nada pra fazer.
Por que nada dá certo?A primeira vez que pensei nas leis de Murphy foi quando ainda estava na universidade. Claro que todos nós estamos sujeitos a estas leis e se Murphy não tivesse patenteado a coisa, todos estes preceitos seriam apenas sabedoria popular.
Mas indo direto ao assunto, houve um dia que me permitiu experimentar nada menos que 43 das leis de Murphy (as quais eu não sei por que ele deve levar o crédito se fui eu que levou com elas na cabeça).
Este dia foi 30 de maio de 1989. Tudo isso realmente aconteceu. Ao final desse dia, tão impressionada eu estava com a avalanche de "murphadas", que as cataloguei antes de ir dormir para no futor fazer justamente o que estou fazendo: publicá-las.
Afinal "Um dia de cão", único título possível para a narrativa que se segue, teve um saldo positivo: começarei esse ano de 1990 com uma obra publicada.
Patrícia Balan
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"Um dia de cão"A intuição sempre avisa que o dia vai ser dose pra leão, assim como me avisou nesse dia. O que me ensinou que:
Para ser de fato um dia de cão, haverá um compromisso que não se pode faltar de jeito nenhum, tornando assim impossível seguir sua intuição e passar aquele dia embaixo das cobertas.Sentindo-me indispensável para que o mundo girasse naquele dia, saí com a cara e a coragem e cheia de agasalhos pois o dia amanheceu frio e chuvoso, como é comum num dia de outono. Então percebi que:
O tempo que o clima demorará para mudar irá depender de quanto tempo você tem disponível para voltar para casa e trocar de roupa. Claro que será sempre insuficiente apenas por alguns minutos, para que hajam aqueles irritantes instantes de indecisão que parecem durar séculos.
Desnecessário dizer que: se você se preparar para o calor, irá fazer frio e vice-versa.No meu caso, eu estava usando aqueles quarenta minutos para esperar um ônibus que normalmente passava de dez em dez minutos. Ainda assim não havia problema, pois eu havia antecipado minha saída de casa para poder ter certeza de achar um assento vago no ônibus, já que seria humanamente impossível fazer uma viagem longa daquelas carregando uma pasta A1, um tubo para papéis e uma mochila de pé. Então em percebi que:
Num dia de cão sempre há muita coisa a carregar. O bastante para não valer a pena tirar o casaco.
Caso a criatura resolva tirar o casaco, irá fatalmente esquecê-lo em algum lugar. Neste caso, o tempo esfriará mais uma vez.
Não adianta sair mais cedo num dia de cão.
Todo ônibus que demora chega lotado. Isto é lógica. Mas caso se decida pegar este ônibus de qualquer maneira, um muito mais vazio passará assim que você tiver passado a roleta. Porém se você decidir esperar este tal ônibus vazio, ele demorará muito mais e virá mais cheio que o anterior.Minha opção foi pela esperança. Esperei outro ônibus mais vazio. E aprendi que:
A lei acima funciona mesmo.
Não é humanamente impossível carregar uma mochila cheia, um tubo de papel e uma pasta tamanho A1, em pé num ônibus lotado, apesar de ser um sofrimento medonho.
É possível ainda suportar insultos e olhares fulminantes de pessoas que preferem maldizer a sua existência ao invés de ajudá-la com o material.
Ter um enfarte não é uma tarefa tão fácil assim. E como eu desejei ter um naquela hora e meia de viagem!Eu sobrevivi para ver três outros ônibus da mesma linha passarem chispando pelo ônibus em que eu estava. Este havia passado cinqüenta minutos depois de minha saída de casa tendo sido antecedido por um ônibus onde só havia lugar nas janelas e nas portas pelo lado de fora. E eu aprendi que:
O tal ônibus vazio fica parado na esquina esperando você pegar o ônibus cheio.
Não há nada para se aprender sobre ônibus em dias de cão. Você não pode sair do jogo e não pode vencer!Apesar de estar lotado, o primeiro ônibus, que eu e mais as outras vinte pessoas que me faziam companhia no ponto deixamos passar, parecia ter o intento de chegar a algum lugar. Por outro lado, o motorista do nosso veículo resolveu manter a segura média de velocidade de 20km/h. Então eu aprendi que:
O motorista só está adiantado com o horário dele se você está atrasado com o seu. Ele só anda rápido se você saiu cedo demais para ir a algum lugar que não tem sala de espera.Ao chegar ao ponto onde deveria pegar o segundo ônibus que deveria me deixar na universidade, todos os passageiros passaram para o mesmo ônibus que peguei, estendendo assim os limites do humanamente possível e repetindo a história anterior num ônibus ainda mais lotado. Então aprendi que:
Esta história de lotação máxima não existe nem para a Física.Com as costelas doendo, fiz a opção de caminhar até a faculdade sob um sol escaldante a pegar o terceiro ônibus. Este era um ônibus gratuito, oferecido pela universidade, que vivia lotado e demorava eras para passar. Eu iria morrer se passasse por aquilo uma terceira vez no dia. Mas eu sobrevivi ao vê-lo passar com todos os passageiros sentados e alguns lugares vagos quando eu já estava no meio do caminho. Com isso aprendi que:
O que você nem tenta, achando que vai dar errado, vai dar certo só para lhe aporrinhar.Ao chegar ao prédio onde a apresentação do meu trabalho era esperada pela professora no sétimo andar, descubro que todos os elevadores estão enguiçados. As pessoas que tinham fôlego protestavam e isto me deu um certo consolo antes começar a subir as escadas. Mas chegando ao terceiro lance das escadas eu já estava inconsolável. E pensava que:
Nenhum elevador quebra quando seu compromisso é na sobreloja.Mas eu sobrevivi para chegar à sala. Ouvi alguma coisa sobre meu atraso justo naquela aula. Resolvi ignorar. Imaginei que:
A matéria que você mais precisa é sempre dada por uma vaca que lhe odeia.Acreditem quando eu digo que, antes da apresentação dos trabalhos era necessário ter um texto cuja última cópia havia sido distribuída antes que eu chegasse. Sem problema. Pode-se tirar outra cópia. Havia várias máquinas Xerox no prédio.
Somente a do térreo funcionava. Com isso eu aprendi que:
Aceite e se aborreça com qualquer chateação que o dia de cão lhe impuser e não tente fazer de conta que "não faz mal". Não tente fazer da sua paciência um desafio para o dia de cão. Ele come fichinhas como você e eu no café da manhã.Antes de sair ainda escutei a professora dizer com sua habitual antipatia: "Volta rapidinho, tá querida?" E eu percebi que:
Toda cretina que te odeia te chama de "querida".Voltei tão rapidinho quanto meus pulmões me deixaram. Meus amigos estava de especial bom humor naquele dia nefasto, sabe-se lá por quê. Um mais engraçadinho sumiu com meu trabalho. Ele não costumava fazer piadas deste tipo, mas resolveu começar naquele dia. Então eu aprendi que:
Não importa o quanto uma brincadeira é imbecil. Se é com você, todo mundo vai esquecer que tem cérebro e achar graça. Naquele dia eles seriam capazes de jogar "bobinho" com meu fígado!Ao abrir a boca pela primeira vez no dia para pedir que ele me devolvesse o trabalho, a professora resolve dar uma daquelas lições de moral para mostrar quem tem a autoridade naquele lugar. Aí eu vi que:
Quem não tem capacidade para liderar nada, apela para o autoritarismo. E essa droga dá certo.Ela foi tão "delicada" e "coerente" que a metade dos alunos levantou-se e saiu de sala em protesto àquele espetáculo desnecessário. Aí, mais esperançosa, eu vi que:
Por pior que fosse o dia de cão, um paspalho não conhece seus limites e sempre acaba se dando mal.Eu, como vítima da grosseria e inspiradora da revolta, tive que me juntar aos revoltosos. E vi que:
Sair da sala em sinal de protesto à palhaçada de alguém, só deixa esse alguém livre para fazer palhaçadas junto aos puxa-sacos dele. E que foi uma coisa estúpida de se fazer justamente quando a apresentação valia nota.
Professor de universidade, por mais incompetente e imbecil que seja, sempre tem razão. Ele é o pré-requisito do chefe.Assim, o único motivo que me tirara da cama naquele dia caiu por terra. Não apresentei a bosta do trabalho que me foi devolvido pelo colega engraçadinho no corredor. Mais tarde eu aprenderia que:
Um dia de cão sempre é inútil.
Um dia de cão não acaba cedo.A única garota a ter carro no grupo convidou-nos a dar uma volta para espairecer. Eu queria muito voltar para casa e me meter na cama fingindo que tudo não havia passado de um pesadelo, além de estar louca de fome. Mas ela me garantiu que me daria uma carona para casa. Então eu percebi:
A última coisa que se deve acreditar num dia de cão é que alguém irá lhe fazer um favor.Depois de dar várias voltas de carro chegando a lugar nenhum, ela finalmente me deixou na porta da casa
dela. Estava cansada de tanto dirigir e não sabia como eu tinha coragem de lhe pedir algo assim depois de ter andado no precioso carro dela por quase duas horas. Eu confirmei o que já suspeitava:
Quando alguém lhe promete um favor e me vez disso lhe faz uma sacanagem, você é um ingrato e ainda fica devendo o favor.A casa daquela cadelinha era um tanto contramão e o ônibus me deixaria a um quarteirão de onde eu morava. Eu senti na pele o que todo mundo já sabia:
Um quarteirão fica um bocado longo quando se está agasalhada embaixo de sol quente e carregada de bolsas e pastas.
Num dia de cão deve-se evitar desvios no caminho.Ao abaixar para ver se um pequeno passarinho estava ferido dentro de uma poça de água suja, tomei meu primeiro banho de água de esgoto na vida. O monstrinho estava adorando aquela água imunda e resolveu jogar um pouco em mim. Por que cargas d'água eu fiz isso se nem gosto de passarinhos. Bem, não gosto mais. E vi que:
Não se aceita e nem se faz favores num dia de cão.O plano era chegar em casa e esquecer que o mundo existia. Tarde demais eu vi:
Nada funciona como planejado num dia de cão.Haveria uma espécie de reunião lá em casa. Minhas tias e umas amigas de minha mãe apareceriam para um chá. Como única filha presente, eu deveria ficar entre elas e responder todas as perguntas sobre namorados e quando eu pretendia casar.
Visita surpresa só acontece em dia de cão.Três horas depois a reunião acabaria e elas todas iriam embora soluçando (todas as conversas das tias reservam a última hora para falar dos que já morreram). Imediatamente depois que a porta se fechou minha mãe já me perguntava aos berros o por quê de eu ainda não estar pronta para a festa de aniversário da minha sobrinha. Eu estranhei mas entendi:
Todo mundo está de mal humor no seu dia de cão.Eu perguntei o que uma festa de aniversário estava fazendo numa terça-feira. Minha mãe ordenou que eu paresse de implicância com minha sobrinha. Haja visto o dia que ela resolveu dar uma festa em que eu tinha a obrigação de comparecer, eu tinha toda a razão. Aliás compreendi:
O aniversário de alguém com quem você não se dá muito bem é sempre num dia de cão.Eu teria que me arrumar em tempo recorde. Minha irmã já havia chegado. Ainda iríamos esperar o namorado dela que iria nos levar de carro. Evidentemente ele se atrsou e fomos só nós duas.
Já no meio de um engarrafamento monstro descobrimos que uma havia pensado que o presente de aniversário estava com a outra. Assim ambas esquecemos o presente em casa. Então eu pensei que:
Realmente não dava a mínima se minha sobrinha ficasse sem o presente.O presente estava quietinho em casa e foi levado pelo namorado de minha irmã que chegou cinco minutos depois que desistimos de esperar por ele. Fica aqui a lição:
Bancar a malvada no seu dia de cão só faz com que o dia seja merecido. Isso se não piorar as coisas! Se nós estivéssemos no carro dele esta crônica acabaria aqui.Ele chegou um minuto depois de nós na festa e disse que não viu engarrafamento nenhum. Eu não duvidei.
Um dia de cão tem um certo ar de "Além da imaginação".Depois de uma festa repleta de adolescentes que riam cada vez que alguém passava e descaradamente fingiam estar olhando para outro lado, resolvi tratar do único sobrinho que não me irritava. Ele tinha seis meses na época.
Finalmente o bolo de cobertura cor-de-rosa, sabor desconhecido, foi cortado. O dia se aproximava do fim. O bebê foi o único que gostou da cobertura cor-de-rosa. Ele a distribuiu pelo meu cabelo. Conformada eu vi que:
Ninguém sai limpo de um dia de cão.Como nada pode ser simples, as despedidas duraram trinta minutos. Quando já estávamos quase voando para a liberdade, alguém ficou choramingando uma carona. Talvez uma boa ação aliviasse a minha barra, mas a idéia foi da minha irmã. Foram outros trinta minutos para que o rapaz a quem levaríamos para casa acabasse de se despedir de todos. Levamos o safado no escafundó onde ele morava sob a promessa que ele nos mostraria o caminho de volta. Eu pensei mas não quis falar:
A boa ação de um dia de cão pode se virar contra você.Dito e feito! Igual ao raio do passarinho na poça! Ao saltar do carro, o cretinodá as direções que devemos tomar em seu linguajar ininteligível e a 45 rotações por minuto. Depois virou as costas e foi embora! Eu fiquei sem palavras. Minha irmã só conseguiu esboçar: "Ele disse a primeira à esquerda ou direita?"
O namorado dela havia dado carona para outros adolescentes espinhentos e não pôde acompanhar o carro. Pobre da minha irmã!
Um dia de cão pode fazer reféns.Ficamos tão perdidas que à meia-noite quase fomos parar no Corcovado. Depois de seguir outro carro insistentemente, temendo entrar em alguma contramão, descobrimos que o veículo estava indo para Niterói. Depois de rodar pela cidade inteira, chegamos a um lugar conhecido e de lá conseguimos chegar em casa. Isto só aconteceu a uma hora da manhã. Tecnicamente o dia de cão havia acabado. Então, sem pressa de dormir, resolvi anotar tudo que acontecera.
Um dia ainda daria boas gargalhadas lembrando-me de tudo isso.
P.S.: Estou reescrevendo esse P.S. em 1997 e ainda não estou rindo.
Um dia de cão deixa a gente rancoroso.