Autor Tópico: Criacionismo na UFES  (Lida 1238 vezes)

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Offline CyberLizard

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Criacionismo na UFES
« Online: 27 de Junho de 2007, 23:40:07 »
Navegando pelo Orkut, me deparei com esta mensagem de um aluno da UFES:

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"Criacionismo na UFES
Amigos,

Recentemente tive problemas com um professor criacionista. Ele passou um texto sobre criacionismo vs. evolução e eu, como biólogo, fiz meu trabalho refutando o texto. Escrevi até um relato que mandei para o Renan pôr no blog, mas que ele não teve tempo de incluir ainda. Meu "ensaio" segue abaixo:

RELATO: EXPERIÊNCIA COM UM CRIACIONISTA DENTRO DA ACADEMIA


DAVID G. BORGES
BIÓLOGO, GRADUANDO EM FILOSOFIA


Como alguns leitores já sabem, sou estudante de filosofia. Faço o curso na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), e ingressei no mesmo após ter me graduado em ciências biológicas em outra instituição de ensino superior. Entrei no curso não só por já estar, na época, envolvido com a “polêmica” do criacionismo, mas para aumentar meus conhecimentos – ou seja, minha principal motivação era uma busca por satisfação intelectual.

Há três semanas, um de meus professores pediu um trabalho acadêmico como forma de avaliação para o semestre. A disciplina era “Ética I”. O professor em questão, segundo o seu currículo lattes, é graduado em filosofia e em teologia, fez mestrado em teologia moral e doutorado em ciências da religião. Possui duas extensões, sendo uma em fenômenos parapsicológicos e uma em pastoral catequética. Afirma falar alemão, espanhol, italiano, francês e grego. Publicou um livro sobre ética e direitos humanos, e já participou de três bancas de comissões julgadoras. No entanto, em seu currículo não consta a publicação de nenhum artigo.

Resumindo: uma das questões, a primeira, era referente a um texto sobre criacionismo. Na verdade, um fragmento de texto – extraído do apêndice ao primeiro capítulo (item 1.8) do livro “Princípios de Antropologia”, de Ricardo Yepes Stork e Javier Aranguren Echevarria. Infelizmente, não consegui obter cópia do livro para ler a obra completa; no entanto, o texto se utilizava da típica argumentação com a qual já nos acostumamos. Chamava a evolução de hipótese, dizia que a mesma afirma que o homem é fruto do acaso (e algumas linhas depois afirmava contraditoriamente que a evolução segue um caminho ascendente e previsível) afirmava que os dados científicos são incertos, separava o ser humano dos demais hominídeos, falava sobre o surgimento de características biológicas em ordem completamente errônea em relação aos dados da paleontologia, da zoologia e da genética, se utilizava do falacioso termo “evolucionismo emergentista”, mencionava “inovações complexas” como o olho, fazia a velha analogia das mutações com a tentativa de se construir uma frase “sorteando” as letras que a constituem, comparava um formigueiro ao museu do Louvre, afirmava a existência da alma, a imaterialidade da inteligência, e concluía mencionando a divindade cristã, entre outras coisas.

Obviamente, escrevi meu trabalho – de onze páginas, mas quais oito eram dedicadas a este primeiro texto – refutando o criacionismo. Mencionei minha formação e minha experiência anterior com o tema, bem como dados e conceitos bastante atuais da biologia. Qual não foi minha surpresa quando recebi o trabalho, na sexta-feira da semana passada (15 de junho), com uma série de rabiscos do professor e sem indicação de nota. Quando o indaguei sobre a minha nota, ele afirmou em tom agressivo que eu não merecia uma.

Como se não fosse suficiente, ao ler com atenção as páginas do trabalho encontrei uma série de ofensas. Fui acusado de ser arrogante, desonesto, intelectualmente desonesto (uma “categoria diferente” de desonestidade), intolerante e preconceituoso, além de haverem alusões pouco delicadas à minha inteligência.

Nos manuscritos que o professor fez em meu trabalho, junto dos insultos, se encontrava uma argumentação bastante pueril em prol do criacionismo. A criação era qualificada como “hipótese”, a evolução como “não-testável empiricamente” (assim como a criação) e ambas como “não-opostas”. Tive a nítida impressão de que o professor confundia criacionismo com teísmo. Além disso, ainda afirmou que não conhecia ninguém que aceitasse a “hipótese da criação” que defendia que a mesma fosse uma ciência. Ou seja, total desconhecimento sobre o assunto.

Hoje, segunda-feira (18 de junho), entrarei com um pedido de reavaliação acadêmica do trabalho, bem como uma queixa formal contra os insultos e a exigência de uma retratação. Passei o final-de-semana inteiro redigindo os documentos, que estão acompanhados de uma refutação às anotações do professor. A queixa contra os insultos, redigida pelo meu advogado e assinada por mim, possui dezoito páginas (incluindo em anexo o meu trabalho e o trabalho de outro aluno que também foi ofendido). O pedido de reavaliação, redigido por mim (embora também tivesse sido auxiliado pelo meu advogado em alguns pontos), possui sessenta – incluindo os documentos em anexo. Ontem, domingo, não cheguei a ir me deitar. Só saí do computador para um cochilo rápido às 4:50 da manhã de hoje, retornando às 8:30.

Ainda estou considerando se devo relatar a situação à imprensa. A infiltração dos criacionistas no meio acadêmico é um assunto que está em voga, e recentemente revistas de circulação nacional como a “Veja” e a “Superinteressante” publicaram matérias sobre o tema. Os jornalistas, sempre ávidos por um “furo”, adorariam falar sobre este caso.

Quanto ao texto e ao professor, não passam de mais exemplos de como a “Wedge Strategy” e a agenda criacionista para a infiltração no meio acadêmico têm sem mostrado eficazes. Embora seja de certa forma cômico ver alguém com um título de doutorado cair em pseudo-ciência tão malfeita e primária, também é uma situação extremamente preocupante.

Enfim, foi assim o ocorrido. Ontem (22/06) tive aula com o mesmo professor e, além de não se retratar, ainda disse uma série de "gracinhas" sobre "alunos que não estudam e tentam desconstruir as proposições de autores reconhecidos".

Tenho certeza que ele não vai se retratar até quinta-feira, prazo final estipulado em minha queixa. Logo, terei de processá-lo. Mas antes queria a ajuda dos colegas "evos" para fazer pressão no departamento.

Gostaria de pedir que aqueles que dispõem de tempo escrevam cartas, dirigindo-se ao Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Espírito Santo e dizendo que repudiam a tentativa do professor de ensinar uma pseudo-ciência em uma instituição pública. Vocês podem escrever o que quiserem (desde que não xinguem abertamente o cara), até explicar evolução (ou criacioniismo) caso tenham vontade.

Inicialmente ia colocar o meu endereço no tópico, mas achei mais seguro arrumar uma caixa postal, que devo providenciar na segunda-feira. Assim que tiver, posto o número aqui. Não se esqueçam de assinar as cartas e de colocar a titulação acadêmica (ou eclesiástica) de vocês, o pessoal de lá adora um "argumento de autoridade". Se vocês tiverem vínculo com alguma instituição de ensino ou pesquisa, também.

Assim eu junto tudo e mando pra UFES. Aliás, para que eu tenha algum "controle", peço que me avisem de alguma forma (pode ser através do tópico, scrapbok ou msn) que estão colaborando.

Isso não é coisa pouca, vamos banir o criacionismo da UFES! Mas eu não consigo fazer isso sem a ajuda de vocês…

Abraços e obrigado. "


Fonte: http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=184959&tid=2539626870937642085&na=1&nst=1

Isso é algo bastante sério. Decidi que iria ajudar o autor do tópico a divulgar sua mensagem.
« Última modificação: 27 de Junho de 2007, 23:42:13 por Cyber Lizard »

Offline Nina

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Re: Criacionismo na UFES
« Resposta #1 Online: 28 de Junho de 2007, 21:35:56 »
Como anda isso?

Ele postou alguma novidade?

Eu também estou interessada e embora não tenha tempo, posso ajudar com "argumento de autoridade"

:hihi:

"A ciência é mais que um corpo de conhecimento, é uma forma de pensar, uma forma cética de interrogar o universo, com pleno conhecimento da falibilidade humana. Se não estamos aptos a fazer perguntas céticas para interrogar aqueles que nos afirmam que algo é verdade, e sermos céticos com aqueles que são autoridade, então estamos à mercê do próximo charlatão político ou religioso que aparecer." Carl Sagan.

Offline CyberLizard

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Re: Criacionismo na UFES
« Resposta #2 Online: 28 de Junho de 2007, 23:24:26 »
Ele postou isso a uns 5 dias atrás no Orkut. Depois disso, não postou mais no mesmo tópico. Segundo a sua mensagem, o dia de hoje (quinta feira) foi o prazo final para o professor se retratar.  Enviei ontem um scrap para ele pedindo mais algumas informações e também que ele me avise quando conseguir a caixa postal. Avisei a ele que iria ajudar a divulgar o seu problema e sugeri que escaneasse e colocasse na internet o tal trabalho com o depoimento do professor para causar um impacto maior. Ainda estou aguardando uma resposta ao meu scrap. Assim que eu receber uma resposta (se eu receber), posto aqui a caixa postal para que possamos mandar cartas de apoio com nossos "argumentos de autoridade".

Offline Hold the Door

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Re: Criacionismo na UFES
« Resposta #3 Online: 29 de Junho de 2007, 23:04:49 »
Esse tópico é do David, que participa da comunidade Evo x Cria. Ele esta na minha lista de amigos, vou deixar um scrap para ele dar uma olhada neste tópico.
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Offline Hold the Door

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Re: Criacionismo na UFES
« Resposta #4 Online: 01 de Julho de 2007, 16:15:53 »
Vou postar aqui a resposta que ele me deu:

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Angelo,

Está ocorrendo tudo "bem", mas aos tropeços. Deferiram meu pedido de reavaliação, mas ao invés de atribuírem outra nota ao trabalho (como é de praxe), marcaram uma NOVA PROVA para amanhã. Elaborada pelo professor mais rígido do departamento, que coincidentemente, é padre.

Ou seja, me deram o que eu queria, mas na forma de um "presente de grego". Hoje vou ficar estudando para a tal prova, que é amanhã.

O outro professor (o criacionista) continua se comportando mal. Vamos continuar com o "movimento", parece ser o único jeito de levarem a coisa à sério por lá. Vão abrir uma sindicância para averiguarem o que ocorreu, nesse momento as cartas viriam em boa hora. A propósito: ele não se retratou.

Abraços,
David.
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Offline CyberLizard

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Re: Criacionismo na UFES
« Resposta #5 Online: 03 de Julho de 2007, 23:20:37 »
Acabei de falar com o David via MSN. Ele me contou que acabou não dando para providenciar uma Caixa Postal porque os correios cobravam muito caro para o serviço. E eles não permitiam que a Caixa Postal ficasse ativa por menos de 6 meses. Entretanto, ele me passou o seu endereço e me deu autorização para divulga-lo entre pessoas de confiança que quiserem ajudar. Então, se alguém tiver vontade de ajudá-lo a combater o criacionismo na UFES escrevendo uma carta, fale comigo via MP e eu passo o endereço.

 

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