Tópico: Lula e União Européia.

[Alegra]

Lisboa  04.07.07

Honras europeias e ciúmes do Mercosul

SÉRGIO BARRETO MOTTA, Rio de Janeiro



EVARISTO SA-AFP (imagem) 


O Brasil está a receber com evidente orgulho as honras da UE, na realização da cimeira de hoje, em Lisboa, para estreitar laços económicos e políticos. Mas ninguém sabe até que ponto esse fortalecimento brasileiro será estendido aos parceiros do Mercosul, bloco comercial que inclui, além do Brasil, a Argentina, Uruguai e Paraguai.

As declarações do governo brasileiro e um documento da UE afirmam que a cimeira de Lisboa destacará a liderança brasileira, para fazer avançar as negociações com o Mercosul. Mas há sinais de ciúmes dos vizinhos do Brasil. O Mercosul vive uma crise, pois a criação do mercado comum entre seus membros tarda em ser concretizada. Além disso, a possível entrada da Venezuela de Hugo Chávez agrada à Argentina, mas desagrada ao Brasil.
Segundo a chefe do Departamento da Europa do Ministério das Relações Exteriores do Brasil (Itamaraty), embaixadora Maria Edileuza Fontenele Reis, "a parceria estratégica proposta pela UE ao Brasil representa o aprofundamento de um diálogo político mantido há quase 50 anos".

"A parceria estratégica é um mecanismo político, que permite diálogo ao mais alto nível", diz a embaixadora. O porta-voz da Presidência brasileira, Marcelo Baumbach, afirma que a parceria permitirá discutir áreas como energia, mudança do clima, ciência e tecnologia, cooperação técnica, combate à pobreza e à exclusão social. "A parceria coincide com a inauguração da presidência portuguesa no Conselho Europeu", explicou o porta-voz, no briefing sobre a viagem do presidente Lula da Silva a Portugal, para a Cimeira Brasil-UE.

O Brasil tem relações com a UE (então CEE) desde 1960. Neste período, a aproximação teve altos e baixos. Acordos preferenciais de comércio com Ásia, Caraíbas e Pacífico prejudicaram as exportações brasileiras.

A parceria com a UE interessa ao Brasil sob vários aspectos. Um deles é a criação de um mercado internacional de biocombustíveis. Também interessa o recomeço das negociações comerciais entre Mercosul e UE, paralisadas desde 2004. O Brasil mantém parcerias estratégicas com seis países europeus: Alemanha, Portugal, Espanha, Reino Unido, França e Itália.

O Governo brasileiro faz questão de deixar claro que não está a passar por cima do Mercosul, mas a imprensa sublinha que o Brasil é um importante país emergente, membro do grupo BRIC (ver caixa) tratado com deferência por todo o mundo desenvolvido. Na verdade, o Brasil será o último BRIC a fazer uma parceria com a Europa.

Um membro do Mercosul, o Uruguai, já enviou correspondência a Lula na qual são pedidas explicações sobre a nova relação. O Uruguai está preocupado com a possibilidade do Brasil iniciar negociações directamente com os europeus, sem considerar as posições dos restantes sócios do Mercosul. A Argentina também estaria desconfiada.

A chamada Ronda Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) e a conclusão do acordo Mercosul-UE estarão na pauta de discussões mas, destacou Maria Fontenele Reis, esta não será uma reunião negociadora. Da mesma forma, o chefe da delegação da UE no Brasil, embaixador João Pacheco, afirmou que as negociações comerciais serão com o Mercosul. Não se sabe se as declarações são formais ou se o Brasil está preocupado em evitar conflitos dentro do Mercosul. O governo brasileiro garante que a aliança a ser lançada tratará de outros temas, independentes do Mercosul. A pauta passa por meio ambiente, tecnologia e agricultura, com destaque para os biocombustíveis. |

Fonte: http://dn.sapo.pt/2007/07/04/internacional/honras_europeias_e_ciumes_mercosul.html

[Alegra]

Lisboa  04.07.07 

UE oferece cooperação ao Brasil na energia, clima e serviços aéreos

A primeira cimeira UE-Brasil tem como objectivo principal lançar uma parceria estratégica entre os 27 e este país lusófono da América Latina. O ponto de partida é a proposta que a Comissão Europeia apresentou no dia 30 de Maio e que sugere um reforço da cooperação em relação a desafios globais e a sectores que são considerados de interesse mútuo.

É o caso da luta contra a pobreza e o combate às desigualdades, da energia (o Brasil quer afirmar-se como produtor de biocombustíveis), das alterações climáticas (a UE gostaria de concertar com os brasileiros uma posição sobre as metas do pós-Quioto que poderão começar em Dezembro).

Na proposta de Bruxelas, que lembra que o Brasil é o mais importante mercado da UE na América Latina, sugere-se maior cooperação na área económica, financeira, dos transportes marítimos e aéreos, da ciência ou da navegação por satélite.

O documento refere, por exemplo, que o Brasil deve reconhecer a existência da UE nos seus acordos bilaterais de serviços aéreos e sugere a sua participação no programa Galileu (concorrente do GPS que a UE ainda não decidiu como financiar).

Fala-se ainda no reforço do multilateralismo numa ONU forte e refere-se que a UE seria favorável a uma posição mais pró-activa do Brasil. "É apenas uma linguagem que sinaliza as ambições do Brasil em ser membro permanente no Conselho de Segurança da ONU. Não haverá apoio formal. Até porque a Alemanha tem as mesmas ambições e a Espanha e a Itália são contra porque defendem um lugar para a UE no seu conjunto", disse ao DN fonte diplomática.|

Fonte: http://dn.sapo.pt/2007/07/04/internacional/ue_oferece_cooperacao_brasil_energia.html

[Alegra]

Actualidade   
2007-07-05 - 00:00:00

Cimeira com o Brasil: Sócrates satisfeito
Lula pede que cuidem bem dos brasileiros

                                       

O presidente Lula da Silva pediu ontem a José Sócrates que “cuide bem dos brasileiros em Portugal, porque o Brasil também cuidou bem dos portugueses na década de 50”. O pedido foi reforçado pelos gritos de 50 manifestantes que, no Parque das Nações, gritavam: “Queremos direitos iguais, nem menos, nem mais.”

 
Vítor Mota

 
O presidente Lula da Silva pediu ontem a José Sócrates que “cuide bem dos brasileiros em Portugal, porque o Brasil também cuidou bem dos portugueses na década de 50”. O pedido foi reforçado pelos gritos de 50 manifestantes que, no Parque das Nações, gritavam: “Queremos direitos iguais, nem menos, nem mais.”

 
À parte das questões relacionadas com a legalização dos mais de 40 mil brasileiros que se encontram irregulares no nosso país, a primeira Cimeira Europa/Brasil concentrou-se nas questões económicas.

A União Europeia saiu mais enriquecida da cimeira com o Brasil. A conclusão foi tirada por José Sócrates, primeiro-ministro de Portugal e presidente em exercício da UE no final da cimeira que marcou o início de uma parceria estratégia entre o bloco europeu e o Brasil. O presidente brasileiro, Lula da Silva, destacou que “coincidência ou não foi preciso que Portugal assumisse o poder na Europa para que a cimeira se realizasse”.

“A política externa da UE sai mais enriquecida em profundidade, mais enriquecida em coerência e mais enriquecida no seu alcance”, referiu José Sócrates, destacando que a reunião de onde tinha acabado de sair concretizou uma das grandes prioridades da Presidência Portuguesa da União.

Sócrates considerou que ao se tornar parceiro estratégico da UE, o Brasil era reconhecido pelo seu crescente papel a nível mundial.

O encontro foi dominado pelas negociações em curso na Organização Mundial do Comércio (OMC), a chamada Ronda de Doha, com o líder do Executivo nacional a considerar que este “é o maior desafio com que o Mundo está confrontado” e a defender a procura de um equilíbrio na globalização.

Lula da Silva manifestou-se esperançado que esta reunião tenha contribuído para o desbloqueio da Ronda de Doha, onde se discute a próxima etapa da liberalização do comércio mundial com os Estados Unidos, a União Europeia e as economias emergentes, como o Brasil, a não conseguirem chegar a um acordo.

“Precisamos, de forma muito madura, de voltar a sentar-nos à mesa, com a certeza de que o Brasil terá cartas na manga, assim como os outros países terão”, frisou Lula.

350 MILHÕES PARA BIOCOMBUSTÍVEL

A joint-venture entre a Galp Energia e a Petrobras para a produção e distribuição de biocombustíveis implica um investimento de cerca de 350 milhões de euros, revelou o presidente da petrolífera portuguesa, Ferreira de Oliveira, após a assinatura do acordo entre as duas empresas.

O acordo prevê que cada uma das duas empresas tenha uma participação de 50 por cento na nova sociedade, que vai promover os investimentos. Do total de investimento previsto, Ferreira de Oliveira informou que 250 milhões de euros se destinam à adaptação das refinarias da Galp para processamento dos biocombustíveis.

O investimento deverá estar concluído até 2010, adiantou o presidente da Galp Energia.

Além da produção de biodiesel de segunda geração nas refinarias da Galp a partir de óleos vegetais produzidos no Brasil, o projecto contempla, no país sul-americano, a produção para exportação e o fomento do cultivo agrícola de oleaginosas.

No projecto industrial no Brasil serão investidos entre cem milhões e 120 milhões de euros, adiantou Ferreira de Oliveira.

Na terceira dimensão do projecto, a Agricultura, o investimento será “feito pelos próprios promotores agrícolas, apoiados com contratos” de venda à nova sociedade, referiu. O projecto envolve o cultivo de perto de 600 mil hectares de terreno no Brasil.

Ao todo, serão produzidas anualmente 600 mil toneladas de óleos vegetais pela nova sociedade. Metade será processada nas refinarias da Galp e a outra metade localmente e depois exportada para Portugal e/ou outros países.

JOSÉ SÓCRATES

"A cimeira marcou a segunda descoberta do Brasil pela Europa."

"Portugal percebeu que faltava à política europeia a existência de um pilar com o Brasil. Não era possível a Europa ter um papel relevante mundial, no domínio da regulação, sem ter uma relação especial com o Brasil."

"Seria indesejável para o Brasil e para Portugal estarmos sempre a promover períodos extraordinários de legalização, porque incentivaria a imigração ilegal"

LULA DA SILVA

"A cimeira União Europeia/Brasil é um momento extraordinário. Esta cimeira representa uma semente que vai dar frutos."

"Uma parte da juventude brasileira encontrou em Portugal a oportunidade que não encontrou no Brasil depois de 26 anos de crise económica. Só peço ao meu amigo Sócrates que cuide bem dos brasileiros em Portugal, porque o Brasil também cuidou bem dos portugueses na década de 50."

"A MINHA CASA NÃO É AQUI"

Adriana Bittencourt, 56 anos, veio do Brasil há quatro anos, mas, embora os filhos tenham direito de residência, não consegue obter a legalização em Portugal. “Sou dentista, mas não posso exercer a minha profissão aqui porque estou ilegal”. Sem esperança concluiu: “A minha casa não é aqui.” Pelas mesmas dificuldades passam os cerca de 50 manifestantes que, aproveitando a presença do presidente Lula em Portugal, protestaram ontem, no Parque das Nações, pela legalização dos cidadãos brasileiros no País. “Queremos direitos iguais, nem menos, nem mais”, era um dos slogans mais repetidos. “É muito difícil arranjar um visto, porque a maioria dos patrões não nos quer dar um contrato. Vivo a fazer biscates”, disse António Chaves, 50 anos, há dois em Portugal.

EM DISCUSSÃO

AGRICULTURA

O primeiro-ministro português subscreveu ontem as críticas do presidente brasileiro ao peso dos subsídios da União Europeia e Estados Unidos no sector agrícola e apoiou o Brasil como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. José Sócrates falava numa entrevista conjunta com Lula da Silva transmitida ontem pela RTP.

EMPRESAS

As operações empresariais portuguesas vão representar a UE na presidência das próximas cimeiras empresariais com o Brasil, revelou ontem a Associação Industrial Portuguesa (AIP). As Confederações portuguesas foram convidadas para esta posição pelas suas congéneres europeias, na reunião de empresários dos dois blocos, que ontem decorreu em Lisboa.

EMPRESÁRIOS

Joe Berardo falou com Sócrates na reunião empresarial que antecedeu a cimeira.

JANTAR

A Cimeira UE/Brasil terminou com um jantar oferecido por Cavaco Silva aos presidentes Lula, Sarkozy e Durão Barroso e aos primeiros-ministros Sócrates, Zapatero, Prodi, Balkenende e Roberto Fico.

REUNIÃO COM SARKOZY ADIADA

O atraso na Cimeira UE/Brasil obrigou ao adiamento por algumas horas da reunião de José Sócrates com Nicolas Sarkozy

MANDELSON CONFIANTE

O comissário europeu do Comércio, Peter Mandelson, afirmou-se ontem “mais confiante” num acordo comercial entre a UE e o Brasil

*SEM DESTAQUE NOS JORNAIS
A Cimeira UE/Brasil, inaugurada ontem, “passou ao lado” das capas da imprensa brasileira, que não lhe
conferiu nenhum destaque

Fonte: http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=248991&idselect=9&idCanal=9&p=200

*É incrível como a imprensa brasileira só tem disposição para meter a língua. E grande parte da população desinteressada. Depois é falar pelos cotovelos… 

[Pregador]

Foi noticiado, mas não com um destaque grande. A questão é que isso não significa muita coisa, o que interessa ao Brasil é o fim dos subsídios agrícolas. Além de que nossos vizinhos parasitas e membros do Mercosul então acusando o Brasil de negociar unilateralmente.

Isso não é um acordo de livre-comércio, se fosse, seria manchete em todo mundo. Ou então se o Brasil entrasse para a União Européia, o que além de esquisito, repercutiria muito.

[Týr]

Foi noticiado, mas não com um destaque grande. A questão é que isso não significa muita coisa, o que interessa ao Brasil é o fim dos subsídios agrícolas. Além de que nossos vizinhos parasitas e membros do Mercosul então acusando o Brasil de negociar unilateralmente.

Isso não é um acordo de livre-comércio, se fosse, seria manchete em todo mundo. Ou então se o Brasil entrasse para a União Européia, o que além de esquisito, repercutiria muito.

Mesmo que o nome seja UE, não duvido que algum dia algum país não europeu faça parte, mas antes do Brasil existem muitos países na fila. Além do que a UE não trata apenas de economia, mas também de livre acesso dentro do bloco, e uma progressiva uniformização da justiça e das políticas, e nestes quesitos o Brasil ainda vai muito mal, o que anda nos salvando é a economia por incrível que pareça.

Este tópico é bom para estar até na área de política.

[Alegra]

Foi noticiado, mas não com um destaque grande. A questão é que isso não significa muita coisa, o que interessa ao Brasil é o fim dos subsídios agrícolas. Além de que nossos vizinhos parasitas e membros do Mercosul então acusando o Brasil de negociar unilateralmente.

Isso não é um acordo de livre-comércio, se fosse, seria manchete em todo mundo. Ou então se o Brasil entrasse para a União Européia, o que além de esquisito, repercutiria muito.

Mas acho sinceramente que pode ser um começo de alguma coisa boa. E aqui se deu muito destaque...

E ninguém perde por ficar mais por dentro das notícias né?! 

[Alegra]

Mesmo que o nome seja UE, não duvido que algum dia algum país não europeu faça parte, mas antes do Brasil existem muitos países na fila. Além do que a UE não trata apenas de economia, mas também de livre acesso dentro do bloco, e uma progressiva uniformização da justiça e das políticas, e nestes quesitos o Brasil ainda vai muito mal, o que anda nos salvando é a economia por incrível que pareça.

Países não europeu entrarem na U.E??? Não acredito nisso. Mas estão arranjando maneira, de como você mesmo disse: uniformizar a justiça e as políticas. E é positivo o Brasil estar incluído nisso e com certo destaque até.

Este tópico é bom para estar até na área de política.

Eu pensei em colocar lá mas fiquei em dúvida...