Não façam História.
Se você gostava de história no colégio, não estrague as boas lembranças.
Na graduação em História se estuda de tudo, menos História, e quanto mais se estuda menos se sabe.
Por conseqüência, se estuda MUITO e não se sabe nada.
O estudo progressivamente tira a pessoa do mundo.
A pessoa de repente se dá conta de que faz 2 anos que não lê o jornal nem conversa com gente de fora.
Passam a existir dois mundos: o de dentro e o de fora.
Se ela passa o sábado como uma pessoa de fora, acorda no dia seguinte sentindo que foi abduzida, sentindo-se meio alegre e meio culpada, e, em resumo, é tudo indescritível.
Ela revive costumes há muito mortos, ela não tem o que falar com as pessoas.
Ela escreve de uma maneira esquisita e inventa/retoma o uso de palavras.
Ela passa a se expressar sempre no condicional e nunca responder à questão; se a mãe pergunta se gostou do almoço, ela responde que muito provavelmente, mas há que notar que na época de Pepino, o breve, diriam que é praticamente herético usar manteiga e azeite de oliva na mesma refeição.
Num dia bom, ela usa quatro advérbios em cada período.
Ela passa a viver em uma realidade paralela e é praticamente um marciano recém-chegado à Terra, tanto do seu ponto de vista quanto do das pessoas de fora.
Ela fica corcunda de tanto livro que carrega na mochila, precisa trocar as lentes de 6 em 6 meses, fica com a bunda chata, pega câncer de tanto fumar e beber café, e só consegue agir como uma pessoa normal depois de muito tóxico.
Se ela faz um esforço para ser sociável e bater papo com estranhos, ela invariavelmente acaba narrando em riqueza de detalhes a origem obscura de alguma coisa irrelevante, i.e., porque a sexta-feira não se chama Dia de Vênus, porque a cartelinha de anticoncepcional só tem três semanas, e, essa é de rigueur, qual a diferença entre o vinho de hoje e o vinho dos Césares.
Ok que a felicidade é um caminho individual, e que isso tudo é até legal, mas sei lá. Não digo NÃO FAÇAM, mas estejam preparados pra total e completa revolução nas suas VIDAS.