Não existe nenhum "Foro de São Paulo" nem há nenhuma coordenação de grupos de esquerda revolucionários na América Latina
Ao digitar minha resposta inadvertidamente deletei um pedaço que o deturpou , o início correto da frase é:
Não existe nenhum caráter revolucionário no "Foro de São Paulo" ...
peço desculpa pelo erro.
Mantenho o restante de meu argumento: a esquerda têm uma dificuldade "congênita" de superar suas divergências internas seja a nível nacional , que dirá a nível internacional. Mesmo grupos com uma base programática similar não conseguem manter uma unidade organizacional a nível internacional , basta ver a história da IV Internacional fundada por Trotsky em 1938 , dividida hoje em pelo menos quatro organizações internacionais que não conseguem se aliar nem conjunturalmente.
O que temos hoje na América Latina é um populismo de esquerda ,cujo representante mais característico é Hugo Chavez , que atende algumas reivindicações históricas das classes populares em seus países dentro de uma política paternalista ( e portanto autoritária) , mas sem realizar um processo real de transformação das estruturas econômicas e sociais. O grau de concessões às demandas populares e o grau de autoritarismo varia na dependência das relações internas de força entre os grupos sociais em cada país , mas as características são comuns aos governos de Lula,Chavez e Morales.
Para estes governos a bandeira do "Panamericanismo" não é uma proposta ideológica da formação de um bloco continental ( como o era para Che Guevara) , mas uma forma de disputar seu espaço geopolítico no continente, com uma clara disputa entre Brasil e Venezuela pela liderança continental, embora edulcorada com juras de serem aliados.
O PT não é mais um partido comprometido com a transformação social ou com o socialismo há muito tempo , se o fosse não teria apoio de figuras notórias como José Sarney , Renan Calheiros , Roberto Jefferson ( até o escândalo) nem entregaria o Banco Central ao Meirelles , alianças estas fundamentais para chegar e manter-se no poder com o apoio das oligarquias tradicionais , do grande capital e do mercado financero. A diferença entre o governo Lula e o de Fernando Henrique se dá na habilidade daquele de articular as medidas populistas para manter o apoio nas camadas populares, no restante não há diferença essencial.
Quanto a FARC e o ELN , estes grupos há muito abandonaram a perspectiva de uma transformação social através da guerrilha , eles se mantem porque para eles a guerrilha se transformou em negócio , havendo uma clara ligação com o narcotráfico ; a guerrilha rural está ultrapassada como forma revolucionária na América Latina desde o início da década de 80 ( a guerrilha urbana nunca foi mais que desvario e burrice) , sendo que a vitória sandinista na Nicarágua se deveu muito mais ao caráter democrático que ao socialista da revolução.