Nem em minhas aulas de Resistência dos Materiais eu vi tanta forçação de barra!
1) O raciocínio é até correto, mas as premissas são falsas: não existe como proposição científica a afirmação de que as partículas virtuais surgem do nada. Justamente por ser impossível distingüir partículas que surgem do nada de partículas que surgem segundo mecanismos desconhecido a ciência não diz nem uma coisa e nem outra.
Como o próprio autor do argumento falou, dizer que tais partículas surgem do nada não passa de uma interpretação, assim como dizer que há mecanismos desconhecidos por trás do fenômeno também é só uma interpretação. Ainda que esses mecanismos não fossem tão desconhecidos assim, por exemplo, caso previsões teóricas nos dessem pistas sobre como falseá-los, tudo bem, essa seria uma opção falseável. Mas como essas previsões não existem, invocar mecanismos desconhecidos não é uma proposição falseável, é um apelo à ignorância. E o princípio da economia (Navalha de Ockham), ainda por cima, favorece a primeira interpretação e não a segunda!
2) Errado. O princípio da economia recomenda que, entre duas proposições igualmente satisfatórias, escolha-se a mais simples. A proposição mais simples não é necessariamente a verdadeira, mas geralmente, quanto menos carregada de detalhes for uma explicação, menos pontos dela serão potencialmente falsos.
Por exemplo, digamos que as chaves de minha casa sumiram. Eu posso pensar "minhas chaves devem ter caído no chão" ou talvez "alguém furtou as chaves do meu bolso". As duas hipóteses são mais ou menos igualmente simples, entretanto a terceira hipótese "um monstro alienígina em um disco voador usou seus poderes telecinéticos para tirar a chave do meu bolso enquanto eu não estava olhando" é bem mais complicada e tem um monte de pontos fracos: pode-se questionar a existência de monstros alienígenas, a existência de poderes telecinéticos e até mesmo se o alcance desses poderes é tão longo para ele poder executá-los a partir de seu disco voador.
A opção por descartar a proposição infalseável não tem nada a ver com o princípio da economia, tem a ver com metodologia científica. Mas como já discutimos acima, a outra alternativa também não é falseável, portanto estamos em uma sinuca de bico. Até que a física evolua mais um nível, definir qual interpretação é a correta não é papel da ciência, é metafísica.
3) O autor quer aplicar as próprias leis físicas que funcionam no nosso universo para explicar sua origem, mas isso não é necessariamente válido. Um pacote diferente de leis físicas poderia tê-lo criado, mas não valer no interior dele. Em outras palavras, as leis da natureza que a física estuda podem ser só "variáveis locais", as leis que criaram o cosmos é que seriam as "variáveis globais", responsáveis pela sua origem. Nesse momento poderiam me acusar de fazer proposições infalseáveis - e estariam certos! Mas a metafísica é toda construída em cima de proposições infalseáveis, não é à tôa que não é ciência... Infelizmente as origens de nosso universo ainda não são sondáveis pela investigação científica.
4) e Conclusão: Aí o argumento dele vai pelos ares pois um estado de máxima atividade cinética é um estado de máxima entropia. Isso não é lugar para processos tão organizados quanto a inteligência.