A continuidade da democracia e da liberdade de expressão nos EUA são realmente de se admirar.
Mas é bom termos em mente que nesses "dois séculos de democracia" houve um longo
período em que as mulheres e os negros não podiam votar. No caso dos negros, os seus direitos
civis só passaram a ser respeitados no país como um todo nas últimas décadas, e à custa de muita
luta.
mas isso é como julgar os atenienses por terem escravos numa época em que escravidão era regra. os valores na época eram outros, tanto que os norte-americanos não ficaram atrás dos europeus no que diz respeito ao sufrágio feminino. quanto aos negros, bem se pode especular que enfrentariam problemas semelhantes na europa se fosse pra lá que tivessem ido (tomo a europa como parâmetro pois não havia outro).
No caso do sufrágio feminino isso é verdade, embora os movimentos pelo sufrágio universal tenham começado
no século XIX mas o direito de voto (nos EUA, Grã-Bretanha e outros) só tenha sido conquistado por volta dos
anos 1920. Já o caso dos negros me parece diferente. O problema racial, nos EUA, com sua mistura de rancor e
ódio, lembra mais os conflitos étnicos nos Balcans, e a segregação institucionalizada persistiu até poucas décadas
atrás (recentemente uma escola americana realizou o seu primeiro "prom" dessegregado).
(e na verdade esse sistema ainda está muito longe do ideal, vide o bipartidarismo
e o domínio do governo por plutocratas).
o bipartidarismo norte-americano só é um problema dependendo da ótica que se encara. muitos autores o tomam por meta, até. eu prefiro o sistema norte-americano à zorra que é o congresso francês ou brasileiro.
Não acho que seja um problema que dependa do ponto-de-vista, quando (a) os dois partidos são tão parecidos que
chega a ser difícil distiguir um do outro e (b) o sistema polĩtico é organizado de tal maneira que o crescimento de
outros partidos e a própria competição entre partidos se torna limitada [1].
[1] ver:
http://en.wikipedia.org/wiki/Gerrymandering