Pequim 2008 será marco para a China e para a história da OlimpíadaInvestimentos são estimados em cerca de 40 bilhões de dólares em obras de infra-estrutura, instalações esportivas e meio-ambientePEQUIM (China) – Os XXIX Jogos Olímpicos de Pequim 2008 certamente irão marcar a história. Não só a da China, mas também a das Olimpíadas. Os investimentos, estimados em cerca de 40 bilhões de dólares em obras de infra-estrutura, instalações esportivas, meio-ambiente, dentre outros, fazem jus à importância da realização do mais tradicional evento esportivo mundial no país mais populoso, que mais tem crescido economicamente nos últimos anos e onde vive a civilização mais antiga do planeta.
Além disso, a China, que desde que voltou a disputar as Olimpíadas vem mantendo-se entre os cinco primeiros colocados no quadro geral de medalhas, tem agora a chance de consolidar-se como potência mundial no cenário esportivo e isto só eleva as expectativas em torno de Beijing 2008.
O inovador Centro Aquático Nacional, ou "Cubo de Gelo"Segundo fontes oficiais, os chineses enviaram alguns atletas para Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1932, de Berlim, em 1936, de Londres, em 1948, e de Helsinque, em 1952, porém jamais haviam conquistado resultados expressivos até voltarem às disputas, após um período de afastamento das competições. Isto porque, entre 1948 e o fim da década de 70, o país vivenciou questões políticas internas que resultaram em sua ausência das oito edições seguintes dos Jogos e de outros eventos oficiais do Comitê Olímpico Internacional.
Após uma resolução do COI em 1979, quando a política do país já havia se estabilizado, a China foi novamente convidada a enviar atletas para as competições, um ano antes dos Jogos de Moscou, em 1980. Entretanto, em protesto a invasão soviética no Afeganistão, os chineses só voltaram a participar dos Jogos Olímpicos de Verão em Los Angeles, em 1984.
Foi então que os chineses conquistaram sua primeira medalha em Olimpíadas de verão, que foi também a primeira medalha de ouro daquela edição dos Jogos. Quem subiu ao pódio representando a China na ocasião foi Xu Haofeng, que competiu no evento de pistola livre masculino. Além desta medalha, os chineses faturaram mais 14 de ouro, oito de prata e nove de bronze.
No quadro geral de medalhas, a China ficou em quarto lugar e manteve esta colocação nas três edições seguintes dos Jogos, em Seul (1988), em Barcelona (1992) e em Atlanta (1996). Nas Olimpíadas de Sydney 2000 a China melhorou sua colocação, terminando em terceiro lugar no quadro geral de medalhas. Em Atenas, na última edição dos Jogos, os chineses surpreenderam e terminaram em segundo lugar, com 63 medalhas no total, atrás dos Estados Unidos, que faturou 103.
Vale destacar que, apesar da diferença no total de medalhas, os americanos ganharam apenas três a mais de ouro. Foram 35 contra 32 dos chineses, o que gerou especulação de que, com a torcida a favor em Pequim, os anfitriões dos Jogos de 2008 podem superar os americanos, que poucas vezes perderam a primeira colocação no quadro geral de medalhas na história dos Jogos Olímpicos.
Especulações a parte, o que se vê em Pequim no que se trata da preparação para os Jogos Olímpicos, é um grande senso de patriotismo e colaboração em relação à viabilização de Beijing 2008. Os chineses compareceram em massa aos eventos-teste realizados nas instalações esportivas e acreditam em resultados que vão além da esfera esportiva.
“Não sei se temos condições de superar os Estados Unidos no quadro geral de medalhas, mas acredito que o esporte consolida a vitória de muitos povos enquanto nação e com a China não poderia ser diferente. É uma grande vitória para o país poder sediar uma edição dos Jogos Olímpicos. Isto mostra que a China quer ser um modelo para outros países e que independentemente de problemas vivenciados no passado, conseguiu se impor como nação”, diz o chinês-brasileiro Zhang Xuyuan, 30 anos, consultor em estratégia de uma empresa petrolífera estatal.
Para a americana Sarah Jennings, 26 anos, que mora em Pequim há um ano e presta serviços para uma empresa ligada aos Jogos Olímpicos, são nítidos os avanços estruturais e culturais proporcionados pelos investimentos nos Jogos.
“Hoje existem mais shopping centers e restaurantes de comida ocidental do que quando eu cheguei. Existe uma oferta maior de comida saudável e o incentivo do governo para que as pessoas fumem menos parece estar funcionando. Antes todos fumavam em qualquer lugar e jogavam as guimbas no chão. Isso melhorou bastante”, destaca.
A chinesa Li Hua, 28 anos, que trabalha para uma multinacional em Pequim, acredita tratar-se da realização de um sonho para muitos de seus conterrâneos e diz que os Jogos vão deixar um legado cultural importante para a China.
“Lembro-me bem o dia em que o anúncio de que Pequim seria a cidade a sediar os Jogos deste ano foi feito. Eu estava na Faculdade de Ciências Sociais e os alunos se reuniram para assistir ao anúncio pela televisão. Demos as mãos e esperamos a confirmação. Depois nos abraçamos e comemoramos. Acredito que será bom para a China pois o governo investiu bastante em transportes e passou a prestar mais atenção ao meio-ambiente. Além disso, a população de modo geral passou a se preocupar mais em interagir com estrangeiros e aprender a falar inglês”, ressalta.
Diante da importância que o país, de cultura milenar e diferenças gritantes em relação ao ocidente, vem ganhando no cenário mundial, este intercâmbio torna-se tão interessante quanto necessário.
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