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Infâmia. É a palavra justa para qualificar a deportação dos boxeadores cubanos Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara. Em plena democracia, o Brasil parece reviver a famigerada Operação Condor, quando os regimes militares trocavam informações, presos políticos, patrocinavam seqüestros e assassinatos de opositores e até know how de tortura. Hoje, a polícia e o Estado brasileiros estão a serviço da polícia política de uma ditadura quase cinqüentenária, Cuba, um desses "paraísos socialistas", tão maravilhosos que é proibido deixá-los, mesmo não os amando.Guillermo e Erislandy haviam decidido abandonar o seu país. Na Alemanha os esperava um contrato milionário. Foram presos e deportados em 48 horas. Fidel Castro já os condenou ao ostracismo, transformando-os em "traidores" e afirmando que não voltarão a competir em provas internacionais, sentença de morte profissional para esportistas como eles.Qual é o crime que cometeram para ir parar numa "casa de visita"? Por que não podem ter o direito de viver onde quiserem e aproveitar a oportunidade de melhorar a sua condição econômica? A história que o ministro da "Justiça", Tarso Genro, conta é tão verdadeira quanto uma nota de três reais. Fantasias parecidas eram criadas pelos esbirros da ditadura para justificar barbaridades contra opositores, alguns dos quais estão hoje no governo.Ao serem descobertos, em alegre convescote, os cubanos não pensavam em retornar a seu país, mas logo mudaram de idéia. A causa mais provável é uma prática velha das ditaduras: chantagem e ameaça às famílias.Agora mesmo um megatraficante colombiano está preso e será julgado pela Justiça para que se decida se será ou não extraditado para os EUA. No caso dos cubanos não houve julgamento, tudo foi feito às escondidas, com a pressa dos criminosos, na calada da noite, atitude covarde e servil que envergonha e desqualifica a democracia brasileira.Rigondeaux e Lara foram aliciados por empresários que viram neles um bom investimento. Isso ocorre nos países pobres, inclusive no Brasil. Vejam o jovem (menor de idade) e talentoso jogador Alexandre Pato, que acaba de ter o passe comprado pelo italiano Internazionale, por uma verdadeira fortuna. Alguém teria o direito de prendê-lo e impedi-lo de seguir a sua vida? A maioria dos craques de futebol deixa o Brasil. É crime? Deveriam ser trazidos de volta, estigmatizados e impedidos de competir?Se não houve crime, por que a deportação? Isso foi o que a ditadura de Vargas fez com Olga Benário, um dos atos mais infames da História brasileira, hoje repetido como farsa pela administração do Molusco. Os boxeadores não serão assassinados num campo de concentração, mas que vida podem esperar em Cuba? Quanto ao "arrependimento", a questão deveria ter sido submetida a escrutínio de autoridades idôneas (e não a Tarso Genro, que não crê sequer em direitos adquiridos), antes que qualquer decisão fosse tomada.Deixar um país não é crime, seja para fugir de uma ditadura, seja para (como parecia ser o caso) escapar da pobreza, sonhar com uma vida melhor e até enriquecer. Centenas de milhares, talvez milhões, cruzam fronteiras todos os anos em busca de uma vida melhor nos países ricos. São criminosos?É preciso que a Igreja, a OAB, a ABI, grupos de direitos humanos que sempre se manifestaram contra o arbítrio protestem, exijam explicações convincentes da administração brasileira e denunciem a ditadura cubana pela morte profissional desses desportistas, vítimas de um regime que reprime direitos inalienáveis, e exigir que todos tenham o direito de decidir livremente sobre o seu futuro.
Vejam o jovem (menor de idade) e talentoso jogador Alexandre Pato, que acaba de ter o passe comprado pelo italiano Internazionale, por uma verdadeira fortuna.