Bem escrito, mas com um erro conceitual, na minha opinião.
Qual o propósito do texto? O que ele busca alcançar?
Uma vez levantei uma questão parecida em um fórum religioso; pedi aos participantes que esquecessem a retórica e os exemplos milenares, e pensassem - se Deus HOJE o mandasse entrar em uma casa e massacrar uma família de ateus - com direito a criancinhas e tudo - por serem hereges, vocês o fariam?
Superada a previsível etapa de "mas Deus nunca faria isso", a resposta unânime foi "sim", pois a ordem de Deus é
sempre a coisa certa, não importa qual seja. Há aqui a essência da questão; aos olhos da maioria dos crentes, o comando divino está um patamar acima da ética, e, portanto, ao ferir nossa percepção do certo, nada mais faz que provar que nossa percepção estaria errada. O mandamento, assim, não viola a ética, mas a contém, alterando-a de acordo com o mesmo.
Assim, o religioso, desde que sob ordem divina, pode cometer qualquer ato execrável e ainda assim sentir-se virtuoso. O ato, se me permitem o orwelismo, é um verdadeiro "duplipensar", e redunda no supremo apelo à autoridade, aonde estar certo ou errado deriva da fonte da ordem, e não de seu conteúdo.
A diferença entre a minha proposição e o texto acima é que eu não visava "mostrar esse fato", pois de obviedade patente para os céticos, e sem nenhum sentido aos adptos (pois para eles não estão incorrendo em falta de ética, o que naufraga o fundamento textual); meu propósito, ao contrário, era expor a flutuabilidade e o casuísmo da ética para pessoas que a diziam ser petrificada.
Assim, o texto aqui me parece correto e inabalável em sua apresentação, mas estéril de propósito. Não vejo, realmente, o que se busca alcançar com ele.
T+
![Smile :)](../forum/Smileys/default/icon_smile.gif)
.