Paciente morre à espera de cirurgia; greve acaba na PB CÍNTIA ACAYABA
da Agência Folha
Em meio à crise na saúde que atinge a Paraíba, uma paciente morreu, na madrugada de ontem, enquanto aguardava por uma cirurgia no coração. No mesmo dia, os cirurgiões cardiologistas de João Pessoa terminaram com a greve iniciada no último dia 16.
Clígia Fernandes Vilar, 32, precisava de uma cirurgia para trocar uma válvula do coração. De acordo com a Secretaria da Saúde do município, a paralisação impediu que a paciente fosse transferida e se submetesse à cirurgia. Já a Coopecir (Cooperativa de Cirurgiões da Paraíba), que representou os cirurgiões cardiologistas durante as negociações sobre a paralisação, nega essa versão.
No último domingo, a cardiopata Elisângela de Sousa, 28, não conseguiu marcar uma cirurgia cardíaca e morreu.
Clígia precisava de uma cirurgia havia ao menos três meses, quando realizou exames no Hospital Santa Paula, na capital do Estado, credenciado pelo SUS. Na ocasião, o médico teria informado que o caso não era tão grave e que ela poderia aguardar para fazer a cirurgia. Assim, a paciente entrou para a lista de espera, de 226 pacientes, do hospital.
Na semana passada, Clígia passou mal e foi internada no Hospital Regional de Patos (305 km de João Pessoa).
Segundo a Secretaria da Saúde da capital, Clígia esperava para ser transferida para o Hospital Santa Paula, mas não pôde por causa da paralisação.
A Coopecir, no entanto, disse que a paciente seria encaminhada para o Hospital João 23, em Campina Grande (130 km de João Pessoa), que não estava em greve, o que foi confirmado pelo irmão de Clígia.
A promotora Ana Raquel Lira, curadora da Saúde do Ministério Público Estadual, vai pedir para incluir o caso de Clígia no requerimento de instauração de inquérito que vai apurar a responsabilidade criminal na morte de Elisângela.
Fim da greve Os médicos haviam paralisado o atendimento das cirurgias agendadas para pedir reajuste na tabela do SUS. Ontem, ficou definido que o atendimento será normalizado na segunda, já que no fim de semana ocorrem só cirurgias de emergência.
Na reunião que houve com a Secretaria da Saúde de João Pessoa, um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) foi assinado. As partes têm 60 dias para chegar a um acordo sobre o reajuste salarial.
A secretaria manteve a proposta de reajuste de 100% em três procedimentos cirúrgicos, mas o representante da Coopecir, Marcus Maia, pede um complemento de R$ 430 por profissional a cada cirurgia. Hoje, os médicos recebem em média R$ 76 por cirurgia. Os ministérios públicos Federal, Estadual e do Trabalho serão os mediadores das negociações.
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, classificou ontem o salário dos médicos no Nordeste como "aviltantes". Ele afirmou, no entanto, que os médicos poderão ser punidos.
"Se houve omissão de socorro, se o comando de greve não cumpriu o que se estabelece, que é manter o atendimento de urgência e emergência, cabe ao Conselho Federal de Medicina e às autoridades apurarem." Ele pediu o descontigenciamento de R$ 2 bilhões da pasta para o Ministério da Fazenda. Parte da verba seria repassada aos estados do Nordeste.
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Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u323011.shtmlE depois o SUS beira a perfeição

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