Flagrante inéditoAgência FAPESP – Cientistas do Brasil e dos Estados Unidos estudaram o fóssil de uma orquídea ancestral caprichosamente preservada há mais de 15 milhões de anos em âmbar e conectada à parte traseira de uma abelha. A pesquisa, publicada na edição desta quinta-feira (30/8) da revista
Nature, pode ajudar a desvendar a ainda obscura história evolucionária das orquídeas.
De acordo com Rodrigo Bustos Singer, professor do Departamento de Botânica do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o fóssil, encontrado na República Dominicana, não tem precedentes.
“É o primeiro fóssil inequívoco de uma orquídea descoberto até o momento. Além disso, pela primeira vez foi possível fazer uma observação direta, em um fóssil, da interação entre planta e polinizador”, disse Singer à Agência FAPESP.
O fóssil foi datado como pertencente ao Período Mioceno, entre 15 e 20 milhões de anos atrás. Ele consiste em um polinário – a bolsa de pólen da planta – da orquídea
Meliorchis caribea aderido ao dorso de uma abelha extinta, da espécie
Proplebeia dominicana – pertencente a uma subfamília existente atualmente.
Segundo Singer, há uma forte tendência científica em afirmar que orquídeas têm origem antiga, no Período Cretáceo, entre 76 e 84 milhões de anos atrás. Mas, antes do novo estudo, não havia provas concretas dessa hipótese.
“O fóssil é bem mais recente que o Cretáceo, mas seu estudo permite inferir a origem do ancestral mais recente das orquídeas nesse período”, disse Singer, que participou da pesquisa analisando os atributos da orquídea fóssil e elaborando a matriz de dados que permitiu comprovar que a planta pertencia à subtribo
Goodyerinae, uma subfamília das
Orchidoideae.
Fazendo correlações com as orquídeas atuais, os autores da pesquisa puderam deduzir indiretamente diversas características da planta ancestral, como tamanho e formato. “É interessante porque, apesar de a orquídea ser uma das famílias de plantas mais diversas da Terra, há uma lacuna em vários aspectos de sua história evolucionária”, destacou Singer.
O artigo
Dating the origin of the Orchidaceae from a fossil orchid with its pollinator, de Santiago Ramirez, Rodrigo Singer e outros, pode ser lido por assinantes da
Nature em
www.nature.com.
http://www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?data[id_materia_boletim]=7676
http://www.nature.com/nature/journal/v448/n7157/abs/nature06039.html