Colisão terminalAgência FAPESP – Um choque entre dois asteróides há 160 milhões de anos pode ter levado à extinção dos dinossauros na Terra. A conclusão é de um estudo feito por cientistas dos Estados Unidos e da República Tcheca, publicado na edição desta quinta-feira (6/9) da revista
Nature.
Segundo os pesquisadores, o responsável pelo impacto ocorrido há cerca de 65 milhões de anos, que pode ter provocado a extinção em massa no fim do período Cretáceo, teria se originado da colisão de um asteróide de 60 quilômetros de diâmetro com outro de 170 quilômetros.
O choque, além da órbita de Marte, teria produzido uma chuva de fragmentos que formaram o que se conhece hoje como família de asteróides Baptistina, um aglomerado de corpos com órbitas semelhantes. Inicialmente, a família incluiria cerca de 300 corpos com mais de 10 quilômetros de diâmetro e de outros 140 mil com mais de 1 quilômetro.
De acordo com o estudo, o evento, durante um período, dobrou o número de impactos na Terra, na Lua e em outros planetas, como Marte. Logo após o choque, os fragmentos formados começaram a se deslocar pelo espaço, movidos pelas forças termais produzidas ao absorver a luz solar e irradiar calor.
Com o tempo, a lenta migração fez com que cerca de 20% dos fragmentos maiores atingissem uma “supervia dinâmica”, na qual suas órbitas foram modificadas o suficiente para escapar do cinturão de asteróides. Eventualmente, os fragmentos chegaram a órbitas que cruzavam a da Terra. De acordo com os pesquisadores, cerca de 2% desses fragmentos atingiram a superfície terrestre, e um menor número, a Lua.
A pesquisa foi feita por William Bottke, do Instituto de Pesquisa Southwest, nos Estados Unidos, David Nesvorny, do Instituto de Astronomia da Universidade Charles, na República Tcheca, e por David Vokrouhlicky, ligado às duas instituições.
O trabalho sugere que o impacto de um dos maiores fragmentos, derivado da família Baptistina, pode ter formado a cratera Tycho, na Lua, com 85 quilômetros de diâmetro. Outro, ainda maior, teria se chocado na costa de Yucatán, no México, há 65 milhões de anos, formando a cratera Chicxulub, com 180 quilômetros de diâmetro, em evento ligado à extinção em massa que provocou o fim dos dinossauros.
“A chuva de asteróides é a fonte mais provável (com mais de 90% de probabilidade) da causa do impacto em Chicxulub que produziu o evento de extinção em massa no Cretáceo/Terciário”, afirmam os autores. Muitos outros fragmentos menores, derivados do choque entre os asteróides há 160 milhões de anos, caíram na Terra, mas longe de provocar os mesmos danos.
O artigo
An asteroid breakup 160 Myr ago as the probable source of the K/T impactor, de William Bottke e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em
www.nature.com.
http://www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?data[id_materia_boletim]=7711
http://www.nature.com/nature/journal/v449/n7158/abs/nature06070.html