Autor Tópico: Goethe - 175 anos de sua morte  (Lida 2776 vezes)

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Goethe - 175 anos de sua morte
« Online: 10 de Setembro de 2007, 20:13:31 »
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1832: Falece Goethe, poeta e descobridor da globalização


Goethe levava extremamente a sério suas numerosas funções

Faleceu a 22 de março de 1832 Johann Wolfgang von Goethe, o genial autor de "Werther" e "Fausto" e também homem de Estado e cientista. A qualidade de suas obras é tão inegável quanto sua atualidade.

Em 22 de março de 1832, falecia Johann Wolfgang von Goethe, com a famosa frase nos lábios: "Mais luz!". Mesmo os seus críticos tinham que reconhecer: com o multitalento de Weimar desaparecia o mais importante poeta alemão.

"Os peritos em arte eram unânimes: desde 1800 Goethe era o indiscutível número um da cultura alemã", comenta Jochen Golz, presidente da Sociedade Goethe, de Weimar.

Arte que imita a vida que imita a arte

Nascido de família abastada em 22 de agosto de 1749, em Frankfurt do Meno, o jurista formado – porém pouco aplicado à matéria – deu sua grande arrancada na carreira literária em 1774, com o romance Os sofrimentos do jovem Werther. O sucesso deste ícone do movimento Sturm und Drang (Tempestade e Ímpeto) em breve atravessava as fronteiras alemãs.

A infeliz história de amor é baseada nas experiências de um amigo do escritor. Seu efeito é tão profundo na época, que os jovens imitam o protagonista, desde a indumentária – fraque azul e colete amarelo – até à opção pelo suicídio.

O poeta de 25 anos se assusta com o efeito do best-seller: "Ele se sentiu profundamente incompreendido", explica Golz. Entretanto, para os literatos, "o Werther" continua sendo a via de acesso mais imediata à obra goethiana, após mais de 250 anos.

Alto funcionário e cientista

Em 1775, o poeta se muda de Frankfurt para a corte do jovem príncipe Carlos Augusto. Este é o soberano do grão-ducado de Saxe-Weimar-Eisenach, um mísero estado-anão, com menos de 100 mil habitantes.

A ascensão de Weimar, no decorrer dos séculos seguintes, à categoria de cintilante metrópole cultural foi, sobretudo, mérito de Goethe, que a partir de então passa a praticar a poesia como segunda profissão.

Johann Wolfgang leva extremamente a sério suas numerosas funções, entre as quais a de secretário de Finanças. Além disso, dedica-se às ciências naturais. Suas pesquisas de anatomia comparada lhe permitem identificar a existência do osso intermaxilar em seres humanos.

Até então este osso, onde estão incrustados os dentes incisivos superiores, só fora observado em esqueletos de animais. A descoberta representa para Goethe uma prova do parentesco entre o ser humano e outras espécies animais. Na física, ele se ocupa de experimentos com luz e cores.

Para cada época, o seu Goethe
 
Somente o encontro com Friedrich Schiller – que a partir de 1794 se transformará em amizade – traz de volta o entusiasmo pela atividade literária. É atendendo ao apelo do colega que Goethe retoma o trabalho na peça teatral Fausto, a qual, contudo, ele só concluirá em 1831, 60 anos após os primeiros esboços.


Assinatura de Goethe: obras são Patrimônio Cultural da Humanidade

Segundo o estudioso Jochen Golz, é desnecessário se indagar sobre a atualidade deste drama, possivelmente o maior da língua alemã. "Do ponto de vista teatral, o Fausto é simplesmente insuperável, e quanto ao conteúdo, uma peça para o aqui e agora." Goethe toca todos os conflitos básicos do ser humano, "e além disso traz o assunto para o palco numa linguagem grandiosa".

Contudo, muitos diretores têm dificuldades com a obra. "É claro que o teatro é sempre para o presente, e é claro que as peças de Goethe podem ser encurtadas", admite Golz. Contudo é desnecessário transferi-lo à força para o presente, faz muito mais sentido contemplar os clássicos sob novas perspectivas. "E isso vale a pena. O passado demonstrou que cada época cria sua própria imagem de Goethe."

Profeta da globalização?

Certos cientistas até vêem em Goethe o descobridor da globalização, pois previu diversos desdobramentos futuros. "Goethe identificou a impaciência humana como a grande força impulsionadora da modernidade", esclarece Golz. "Por exemplo, ele descreveu o desejo de querer tudo imediatamente, sem refletir sobre as conseqüências."

Embora haja falecido antes da industrialização, Goethe já advertia para a destruição do meio ambiente. Golz ressalva ser errado querer ver, no poeta, um profeta. "No entanto, acredito que ainda se pode aprender muito com ele. Sobretudo, que homem e natureza formam uma unidade."

O especialista goethiano não vê uma desvantagem no fato de ser praticamente impossível abarcar o volume da literatura sobre o poeta. "O mercado livreiro possibilita hoje em dia o acesso ideal a Goethe. Na verdade, existe a abordagem adequada para cada um." (av)

http://www.deutsche-welle.de/dw/article/0,2144,2397733,00.html

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1786: Goethe chega a Roma


'Goethe na Campagna', de Johann Heinrich Wilhelm Tischbein (1787)
 
No dia 29 de outubro de 1786, Johann Wolfgang von Goethe chegou a Roma, a cidade dos sonhos da sua infância. Com 37 anos de idade, passou 20 meses na capital romana, buscando inspiração através da pintura.

"De madrugada, às três horas, saí furtivamente de Karlsbad, pois do contrário não me teriam deixado ir. O grupo festejou o de 28 de agosto, meu aniversário, de forma tão amigável, que conquistou com isso um direito de me prender; mas não tinha tempo a perder. Subi sozinho numa diligência postal, levando somente capote e bornal, e cheguei às sete e meia em Zwota. […]"

Um homem rompeu com a sua rotina: Johann Wolfgang von Goethe, 37 anos, conselheiro de Estado e ministro do duque de Saxônia-Weimar – estadista, naturalista e o maior poeta que a Alemanha teria em todos os tempos. O trabalho como estadista bloqueava a sua criatividade. Goethe necessitava de liberdade. Em setembro de 1786, ele desapareceu sem fazer qualquer comunicação prévia, durante uma estação de águas em Karlsbad. No dia 29 de outubro de 1786, Goethe chegou ao seu destino secreto, a cidade dos sonhos da sua infância: Roma.

Nome falso

Por temor de ser retido, Goethe viajara sob nome falso. "Johann Philipp Möller, pintor artístico da Alemanha" foi como ele se registrou na sua pensão romana, na Via del Corso. Nos 20 meses seguintes, ele se tornou companheiro de um outro morador da pensão, o pintor Johann Wilhelm Tischbein. Os dois já mantinham correspondência durante muitos anos, mas só então é que se encontraram pela primeira vez.

 Mais tarde, Tischbein pintaria um famoso retrato do seu companheiro de pensão: com um grande chapéu, um manto de seda branca, desenhando a paisagem italiana. O desenho era a principal ocupação de Goethe em Roma: "Que eu desenhe e estude a arte, ajuda a capacidade de escrever, em vez de impedi-la; pois só é preciso escrever pouco, mas desenhar muito. […] A razão e a perseverança dos grandes mestres é incrível. Se me senti como recém-nascido na minha chegada à Itália, agora estou começando a sentir-me como recém-educado. […]"

Goethe herdara do pai o entusiasmo por Roma. Os souvenirs e as narrações entusiásticas do pai sobre uma viagem pela Itália acompanharam Goethe durante toda a sua infância. Ao chegar, finalmente, à Cidade Eterna, o que mais lhe interessou foram os vestígios da Antigüidade clássica, que ele louvaria depois nas suas Elegias Romanas.

Em Roma, a criatividade de Goethe retornou. Ele publicaria posteriormente o diário da sua estada na Itália, sob o título Viagem Italiana. Através das suas experiências, ele enriqueceu a literatura com uma nova época. O drama Ifigênia na Táurida, concluído em Roma, marcou o começo da era dos clássicos.

Mas acabou chegando a hora para o retorno de Goethe ao cinzento norte da Alemanha. Ele deixou Roma no dia 24 de abril de 1788 e jamais retornaria à Cidade Eterna. Na sua Viagem Italiana, Goethe anotou a despedida com palavras inspiradas em Ovídio, o poeta da Antigüidade: "Cada noite passeia-me diante da alma a imagem triste, a última para mim na cidade romana; relembrando a noite de onde me ficaram coisas tão caras, escorre-me dos olhos ainda agora uma lágrima. […]"

De volta a Weimar, Goethe casou-se com Christiane Vulpius. Seu filho August morreu jovem e foi enterrado em Roma, por determinação do pai: a última homenagem de Johann Wolfgang von Goethe à cidade dos seus sonhos.

http://www.deutsche-welle.de/dw/article/0,2144,314114,00.html

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O amor proibido de Goethe


Goethe e Schiller: um dos dois tem um segredo para contar

Goethe não amava a dama da corte Carlota von Stein, mas a própria duquesa Anna Amalia. Carlota não seria mais que mensageira. Se for verdadeira, a tese do italiano Ettore Ghibellino permitiria reinterpretar toda a obra de Goethe.

A imagem do jovem Goethe, inspirado pela figura trovadoresca e puritana de Carlota von Stein, não apenas marcou gerações de germanistas, mas foi um dos mitos centrais do movimento Sturm und Drang (Tempestade e Ímpeto).  Mas o que aconteceria, se ela não fosse verdadeira? Se a relação de Goethe com Carlota von Stein fosse apenas fachada para disfarçar o verdadeiro amor do poeta por ninguém menos que a duquesa Anna Amalia, mãe do príncipe Carlos Augusto de Saxe-Weimar-Eisenach?

Esta é a tese que o italiano Ettore Ghibellino tenta provar em seu livro J.W. Goethe e Anna Amalia. Um amor proibido, cuja segunda edição, ampliada e revista, está sendo lançada na Feira do Livro de Frankfurt. Foi a duquesa quem levou o jovem Goethe a Weimar, onde ele viveu e produziu entre os anos de 1776 e 1786. Na época, ela contava 36 anos; ele, 26.

Mas a relação entre Goethe e Anna Amalia esbarrava em muito mais que do que na mera diferença de idade. O que estava em jogo eram as duras regras monárquicas vigentes. Como poderia ser que Goethe, poeta burguês elevado à baixa nobreza, poderia se envolver não apenas com uma dama nobre, mas com a própria viúva, mãe do príncipe governante?

Amor era segredo de Estado


A casa de Goethe em Weimar

A tese de Ghibellino é que Goethe – que durante sua estada em Weimar teria se expressado predominantemente em fragmentos carregados de insinuações – contou com a ajuda de Carlota von Stein, leal dama da corte de Anna Amalia, para esconder sua relação com a duquesa. Essa manobra deveria, segundo Ghibellino, permanecer um segredo de Estado, para cuja finalidade até a destruição de documentos se justificaria. Para Ghibellino, o ducado Saxe-Weimar-Eisenach teria omitido provas até sua queda em 1919.

Mas algumas pessoas teriam notado a secreta comunicação amorosa mantida pelo casal: Goethe enviava bilhetes amorosos a Carlota, que os repassava à duquesa. Entre essas pessoas estariam as condessas de Görtz e Egloffstein, que teriam enriquecido suas correspondências e memórias com comentários peremptórios. Ou o poeta Jakob Lenz, expulso da cidade, não se sabe até hoje por quê.

Tese cientificamente aceita

Aos poucos, a tese de Ghibellino vem ganhando adeptos. A história está sendo adaptado aos palcos e ganhará uma versão para cinema. Para o professor de germanística Otto Fuhlrott, de Magdeburg, Ghibellino possui "uma argumentação variada e convincente". Caso tenha razão, o fato alteraria não só a biografia do escritor, mas provocaria, nas palavras do professor de literatura Sverre Dahl, "uma verdadeira revolução", que abriria espaço para uma reinterpretação de toda a obra literária de Goethe.


'Goethe in der Campagna', pintura de Johann Heinrich Wilhelm Tischbein, de 1787, surgida da amizade entre o pintor e o poeta durante sua estádia na Itália

"Eu não acredito mais na história de Carlota", disse o professor de Germanística Jörg Drews, de Bielefeld, ao jornal suíço Schweizer Tages-Anzeiger. Drews conta que começou a aceitar a tese de Ghibellino ao questionar-se por que Goethe, caso estivesse realmente apaixonada por Carlota von Stein, optaria por partir subitamente para a Itália sob o argumento de que queria trocar a neblina nórdica e a atividade burocrática pela sensibilidade e liberdade poética mediterrâneas.

Professor questiona provas

O medo da descoberta de sua relação com a duquesa poderia ser um motivo, mas não o é obrigatoriamente, salienta Drews. E por que é que Goethe, já em 1788, teria iniciado uma relação com Christiane Vulpius, com quem se casaria mais tarde, se era mesmo a duquesa quem ele amava?

Drews questiona mais. Se é verdade que há provas – ou, ao menos, vestígios de provas – do amor proibido entre Goethe e Anna Amalia, por que não consultar o príncipe Michael, chefe da casa Saxe-Weimar-Eisenach, que hoje certamente não teria mais receio em admitir o fato?


Interior da Biblioteca Anna Amalia, em Weimar, onde um incêndio destruiu milhares de edições históricas da literatura alemã

"Muito do que Ghibellino apresenta pode ser lido como prova do amor entre Goethe e Anna Amalia, mas não o é necessariamente", argumenta Drews. "Só se pode esperar que Ettore Ghibellino reconsidere sua tese sob a luz da razão e se pergunte o que é realmente uma prova, o que pode ser uma prova, o que é só uma vaga referência ou uma mera possibilidade para sua hipótese. Aí estaremos ansiosos pela  terceira edição de seu livro".

Ettore Ghibellino: "J.W. Goethe und Anna Amalia. Eine verbotene Liebe", 2ª edição, Weimar 2004, ISBN 3–936177–04–X, 400 páginas, 19,90 euros

http://www.deutsche-welle.de/dw/article/0,2144,1350843,00.html

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Leipzig e Weimar - As cidades de Goethe hoje
« Resposta #1 Online: 10 de Setembro de 2007, 20:33:28 »
Achei que seria interessante colocar todo o resto da reportagem que fala sobre a atualidade das cidades onde Goethe viveu. Na verdade está mais para uma propaganda turística, mas acho que vale a pena.

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Leipzig: a pequena Paris de Goethe


Edificação renascentista Alte Waage, construída em 1555

"... é uma pequena Paris e instrui sua gente", dizia Goethe a respeito da cidade onde estudou. Leipzig continua mantendo sua fama e atraindo visitantes de todos os cantos do mundo.

"Leipzig vem aí!" É esse o lema que sublinha, desde meados da década de 90, o pulo dado pela mais tradicional cidade da Saxônia em direção ao futuro. O propósito é fazer com que Leipzig retome a importância que teve no passado. Para isso, autoridades e população arregaçam as mangas, depositando grandes esperanças na mistura entre história e modernidade que a cidade representa.

Tudo pode ser visto a pé

As estratégias são visíveis a olho nu: quem chega de trem a Leipzig tem a impressão de estar em uma das estações ferroviárias mais belas e modernas da Europa. Dali, são apenas alguns passos rumo ao centro histórico, quase todo restaurado, com suas duas prefeituras. A antiga e a "nova", que mesmo assim já contabiliza cem anos.

Na avenida que circunda a cidade, há lojas e departamentos públicos, universidade e instituições culturais. Tudo com fácil acesso a pé. Leipzig, com meio milhão de habitantes, proporciona dessa forma as vantagens de uma grande cidade, sem no entanto trazer os incômodos que essas geralmente causam.

Feiras e livros
 

Centro de Feiras de Leipzig

A universidade local foi fundada há quase 600 anos, sendo uma das mais antigas da Alemanha. Com 24 mil estudantes e um leque variadíssimo de cursos, ela passa hoje por seus melhores dias. Economia e Administração de Empresas são alguns dos cursos de graduação que entraram rapidamente para o cânon universitário local. Afinal, Leipzig é, entre outras coisas, a cidade das feiras.

Estas acontecem há mais de 800 anos e atraem visitantes de toda a Europa. As modernas instalações arquitetônicas do complexo Feira Nova (Neue Messe) oferecem uma infra-estrutura excelente para expositores e visitantes. Além dos diversos eventos industriais, a Feira do Livro de Leipzig goza de renome internacional.

Também aqui procura-se estabelecer uma ligação com a tradição que paira sobre a cidade: tanto a imprensa quanto a literatura têm um pé fincado no cenário local. Em Leipzig estão instaladas algumas das mais importantes editoras alemãs e aqui foi editado, há 350 anos atrás, o primeiro jornal diário de todo o mundo.

Coragem de enfrentar o poder
 

Manifestantes nas ruas de Leipzig

Os habitantes da Saxônia são considerados comunicativos, tranqüilos, mas também ousados. Um exemplo da história recente: na Igreja de São Nicolau, situada no centro da cidade, começaram no segundo semestre de 1989 os chamados "protestos de segunda-feira", manifestações pacíficas contra o regime da ex-Alemanha Oriental.

Sem a ousadia dos habitantes da cidade de ir às ruas, é provável que o Muro de Berlim viesse a ruir apenas bem mais tarde. Outro aspecto peculiar à cidade é a ironia das pessoas, principalmente em relação ao poder: em Leipzig foram levadas ao palco, mesmo durante o regime comunista, incontáveis peças satíricas.

Lutero e Bach

Os que vivem em Leipzig demonstram um orgulho especial em relação à Igreja de São Tomás, de confissão luterana, onde há mais de 780 anos está sediado um dos mais antigos e mais conhecidos coros juvenis do mundo: os "Thomaner" (Tomasianos). E foi exatamente nesta igreja, no ano de 1539, que Martinho Lutero introduziu a Reforma protestante.

Pelo menos tão famosa quanto pelas mudanças provocadas por Lutero, a igreja se tornou conhecida, cem anos mais tarde, através da obra de Johann Sebastian Bach. O compositor atuou entre 1723 até sua morte em 1750 no coro da igreja, além de ter dado aulas na escola de música ligada à paróquia local.

http://www.deutsche-welle.de/dw/article/0,2144,1297513,00.html


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Weimar, uma cidade sob o signo de Goethe


Goethe e Schiller em Weimar
 
O Príncipe dos Poetas marca o perfil de Weimar. A cada ano, mais de um milhão de pessoas visitam a casa onde viveu. Mas a cidade é também Bach, Schiller, Liszt, Bauhaus, a Feira da Cebola. E um campo de extermínio.

Weimar, no Estado da Turíngia, Leste alemão, deve a maior parte de sua fama a dois extremos do desempenho humano: o poeta Johann Wolfgang von Goethe e o campo de concentração de Buchenwald.

A cidade onde Johann Sebastian Bach compôs e tocou órgão entre 1708 e 1717, possuía no início do século 19 apenas seis mil habitantes. Entretanto, ostentava um brilho intelectual digno da Grécia antiga. Ao lado do "Príncipe dos Poetas", Goethe, seu colega Friedrich Schiller redefinia os destinos da literatura, e Carl Maria von Weber (O franco-atirador) desenvolvia a nova ópera alemã.

Atualmente contando 62 mil habitantes, ela atrai cerca de quatro milhões de turistas a cada ano. Segundo estatísticas da Secretaria de Turismo, um terço faz questão de visitar a Casa de Goethe. De seu acervo consta, ao lado de alguns escritos do poeta, sua coleção de mineralogia e objetos do século 18, a escrivaninha onde ele trabalhava – de pé!

Clássicos e uma mecenas

Goethe, que nasceu em Frankfurt, era fã incondicional de Weimar: "Onde mais se pode achar tantas coisas boas num só local?" A cidade que é o berço do Classicismo alemão conta com um total de 14 prédios tombados pela Unesco, e sua honra mais recente é ver o Fausto II incluído entre os 100 Documentos Históricos da Humanidade. Em 1999 foi Capital Cultural da Europa. O sepulcro dos dois grandes poetas também faz parte do roteiro turístico.


Casa Hohe Pappeln, uma jóia da Bauhaus - arquiteto: Van de Velde

Outros nomes ligados à pequena cidade foram o húngaro Franz Liszt (1811-1886), diretor musical da corte, o filósofo Friedrich Nietzsche (1844-1900) e o arquiteto Walter Gropius (1883-1969), co-fundador da Bauhaus. Sua instituição cultural mais importante é a Fundação dos Clássicos de Weimar, que mantém, além do Museu Nacional Goethe, os arquivos de Goethe, Schiller e Nietzsche, a Casa de Lizst e a Bauhaus.

Um dos principais projetos da instituição é a extensão da Biblioteca da Duquesa Anna Amalia. Esta era uma espécie de caçadora de talentos do século 18, recrutando figuras de peso cultural para adornar a fulgurante corte estabelecida por seus antepassados saxões. Schiller e Goethe estiveram entre suas "descobertas". Este último dirigiu a biblioteca durante 35 anos. Atualmente ela possui quase 100 mil publicações, 2000 manuscritos medievais, 8400 mapas históricos e 3900 anotações variadas. Em estilo barroco, trata-se de uma das bibliotecas mais bonitas da Alemanha.

Extermínio a poucos quilômetros


Prédio principal da Universidade Bauhaus de Weimar, construído por Henry van de Velde

"Tudo o que dá fama à cidade tem a ver com poetas, filósofos e estadistas", afirma Angela Jahn, porta-voz da Clássicos de Weimar. Essa é apenas parte da verdade: com o fim da República de Weimar (1919-1933), Hitler a escolheu para sede do primeiro congresso nacional do partido nazista. Os anos da Segunda Guerra Mundial marcam o lado mais tenebroso da história da cidade.

Nas colinas de Etterberg, ao norte de Weimar,  ficava o campo de concentração de Buchenwald, onde pereceram cerca de 65 mil homens, mulheres e crianças. Hoje, a apenas alguns minutos de ônibus, pode-se visitar suas instalações. Um monumento às vítimas do nazismo, nas proximidades, e exposições dão uma macabra idéia do extermínio ali ocorrido. Mais impactante são o silêncio e o vazio no acampamento, onde antes estavam as  precárias barracas dos prisioneiros, destruídas após a guerra.

Goethe e a cebola

Mas há ainda outros motivos para ir à Turíngia, além dos históricos e artísticos. A Feira da Cebola de Weimar realiza-se no início de outubro, há 300 anos. As festividades em torno do prosaico bulbo duram três dias, atraindo 350 mil visitantes por ano e culminando na eleição de uma beleza local como Rainha da Cebola.

E aqui voltamos a Goethe: ele admirava tanto as cebolas e suas propriedades nutritivas e medicinais, que decorava sua casa com elas, tendo estudado-as minuciosamente. Até hoje há numerosas plantações de cebola nos campos em volta de Weimar.

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Offline Südenbauer

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Re: Goethe - 175 anos de sua morte
« Resposta #2 Online: 13 de Setembro de 2007, 22:22:09 »
Valeu, Unknown!

Offline Quereu

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Re: Goethe - 175 anos de sua morte
« Resposta #3 Online: 20 de Setembro de 2007, 20:36:08 »
Os sofrimentos do jovem Werther. Esse livro provocou em mim uma crise de choro convulsivo que demorou vinte minutos para passar. Fui me esconder no quarto para o pessoal de casa não pensar que estava louco. Eu já tinha lido o preâmbulo que falava sobre os suicídios, achei aquilo um exagero. Durante o choro a idéia de suicídio não saía da minha cabeça, mas a idéia de morrer era ainda mais assustadora, entre as tantas coisas que passaram. De qualquer forma, esse momento cobaia revelou-me muitas coisas. O poder inebriante do artista de manipular as emoções que transforma a arte num tóxico poderoso. Que esse livro era uma isca para certos tipos, derramados e chorões - o meu caso. Que essa coisa chamada sensibilidade era um enigma, pois colegas meus o leram e não acharam nada, inclusive duvidaram da minha heterosexualidade. Que livro!
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Offline ReVo

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Re: Goethe - 175 anos de sua morte
« Resposta #4 Online: 20 de Setembro de 2007, 20:59:05 »
Engraçado Quereu, reações semelhantes às suas me atingiram nas duas vezes que li esse livro. Dos livros que li, talvez, o que mais mexe comigo.
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Offline Worf

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Re: Goethe - 175 anos de sua morte
« Resposta #5 Online: 20 de Setembro de 2007, 21:14:45 »
Vai ter um colóquio lá na filosofia - usp sobre Estética no Idealismo Alemão. Vão falar bastante sobre Goethe.

http://www.fflch.usp.br/df/site/agenda/arquivos/2007_09_20_progColoqEstetIdeal.pdf
Programa.

http://www.fflch.usp.br/df/site/agenda/ (quadrado amarelo, lado direito)
« Última modificação: 20 de Setembro de 2007, 21:16:59 por Worf »

Offline Unknown

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Re: Goethe - 175 anos de sua morte
« Resposta #6 Online: 21 de Setembro de 2007, 18:56:28 »
Os sofrimentos do jovem Werther. Esse livro provocou em mim uma crise de choro convulsivo que demorou vinte minutos para passar. Fui me esconder no quarto para o pessoal de casa não pensar que estava louco. Eu já tinha lido o preâmbulo que falava sobre os suicídios, achei aquilo um exagero. Durante o choro a idéia de suicídio não saía da minha cabeça, mas a idéia de morrer era ainda mais assustadora, entre as tantas coisas que passaram. De qualquer forma, esse momento cobaia revelou-me muitas coisas. O poder inebriante do artista de manipular as emoções que transforma a arte num tóxico poderoso. Que esse livro era uma isca para certos tipos, derramados e chorões - o meu caso. Que essa coisa chamada sensibilidade era um enigma, pois colegas meus o leram e não acharam nada, inclusive duvidaram da minha heterosexualidade. Que livro!
No meu caso, só não tive essa reação porque quando o li já estava "vacinado" contra esse tipo de coisa. Alguns anos antes e a reação teria sido a mesma, até porque já passei por uma história semelhante.

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Offline Nightstalker

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Re: Goethe - 175 anos de sua morte
« Resposta #7 Online: 27 de Setembro de 2007, 21:10:01 »
Os sofrimentos do jovem Werther. Esse livro provocou em mim uma crise de choro convulsivo que demorou vinte minutos para passar. Fui me esconder no quarto para o pessoal de casa não pensar que estava louco. Eu já tinha lido o preâmbulo que falava sobre os suicídios, achei aquilo um exagero. Durante o choro a idéia de suicídio não saía da minha cabeça, mas a idéia de morrer era ainda mais assustadora, entre as tantas coisas que passaram. De qualquer forma, esse momento cobaia revelou-me muitas coisas. O poder inebriante do artista de manipular as emoções que transforma a arte num tóxico poderoso. Que esse livro era uma isca para certos tipos, derramados e chorões - o meu caso. Que essa coisa chamada sensibilidade era um enigma, pois colegas meus o leram e não acharam nada, inclusive duvidaram da minha heterosexualidade. Que livro!

Pretendo ler esse livro o mais breve possível, todas pessoas que conheço que leram-no, adoraram.
Conselheiro do Fórum Realidade.

"Sunrise in Sodoma, people wake with the fear in their eyes.
There's no time to run because the Lord is casting fire in the sky.
When you make sin, hope you realize all the sinners gotta die.
Sunrise in Sodoma, all the people see the Truth and Final Light."

 

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