Liberais e conservadores têm atividade cerebral distintaOs neurônios do cérebro dos liberais e de conservadores reagem de forma diferente diante de decisões difíceis, segundo estudo da Universidade de Nova York, publicado pela revista britânica
Nature Neuroscience.
Desde que Aristóteles afirmou que o ser humano é um animal político por natureza, dezenas de estudos estabeleceram uma forte relação entre persuasão política e certos aspectos da personalidade dos indivíduos.
Os conservadores tendem a buscar a ordem e a estrutura em suas vidas e são mais coerentes na hora de tomar decisões. Os liberais, por sua vez, mostram maior tolerância para a ambigüidade e para a complexidade, e se adaptam mais facilmente a circunstâncias inesperadas, indicou o estudo divulgado no domingo.
A afinidade entre visões políticas e "estilos cognitivos" também é hereditária, diz a pesquisa. Intrigado por essas correlações, o cientista político da Universidade de Nova York David Amodio e vários pesquisadores decidiram determinar se os cérebros de liberais e conservadores reagem de forma diferente aos mesmos estímulos.
Um grupo de 43 pessoas se disponibilizou a realizar uma série de testes que avaliaram sua resposta diante de pautas criadas para romper uma rotina estabelecida. "Costumamos a voltar do trabalho para casa pelo mesmo caminho, um dia após o outro, até que se forme um hábito e não seja preciso pensar muito", explicou Amodio.
"Mas, ocasionalmente, a rua está em obras, não se pode usar esse caminho e temos que romper a resposta habitual para que possamos realizar a nova informação".
Usando eletroencefalogramas, que medem impulsos cerebrais, os cientistas examinaram a atividade de uma parte determinada do cérebro, o córtex cingulado anterior, que está fortemente vinculada ao processo de auto-regulação do controle de conflitos.
Aqueles que se autodenominavam liberais, mostraram "uma atividade cerebral relacionada à gestão de conflitos significantemente maior", quando a situação hipotética necessitava de uma mudança na rotina.
Os conservadores, entretanto, eram menos flexíveis, e se negavam a mudar velhos hábitos "apesar de assinalar que estes deviam mudar". Se essa situação é má ou boa depende obviamente da perspectiva de cada um: uma linha de interpretação pode afirmar que os liberais possuem uma mente aberta e que os conservadores são rígidos e teimosos.
Outra corrente pode concluir que os liberais não têm personalidade nem defendem suas idéias, enquanto que os conservadores são leais. O que vem primeiro: o modelo de atividade cerebral que cada um tem ou a orientação política? Amodio mostra-se relutante em dar uma resposta definitiva.
"Os mecanismos neurais para o controle de conflitos se formam muito cedo na infância", e provavelmente se originam na herança genética dos indivíduos, disse.
"Mas ainda que proporcionem um modelo para orientações mais liberais ou mais conservadoras, os genes estão determinados principalmente pelo ambiente que cerca o indivíduo ao longo do seu desenvolvimento", adverte.
http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI1895813-EI8147,00.htmlhttp://www.nature.com/neuro/journal/vaop/ncurrent/abs/nn1979.html