Autor Tópico: O legado da culpa coletiva  (Lida 835 vezes)

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Offline Herf

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O legado da culpa coletiva
« Online: 11 de Setembro de 2007, 19:25:06 »
O texto é de 11/05/07.

Achei bom por falar da idéia de culpa coletiva, que se faz presente nos mais diversos setores da sociadade. A crítica que o autor faz das políticas de controle de armas não fala por mim.

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Conseqüências dos anos 1960

Alguém disse recentemente que os tiroteios que aconteceram na Universidade de Virginia Tech e na Escola de Ensino Médio Columbine são fenômenos que começaram a acontecer de 1960 para cá. Se isso for verdade, essas tragédias podem ser adicionadas a uma longa lista de conseqüências desastrosas das irrefletidas noções e extravagante retórica daquela década.

O que havia na visão de mundo dos anos 1960 que pudesse levar alguém a considerar certo atirar em indivíduos que não estavam fazendo nada contra ele?

Culpa coletiva é um dos legados dos anos 1960 que ainda está dentro de nós.

Ainda presenciamos o engodo da culpa pela escravidão ser lançada em indivíduos que nunca tiveram um escravo na vida e que repeliriam a própria idéia da escravidão.


Naqueles anos, era considerado pela intelligentsia "coisa profunda" dizer que a sociedade – todos nós coletivamente – éramos, de alguma forma, responsáveis pelos assassinatos dos irmãos Kennedy e de Martin Luther King.

Durante aquela década, a idéia se difundiu como fogo em palha seca. Qualquer coisa que lhe faltasse, era culpa de alguém – culpa da sociedade. Se você era pobre, aqui ou em algum país do Terceiro Mundo, você era um dos "despossuídos" – mesmo se você nunca tivesse possuído nada do que ser despossuído.

As agitações urbanas em guetos, que varreram o país durante os anos 1960, foram contabilizadas como culpa da sociedade. Essa visão foi formalizada num relatório muito festejado sobre violência urbana, escrito por uma comissão de "alto nível" presidida pelo governador Otto Kerner, de Illinois.

O presidente Lyndon Johnson, por seu turno, culpava as condições sociais pela violência urbana, dizendo: “Todos nós sabemos que essas condições são: ignorância, discriminação, favelas, pobreza, doença, número insuficiente de postos de trabalho”.

Essa visão radical e enganosa tornou desnecessário o dobrar-se a algo tão mundano quanto os fatos da realidade – dentre os quais estaria o fato de que as agitações urbanas acontecem mais violenta e freqüentemente nos lugares onde a visão da culpa coletiva prevalece.

Nas cidades do sul, onde naquele tempo a discriminação e a pobreza eram mais pronunciadas do que no resto do país, as agitações não eram nem tão freqüentes nem tão violentas quanto em outros lugares.

Detroit, que sofreu uma das mais violentas manifestações nos anos 1960, com 43 mortes, tinha uma taxa de desemprego de negros de 3,4 por cento – que era menor que a taxa nacional de desemprego de brancos.

Chicago, onde o prefeito Richard J. Daley não aceitava o engodo esquerdista da culpa coletiva, era uma das poucas grandes cidades do norte a escapar da onda de manifestações que varriam o país em 1967.

O tipo de manifestações de massa que ocorriam em todo o país durante a administração Lyndon Johnson tornou-se virtualmente desconhecido durante os oito anos da administração Reagan, que projetava uma visão de mundo completamente diferente.

Mas, naquele tempo e agora, os fatos sempre vêm em segundo plano em relação à visão e retórica exacerbadas.

Se outras pessoas são, de alguma forma, responsáveis por qualquer coisa que falte em sua vida, sair dando bofetadas a esmo em indivíduos que nada fizeram contra você pessoalmente pode soar plausível a muitas pessoas.

Independentemente de a matança de Virginia Tech ser um resultado de insanidade cientificamente verificável ou não, tem sempre existido pessoas desequilibradas, apesar de que não têm havido matanças com a freqüência com que elas ocorriam nos anos 1960.

Tampouco o controle de armas é uma solução mágica, como é freqüentemente sugerido pelo mesmo tipo de pessoa que acredita na responsabilidade coletiva ou invés de na responsabilidade individual.

Desde que assassinato é ilegal em todo o lugar, por que alguém que não estaria disposto a obedecer a lei contra o assassinato e estaria disposto a obedecer a lei contra a compra ilegal de armas – compra tão fácil de ser feita?

Um dos muitos fatos da realidade que é negligenciado por aqueles impressionados por visões e pela retórica, é que matança como a de Virginia Tech invariavelmente ocorre em lugares em que o porte de armas é proibido, como em escolas, locais de trabalho ou templos religiosos.

Quando um tal tipo de assassino abriu fogo num encontro da National Rifle Association [Associação Nacional do Rifle] ou atirou em um grupo de caçadores?

Ao invés de proibir armas, talvez devêssemos repensar os dogmas dos anos 1960.

por Tomas Sowell
http://www.midiasemmascara.org/artigo.php?sid=5779&language=pt

Offline Quereu

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Re: O legado da culpa coletiva
« Resposta #1 Online: 11 de Setembro de 2007, 19:39:40 »
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Ao invés de proibir armas, talvez devêssemos repensar os dogmas dos anos 1960.

Também acho.
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Offline Herf

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Re: O legado da culpa coletiva
« Resposta #2 Online: 11 de Setembro de 2007, 19:43:15 »
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Ao invés de proibir armas, talvez devêssemos repensar os dogmas dos anos 1960.

Também acho.
Há justificativas em nada relacionadas com a absurda "culpa coletiva" para defender o controle de armas.

Offline Quereu

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Re: O legado da culpa coletiva
« Resposta #3 Online: 11 de Setembro de 2007, 19:58:52 »
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Ao invés de proibir armas, talvez devêssemos repensar os dogmas dos anos 1960.

Também acho.
Há justificativas em nada relacionadas com a absurda "culpa coletiva" para defender o controle de armas.

Você controla as armas; depois terá que conter o contrabando; mais vigilância policial que pedirá outros controles, como os dos celulares pré-pagos. E tudo é inútil, pois existe a demanda. No fundo os que defendem o controle das armas só querem mais polícia. O que mata mesmo é a impunidade e a falta de investigação e isso nem o controle das armas pode mudar.

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Offline Herf

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Re: O legado da culpa coletiva
« Resposta #4 Online: 11 de Setembro de 2007, 20:31:32 »
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Ao invés de proibir armas, talvez devêssemos repensar os dogmas dos anos 1960.

Também acho.
Há justificativas em nada relacionadas com a absurda "culpa coletiva" para defender o controle de armas.

Você controla as armas; depois terá que conter o contrabando; mais vigilância policial que pedirá outros controles, como os dos celulares pré-pagos. E tudo é inútil, pois existe a demanda. No fundo os que defendem o controle das armas só querem mais polícia. O que mata mesmo é a impunidade e a falta de investigação e isso nem o controle das armas pode mudar.
Certamente também há muita demanda para explosivos de alto poder de destruição, tanto para fins pacíficos quanto para fins não-pacíficos (como no caso das armas), e isso é motivo para não controlar a sua posse e comércio?

Não pensa que o fato de materiais como armas e explosivos possuirem um alto potencial de causar danos a outras pessoas justifica o seu controle?
« Última modificação: 11 de Setembro de 2007, 20:49:21 por Procedure »

Offline Quereu

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Re: O legado da culpa coletiva
« Resposta #5 Online: 11 de Setembro de 2007, 20:58:48 »
É. Realmente, explosivo é uma coisa perigosa e deve ser manipulada por peritos. Mas essa discussão ficará burlesca, porque há inúmeras coisas perigosas usadas cotidianamente. Eletricidade por exemplo. Gasolina. Gás liquefeito pressurizado. Para virar uma bomba, do botijão de gás é só tirar a válvula. Com a gasolina é possível fazer bombas incendiárias. A eletricidade teria mil aplicações desde a morte instantânea até a tortura.

Evidentemente os marginais preferem arma com balas. É mais prático e tem toda uma indústria por trás.

Talvez, sem as armas, os seres humanos se tornassem mais pacíficos e deixassem sua sede de sangue de lado.
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Offline Quereu

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Re: O legado da culpa coletiva
« Resposta #6 Online: 11 de Setembro de 2007, 22:19:47 »
Procedure,

não gostei da vereda que dei ao tópico. O que quis dizer quanto a controle é que, no caso do governo brasileiro, é sempre uma atitude baseada mais na salvaguarda de si mesmo do que do cidadão. Veja: a polícia paulista cometeu o desatino de sugerir o fim dos celulares pré-pagos como meio de acabar com a onda de sequestros em São Paulo. Claro que foi uma decisão baseada na preguiça, é mais fácil proibir do que investigar. Há tempos atrás houve uma onde de falsificações de cics e o governo em vez de prender os falsificadores propôs a troca de todos os documentos. Outra decisão baseada na preguiça que pune o cidadão honesto e deixa o criminoso incólume.

Para os governantes e para a polícia a proibição das armas é o melhor dos mundos. Sem nada fazer, apenas gastando tinta no papel o governo pode acabar com a violência e a criminalidade. Mas essa não é a questão, o que importa é a segurança do cidadão. Bem, se a proibição do porte de arma vai coibir o marginal de andar armado é uma questão controversa. Eu acho que não. Se não a puder ter por meios legais vai consegui-la por vias ilícitas. Apenas o cidadão comum ficará desarmado, o bandido nada tendo a perder vai continuar portando-a. É sabido que a grande maioria dos marginais só vão presos quando cometeram mais de três crimes. Se não melhorarmos a eficiência da polícia de nada adianta. E ainda mais, não cumprem a pena quando presos. A arma é só um fator e considerando os problemas institucionais, o menor.

Quanto à demanda, uma vez que há a procura por um produto haverá sempre oferta, se as condições de produção forem viáveis economicamente. É o caso das drogas - batalha perdida por todas os países. Há abundante oferta de armas e elas são economicamente acessíveis, logo toda demanda pode ser absorvida. Mesmo sendo ilegal o negócio se torna lucrativo e compensa os riscos. Por isso acho esse um controle inútil porque a oferta compensa os riscos e preguiçoso porque o governo não propõe melhora alguma de suas instituições.
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Offline Herf

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Re: O legado da culpa coletiva
« Resposta #7 Online: 12 de Setembro de 2007, 17:53:01 »
Sim, muitas coisas de uso diário se encaixam na definição de "material com alto potencial danoso". Mesmo um veículo pode fazer um estrago maior do que algum explosivo. Todos reconhecem isso, porém ninguém advoga pela proibição dos carros. Deve-se comparar a utilidade que possui o material em questão com o seu potencial destrutivo, para então decidir se ele é ou não motivo de controle rígido.

O problema é que nem todos concordam quanto ao "valor mínimo" da razão entre periculosidade/utilidade suficiente para encaixar determinado material na categoria "controlado". De acordo com o valor que eu considero "o mínimo", armas de fogo comuns já são passíveis de controle. Você já adota um valor mais alto, tem os limites mais frouxos: não compreende armas de fogo comuns, mas apenas o que está "de explosivos para cima". Outros já são ou mais liberais ainda ou mais rígidos.

Com relação a qual é esse "nível mínimo de periculosidade/utilidade mais adequado para controle", é outra discussão.

E quanto ao governo brasileiro só fazer merda, concordo com tudo o que disse.

 

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