Vídeo nanométricoAgência FAPESP – Um grupo de cientistas conseguiu, pela primeira vez, registrar em tempo real a interação entre uma enzima e o DNA de um vírus. O vídeo foi feito por pesquisadores da Universidade de Cambridge (Inglaterra), da Universidade de Kyoto (Japão) e do Instituto Indiano de Ciências (Índia).
Para registrar a relação em escala nanométrica foi utilizado um microscópio de força atômica que se encontra no Japão, um dos três mais potentes do tipo no mundo. O equipamento permitiu a produção de um vídeo que mostra uma enzima de uma bactéria se ligando à fita de DNA de um vírus. As imagens mostram a enzima quebrando o DNA antes que o vírus conseguisse infectar a bactéria.
Até a divulgação do vídeo, os cientistas podiam apenas supor como proteínas e DNA interagiam, baseados em evidência indireta. Agora, podem contar com a técnica para ver como a interação realmente ocorre. O estudo foi descrito em artigo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas).
Segundo os autores, a pesquisa, financiada pelos governos japonês e britânico, terá grandes implicações para o estudo do reparo do DNA e poderá ajudar em pesquisas em busca de tratamento para doenças.
“Ser capaz de ver esses nanomecanismos à medida que eles estão realmente ocorrendo é algo incrivelmente empolgante. Podemos ver a enzima se enrolando com o DNA do vírus de modo a prendê-lo e quebrá-lo”, disse Robert Henderson, da Universidade de Cambridge e um dos autores da pesquisa.
“O microscópio de força atômica e novas técnicas de observação tornam possível que tenhamos uma visão clara das interações entre proteínas e DNA que, até então, podíamos apenas interpretar indiretamente”, afirmou Henderson. “Tecnologias anteriores para registros em vídeo nessa escala eram capazes de produzir um quadro a cada 8 minutos. Nosso trabalho permitiu capturar um quadro a cada 500 milésimos de segundos.”
“O vídeo ajudará a entender como as enzimas identificam em qual pedaço da fita de DNA elas devem se ligar, o que é importante para compreender como as proteínas reparam DNA danificado. A longo prazo, isso poderá auxiliar na busca para tratamentos contra o câncer, por exemplo, uma vez que a doença muitas vezes ocorre onde o DNA está danificado, mas as enzimas não se comportam corretamente de modo a reparar o problema”, explicou o cientista inglês.
Para assistir o vídeo da interação DNA-enzima,
clique aqui.
O artigo
Fast-scan atomic force microscopy reveals that the type III restriction enzyme EcoP15I is capable of DNA translocation and looping, de Robert M. Henderson e outros, pode ser lido por assinantes da Pnas em
www.pnas.org.
http://www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?data[id_materia_boletim]=7768