Autor Tópico: Considerações sobre o racismo  (Lida 2305 vezes)

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Offline Quereu

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Considerações sobre o racismo
« Online: 22 de Setembro de 2007, 07:06:56 »
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Vi um episódio do seriado Antônia, na Globo. Aparecem apenas dois brancos: o apresentador picareta de um programa de TV e uma garota que tenta dar um golpe no grupo para assumir o lugar de uma das cantoras negras. É a Anee Baxter (a verdadeira “Malvada”) da periferia.

Quando a trama é descoberta, ela é cercada pelas “Antônias”, e uma delas dispara: “Sua batata vai assar, branquela!”. Racismo? Digamos que as cantoras fossem brancas, e uma negra tentasse separá-las. Qual seria a fala? Que tal: “Sua batata vai assar, negrinha!”?

Creio que, hoje em dia, chamar alguém de “negrinha” só seria possível num contexto de crítica ao racismo dos brancos contra os negros; só se faria para caracterizar alguém desprezível, a pessoa má. A fala jamais estaria na boca do “mocinho” ou da “mocinha”.

Estou patrulhando, pedindo o texto politicamente correto? Eu não!!! Não policio linguagem. Agora, se uma fala é possível, e a outra não é, então é racismo, sim. E notem: esse racismo não está no filme, mas nos dois pesos e nas duas medidas. E ele se dá de uma maneira que o leitor talvez não suspeite à primeira vista.

Ora, se não se pode dizer “negrinha” fora daquele contexto que desqualifica a personagem que pronuncia a palavra, então é sinal de que os negros estão submetidos a uma tutela. E só é tutelado quem não é considerado capaz de se defende. Por outro lado, se é possível dizer um “branquela”, como ofensa mesmo, num contexto em que a mocinha está fazendo justiça, então é sinal de que os brancos gozam de uma superioridade natural que pode suportar a ofensa. O lugar das duas concepções é a lata de lixo da história.

http://veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/
« Última modificação: 22 de Setembro de 2007, 08:37:10 por Quereu »
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Offline J Ricardo

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Re: Considerações sobre o racismo
« Resposta #1 Online: 22 de Setembro de 2007, 08:07:32 »
Troquei de canal em menos de 5 min depois que começou o episódio, não gostei do enredo. Mas a questão é pertinente.

PS: Cara, você colou varias vezes o mesmo texto, edita aí.

Offline Quereu

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Re: Considerações sobre o racismo
« Resposta #2 Online: 22 de Setembro de 2007, 08:40:03 »
Troquei de canal em menos de 5 min depois que começou o episódio, não gostei do enredo. Mas a questão é pertinente.

PS: Cara, você colou varias vezes o mesmo texto, edita aí.

Valeu...
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Offline Donatello

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Re: Considerações sobre o racismo
« Resposta #3 Online: 22 de Setembro de 2007, 09:23:28 »
Eu já tinha assistido Antônia por cinco minutos na primeira temporada, ficava até feio insistir no erro...

Offline Quereu

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Re: Considerações sobre o racismo
« Resposta #4 Online: 22 de Setembro de 2007, 10:58:22 »
Nunca vi Antonia. Bastou 30 segundos de comercial para deduzir que o programa era uma porcaria. Vou tentar organizar as idéias e criar um tópico: "Como reconhecer um lixo cultural em trinta segundos de propaganda".
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Offline Herf

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Re: Considerações sobre o racismo
« Resposta #5 Online: 22 de Setembro de 2007, 15:40:34 »
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Ora, se não se pode dizer “negrinha” fora daquele contexto que desqualifica a personagem que pronuncia a palavra, então é sinal de que os negros estão submetidos a uma tutela. E só é tutelado quem não é considerado capaz de se defender. Por outro lado, se é possível dizer um “branquela”, como ofensa mesmo, num contexto em que a mocinha está fazendo justiça, então é sinal de que os brancos gozam de uma superioridade natural que pode suportar a ofensa.
Perfeito. Não poderia ser mais eloqüente.

Por incrível que pareça, é essa a mentalidade que impera entre os grupos que mais se proclamam "anti-racistas", "defensores da igualdade". Eles acham o branco superior. :(

Offline Adriano

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Re: Considerações sobre o racismo
« Resposta #6 Online: 22 de Setembro de 2007, 17:29:42 »
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Ora, se não se pode dizer “negrinha” fora daquele contexto que desqualifica a personagem que pronuncia a palavra, então é sinal de que os negros estão submetidos a uma tutela. E só é tutelado quem não é considerado capaz de se defende. Por outro lado, se é possível dizer um “branquela”, como ofensa mesmo, num contexto em que a mocinha está fazendo justiça, então é sinal de que os brancos gozam de uma superioridade natural que pode suportar a ofensa. O lugar das duas concepções é a lata de lixo da história.

Ridícula a conclusão baseada numa falácia evidente. Os tutelados são os discriminados, e isso devido a ser o estado o responsável a resolver os conflitos legais. Não tem nada a ver em dizer que só é tutelado quem é incapaz de se defender. Aqui que começa o pensamento racista por enxergar esse tipo de comparação onde não há. É comum esse tipo de argumento, onde a busca de direitos contra a discriminação significa que está assumindo uma desigualdade, nada mais absurdo. A tutela é a honra e a dignidade humana que devem ser avaliadas independente da raça.

E outra, existe um contexto de superioridade dos brancos na sociedade, mas que é construído bom base no racismo e na escravidão. É o contexto em que vivemos e não é nada natural e nem relativo ao mérito.


Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline Rodion

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Re: Considerações sobre o racismo
« Resposta #7 Online: 22 de Setembro de 2007, 17:35:59 »
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onde a busca de direitos contra a discriminação significa que está assumindo uma desigualdade, nada mais absurdo.
não me parece tão absurdo...
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline Adriano

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Re: Considerações sobre o racismo
« Resposta #8 Online: 22 de Setembro de 2007, 17:46:59 »
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onde a busca de direitos contra a discriminação significa que está assumindo uma desigualdade, nada mais absurdo.
não me parece tão absurdo...
Me parece absurdo não considerar a desigualdade existente, aceitar como se fosse algo natural e justo.
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline Rodion

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Re: Considerações sobre o racismo
« Resposta #9 Online: 22 de Setembro de 2007, 18:06:18 »
mudou o foco, não é? achava que ia tirar do bolso algo como aquele brocardo, de tratar os desiguais desigualmente e os iguais igualmente.. enfim..
pois bem.. ver que a injustiça que há em políticas de ação afirmativa não implica achar a discriminação racial correta. no meu caso, decorre do ceticismo a respeito da adequação de políticas governamentais para resolver esse tipo de problema.
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Offline BetinhOzinhO

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Re: Considerações sobre o racismo
« Resposta #10 Online: 22 de Setembro de 2007, 18:47:10 »
Eu concordo que é erradíssimo o uso de termos raciais pejorativos, a lei brasileira não diz que é crime discriminar quem é da raça NEGRA, diz que é crime fazer discriminação POR RAÇA. Seja negro, branco, pigmeu, oriental, o caralho que for. Esse tipo de vingancinha racial linguística só contribui pra criar um clima de ódio e antagonismo quando o combate à discriminação não é o desalojamento de uma raça de um pedestal pra colocação de outra, é criar um ambiente pra que TODOS CONVIVEM EM IGUALDADE.

Uma vez um PUTO de um rapaz negro xingou um conhecido meu na rua porque esse amigo era branco e estava de mãos dadas com sua então namorada negra e mandou ele ir "procurar uma mulher da raça dele", uma pessoa MISERÁVEL dessas merece ser PERDOADA porque é, coitadiiiiiiiiiiiinha, um OPRIMIDO?? OPRIMIDO É O CARALHO, racista é racista, SEJA QUEM FOR! Está mais do que na hora de apacerem processos de autor branco contra réu negro por racismo porque os episódios noticiados justificam isso plenamente! Aquela BRUXA IDIOTA, SAFADA, daquela ministra que disse que "um negro tem o direito de não querer estar no mesmo ambiente que um branco" merece um processo de MILHÕES. Minha vontade é dar um TIRO naquela mulher.
O GOOGLE NÃO É SEU AMIGO! HAHAHAHHOHOHOHO! http://www.google-watch.org/

Offline Adriano

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Re: Considerações sobre o racismo
« Resposta #11 Online: 22 de Setembro de 2007, 19:05:59 »
mudou o foco, não é? achava que ia tirar do bolso algo como aquele brocardo, de tratar os desiguais desigualmente e os iguais igualmente.. enfim..
Mas assumindo as diferenças raciais existentes na sociedade as políticas sociais visam isso mesmo. Dar mais oportunidades as etnias discriminadas de forma a ter maior igualdade na sociedade.

pois bem.. ver que a injustiça que há em políticas de ação afirmativa não implica achar a discriminação racial correta. no meu caso, decorre do ceticismo a respeito da adequação de políticas governamentais para resolver esse tipo de problema.
Essas políticas são para melhorar as estatísticas sociais sobre a igualdade étnica. A igualdade buscada é social e não apenas individual, dada a sua dificuldade através do direito negativo. 

O problema que vejo é um determinado grupo se achar dono das vagas universitárias devido a uma suposta melhor capacidade natural que os "ladrões" de vagas. Esse "mérito" é adquirido num contexto histórico e social de desigualdade e privilégios.

Essa discussão que permeia toda a polêmica em torno das cotas.


Eu concordo que é erradíssimo o uso de termos raciais pejorativos, a lei brasileira não diz que é crime discriminar quem é da raça NEGRA, diz que é crime fazer discriminação POR RAÇA. Seja negro, branco, pigmeu, oriental, o caralho que for. Esse tipo de vingancinha racial linguística só contribui pra criar um clima de ódio e antagonismo quando o combate à discriminação não é o desalojamento de uma raça de um pedestal pra colocação de outra, é criar um ambiente pra que TODOS CONVIVEM EM IGUALDADE.

Uma vez um PUTO de um rapaz negro xingou um conhecido meu na rua porque esse amigo era branco e estava de mãos dadas com sua então namorada negra e mandou ele ir "procurar uma mulher da raça dele", uma pessoa MISERÁVEL dessas merece ser PERDOADA porque é, coitadiiiiiiiiiiiinha, um OPRIMIDO?? OPRIMIDO É O CARALHO, racista é racista, SEJA QUEM FOR! Está mais do que na hora de apacerem processos de autor branco contra réu negro por racismo porque os episódios noticiados justificam isso plenamente! Aquela BRUXA IDIOTA, SAFADA, daquela ministra que disse que "um negro tem o direito de não querer estar no mesmo ambiente que um branco" merece um processo de MILHÕES. Minha vontade é dar um TIRO naquela mulher.

Tem razão mesmo. Tem que ser coibido esse racismo de negro para branco, ao invés de justificar um racismo através do outro.
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Offline Herf

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Re: Considerações sobre o racismo
« Resposta #12 Online: 30 de Setembro de 2007, 18:50:18 »
No blog do Janer Cristaldo, hoje:

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ELZA PODE

No dia 24 de abril de abril do ano passado, o professor de ciências políticas da Universidade de Brasília Paulo Kramer referiu-se a negros americanos como "crioulada". O episódio ocorreu durante uma aula de Teoria Política Moderna, ao explicar as políticas assistenciais implementadas nos Estados Unidos na década de 60: "Não adianta dar dinheiro para essa crioulada". Sete estudantes dos cerca de 20 que fazem parte da turma de TPM pediram o afastamento de Kramer ou a abertura de uma nova turma. Acusado de racismo, o professor Kramer acabou sendo condenado pela direção a trinta dias de suspensão, pena convertida em multa de R$ 1.750.

Nesta semana, dizia a cantora Elza Soares, na Folha de São Paulo: "Eu olho e não vejo minha família. Cadê a negrada? Ligo a TV e saltam uns olhos azuis em cima de mim". Imagine um branco falando em negrada em entrevista a um grande jornal. Dia seguinte, o Correio do Leitor estará repleto de cartas de protestos. Sem falar em um eventual processo por racismo. Estamos chegando a um absurdo momento em que uma palavra, se dita por um branco é racismo, se dita por um negro não provoca reação alguma.

Eu, pessoalmente, já não falo em negrada. Prefiro afrodescendentada.

http://cristaldo.blogspot.com/


Offline Adriano

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Re: Considerações sobre o racismo
« Resposta #14 Online: 30 de Setembro de 2007, 22:08:42 »
No blog do Janer Cristaldo, hoje:

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ELZA PODE

No dia 24 de abril de abril do ano passado, o professor de ciências políticas da Universidade de Brasília Paulo Kramer referiu-se a negros americanos como "crioulada". O episódio ocorreu durante uma aula de Teoria Política Moderna, ao explicar as políticas assistenciais implementadas nos Estados Unidos na década de 60: "Não adianta dar dinheiro para essa crioulada". Sete estudantes dos cerca de 20 que fazem parte da turma de TPM pediram o afastamento de Kramer ou a abertura de uma nova turma. Acusado de racismo, o professor Kramer acabou sendo condenado pela direção a trinta dias de suspensão, pena convertida em multa de R$ 1.750.

Nesta semana, dizia a cantora Elza Soares, na Folha de São Paulo: "Eu olho e não vejo minha família. Cadê a negrada? Ligo a TV e saltam uns olhos azuis em cima de mim". Imagine um branco falando em negrada em entrevista a um grande jornal. Dia seguinte, o Correio do Leitor estará repleto de cartas de protestos. Sem falar em um eventual processo por racismo. Estamos chegando a um absurdo momento em que uma palavra, se dita por um branco é racismo, se dita por um negro não provoca reação alguma.

Eu, pessoalmente, já não falo em negrada. Prefiro afrodescendentada.

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Foi muito dito aqui sobre o contexto em que é dito cada expressão, muito mais importante que a própria palavra. Eu pessoalmente achei inadequado o termo "crioulada" num contexto acadêmico e ainda mais numa aula de ciência política.

Já o contexto da Elza Soares é justamente o de criticar a ausência de afrodescendentes na televisão. Uma situação totalmente contrária a anterior.

Mas já estou acostumado com esses incitamentos racistas. Sempre buscam justificar atitudes racistas com exemplos de pessoas que são contra o racismo, mas aos olhos de quem vive numa "democracia racial" é a mesma coisa.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Considerações sobre o racismo
« Resposta #15 Online: 01 de Outubro de 2007, 00:00:25 »
Eu queria saber mais do contexto. "Não adianta dar dinheiro para essa crioulada" pode tanto ter como conclusão algo como que "porque essa raça é completamente incapaz, nem se ajudando eles tomam jeito" como uma explicação completamente não-racista. De forma similar ao caso de alguém da secretaria de saúde, que como foi mencionado, disse algo como "vai encher de aidéticos batendo na minha porta". Isolada, uma frase nesse sentido, parece fazer parecer que a ele quer distância total de pessoas com AIDS, enquanto que o contexto demonstrava claramente que ele estava preocupado com o fornecimento dos remédios, tanto quanto posso me lembrar. Claro, poderiam dizer que estava preocupado por esse ódio/asco, mas não acho que o mesmo seria dito se fosse alguma coisa talvez relacionada a aposentados, e alguém falasse que teria que fazer X para não ter um monte de aposentados fazendo manifestação em frente às portas do trabalho dele.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Considerações sobre o racismo
« Resposta #16 Online: 01 de Outubro de 2007, 00:04:03 »
Foi muito dito aqui sobre o contexto em que é dito cada expressão, muito mais importante que a própria palavra. Eu pessoalmente achei inadequado o termo "crioulada" num contexto acadêmico e ainda mais numa aula de ciência política.

Já o contexto da Elza Soares é justamente o de criticar a ausência de afrodescendentes na televisão. Uma situação totalmente contrária a anterior.

Como assim, "situação contrária"???? Onde o tal de Kramer disse que deveriam haver menos negros na TV ou algo do tipo? :o

O ponto todo do texto é simplesmente que um negro usar os termos "negrada"/"crioulada" (ou mesmo algo como "bando de branquelos azedos") é aceito como normal, ok, mas se um branco fala, mesmo que não num contexto onde não haja racismo nem ofensa de nenhum tipo, é suspeito de ser racismo/ofensa.

Offline Adriano

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Re: Considerações sobre o racismo
« Resposta #17 Online: 01 de Outubro de 2007, 00:27:19 »
Eu queria saber mais do contexto. "Não adianta dar dinheiro para essa crioulada" pode tanto ter como conclusão algo como que "porque essa raça é completamente incapaz, nem se ajudando eles tomam jeito" como uma explicação completamente não-racista. De forma similar ao caso de alguém da secretaria de saúde, que como foi mencionado, disse algo como "vai encher de aidéticos batendo na minha porta". Isolada, uma frase nesse sentido, parece fazer parecer que a ele quer distância total de pessoas com AIDS, enquanto que o contexto demonstrava claramente que ele estava preocupado com o fornecimento dos remédios, tanto quanto posso me lembrar. Claro, poderiam dizer que estava preocupado por esse ódio/asco, mas não acho que o mesmo seria dito se fosse alguma coisa talvez relacionada a aposentados, e alguém falasse que teria que fazer X para não ter um monte de aposentados fazendo manifestação em frente às portas do trabalho dele.

Imagino que para 7 estudando dentre 20 pedirem o seu afastamento já indica algo sobre o contexto.

Foi muito dito aqui sobre o contexto em que é dito cada expressão, muito mais importante que a própria palavra. Eu pessoalmente achei inadequado o termo "crioulada" num contexto acadêmico e ainda mais numa aula de ciência política.

Já o contexto da Elza Soares é justamente o de criticar a ausência de afrodescendentes na televisão. Uma situação totalmente contrária a anterior.

Como assim, "situação contrária"???? Onde o tal de Kramer disse que deveriam haver menos negros na TV ou algo do tipo? :o
Contrário por ser um ambiente formal, acadêmico. Se foi alguma piada de certo não foi bem interpretada, e mesmo a atitude racista não pode ser descartada. 


O ponto todo do texto é simplesmente que um negro usar os termos "negrada"/"crioulada" (ou mesmo algo como "bando de branquelos azedos") é aceito como normal, ok, mas se um branco fala, mesmo que não num contexto onde não haja racismo nem ofensa de nenhum tipo, é suspeito de ser racismo/ofensa.

Aqui está um exemplo de que na tv não tem a mesma formalidade, já que foi citado a pouco tempo sobre um episódio de um seriado em que dizem branquelas, e surgiu a mesma crítica dizendo que se fosse dito negrada estaria errado. Agora a desculpa é dizer que somente negros pode usar esses termos. Sem avaliar o contexto exatamente não é possível essa comparação e foi feito isso no texto.
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Offline Herf

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Re: Considerações sobre o racismo
« Resposta #18 Online: 01 de Outubro de 2007, 19:20:08 »
Foi muito dito aqui sobre o contexto em que é dito cada expressão, muito mais importante que a própria palavra. Eu pessoalmente achei inadequado o termo "crioulada" num contexto acadêmico e ainda mais numa aula de ciência política.

Já o contexto da Elza Soares é justamente o de criticar a ausência de afrodescendentes na televisão. Uma situação totalmente contrária a anterior.

Como assim, "situação contrária"???? Onde o tal de Kramer disse que deveriam haver menos negros na TV ou algo do tipo? :o
Contrário por ser um ambiente formal, acadêmico. Se foi alguma piada de certo não foi bem interpretada, e mesmo a atitude racista não pode ser descartada. 


O ponto todo do texto é simplesmente que um negro usar os termos "negrada"/"crioulada" (ou mesmo algo como "bando de branquelos azedos") é aceito como normal, ok, mas se um branco fala, mesmo que não num contexto onde não haja racismo nem ofensa de nenhum tipo, é suspeito de ser racismo/ofensa.

Aqui está um exemplo de que na tv não tem a mesma formalidade, já que foi citado a pouco tempo sobre um episódio de um seriado em que dizem branquelas, e surgiu a mesma crítica dizendo que se fosse dito negrada estaria errado. Agora a desculpa é dizer que somente negros pode usar esses termos. Sem avaliar o contexto exatamente não é possível essa comparação e foi feito isso no texto.
Cara... Não tem absolutamente nada a ver com diferença de formalidade entre os ambientes. Você sabe muito bem que se ela fosse uma professora universitária e ele um artista aparecendo na TV as coisas se desenrolariam da mesma maneira.

Offline Adriano

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Re: Considerações sobre o racismo
« Resposta #19 Online: 01 de Outubro de 2007, 19:33:21 »
Foi muito dito aqui sobre o contexto em que é dito cada expressão, muito mais importante que a própria palavra. Eu pessoalmente achei inadequado o termo "crioulada" num contexto acadêmico e ainda mais numa aula de ciência política.

Já o contexto da Elza Soares é justamente o de criticar a ausência de afrodescendentes na televisão. Uma situação totalmente contrária a anterior.

Como assim, "situação contrária"???? Onde o tal de Kramer disse que deveriam haver menos negros na TV ou algo do tipo? :o
Contrário por ser um ambiente formal, acadêmico. Se foi alguma piada de certo não foi bem interpretada, e mesmo a atitude racista não pode ser descartada. 


O ponto todo do texto é simplesmente que um negro usar os termos "negrada"/"crioulada" (ou mesmo algo como "bando de branquelos azedos") é aceito como normal, ok, mas se um branco fala, mesmo que não num contexto onde não haja racismo nem ofensa de nenhum tipo, é suspeito de ser racismo/ofensa.

Aqui está um exemplo de que na tv não tem a mesma formalidade, já que foi citado a pouco tempo sobre um episódio de um seriado em que dizem branquelas, e surgiu a mesma crítica dizendo que se fosse dito negrada estaria errado. Agora a desculpa é dizer que somente negros pode usar esses termos. Sem avaliar o contexto exatamente não é possível essa comparação e foi feito isso no texto.
Cara... Não tem absolutamente nada a ver com diferença de formalidade entre os ambientes. Você sabe muito bem que se ela fosse uma professora universitária e ele um artista aparecendo na TV as coisas se desenrolariam da mesma maneira.
Uma grande questão contextual é a própria sociedade. Não tem sentido dizer que os negros estão sendo beneficiados pelo racismo se as estatísticas mostram outra coisa. E mesmo alguém dizer que não existe essa desigualdade eu já interpreto como uma forma de racismo, mesmo que não seja intencional, pois considera natural essa situação.

A sua hipótese é um ad hoc, no meu entendimento se fosse invertido ela não falaria aquilo num ambiente acadêmico e ele muito menos falaria aquilo numa televisão, pois temeria represálias. Ele na minha suspeita foi um cara racista que pensou que não iria dar em nada falar da sua verdade para seus alunos.
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