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João Paulo II pode ter sido vítima de eutanásia, diz médica italianaPublicada em 23/09/2007 às 17h00mO Globo Online, com agências internacionaisROMA - O Papa João Paulo II pode ter sido vítima de eutanásia. Esta é a interpretação da especialista em tratamento intensivo Dra. Lina Pavanelli, ao analisar a demora na decisão da equipe médica do Vaticano em alimentá-lo de forma artificial.Em artigo publicado na revista "Micromega", e citado pela "Times", a médica italiana, chefe da Escola de Anestesia da Universidade de Ferrara, apresenta a conclusão com base em sua experiência médica, na observação das imagens do pontífice divulgadas antes de sua morte e no livro publicado pelo médico que atendeu João Paulo II, em seus últimos dias. De acordo com ela, a demora em se colocar um tubo de alimentação artificial pode ter acelerado sua morte em 2 de abril de 2005.No artigo "A doce morte de Karol Woityla", ela diz acreditar que os médicos tenham explicado a situação ao Papa, e que ele tenha recusado o procedimento.Pavanelli conta que decidiu retomar a discussão em torno da morte de João Paulo II após o Vaticano ter se posicionado fortemente contra a eutanásia na Itália, no último ano. A médica questiona a ética médica aplicada pelo Vaticano no caso, sugerindo que ela contrariaria a encíclica "Evangellium Vitae", do próprio João Paulo II, que defende a utilização de todos os recursos artificiais para prolongar a vida.Relembrando os boletins médicos divulgados na época pelo Vaticano, a médica escreve:"Me surpreendo que eu mesma não tenha examinado criticamente as informações. Na esperança de que ele se recuperasse, aceitei a versão oficial, sem confrontar as informações com os sinais clínicos que estava vendo". Enquanto o Vaticano expressava sua preocupação com dificuldades respiratórias, aliviadas por uma traqueostomia, Pavanelli diz que a visível perda de peso e a dificuldade de engolir não receberam tanta atenção. "O paciente morreu por razões não mencionadas de forma clara. De todos os problemas clínicos, a insuficiência respiratória aguda não era a principal ameaça à sua vida. O Papa estava morrendo por uma outra conseqüência dos efeitos não tratados do Mal de Parkinson nos músculos da garganta: a incapacidade de engolir", defende.O Vaticano reagiu rapidamente. Médico de João Paulo II, Renato Buzzonetti, hoje responsável pela saúde de Bento XVI, afirmou que os médicos e o Papa fizeram o possível para evitar a morte. "Seu tratamento nunca foi interrompido", garantiu Buzzonetti ao jornal "La Repubblica", de Roma. "Qualquer um que diga o contrário está enganado".Ele acrescentou que um tubo de alimentação nasal foi inserido três dias antes da morte do Papa, quando este não conseguia mais ingerir sólidos ou líquidos. Buzzonetti, no entanto, não respondeu à afirmação de Pavanelli de que o tudo deveria ter sido inserido semanas e não dias, antes de sua morte.A polêmica surge logo após o Vaticano ter publicado um novo documento em que condena a suspensão de alimentos e líquidos a pacientes em estado vegetativo.