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Offline Nightstalker

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EUA: Executivos fracassados podem virar milionários
« Online: 30 de Setembro de 2007, 11:08:15 »
EUA: executivos fracassados podem virar milionários

Louis Uchitelle
The New York Times


Michael Jensen foi um dos inventores dos pacotes de remuneração descomunais para os presidentes de grandes empresas. Quase 20 anos mais tarde, ele ainda acredita apaixonadamente no conceito de "pagamento por desempenho" que defendia então.

Mas, ao longo do caminho, número considerável de coisas saíram errado, ele reconhece, e por isso Jensen está tentando corrigir os defeitos que, de acordo com a versão mais recente de sua teoria, muitas vezes permitem que executivos medíocres -e até mesmo fracassados notórios- se tornem imensamente ricos.

"Existem erros de toda espécie, e é bem claro que podemos fazer melhor", diz Jensen, professor emérito da Escola de Pós-Graduação em Administração de Empresas da Universidade Harvard, em entrevista concedida esta semana em sua casa em Siesta Key, uma ilha ao largo da Flórida. É uma das duas residências de luxo -a segunda fica em Sharon, Vermont- que refletem uma vida acadêmica caracterizada pelo sucesso não só em realizações intelectuais mas como consultor de empresas e palestrante.

As reformas propostas por Jensen e Kevin Murphy, co-autor de um novo livro sobre remuneração de executivos que deve sair no começo do ano que vem, requereriam que os conselhos das empresas negociassem contratos muito mais duros com os presidentes das companhias. Mas isso não será fácil.

"Impor as restrições que Jensen tem em mente", disse Margaret Blair, professora da Escola Vanderbilt de Direito e especialista em gestão empresarial, "contraria a cultura que surgiu nos conselhos ao longo dos últimos 20 anos, e Jensen mesmo é em parte responsável por essa cultura".

Enquanto tenta impor controle mais firme aos executivos de empresas de capital aberto, Jensen aplaude a ascensão dos grupos de capital privado. Ele argumenta que os administradores dessas operações conduzem muito melhor as empresas de capital aberto que adquirem do que os conselhos que as supervisionavam. Com dinheiro próprio em jogo, e imensas dívidas a pagar, as empresas de capital privado têm maior incentivo do que os conselheiros eletivos para tratar com firmeza os executivos, diz Jensen.

"Minha maneira de caracterizar o principal problema das grandes empresas de capital aberto norte-americanas é que o presidente não tem chefe", disse Jensen. "O setor de capital privado corrige esse erro. O presidente passa a ter chefes".

Ainda assim, quaisquer que sejam os defeitos do conceito de pagamento por desempenho, a reviravolta na forma de comandar companhias a que Jensen deu origem permitiu que as grandes empresas se tornassem muito menos "ossificadas" do que era o caso uma geração atrás. Ele atribui a melhora às imensas recompensas por desempenho positivo oferecidas aos presidentes das companhias, e à motivação que essas recompensas provêm para que eles procurem ampliar os lucros e levar os preços das ações a patamares mais altos, por meio de variados recursos: reorganizações, avanços de marketing, inovação, terceirização, demissões.

Com a intensificação da concorrência, as empresas floresceram, mas não necessariamente as comunidades em que elas se localizam ou os trabalhadores que elas empregam. Essas deficiências são vistas por Jensen como preço aceitável pelo desempenho da economia norte-americana, que ele acredita ter superado a japonesa e a européia em termos de crescimento e prosperidade.

"Nós avançamos muito, e estamos em excelente forma", ele afirma.

As propostas de Jensen e Murphy estão chegando no momento mesmo em que a estagnação de salários e a desigualdade de rendas, alimentadas em parte pela disparada nos salários entre os trabalhadores comuns e os altos executivos, estão se tornando questões contenciosas na campanha presidencial. Para jogar lenha na fogueira, dois renomados presidentes de empresas que fracassaram em atingir a meta de elevar os preços das ações de suas companhias -Henry McKinnell, da Pfizer, e Robert Nardelli, da Home Dept- ainda assim deixaram seus cargos com pacotes de indenização da ordem de US$ 200 milhões.

Jensen e Murphy dizem que se sentem repugnados diante desse tipo de pagamento. Jensen constatou que, em 44% dos contratos de presidentes de empresas, mesmo que eles sejam condenados por fraude ou desfalque seria impossível demiti-los sem indenização. Em 94% dos contratos, ele acrescentou, eles não podem ser demitidos por justa causa sem indenizações volumosas.

"Como é que os comitês de remuneração dos conselhos assinam contratos como esses?", ele pergunta. "Estão violando sua responsabilidade fiduciária. Trata-se de um escândalo de imensas proporções, e fica escondido".

Ao mesmo tempo, grande número de presidentes de empresas recebem remuneração generosa sem que criem valor para suas companhias, de acordo com Jensen, que não tem objeções a que um executivo ganhe dezenas de milhões de dólares, desde que tenha merecido esse dinheiro, ao menos de acordo com os critérios de avaliação que o professor propõe.

Ainda assim, apesar de todas as deficiências do modelo, Jensen acredita firmemente no conceito de pagamento por desempenho, que ele começou a explorar em trabalhos de pesquisa com William Meckling, nos anos 70, quando ambos eram economistas na Escola de Administração de Empresas da Universidade de Rochester.

Em 1990, ele publicou, com Murphy, um artigo em que delineava o sistema atual. A idéia foi acatada, e terminou por se tornar a referência do mercado. Mas as críticas são muitas. Jay Lorsch, professor de relações humanas em Harvard, diz que "valor para os acionistas é muito bom, mas em longo prazo. Quando ele é obtido em longo prazo, outros grupos de interesses -como a força de trabalho- também são reconhecidos e recompensados".

Fonte
Conselheiro do Fórum Realidade.

"Sunrise in Sodoma, people wake with the fear in their eyes.
There's no time to run because the Lord is casting fire in the sky.
When you make sin, hope you realize all the sinners gotta die.
Sunrise in Sodoma, all the people see the Truth and Final Light."

 

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