Autor Tópico: Crítica de Luciano Huck a violência paulistana.  (Lida 2993 vezes)

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Crítica de Luciano Huck a violência paulistana.
« Online: 01 de Outubro de 2007, 11:06:11 »
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Pensamentos quase póstumos

LUCIANO HUCK

Pago todos os impostos. E, como resultado, depois do cafezinho, em vez de balas de caramelo, quase recebo balas de chumbo na testa

LUCIANO HUCK foi assassinado. Manchete do "Jornal Nacional" de ontem. E eu, algumas páginas à frente neste diário, provavelmente no caderno policial. E, quem sabe, uma homenagem póstuma no caderno de cultura.
Não veria meu segundo filho. Deixaria órfã uma inocente criança. Uma jovem viúva. Uma família destroçada. Uma multidão bastante triste. Um governador envergonhado. Um presidente em silêncio.
Por quê? Por causa de um relógio.
Como brasileiro, tenho até pena dos dois pobres coitados montados naquela moto com um par de capacetes velhos e um 38 bem carregado.
Provavelmente não tiveram infância e educação, muito menos oportunidades. O que não justifica ficar tentando matar as pessoas em plena luz do dia. O lugar deles é na cadeia.
Agora, como cidadão paulistano, fico revoltado. Juro que pago todos os meus impostos, uma fortuna. E, como resultado, depois do cafezinho, em vez de balas de caramelo, quase recebo balas de chumbo na testa.
Adoro São Paulo. É a minha cidade. Nasci aqui. As minhas raízes estão aqui. Defendo esta cidade. Mas a situação está ficando indefensável.
Passei um dia na cidade nesta semana -moro no Rio por motivos profissionais- e três assaltos passaram por mim. Meu irmão, uma funcionária e eu. Foi-se um relógio que acabara de ganhar da minha esposa em comemoração ao meu aniversário. Todos nos Jardins, com assaltantes armados, de motos e revólveres.
Onde está a polícia? Onde está a "Elite da Tropa"? Quem sabe até a "Tropa de Elite"! Chamem o comandante Nascimento! Está na hora de discutirmos segurança pública de verdade. Tenho certeza de que esse tipo de assalto ao transeunte, ao motorista, não leva mais do que 30 dias para ser extinto. Dois ladrões a bordo de uma moto, com uma coleção de relógios e pertences alheios na mochila e um par de armas de fogo não se teletransportam da rua Renato Paes de Barros para o infinito.
Passo o dia pensando em como deixar as pessoas mais felizes e como tentar fazer este país mais bacana. TV diverte e a ONG que presido tem um trabalho sério e eficiente em sua missão. Meu prazer passa pelo bem-estar coletivo, não tenho dúvidas disso.
Confesso que já andei de carro blindado, mas aboli. Por filosofia. Concluí que não era isso que queria para a minha cidade. Não queria assumir que estávamos vivendo em Bogotá. Errei na mosca. Bogotá melhorou muito. E nós? Bem, nós estamos chafurdados na violência urbana e não vejo perspectiva de sairmos do atoleiro.
Escrevo este texto não para colocar a revolta de alguém que perdeu o rolex, mas a indignação de alguém que de alguma forma dirigiu sua vida e sua energia para ajudar a construir um cenário mais maduro, mais profissional, mais equilibrado e justo e concluir -com um 38 na testa- que o país está em diversas frentes caminhando nessa direção, mas, de outro lado, continua mergulhado em problemas quase "infantis" para uma sociedade moderna e justa.
De um lado, a pujança do Brasil. Mas, do outro, crianças sendo assassinadas a golpes de estilete na periferia, assaltos a mão armada sendo executados em série nos bairros ricos, corruptos notórios e comprovados mantendo-se no governo. Nem Bogotá é mais aqui.
Onde estão os projetos? Onde estão as políticas públicas de segurança? Onde está a polícia? Quem compra as centenas de relógios roubados? Onde vende? Não acredito que a polícia não saiba. Finge não saber.
Alguém consegue explicar um assassino condenado que passa final de semana em casa!? Qual é a lógica disso? Ou um par de "extraterrestres" fortemente armado desfilando pelos bairros nobres de São Paulo?
Estou à procura de um salvador da pátria. Pensei que poderia ser o Mano Brown, mas, no "Roda Vida" da última segunda-feira, descobri que ele não é nem quer ser o tal. Pensei no comandante Nascimento, mas descobri que, na verdade, "Tropa de Elite" é uma obra de ficção e que aquele na tela é o Wagner Moura, o Olavo da novela. Pensei no presidente, mas não sei no que ele está pensando.
Enfim, pensei, pensei, pensei. Enquanto isso, João Dória Jr. grita: "Cansei". O Lobão canta: "Peidei".
Pensando, cansado ou peidando, hoje posso dizer que sou parte das estatísticas da violência em São Paulo. E, se você ainda não tem um assalto para chamar de seu, não se preocupe: a sua hora vai chegar.
Desculpem o desabafo, mas, hoje amanheci um cidadão envergonhado de ser paulistano, um brasileiro humilhado por um calibre 38 e um homem que correu o risco de não ver os seus filhos crescerem por causa de um relógio.
Isso não está certo.

LUCIANO HUCK, 36, apresentador de TV, comanda o programa "Caldeirão do Huck", na TV Globo. É diretor-presidente do Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias.

Folha de S. Paulo

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0110200708.htm
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Re: Crítica de Luciano Huck a violência paulistana.
« Resposta #1 Online: 01 de Outubro de 2007, 11:13:47 »
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01/10/2007 - 08h13
SP tem 1% dos homicídios do mundo, diz ONU

Sozinha, a cidade de São Paulo responde por 1% de todos os homicídios do planeta - apesar de ter apenas 0,17% da população mundial, afirma um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado nesta segunda-feira.

A estatística faz parte de um documento da agência da ONU para os assentamentos humanos, UN-Habitat, que marca o Dia Mundial do Habitat, neste 1º de outubro.

O relatório utiliza o caso de São Paulo para ilustrar como a expansão caótica das cidades colabora para a elevação das taxas de criminalidade nos centros urbanos.

De acordo com a ONU, a capital paulista se expandiu à impressionante taxa de 5% entre 1870 e 2000, quando bateu os 18 milhões de habitantes.

Apenas entre 1940 e 1960, a população da capital cresceu 171%. No mesmo período, a migração do campo para a cidade fez a periferia metropolitana inchar 364%.

Incapazes de lidar com as demandas por serviços urbanos e justiça, as instituições civis foram "esmagadas pelo ritmo e o tamanho do crescimento populacional", diz o estudo.

Em 1999, São Paulo registrava um número recorde de 11.455 assassinatos, uma estatística mais de 17 vezes superior à de Nova York, que no mesmo ano contava 667 crimes deste tipo.

Juntas, São Paulo e Rio respondem por metade dos assassinatos no Brasil, disse o estudo.

A capital fluminense registrava em 2001 uma taxa de homicídios de 45 para cada cem mil habitantes, bem acima da média latino-americana de 25/100 mil.

Fonte: http://noticias.uol.com.br/bbc/reporter/2007/10/01/ult4904u205.jhtm
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Offline Stéfano

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Re: Crítica de Luciano Huck a violência paulistana.
« Resposta #2 Online: 01 de Outubro de 2007, 13:34:52 »
Gostei do texto.
"Alternative and mainstream Medicine are not simply different methods of treating ilness. They are basically incompatible views of reality and how the material world works." Arnold S. Relman

Offline Rodion

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Re: Crítica de Luciano Huck a violência paulistana.
« Resposta #3 Online: 01 de Outubro de 2007, 14:21:24 »
ghost writer?
se bem que não subestimemos o pentelho. ele já passou pelo largo, mesmo que tenha sido só pra virar celebrity depois.
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine


Offline Südenbauer

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Re: Crítica de Luciano Huck a violência paulistana.
« Resposta #5 Online: 15 de Outubro de 2007, 14:17:43 »
Sobe.

Offline Herf

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Re: Crítica de Luciano Huck a violência paulistana.
« Resposta #6 Online: 15 de Outubro de 2007, 20:44:52 »
Meu artigo na Folha de hoje: “A pluralidade e a revolução dos idiotas”
Escrevo, a convite do jornal, um artigo na página 3 da Folha de hoje, na seção “Tendências/Debates”. Seguem trechos e link.
*
Há uma revolução em curso: a dos idiotas. Eles começam agredindo a lógica e terminam justificando o assassinato. Voltarei a esse ponto.
Na semana passada, o escritor e rapper Ferréz escreveu um artigo neste espaço em que tratou do assalto de que Luciano Huck foi vítima. Lê-se: "No final das contas, todos saíram ganhando, o assaltado ficou com o que tinha de mais valioso, que é sua vida, e o correria ficou com o relógio. Não vejo motivo pra reclamação, afinal, num mundo indefensável, até que o rolo foi justo pra ambas as partes". Ele não pode ser mal interpretado porque não pode ser bem interpretado: fez a apologia do crime, o que é crime. Será este jornal tão pluralista que admite alguém como Ferréz? Será este jornal tão pluralista que admite alguém como eu? Lustramos ambos o ambiente de tolerância desta Folha? A resposta é "não".

O artigo do tal é irrespondível. Vou eu lhe dizer que o crime não compensa? Ele tem motivos para acreditar que sim. Lênin mandaria que lhe passassem fogo -não sem antes lhe expropriar o relógio. Apenas sugiro ao jornal que corrija seu pé biográfico: ele é um empresário; o bairro do Capão Redondo é seu produto, e a voz dos marginalizados, o fetiche de sua mercadoria. Ir além na contestação de seu libelo criminoso seria reconhecê-lo como voz aceitável na pluralidade do jornal. Eu não reconheço. Na democracia, o direito à divergência não alcança as regras do jogo. Um democrata não deve, em nome de seus princípios, conceder a seus inimigos licenças que estes, em nome dos deles, a ele não concederiam se chegassem ao poder. Ao publicar aquele artigo, a Folha aceita que potencialmente se solapem as bases de sua própria legitimidade. Errou feio.
(...)
Ora, por que será que São Paulo tem, por 100 mil, menos da metade dos homicídios que tem o Rio e quase um terço do que tem Pernambuco? Porque há mais bandidos na cadeia!


http://veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/2007/10/meu-artigo-na-folha-de-hoje-pluralidade.html

Offline Herf

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Re: Crítica de Luciano Huck a violência paulistana.
« Resposta #7 Online: 15 de Outubro de 2007, 20:47:15 »
Para quem não leu, eis aí o link desse monte de estrume do texto do Ferréz, escrito em em resposta ao texto do Huck: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u336145.shtml

Offline n/a

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Re: Crítica de Luciano Huck a violência paulistana.
« Resposta #8 Online: 15 de Outubro de 2007, 21:21:45 »
Texto na íntegra:
por Reinaldo Azevedo, na Folha de S.Paulo

"Há uma revolução em curso: a dos idiotas. Eles começam agredindo a lógica e terminam justificando o assassinato. Voltarei a esse ponto.

Na semana passada, o escritor e rapper Ferréz escreveu um artigo neste espaço em que tratou do assalto de que Luciano Huck foi vítima. Lê-se: "No final das contas, todos saíram ganhando, o assaltado ficou com o que tinha de mais valioso, que é sua vida, e o correria ficou com o relógio. Não vejo motivo pra reclamação, afinal, num mundo indefensável, até que o rolo foi justo pra ambas as partes". Ele não pode ser mal interpretado porque não pode ser bem interpretado: fez a apologia do crime, o que é crime. Será este jornal tão pluralista que admite alguém como Ferréz? Será este jornal tão pluralista que admite alguém como eu? Lustramos ambos o ambiente de tolerância desta Folha? A resposta é "não".

O artigo do tal é irrespondível. Vou eu lhe dizer que o crime não compensa? Ele tem motivos para acreditar que sim. Lênin mandaria que lhe passassem fogo - não sem antes lhe expropriar o relógio. Apenas sugiro ao jornal que corrija seu pé biográfico: ele é um empresário; o bairro do Capão Redondo é seu produto, e a voz dos marginalizados, o fetiche de sua mercadoria. Ir além na contestação de seu libelo criminoso seria reconhecê-lo como voz aceitável na pluralidade do jornal. Eu não reconheço.

Na democracia, o direito à divergência não alcança as regras do jogo. Um democrata não deve, em nome de seus princípios, conceder a seus inimigos licenças que estes, em nome dos deles, a ele não concederiam se chegassem ao poder. Ao publicar aquele artigo, a Folha aceita que potencialmente se solapem as bases de sua própria legitimidade. Errou feio.

O poeta Bruno Tolentino é autor de um verso e tanto: "A arte não tem escrúpulos, tem apenas medida". O mesmo vale para a ação política.

Idealmente, há quem ache que o mundo seria melhor sem propriedade privada -eu acredito que, sem ela, estaríamos de tacape na mão, puxando as moças pelos cabelos.

Posso acalentar quantos sonhos quiser, sem escrúpulos. Mas o regime democrático tem medidas. Uma delas é o respeito às leis -inclusive às leis que regulam a mudança das leis. Se admitimos a voz do assalto, por que não a da pedofilia, a do terrorismo, a da luta armada, a do racismo? Aceito boas respostas.

O empresário Ferréz, ao lado de Mano Brown, é um bibelô mimado pelas esquerdas e pelo pensamento politicamente correto, para quem o crime é uma precognição política a caminho de uma revelação.

Tal suposição, somada à patrulha que tentou transformar Luciano Huck no verdadeiro culpado pelo assalto, contribuiu para esconder um fato relevante. A cidade de São Paulo teve 49,3 homicídios por 100 mil habitantes em 2001. Em 2006, 18,39 (uma redução de 62,69%). Em 2001, havia presas no Estado 67.649 pessoas; em 2006, 125.783 (crescimento de 85,93%). Não é espantoso? Quanto mais bandidos presos, menos crimes. Quanto mais eficiente é a polícia, menos mortos.

Eis que, no dia 11, abro esta mesma página e dou de cara com um artigo de Sérgio Salomão Shecaira. Escreve: "(...) O Estado de São Paulo concentra quase a metade dos cerca de 419 mil presos brasileiros (...). Enquanto, no Brasil, existem 227,63 presos por 100 mil habitantes, em São Paulo essa relação salta para 341,98 por 100 mil habitantes". Ele está descontente.

Quer prender menos: "Enquanto, no Estado de São Paulo, em 2005, houve 18,9 homicídios por 100 mil habitantes, no Rio de Janeiro a cifra foi de 40,5, e, em Pernambuco, de 48. No entanto, nesses dois últimos Estados, o número relativo de presos é bem menor que o paulista".

Shecaira é mestre e doutor em direito penal e professor associado da Faculdade de Direito da USP. Mas ainda não descobriu a lógica, coitado!

Ora, por que será que São Paulo tem, por 100 mil, menos da metade dos homicídios que tem o Rio e quase um terço do que tem Pernambuco? Porque há mais bandidos na cadeia!
Mas ele quer menos. Logo... Em vez de Ferréz se alfabetizar politicamente no contato com Shecaira, é Shecaira quem se analfabetiza no contato com Ferréz.

A tragédia não é recente. Aconteceu com a universidade: em vez de ela fornecer teoria aos sindicatos, foram os sindicatos que lhe forneceram táticas de greve. Em vez de Marilena Chaui ensinar ao companheiro as virtudes do pensamento, foi o companheiro que explicou a Marilena por que pensar é uma bobagem.

A minha pluralidade não alcança tolerar idiotas que querem destruir o sistema de valores que garantem a minha existência. E, curiosamente, até a deles".

Offline Thufir Hawat

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Re: Crítica de Luciano Huck a violência paulistana.
« Resposta #9 Online: 18 de Outubro de 2007, 01:40:54 »
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01/10/2007 - 08h13
SP tem 1% dos homicídios do mundo, diz ONU
Fonte: http://noticias.uol.com.br/bbc/reporter/2007/10/01/ult4904u205.jhtm

Parece que este estudo da ONU não foi dos mais rigorosos...

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Mistificação 2 - A estupidez da ONU, a violência em SP e o jornalismo comprando gato por lebre
Pra que serve a ONU? Quem acompanhava Primeira Leitura sabe que, volta e meia, eu fazia essa pergunta. Em que ela se transformou? Numa agência irrelevante de proselitismo humanitário e num valhacouto de ditadores africanos, árabes e, às vezes, asiáticos, além, é certo, dos demagogos latino-americanos. Embora seja sustentada pelos EUA, é visceralmente antiamericana. Há dias, Evo Morales discursou e defendeu que a ONU deixe Nova York. Sou favorável. Acho que o lugar das Nações Unidas é La Paz. Mas topo mandá-la, sei lá, para Cabul. Não confio em seus dados. Seus relatórios são furados. Suas estatísticas são mentirosas. Eis que, ontem, dou de cara, no Estadão, com o seguinte título: “SP registra 1% dos homicídios do mundo”. Fiquei escandalizado. O texto é de Jamil Chade, correspondente do Estadão na Europa (a íntegra está aqui, em link aberto). Comecei a ler. Os dados são da ONU, informa o texto. “Devem ser mentirosos”, pensei cá comigo. Mas o leitor tem razão. Ainda era um pouco de preconceito meu.

Jamil Chade escreve: “O levantamento compila e avalia, pela primeira vez, cerca de 200 estudos já produzidos nos últimos anos sobre violência pela ONU e outras instituições. Os dados são de anos distintos e baseados também em informações da imprensa.” Heeeinnn? Quer dizer que a ONU chegou a tal precisão compilando uma maçaroca de dados de diversas origens, incluindo “informações” da imprensa? Mas esperem? E os estudos demonstrando que houve uma drástica queda no número de homicídios em São Paulo mesmo depois da recente revisão dos dados? Ao longo do dia, foi a vez de a BBC Brasil reproduzir a bobagem. Vocês podem ler o texto aqui(link também aberto).

A história me interessou. Se vocês notarem, fiquei ontem uma parte da tarde sem postar nada. Infelizmente (ou felizmente, sei lá), trabalho sozinho. Só Dona Reinalda me ajuda entre seus muitos afazeres. Queria saber onde estava a fonte, o documento original da ONU que resultou na reportagem de Chade e da BBC. Vocês podem encontrá-lo aqui. E, então, comecei a desvendar os caminhos de uma farsa. Está escrito lá:

Startling data on crime and violence in Brazil (2006)
- São Paulo, Brazil, had 1 per cent of the world’s homicides, but only 0.17 percent of the world’s population.
- At least 25,000 homes in São Paulo had security cameras to monitor entrances and exits from their grounds,
- There were 35,000 armed cars in Brazil.
- Since the well-orchestrated attacks on police during May to June 2006, there was a 33 percent increase in armed windshields sales.
- The Brazilian security market had reached some US$49 billion, about 10 percent of gross
domestic product (GDP), of which 60 per cent were private expenditures.
- In 2006, private security companies employed 1.5 million individuals in Brazil.
Source: Esnal, 2006, p4

Traduzo pra vocês:

Dados sobre crime e violência no Brasil (2006)
- São Paulo, Brasil, tem 1% dos homicídios no mundo, embora tenha só 0,17% da população mundial.
- Pelo menos 25 mil casas em São Paulo possuem câmeras de segurança para monitorar a entrada e saída do terreno;
- Existem cerca de 35 mil automóveis blindados no Brasil;
- Desde os ataques contra a polícia, em maio e junho de 2006, houve um aumento de 33% na produção de vidros blindados para carros;
- O mercado de segurança no Brasil atingiu R$ 49 bilhões, cerca de 10% do Produto Interno Bruto, 60% dos quais são gastos privados;
- Em 2006, as companhias privadas de segurança empregaram 1,5 milhão de indivíduos no Brasil.
Fonte: Esnal, 2006

Atenção!
Agora vem o dado mais escandaloso. Lembram-se o que escreveu Chade? Rememoro: “O levantamento compila e avalia, pela primeira vez, cerca de 200 estudos já produzidos nos últimos anos sobre violência pela ONU e outras instituições. Os dados são de anos distintos e baseados também em informações da imprensa.” O jornalista não mentiu, mas a ONU sim. Os dados acima NÃO PERTENCEM A 2006 PORCARIA NENHUMA. Vejam acima o que está escrito em vermelho: “Fonte: Esnal”.

Esnal? Chegamos ao ponto. TODOS OS NÚMEROS, rigorosamente todos, saíram de uma reportagem do jornalista argentino Luis Esnal, correspondente do jornal La Nacion no Brasil. Entendam: não estou dizendo que a ONU usou ALGUNS DADOS SEUS. Estou afirmando que usou TODOS. E de uma única reportagem. Não acreditem em mim. Leiam vocês mesmos (clique aqui). Justiça seja feita: a entidade não esconde a origem dos números, não é? O jornalismo é que precisa tomar mais cuidado ao sair reproduzindo-os por aí.

Mas estão certos?
Vá lá. Mesmo as Nações Unidas comprando a versão de um único jornalista argentino, ainda assim, os números poderiam estar certos. Mas eles estão? Qual é a fonte? Um deles ao menos, o principal, está envolvido numa cascata de erros. É justamente aquele apontando que 1% dos homicídios no mundo ocorrem em São Paulo. A ONU, acreditem, diz que os dados são de 2006. Mentira! Leiam o que diz o jornalista argentino, que é a fonte: “Según la Organización Mundial de la Salud, más del 1% de los 520.000 homicidios cometidos en el mundo en 2002 ocurrieron en San Pablo, con 58 muertes cada 100.000 habitantes.” Vocês entenderam? A ONU usou dados de 2002 como se fossem de 2006. E mesmo estes estavam errados. Segundo a OMS, os homicídios em São Paulo, em 2002, eram 43,7 por 100 mil, e não 58 por 100 mil.

Mas ainda não chegamos ao núcleo da bobagem. Desde 1999, vem caindo brutalmente o número de assassinatos em São Paulo. Entre 2002 e 2007, em razão de muitos fatores (eficiência da polícia e aumento brutal de vagas em presídios, entre elas), DESPENCOU o número de homicídios na cidade. É inferior a um terço daquilo que diz a ONU. E, neste caso, alivie-se a barra também do jornalista argentino. Ele deixou claro que trabalhava com dados de 2002 (embora superestimados). Quem disse que eles eram de 2006 foi a ONU. E o jornalismo caiu na conversa. Eis o número de homicídios na cidade de São Paulo de 1999 a 2006 por 100 mil habitantes:

1999 - 52,58
2000 - 51,23
2001- 49,3
2002 - 43,73
2003 - 40,2
2004 - 31,54
2005 - 22,99
2006 - 18,39
Fonte: Secretaria de Segurança Pública

A própria ONU já chegou a elogiar o desempenho de São Paulo neste particular. Observem: em sete anos, houve uma redução de 65% no número de assassinatos. E isso traduz o sucesso da política de segurança pública, e não o contrário. O crime do documento da ONU, reproduzido bovinamente pelo jornalismo, está em tratar com menosprezo uma política que tem sido eficiente. E não por acaso.

Prestem atenção: em 2001, como se vê na tabela acima, São Paulo tinha 49,3 homicídios por 100 mil habitantes. Havia presas no Estado 67.649 pessoas. Em 2006, os assassinados por 100 mil eram 18,39 (uma redução de 62,69%). Sabem quantos eram os presos no ano passado? Nada menos que 125.783. Um crescimento de 85,93%. Sem contar os detidos em cadeias e delegacias, o que elevava o total para 143.310. Isso corresponde a 40% dos presos do país, embora o estado tenha apenas 25% da população. E ainda faltam vagas. Mas um dado é inegável, o que esquerdopatas, esquerdocínicos e esquerdiotas se negam a reconhecer: mais bandido dentro da cadeia, menos crime na rua.

O que vocês viram acima foi um pequeno roteiro de uma grande impostura. A canalha de sempre vai dizer, por que não?, que estou tentando livrar a cara do governo de São Paulo. Se desse bola pra essa gente, estaria fazendo a genuflexão “apedêutica”, a exemplo do que eles fazem. Leitores me mandaram um link do blog (é blog aquilo?) de Paulo Henrique Amorim. Ele assegura o aumento da violência em São Paulo, o que seria conseqüência da ausência de uma política para o setor. E até ouviu um especialista para corroborar o seu jeito de fazer “jornalismo”. Nem os que apreciam o que escrevo precisam acreditar apenas em mim. Visitem os links. Está tudo ali.

E que fique o exemplo: não dá para acreditar no que diz a ONU sem antes verificar a origem de seus números. E que se note: se o estado tem 25% da população do Brasil e 40% dos presos, é claro que se está prendendo pouco — mas no resto do Brasil, não em São Paulo.



Archimedes will be remembered when Aeschylus is forgotten, because languages die and mathematical ideas do not. "Immortality" may be a silly word, but probably a mathematician has the best chance of whatever it may mean.
G. H. Hardy, in "A Mathematician's Apology"

Offline Liquid Snake

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Re: Crítica de Luciano Huck a violência paulistana.
« Resposta #10 Online: 21 de Outubro de 2007, 16:09:07 »
Citar
Como brasileiro, tenho até pena dos dois pobres coitados montados naquela moto com um par de capacetes velhos e um 38 bem carregado.
Provavelmente não tiveram infância e educação, muito menos oportunidades.

Só por esse trecho, considero uma fatalidade que não tenham atirado na cabeça dessa mula.
"How do you tell a Communist? Well, it's someone who reads Marx and Lenin. And how do you tell an anti-Communist? It's someone who understands Marx and Lenin." - Ronald Reagan

rizk

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Re: Crítica de Luciano Huck a violência paulistana.
« Resposta #11 Online: 21 de Outubro de 2007, 18:46:38 »
Em vez de Marilena Chaui ensinar ao companheiro as virtudes do pensamento, foi o companheiro que explicou a Marilena por que pensar é uma bobagem.

:histeria: que maldade.

Quem é esse Ferréz? É óbvio que o que ele escreveu tem todo o sentido do mundo: é uma troca justa, sim, mas só dentro do estado de exceção que a gente vive! Não é admissível que pareça JUSTO um cidadão ter a sua vida ameaçada. Nada justifica isso. Antes que venham, o cidadão morador do Jardim Cu do Mundo, ZL, tem sua sim vida ameaçada pela "ausência do estado", sim, mas são problemas DIFERENTES.

O que fode é que mais bandido na cadeia também significa mais crimes na rua mandados por gente lá de dentro da cadeia, como quem estava em SP em maio/06 conseguiu notar. O problema, pra variar, é não jogar o bebê fora com a água da banheira, é como ressocializar o criminoso, como reduzir a criminalidade sem eliminar as pessoas, como era há 400 anos, etc.

Aqui em São Paulo, pra vocês verem, há/havia uma ONG chamada "Nova Ordem", acho, que dizia ser pra ressocailização, mas atuava como organização de fachada para o PCC. Eles estão/estavam sofrendo processo criminal. Dizem os jornais que o PCC dava dinheiro para eles comprarem comida e colchões e essas coisas, além de haver suspeita de os diretores da ONG estarem envolvidos com o sequestro do jornalista da Globo em 2006 (talvez alguém lembre, foi aquela vez que passou o vídeo do PCC falando do regime disciplinar diferenciado e tal).

É o fim, mesmo.

Offline Herf

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Re: Crítica de Luciano Huck a violência paulistana.
« Resposta #12 Online: 21 de Outubro de 2007, 19:38:34 »
O que fode é que mais bandido na cadeia também significa mais crimes na rua mandados por gente lá de dentro da cadeia, como quem estava em SP em maio/06 conseguiu notar.
??

Offline Adriano

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Re: Crítica de Luciano Huck a violência paulistana.
« Resposta #13 Online: 21 de Outubro de 2007, 20:12:51 »
O que fode é que mais bandido na cadeia também significa mais crimes na rua mandados por gente lá de dentro da cadeia, como quem estava em SP em maio/06 conseguiu notar.
??
Não se para o crime organizado apenas com as prisões. Há muitos que praticam crimes dentro da cadeia e os lideres das organizações criminosas continuam a dar ordens mesmo presos.

Uma boa medida são as prisões de segurança máxima como no caso do Beira Mar, para presos de alta periculosidade.
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline Herf

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Re: Crítica de Luciano Huck a violência paulistana.
« Resposta #14 Online: 21 de Outubro de 2007, 20:21:24 »
O que fode é que mais bandido na cadeia também significa mais crimes na rua mandados por gente lá de dentro da cadeia, como quem estava em SP em maio/06 conseguiu notar.
??
Não se para o crime organizado apenas com as prisões. Há muitos que praticam crimes dentro da cadeia e os lideres das organizações criminosas continuam a dar ordens mesmo presos.
Putz, mas ponderar que "o que fode é que mais bandido na cadeia também significa mais crimes na rua mandados por gente lá de dentro" faz parecer que nem tem muita diferença o vagabundo estar dentro da prisão ou fora! Como se o cara mandando ordens de dentro da prisão fosse algo comparável a ele estar solto.

Façam-me o favor.

Uma boa medida são as prisões de segurança máxima como no caso do Beira Mar, para presos de alta periculosidade.
Uma boa medida é estourar a cabeça dessas pragas. E ponto final, sem mais despesas e preocupações.

Offline Nightstalker

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Re: Crítica de Luciano Huck a violência paulistana.
« Resposta #15 Online: 21 de Outubro de 2007, 20:35:14 »
Citar
Como brasileiro, tenho até pena dos dois pobres coitados montados naquela moto com um par de capacetes velhos e um 38 bem carregado.
Provavelmente não tiveram infância e educação, muito menos oportunidades.

Só por esse trecho, considero uma fatalidade que não tenham atirado na cabeça dessa mula.

Então você deseja a morte aos que discordam de você? Bem democrático você hein.
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Atheist

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Re: Crítica de Luciano Huck a violência paulistana.
« Resposta #16 Online: 22 de Outubro de 2007, 00:03:35 »
Só achei um absurdo a capa da Veja: "ele merecia ser roubado?"

Um lixo, preconceituoso.

Offline Rodion

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Re: Crítica de Luciano Huck a violência paulistana.
« Resposta #17 Online: 22 de Outubro de 2007, 00:16:49 »
Só achei um absurdo a capa da Veja: "ele merecia ser roubado?"

Um lixo, preconceituoso.

bom, é que disseram que ele merecia...
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Offline Dbohr

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Re: Crítica de Luciano Huck a violência paulistana.
« Resposta #18 Online: 22 de Outubro de 2007, 11:33:19 »
O Sérgio Cabral mandou fazer exatamente isso. Aliás, o discurso dele é de uma obviedade dolorosa (e digo isso sem ironia alguma). Parafraseando, ele diz que "não adianta subir o morro e organizar seminário explicando pra bandido por que ele deve entregar seus fuzis". A ordem do Governador é mesmo botar para quebrar.

O que é FODA é justamente o estado de exceção em que a gente vive, como bem lembrou a mimi. Tem gente no morro que ajuda o tráfico, sim, nem que seja fazendo protesto quando morre um. Mas tem gente que só quer viver em paz e não pode. E a gente nesse fogo cruzado.

Atheist

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Re: Crítica de Luciano Huck a violência paulistana.
« Resposta #19 Online: 22 de Outubro de 2007, 18:48:03 »
Só achei um absurdo a capa da Veja: "ele merecia ser roubado?"

Um lixo, preconceituoso.

bom, é que disseram que ele merecia...

Um erro não justifica outro.

rizk

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Re: Crítica de Luciano Huck a violência paulistana.
« Resposta #20 Online: 22 de Outubro de 2007, 20:06:51 »
Putz, mas ponderar que "o que fode é que mais bandido na cadeia também significa mais crimes na rua mandados por gente lá de dentro" faz parecer que nem tem muita diferença o vagabundo estar dentro da prisão ou fora! Como se o cara mandando ordens de dentro da prisão fosse algo comparável a ele estar solto.

Façam-me o favor.

Tem uma tremenda diferença: lá eles estão todos JUNTOS e se organizam com mais FACILIDADE. Meu, tenho muita certeza de que, se os bandidões quisessem botar pra foder MESMO, eles faziam (e a única solução ia ser entrar nos presídios e matar todo mundo). Agradeçamos aos deuses que eles ainda não desistiram de fazer política: de reclamar do rdd e quererem mais "jumbo" e etc.

Posso estar exagerando nisso, já que é opinião pessoal. Agora, há que notar que tem NECESSARIAMENTE correlação ser o estado da federação que tem mais presos e o estado que passou um mês tendo ônibus queimado todo dia. Não acho que afrouxar compense, longe de mim, mas que é verdade, é.

Em tempo: a gente tudo burguês com internet aqui, mas fôssemos nós no morro, não colaboraríamos? Não é a "paz" da comunidade que está sendo preservada nessa conivência?

É claro que não é certo, não é o ideal, e nem deveria estar em cogitação, NÃO FOSSE a nossa realidade.

Offline n/a

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Re: Crítica de Luciano Huck a violência paulistana.
« Resposta #21 Online: 22 de Outubro de 2007, 20:10:52 »
Só achei um absurdo a capa da Veja: "ele merecia ser roubado?"

Um lixo, preconceituoso.

Veja? Acho que foi na Época.

Atheist

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Re: Crítica de Luciano Huck a violência paulistana.
« Resposta #22 Online: 22 de Outubro de 2007, 20:14:23 »
Só achei um absurdo a capa da Veja: "ele merecia ser roubado?"

Um lixo, preconceituoso.

Veja? Acho que foi na Época.

Hmm... Pode até ser... nem peguei na mão, acho mais fácil ser a Veja pois vi no mercado e lá não tem Época.

Atheist

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Re: Crítica de Luciano Huck a violência paulistana.
« Resposta #23 Online: 22 de Outubro de 2007, 20:16:53 »
Só achei um absurdo a capa da Veja: "ele merecia ser roubado?"

Um lixo, preconceituoso.

Veja? Acho que foi na Época.

Hmm... Pode até ser... nem peguei na mão, acho mais fácil ser a Veja pois vi no mercado e lá não tem Época.

Mas acho que você tem razão, não é na Veja...

Offline Südenbauer

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Re: Crítica de Luciano Huck a violência paulistana.
« Resposta #24 Online: 22 de Outubro de 2007, 21:14:47 »
As últimas capas da Veja foram: aquecimento global, Guerra entre Globo e Record, Che Guevara e Tropa de Elite.

 

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