Autor Tópico: Confiança engarrafada  (Lida 1319 vezes)

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APODman

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Confiança engarrafada
« Online: 02 de Junho de 2005, 11:49:58 »
Suíços produzem confiança engarrafada

SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Dizem por aí que a confiança não pode ser dada a alguém, mas deve ser conquistada aos poucos. Pois cientistas suíços acabam de descobrir um atalho. Usando um spray nasal, eles fizeram com que voluntários confiassem mais em seus parceiros durante a condução de uma transação financeira.

A substância é a oxitocina, um composto que normalmente age no organismo de mamíferos como um hormônio envolvido no processo reprodutivo e um regulador de atividade cerebral. Em animais, sabe-se que a oxitocina está ligada à criação de elos sociais e parentais. Em fêmeas grávidas, a oxitocina está ligada à indução do trabalho de parto e ao processo de lactação. Mas ninguém sabia que ela participava de forma tão ativa num processo como a confiança.
Agora sabe, graças aos experimentos feitos por pesquisadores da Universidade de Zurique. Eles bolaram uma forma de verificar os efeitos da oxitocina no desenvolvimento da confiança. Aos voluntários eram dadas algumas "unidades monetárias", que ao fim do jogo seriam convertidas em francos suíços (cada unidade equivalia a 40 centavos de franco).

A eles cabia, via computador, determinar quantas pretendiam "investir", repassando-as a outra pessoa, que capitalizaria a partir do investimento e dividiria os lucros -a seu critério. Por exemplo, se o investidor cedesse todo o dinheiro, mas o "gerente do banco" optasse por não dividir o lucro, o investidor sairia sem nada.
Era uma decisão arriscada, que dependia em essência do quanto o investidor confiava na idoneidade do gerente do banco no outro lado da linha. Os experimentos mostraram que os investidores que inalaram oxitocina confiaram mais nos gerentes do que os que receberam um placebo (substância inócua).


Confiança ou descaso?
Mas o resultado ainda não era conclusivo. Afinal de contas, será que a influência da oxitocina consistia em aumentar o grau de confiança ou ela apenas fazia com que a percepção do risco envolvido diminuísse? Essa foi a segunda pergunta que o estudo respondeu, ao trocar a decisão do gerente humano por um resultado aleatório, produzido pelo computador.

Depois de informados de que a distribuição do lucro seria aleatória, transformando o investimento numa aposta de jogo de azar, tanto os voluntários que tomaram oxitocina como os que não tomaram ficaram igualmente cautelosos. Ou seja, ambos souberam avaliar igualmente os riscos, confirmando que a substância realmente regulava a confiança que uma pessoa tem em outra.

Os resultados do estudo, publicado hoje na revista "Nature" (www.nature.com), impressionam mais pelas suas implicações, aparentemente saídas de obras de ficção como "Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley. Podem comportamentos humanos ser tão bem "modulados" pela química? A oxitocina seria a panacéia de políticos e publicitários? Segundo Markus Heinrichs, psicólogo clínico e um dos autores do estudo, a resposta é "não".

"Eu não espero nenhum perigo. Primeiro, não há meios técnicos de fazer isso [manipular as pessoas] -a oxitocina não pode ser administrada oralmente ou via ar-condicionado. Segundo, já existem métodos mais efetivos na política e na publicidade do que um spray nasal de oxitocina. No momento, o único perigo para mim é que médicos a dêem a seus pacientes sem esperar o resultado dos nossos estudos clínicos."

Sim, os pesquisadores suíços já estão tentando aplicar a técnica em tratamentos médicos. "A fobia social aparece como a terceira doença mental mais comum e é caracterizada por fortes déficits sociais, incluindo medo persistente e fuga de interações sociais", diz Heinrichs. "Nas primeiras análises, o que vemos é que uma única dose de oxitocina permite que os pacientes obtenham apoio social de outros de forma mais eficaz e sintam menos ansiedade."
Embora alerte que a perspectiva de um uso manipulativo desse conhecimento "talvez esteja perto demais da realidade para ser confortável", o neurocientista português António Damásio, da Universidade de Iowa, EUA, aponta que ainda não se pode fazer prognósticos a esse respeito. "Na verdade, esse estudo é um mero começo, e [a oxitocina] pode funcionar apenas em certas condições", disse ele à Folha. Damásio assina um comentário na mesma "Nature" em que sai o estudo suíço.



fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0206200501.htm

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Offline Südenbauer

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Confiança engarrafada
« Resposta #1 Online: 02 de Junho de 2005, 12:11:04 »
Falando em oxitocina:

A OXITOCINA É O HORMÔNIO DA CONFIANÇA
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de Glenys Álvarez


O pesquisador Paul Zak repartiu dez dólares entre 19 pessoas em seu experimento. Logo depois, convidou-os a compartilharem este dinheiro com um receptor anônimo. Zak andava atrás de substâncias químicas que estimulem o cérebro e gerem emoções e condutas na gente. A confiança é uma delas. Quando os receptores anônimos receberam o dinheiro dos voluntários, Zak então triplicou a quantidade que recebera cada um e os exortou a compartilharem o que ganharam com os respectivos voluntários que enviaram a doação original. Dos receptores, 54% compartilhou o lucro com os voluntários. Estudos de seus organismos indicaram que aqueles que foram mais generosos tinham os níveis mais altos de oxitocina.

Este hormônio é um mensageiro químico muito especial. Não só tem o controle de iniciar e estimular a produção de leite materno, como sua aparição na mãe e no filho garante uma maior união entre ambos. A oxitocina também aparece, junto com a serotonina, nos cérebros enamorados e nas pessoas relaxadas já que uma de suas funções é bloquear os hormônios que produzem estresse. Também foi comprovado com ratos de laboratório, que os níveis do hormônio incrementam notavelmente mediante o tato.

O objetivo da oxitocina é enviar mensagens a neurônios em uma parte do cérebro que se conhece como amígdala. Neste lugar se encontram as regiões relacionadas com as emoções e com o comportamento social. De fato, estas regiões também estão vinculadas a desordem infantil conhecida como autismo.

"As pessoas com autismo confiam demais nos outros e é possível que um excesso de oxitocina tenha a ver com esta condição", disse para a BBC o neurocientista Richard Frackowiak, da Universidade de Londres.

A produção de oxitocina inicia um círculo que estimula a geração da confiança. Logo, a confiança continua gerando mais confiança. Um experimento realizado por Ernst Fehr da Universidade de Zurich, na Suíça, demonstrou que, uma vez que uma pessoa é confiável, seus altos níveis de oxitocina estimulam sua generosidade o que por sua vez gera ainda mais confiança.

A equipe de Fehr também utilizou o dinheiro como ferramenta para gerar confiança ou desconfiança. O investigador pegou um grupo de voluntários e os dividiu em três e cada equipe enfrentou uma situação distinta. Na primeira situação, o grupo de voluntários recebia de uma pessoa uma quantidade de dinheiro para que fosse investido em algo para ganhar mais dinheiro. Mas junto à quantia também receberam uma advertência e uma ameaça de punição se perdessem o dinheiro. O outro grupo só recebeu o dinheiro sem advertências nem ameaças, entretanto, o terceiro grupo sabia de antemão que existia um castigo se perdessem o dinheiro mas que era a opção da pessoa que o entregava ameaçá-los com a penalidade. A pessoa entregou-lhes o dinheiro sem as ameaças. A análise dos resultados demonstrou que este último foi o grupo mais generoso e que o primeiro foi o que menos devolveram os ganhos.

"Quando alguém confia em você, os níveis de oxitocina aumentam e a pessoa com altos níveis deste hormônio tende a ser mais generosa o por sua vez a faz muito mais confiável aos olhos dos demais. Em outras palavras, a confiança gera oxitociana e o hormônio estimula a generosidade e os laços entre as pessoas", explicou Fehr para a revista científica Nature.

A Oxitocina e a Violência Doméstica

Faz uns anos em Estocolmo, uma curiosa situação ocorreu durante o roubo de um banco. O delinqüente tomou reféns, entretanto, quando terminou toda a tragédia, os reféns defenderam o ladrão e o apoiaram o tempo todo. Este tipo de união paradoxal é chamada pela psiquiatria de "laço traumático", e foi identificada em 1983 pelos pesquisadores Donald Dutton e Susan Painter em certas relações onde a violência doméstica protagoniza o vínculo.

"Muitos cientistas pensam que a oxitocina tem um papel importante na formação destes laços traumáticos entre os casais. Este hormônio muitas vezes não permite a consolidação das memórias enquanto que por sua vez aumenta o nível de confiança entre uma pessoa abusada e seu abusador. Muitas mulheres formam este tipo de laço traumático com o marido abusador e logo sentem que não podem deixá-lo, voltam a uma relação que as levará a sofrer novamente. Cremos que a oxitocina tem a ver com este perigoso padrão", escreveu Painter em seu estudo.

O abuso é difícil de ser cometido em uma relação baseada na igualdade e é muito mais fácil de continuar caso se mantenham padrões onde o maltrato é seguido por amor e carinho. Esta situação pode gerar o aumento do hormônio no corpo e a confiança do abusado para a pessoa que o maltrata.

Fonte: http://www.str.com.br/Scientia/oxitocina.htm

Offline Alenônimo

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Re.: Confiança engarrafada
« Resposta #2 Online: 02 de Junho de 2005, 12:32:00 »
Aquela substância dá confiança, não burrice... :P
“A ciência não explica tudo. A religião não explica nada.”

Offline ExPastorX

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Re.: Confiança engarrafada
« Resposta #3 Online: 28 de Junho de 2005, 12:07:33 »
Acho que o Lula aspirou disso daí pra confiar nos seus aliados......  :?  :?  :?
Estamos sozinhos no universo, e por mais que desejemos, imaginamos ou cultuamos uma suposta divindade, ela não virá a existir só por que assim o desejamos..... estamos sós..... sem deuses...... quer queiramos ou não...... expastorx@gmail.com

 

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