Autor Tópico: O poder do corporativismo no Brasil (particularmente o dos advogados)  (Lida 1818 vezes)

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Offline Herf

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O poder do corporativismo no Brasil (particularmente o dos advogados)
« Online: 06 de Outubro de 2007, 18:45:38 »
República dos bacharéis
por Hélio Schwartsman

Como estou sem assunto, hoje vou falar mal de advogados. Tenho o privilégio de dar-me com excelentes profissionais dessa bonita carreira, mas isso não me impede de acusar os arroubos corporativistas da categoria, que tanto mal causam ao país.

Um exemplo recente dá bem a idéia do que quero dizer. Numa rara iniciativa elogiável, o Senado Federal aprovou no final do ano passado dispositivo que simplificava as separações consensuais de casais sem filhos menores, dispensando-as de passar pelo crivo do Judiciário. Bastaria um registro público em cartório para consolidar a dissolução do matrimônio. (Podemos é claro nos perguntar por que diabos alguns ainda insistem em informar o Estado de que pretendem viver juntos, mas essa é uma outra questão). Era uma medida desburocratizante, simplificadora e que ainda contribuiria para aliviar a enorme carga de processos que atola a Justiça brasileira. Foi, portanto, rapidamente deturpada.

Por intermédio do deputado e advogado Maurício Rands (PT-PE), a república dos bacharéis conseguiu introduzir uma emenda que obrigou as partes a contratarem os serviços de um advogado. Com isso, a separação se tornou um pouco menos simples e mais cara. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não teve a coragem de vetar essa excrescência, de modo que o projeto acabou sendo aprovado com a alteração ditada pelo lobby da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). No mínimo, a norma viola o princípio da razão suficiente: se não é necessário consultar um advogado para casar-se, tampouco deve ser obrigatório ouvir um na hora de dissolver a união por comum acordo. Mas é melhor eu parar antes que alguém tenha a idéia de fazer uma lei tornando necessária a presença de advogados em altares e dosséis.

Parece brincadeira, mas não é. Entre outras maldades que a OAB já tentou impingir ao cidadão está a necessidade de constituir advogado até para ir aos tribunais de pequenas causas e juizados especiais. O golpe constava do Estatuto do Advogado, a lei nº 8.906/94, bolada pela ordem e sancionada pelo Congresso Nacional. Só não se converteu em realidade porque, na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 1.127, movida pela Associação dos Magistrados do Brasil, o Supremo Tribunal Federal considerou nulo o dispositivo legal que tornava privativo de advogados "a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais" (art. 1º, I). A expressão "qualquer" é que foi julgada inconstitucional. Ou seja, não foi uma vitória completa, pois continua havendo instâncias em que o cidadão não pode representar a si mesmo, sendo legalmente compelido a procurar um advogado. A dispensa do profissional só vale em juizados especiais, na Justiça do Trabalho e em ações de "habeas corpus".

Não me entendam mal. Acredito no velho ditado segundo o qual "a man who is his own lawyer has a fool for a client" (o homem que advoga por si próprio tem um tolo por cliente). Quero, entretanto, ter o direito de fazê-lo, ainda que não pretenda exercer tal prerrogativa. O que está em jogo aqui são os próprios pressupostos da República. É absurda a idéia de que eu possa escolher, pelo voto, as principais autoridades do Executivo e os membros do Parlamento, que escreverão e aplicarão as leis do país, mas seja considerado incapaz de representar apenas a mim mesmo diante de um juiz. Pior ainda é que isso ocorra por força de pressões escancaradamente corporativistas de uma associação profissional.

De resto, todo o pleito da OAB repousa sobre uma base logicamente frágil. O que a Constituição diz em seu artigo 133 é que o advogado é "indispensável à administração da justiça". Eu próprio concordo com a assertiva. Não sou capaz de vislumbrar um sistema judiciário no qual inexistam advogados. Mas isso de maneira alguma implica que eles devam ser onipresentes. A própria Carta é explícita ao afirmar que todos --o que inclui menores de 18 anos e estrangeiros--, têm o direito de peticionar "em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder" (art. 5º, XXXIV). A doutrina corrente limita o escopo dessa injunção ao "habeas corpus". De minha parte, considero que qualquer ação judicial tem a ver a com a defesa de direitos.

Também se chega à mesma conclusão pela via do absurdo. Um cidadão pode, com base no Código do Consumidor, recusar um por um todos os advogados que lhe sejam apresentados. Ora, se esse putativo indivíduo for levado a julgamento e não puder representar-se, terá prejudicado seu amplo direito à defesa, hipótese que a Constituição não admite. A possibilidade de auto-representação mesmo em ações penais torna-se assim, "ex fortiori", uma necessidade lógica.

Diga-se em favor dos advogados que colocar os interesses da categoria à frente dos da população não é exclusividade sua. Na mesma senda caminham notários, médicos, engenheiros, jornalistas, políticos. O problema é que, no Brasil, qualquer grupo que tenha um mínimo de organização obtém sucesso senão em todos os pleitos ao menos em parte deles. O resultado é uma miríade de leis e regulamentos que, afora atender às demandas corporativas, só servem para frustrar direitos e dificultar a vida.

Uma demonstração eloqüente dos excessos burocráticos foi dada na semana passada pelo Banco Mundial, que divulgou a versão 2008 de seu já clássico relatório "Doing Business", no qual faz o ranking dos países que oferecem melhores condições para empresários. Pela quinta vez consecutiva, o Brasil faz péssima figura. Ficou em 122º lugar entre as 178 nações avaliadas. Por aqui, abrir um negócio cobra 152 dias perdidos com procedimentos legais e correspondente papelada. Na Austrália, bastam 2. A média dos países desenvolvidos (OCDE) é de 15 dias. Só não nos saímos pior do que Congo, Guiné-Bissau, Suriname e Haiti. E isso provavelmente porque o Haiti se encontra sob ocupação de tropas brasileiras.

Hoje eu centrei fogo nos advogados, mas críticas semelhantes podem ser feitas a praticamente todas as categorias profissionais. É claro que defender interesses de classe é legítimo. Os problemas começam é quando organizações como a OAB se tornam maiores do que sindicatos --que é o que deveriam ser-- e passam a acumular poderes desproporcionais, como o de indicar juízes, escrever leis, propor ações diretas de inconstitucionalidade, definir quem pode e quem não pode tornar-se advogado. É preciso depurar o Estado das pressões corporativas que o tomam de assalto, ou ele jamais poderá atuar de forma republicana.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/helioschwartsman/ult510u333695.shtml

Offline Quereu

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Re: O poder do corporativismo no Brasil (particularmente o dos advogados)
« Resposta #1 Online: 06 de Outubro de 2007, 19:41:15 »
Outro texto excelente. É o gigantismo do estado brasileiro gerando aberrações.
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Offline Adriano

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Re: O poder do corporativismo no Brasil (particularmente o dos advogados)
« Resposta #2 Online: 06 de Outubro de 2007, 19:57:42 »
Outro texto excelente. É o gigantismo do estado brasileiro gerando aberrações.
O texto fala de uma classe proficional e não do estado. Advogados são profissionais liberais. No mais é extensivo aos corporativismo de outras profissões.
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline Quereu

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Re: O poder do corporativismo no Brasil (particularmente o dos advogados)
« Resposta #3 Online: 06 de Outubro de 2007, 20:02:16 »
Outro texto excelente. É o gigantismo do estado brasileiro gerando aberrações.
O texto fala de uma classe proficional e não do estado. Advogados são profissionais liberais. No mais é extensivo aos corporativismo de outras profissões.

Com efeito. Eu fiz a relação.
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Offline BetinhOzinhO

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Re: O poder do corporativismo no Brasil (particularmente o dos advogados)
« Resposta #4 Online: 07 de Outubro de 2007, 23:12:40 »
Meu Deus, que festival de imbecilidade!!!! Esse IDIOTA que tente se defender sozinho em qualquer processo, PRINCIPALMENTE PENAL, pra ver se ele não vai é SE FUDER! Como é que alguém formado em filosofia vai redigir uma petição inicial defendendo direitos que ele nem mesmo sabe intitular e qualificar e abordando textos legais que ele nem mesmo sabe que existem???

E outra, os Juizados Especiais dispensam advogado? Dispensam sim, mas será que isso é mesmo BOM? TENHO MINHAS DÚVIDAS. A massa semi-analfabeta que entra com ações em Juizados desgasta MUITO os funcionários e provoca um enorme atraso no serviço dessas instâncias judiciais porque é preciso que a gente passe um tempo precioso explicando o que é que está acontecendo no processo e às vezes orientando as partes a preencher petições com pedidos delas e ISSO É TRABALHO DE ADVOGADO! Dá vontade de dizer: "quer explicação do que é intimação?? Do que é revelia?? Do que é conciliação?? Do que é instrução?? Do que é liminar?? Do que é instrução?? Do que é contra-razões?? PROCURE A PORRA DE UM ADVOGADO, CARALHO, PORQUE EU ESTOU OCUPADO!"

A situação no Juizado em que eu trabalho só não é mais grave porque há meses que está instalado lá um posto da Defensoria Pública! O que é um defensor público? UM ADVOGADO GRATUITO.

Esse Hélio Schwartsman tá achando que é muito SIMPLES e muito FÁCIL se fazer representar numa ação judicial, como réu, autor ou terceiro interessado. Deviam dar uma CHANCE a ele de TENTAR fazer isso, o babaca.

O GOOGLE NÃO É SEU AMIGO! HAHAHAHHOHOHOHO! http://www.google-watch.org/

Offline Rodion

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Re: O poder do corporativismo no Brasil (particularmente o dos advogados)
« Resposta #5 Online: 07 de Outubro de 2007, 23:25:37 »
betinho, criticar o corporativismo dos bacharéis é diferente de criticar os bacharéis eles mesmos.
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

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Re: O poder do corporativismo no Brasil (particularmente o dos advogados)
« Resposta #6 Online: 08 de Outubro de 2007, 10:31:01 »
Acho correta a medida que exige a assiantura de um advogado em separações, inventários etc feitos em cartório. A questão é simples, o cartorário não é advogado e normalmente não é muito esperto. Se não tiver ninguém que entenda da lei para averiguar podem ocorrer várias lesões a lei. Um exemplo é uma partilha de bens totalmente voltada para um dos ex-cônjugues ou para um dos herdeiros de forma arbitrária e ilegal lesando todos os demais.

Quando a gente assina uma escritura destas assina lá e declara que a partilha foi realizada dentro da lei. Algo totalmente ilegal não pode ser assinado, se for, o advogado pode ser responsabilizado.

Além de quê, foi graças a "malvada" OAB que muitas leis nesse país que lesavam os cidadãos, eram claramente de má-fé, foram impuganadas com ações diretas de inconstitucionalidade e foram julgadas procedentes.
"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

Offline Guinevere

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Re: O poder do corporativismo no Brasil (particularmente o dos advogados)
« Resposta #7 Online: 08 de Outubro de 2007, 10:55:20 »
Meus parabéns ao Amon por defender sua opinião de forma estruturada e calma, sem apelar pra palavrões e trocetas palavras em caixa alta.

BetinhO... tente relaxar... Não gostei do seu post, embora concorde com o que ele diz!

Offline BetinhOzinhO

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Re: O poder do corporativismo no Brasil (particularmente o dos advogados)
« Resposta #8 Online: 09 de Outubro de 2007, 10:57:54 »
betinho, criticar o corporativismo dos bacharéis é diferente de criticar os bacharéis eles mesmos.

ACORDA! O que ele chama de corporativismo é a NECESSÁRIA assistência de um PROFISSIONAL em questões que fazem um leigo revirar os olhos e gritar de horror!!! Pegue um livro de Direito e vá lendo pra você ver o que é que entra na sua cabeça!! Alguns são tão herméticos quanto livros de magia!!

A questão é simples, o cartorário não é advogado e normalmente não é muito esperto. Se não tiver ninguém que entenda da lei para averiguar podem ocorrer várias lesões a lei. Um exemplo é uma partilha de bens totalmente voltada para um dos ex-cônjugues ou para um dos herdeiros de forma arbitrária e ilegal lesando todos os demais.
Quando a gente assina uma escritura destas assina lá e declara que a partilha foi realizada dentro da lei. Algo totalmente ilegal não pode ser assinado, se for, o advogado pode ser responsabilizado.
Além de quê, foi graças a "malvada" OAB que muitas leis nesse país que lesavam os cidadãos, eram claramente de má-fé, foram impuganadas com ações diretas de inconstitucionalidade e foram julgadas procedentes.

Clap, clap, clap, clap!

BetinhO... tente relaxar... Não gostei do seu post, embora concorde com o que ele diz!

Você...
... não gostou...
...do meu post??

???????????????????????????
E eu com isso????????????????????
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Offline Guinevere

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Re: O poder do corporativismo no Brasil (particularmente o dos advogados)
« Resposta #9 Online: 09 de Outubro de 2007, 12:34:45 »
As pessoas que eu não gosto Deus castiga.

Offline Quereu

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Re: O poder do corporativismo no Brasil (particularmente o dos advogados)
« Resposta #10 Online: 09 de Outubro de 2007, 18:44:10 »
O texto não é contra os advogados, é contra o corporativismo destes. E hão de concordar que o corporativismo é quase uma segunda natureza entre nós. Os médicos, por exemplo, tem o privilégio de estabelecer leis para a própria categoria o que é um claro abuso de poder. Os policiais militares cometem crimes comuns e são julgados em tribunais especiais. Deputados discutem entre si para dar o direito a outra pessoa de os processarem.

Nepotismo, corrupção e ineficiência vige no Judiciário e o país paga um alto preço pela morosidade da justiça. Onde está o pessoal da lei propondo reformas? Todas essas apelações devem fazer a alegria  - e a grana - dos advogados. Vamos mudar as coisas, melhorar o brasil, comecemos a cortar na própria carne.
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Offline BetinhOzinhO

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Re: O poder do corporativismo no Brasil (particularmente o dos advogados)
« Resposta #11 Online: 09 de Outubro de 2007, 20:31:43 »
O texto não é contra os advogados, é contra o corporativismo destes.

"ACORDA! O que ele chama de corporativismo é a NECESSÁRIA assistência de um PROFISSIONAL em questões que fazem um leigo revirar os olhos e gritar de horror!!! Pegue um livro de Direito e vá lendo pra você ver o que é que entra na sua cabeça!! Alguns são tão herméticos quanto livros de magia!!"

Se FOSSE contra o corporativismo, ainda vá lá, mas simplesmente não é!
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Offline Quereu

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Re: O poder do corporativismo no Brasil (particularmente o dos advogados)
« Resposta #12 Online: 09 de Outubro de 2007, 20:57:22 »
Olha Betinho,

se eu estiver doente e decidir morrer simplesmente deixo de ir ao médico. Do advogado não consigo me livrar.
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Re: O poder do corporativismo no Brasil (particularmente o dos advogados)
« Resposta #13 Online: 10 de Outubro de 2007, 09:02:06 »
O texto não é contra os advogados, é contra o corporativismo destes. E hão de concordar que o corporativismo é quase uma segunda natureza entre nós. Os médicos, por exemplo, tem o privilégio de estabelecer leis para a própria categoria o que é um claro abuso de poder. Os policiais militares cometem crimes comuns e são julgados em tribunais especiais. Deputados discutem entre si para dar o direito a outra pessoa de os processarem.

Nepotismo, corrupção e ineficiência vige no Judiciário e o país paga um alto preço pela morosidade da justiça. Onde está o pessoal da lei propondo reformas? Todas essas apelações devem fazer a alegria  - e a grana - dos advogados. Vamos mudar as coisas, melhorar o brasil, comecemos a cortar na própria carne.

Alegria? Um judiciário sucateado só prejudica o advogado. Você acha que todo mundo nada em dinheiro e vai despejando tudo na mão do advogado? Para receber é sempre uma missa. Normalmente não pagam nada a você, o advogado fica só com a verba de sucumbência (quando uma parte é vencedora numa ação, a parte vencida é condenada ao pagamento de honorários advocatícios, que vão para o advogado).

Como normalmente as ações levam décadas, você recebe só depois de velho já.
Ou então é o famoso contrato de 20% sobre o valor da causa. Mas este pagamento só sai no fim da ação, e como ela demora muito muito, o judiciário lento só prejudica o advogado.
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Re: O poder do corporativismo no Brasil (particularmente o dos advogados)
« Resposta #14 Online: 10 de Outubro de 2007, 09:15:15 »
O texto não é contra os advogados, é contra o corporativismo destes. E hão de concordar que o corporativismo é quase uma segunda natureza entre nós. Os médicos, por exemplo, tem o privilégio de estabelecer leis para a própria categoria o que é um claro abuso de poder. Os policiais militares cometem crimes comuns e são julgados em tribunais especiais. Deputados discutem entre si para dar o direito a outra pessoa de os processarem.

Nepotismo, corrupção e ineficiência vige no Judiciário e o país paga um alto preço pela morosidade da justiça. Onde está o pessoal da lei propondo reformas? Todas essas apelações devem fazer a alegria  - e a grana - dos advogados. Vamos mudar as coisas, melhorar o brasil, comecemos a cortar na própria carne.

Alegria? Um judiciário sucateado só prejudica o advogado. Você acha que todo mundo nada em dinheiro e vai despejando tudo na mão do advogado? Para receber é sempre uma missa. Normalmente não pagam nada a você, o advogado fica só com a verba de sucumbência (quando uma parte é vencedora numa ação, a parte vencida é condenada ao pagamento de honorários advocatícios, que vão para o advogado).

Como normalmente as ações levam décadas, você recebe só depois de velho já.
Ou então é o famoso contrato de 20% sobre o valor da causa. Mas este pagamento só sai no fim da ação, e como ela demora muito muito, o judiciário lento só prejudica o advogado.

Então por que esse silêncio vigoroso em torno da reforma do judiciário?
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Re: O poder do corporativismo no Brasil (particularmente o dos advogados)
« Resposta #15 Online: 10 de Outubro de 2007, 09:40:54 »
O texto não é contra os advogados, é contra o corporativismo destes. E hão de concordar que o corporativismo é quase uma segunda natureza entre nós. Os médicos, por exemplo, tem o privilégio de estabelecer leis para a própria categoria o que é um claro abuso de poder. Os policiais militares cometem crimes comuns e são julgados em tribunais especiais. Deputados discutem entre si para dar o direito a outra pessoa de os processarem.

Nepotismo, corrupção e ineficiência vige no Judiciário e o país paga um alto preço pela morosidade da justiça. Onde está o pessoal da lei propondo reformas? Todas essas apelações devem fazer a alegria  - e a grana - dos advogados. Vamos mudar as coisas, melhorar o brasil, comecemos a cortar na própria carne.

Alegria? Um judiciário sucateado só prejudica o advogado. Você acha que todo mundo nada em dinheiro e vai despejando tudo na mão do advogado? Para receber é sempre uma missa. Normalmente não pagam nada a você, o advogado fica só com a verba de sucumbência (quando uma parte é vencedora numa ação, a parte vencida é condenada ao pagamento de honorários advocatícios, que vão para o advogado).

Como normalmente as ações levam décadas, você recebe só depois de velho já.
Ou então é o famoso contrato de 20% sobre o valor da causa. Mas este pagamento só sai no fim da ação, e como ela demora muito muito, o judiciário lento só prejudica o advogado.

Então por que esse silêncio vigoroso em torno da reforma do judiciário?

Silêncio, que silêncio? Eu como sou advogado recebo sempre as notícias da Ordem. Dentro dela é muito debatida a reforma do judiciário, do ponto de vista do advogado, óbvio.

Contudo, existe outra entidade corporativa, que é a dos magistrados. Eles são os principais envolvidos nisso e eu não sei como eles vêm a coisa. Lá é mais difícil, por que são eles que recebem as verbas e administram o judiciário. É de lá que precisa partir a vontade política para uma reestruturação.

Há também a questão do repasse de verbas do judiciário pelo Executivo e os elevadíssimos salários de juízes e desembargadores...
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Offline Quereu

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Re: O poder do corporativismo no Brasil (particularmente o dos advogados)
« Resposta #16 Online: 10 de Outubro de 2007, 10:02:35 »
O texto não é contra os advogados, é contra o corporativismo destes. E hão de concordar que o corporativismo é quase uma segunda natureza entre nós. Os médicos, por exemplo, tem o privilégio de estabelecer leis para a própria categoria o que é um claro abuso de poder. Os policiais militares cometem crimes comuns e são julgados em tribunais especiais. Deputados discutem entre si para dar o direito a outra pessoa de os processarem.

Nepotismo, corrupção e ineficiência vige no Judiciário e o país paga um alto preço pela morosidade da justiça. Onde está o pessoal da lei propondo reformas? Todas essas apelações devem fazer a alegria  - e a grana - dos advogados. Vamos mudar as coisas, melhorar o brasil, comecemos a cortar na própria carne.

Alegria? Um judiciário sucateado só prejudica o advogado. Você acha que todo mundo nada em dinheiro e vai despejando tudo na mão do advogado? Para receber é sempre uma missa. Normalmente não pagam nada a você, o advogado fica só com a verba de sucumbência (quando uma parte é vencedora numa ação, a parte vencida é condenada ao pagamento de honorários advocatícios, que vão para o advogado).

Como normalmente as ações levam décadas, você recebe só depois de velho já.
Ou então é o famoso contrato de 20% sobre o valor da causa. Mas este pagamento só sai no fim da ação, e como ela demora muito muito, o judiciário lento só prejudica o advogado.

Então por que esse silêncio vigoroso em torno da reforma do judiciário?

Silêncio, que silêncio? Eu como sou advogado recebo sempre as notícias da Ordem. Dentro dela é muito debatida a reforma do judiciário, do ponto de vista do advogado, óbvio.

Contudo, existe outra entidade corporativa, que é a dos magistrados. Eles são os principais envolvidos nisso e eu não sei como eles vêm a coisa. Lá é mais difícil, por que são eles que recebem as verbas e administram o judiciário. É de lá que precisa partir a vontade política para uma reestruturação.

Há também a questão do repasse de verbas do judiciário pelo Executivo e os elevadíssimos salários de juízes e desembargadores...

Refiro-me ao silêncio aqui na sociedade. Dentro da entidade não duvido que haja - mas de que serve?
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