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2007-10-07 - 00:00:00
Em carta aberta divulgada na internetSkinheads ameaçam magistrada do MP Cândida Vilar, a procuradora que ao acusar formalmente 36 skinheads no dia 14 de Setembro impediu a libertação de Mário Machado por excesso de prisão preventiva, está na mira dos grupos de extrema-direita.
Mário Machado, líder dos Portuguese Hammerskins, apela aos nacionalistas para que não se esqueçam do nome da procuradora Cândida Vilar, que acusou 36 skinsNuma carta aberta divulgada em vários blogues na internet o líder dos Portuguese Hammerskins, detido desde Abril após uma megaoperação da Polícia Judiciária que culminou na apreensão de dezenas de armas proibidas e propaganda nazi, apela a todos os nacionalistas para que não esqueçam o nome de Cândida Vilar, dizendo estar disposto a dar o seu sangue. “As ideias são como os tratados: pouco vale firmá-las com a nossa tinta quando não somos capazes de confirmá-las com uma gota do nosso sangue”, escreve na missiva, citando Ramalho Ortigão, e acrescenta: “Eu estou a dar o meu sangue, espero que todos vós possam fazer o mesmo.”
Lembrando que no dia 15 de Setembro foram soltos 115 reclusos, entre os quais “assassinos, pedófilos e violadores”, Machado, que cumpriu pena pelo homicídio de Alcino Monteiro, em 1995, no Bairro Alto, e foi agora acusado de 17 crimes, diz-se um “preso político” e acusa a procuradora de vingança: “Os nacionalistas jamais se deverão esquecer deste nome, pois esta senhora foi a responsável, e não a PJ (apesar de tudo), pela maior perseguição política dos últimos trinta anos.”
A carta aberta, ilustrada com uma imagem preta e vermelha, está a preocupar os magistrados do Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa, coordenado por Maria José Morgado, que temem pela integridade física da magistrada.
Para lá das ameaças que estão em escritos inseridos em blogues, o CM sabe que foram apuradas outras informações sensíveis. Alguns dos elementos do grupo skin conheciam factos da vida privada e familiar da procuradora, incluindo datas e destinos de viagens de férias.
A procuradora, que se escusa a falar sobre a questão, não tem segurança nem apresentou qualquer participação formal mas o caso tem vindo a ser acompanhado pela hierarquia do Ministério Público. Mesmo nos escritos que estão na internet são inseridos comentários sobre a vida familiar da procuradora Cândida Vilar. A agressividade dos comentários e o perfil violento de alguns dos arguidos no processo dos skin são apontados por magistrados contactados pelo CM como razões suficientes para lhe atribuírem segurança.
"O DIABO EM FORMA DE MULHER"“As ideias são como os tratados: pouco vale firmá-las com a nossa tinta quando não somos capazes de confirmá-las com uma gota do nosso sangue.” É com esta frase de Ramalho Ortigão que Mário Machado lança o desafio a todos os nacionalistas: “Eu estou a dar o meu sangue, espero que todos vós possam fazer o mesmo.”
A carta aberta de Mário Machado, divulgada na internet, é acompanhada de uma imagem com as cores preto e vermelho, onde se lê “Dra. Cândida Vilar – Procuradora Inquisidora” e é intitulada “o diabo em forma de mulher: jamais se deverão esquecer deste nome”.
JUÍZES PEDEM ESTRUTURA DE SEGURANÇA A criação de uma entidade destinada a regulamentar a questão da segurança das magistraturas, que centralize os casos em que há necessidade de protecção pessoal, faz parte de uma proposta entregue há mais de dois anos ao Governo, que continua sem resposta.
Actualmente, sempre que é necessário proteger um magistrado, os diversos meios, como polícias, carros e motoristas, têm de ser solicitados a diferentes entidades. No ano passado, uma procuradora foi sequestrada no tribunal e uma juíza foi mordida.
Ana Luísa Nascimento / Eduardo Dâmaso
Fonte:
http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=260796&idselect=9&idCanal=9&p=200É interessante dar uma olhada também em "Artigos relacionados" no mesmo link.