Autor Tópico: Rosa para menina, azul para menino: psicologia evolutiva ou cultura?  (Lida 2944 vezes)

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Offline Buckaroo Banzai

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Rosa para menina, azul para menino: psicologia evolutiva ou cultura?
« Online: 19 de Outubro de 2007, 20:57:33 »
“Um estudo da Universidade de Newcastle descobriu que mulheres naturalmente têm preferência por tons avermelhados. Em um artigo na revista especializada Current Biology os especialistas afirmam que esta preferência pode ter ajudado as mulheres na escolha de frutas mais maduras ou parceiros mais saudáveis”, noticiou o Correio Braziliense. Não foi uma grande sensação midiática aqui no Brasil, embora a Veja tenha publicado algo a respeito. Mais no Tecnocientista.
No exterior a empolgação com o curioso estudo foi maior, mas como Ben Goldacre do site Bad Science notou, o estudo em si descobriu que a preferência não é consistente em culturas diferentes, exatamente o oposto do que ele especula e foi disseminado pela mídia. Isto é, influências culturais são sim mais importantes e a psicologia evolutiva desempenha um papel pequeno, se é que desempenha algum papel, em nossas preferências de roupinhas para bebê.
Mas o mais interessante, e a melhor demonstração da falha do estudo, é como Goldacre lembra:

    "Antigamente, quando as damas tinham um periódico doméstico, em 1918 o Ladies Home Journal escreveu: “Há uma grande diversidade de opiniões no assunto, mas a regra geralmente aceita é a de rosa para o menino e azul para a menina. A razão é que o rosa é uma cor mais decidida e forte, sendo mais apropriada ao garoto; enquanto azul, sendo mais delicado e sensível, é mais bonito para a garota“. O Sunday Sentinel em 1914 disse às mães americanas: “Se você gosta da nota de cor nas roupinhas de bebê, use rosa para o menino e azul para a menina, se você seguir as convenções”. Algumas fontes sugerem que não foi até os anos 1940 que as associações modernas de gênero de rosa feminino se tornaram universalmente aceitas. Rosa talvez não seja, assim, biologicamente feminino. Garotos criados em roupinhas rosas trabalharam em minhas e lutaram na Segunda Guerra. Convenções de uso de roupas de fato mudam ao longo do tempo”.

Se você estiver incerto, coloque uma roupinha com todas as cores do arco-íris em seus filhos. Ou não? :-) [via Apothecary’s Drawer Weblog]


http://100nexos.com/arquivo/275

Offline Quereu

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Re: Rosa para menina, azul para menino: psicologia evolutiva ou cultura?
« Resposta #1 Online: 19 de Outubro de 2007, 22:03:17 »
O entendimento do comportamento passa pela compreensão de como o cérebro funciona. Esse pequeno órgão que pesa em torno de 1,3 kg é a estrutura mais complexa conhecida pelo homem e grande parte do seu funcionamento continua envolto em mistério.

Em psicologia, devido à incapacidade de se observar diretamente o mecanismo cerebral, diferentemente de outros órgãos, tais como os pulmões, por exemplo, onde a simples dissecação e exame do indivíduo levam a conclusões universais apela-se a via indiretas. Uma via foi a antropologia, o exame de comunidades arborígenas. Nessa área o estudo foi contaminado por influências ideológicas e há uma queda de braço no meio acadêmico. Na falta de dados e exames precisos uma dose de subjetivismo torna-se inevitável. Freud se serviu de inúmeros relatos antropológicos e concluia sempre que as diretivas psicológicas eram baseados na repressão e complexo de Édipo. Jung, analisando as religiões e os temas literários concluiu que o homem herdava arquétipos que retornavam sempre à psique humana por meio de mitos.

A psicologia evolutiva trabalha com novos dados antropológicos procurando reuni-los à teoria da evolução, daí faz interpretações que se conformam com as próprias premissas. Somente os estudos podem confirmar e devem ser mais sérios que esse da roupinha de bebê. Se ela se pretende ciência não sobreviverá com tais pesquisas.

Um campo promissor no estudo da psicologia são as neurociências e ciências cognitivas. Depois de cem anos de psicanálise novas respostas parecem estar surgindo graças aos novos equipamentos. Talvez tragam algo de positivo e digam mais sobre o comportamento humano do que o que ele não é. O estudo das emoções, no qual Freud diz não se meter nessa barafunda fazendo esforço intelectual de agrupá-las em dois grandes grupos, simplificando para poder explicar, é recente e ainda engatinha. Mas alguma resposta deve haver além desse silêncio que cerca o assunto. Não sendo a resposta certa que abra caminhos, pois a floresta é escura.
A Irlanda é uma porca gorda que come toda a sua cria - James Joyce em O Retrato do Artista Quando Jovem

Luz

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Re: Rosa para menina, azul para menino: psicologia evolutiva ou cultura?
« Resposta #2 Online: 19 de Outubro de 2007, 22:16:34 »

Uh! Isso quer dizer que minha preferência por azul, não tem nenhuma relação com minha sexualidade!  ::)

É apenas a prova de que sou uma pessoa anti-convencional, esquerdista (azul?) e feminista.  :P

Pensei que era porque acho o céu a coisa mais linda do mundo!  :)

Temma

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Re: Rosa para menina, azul para menino: psicologia evolutiva ou cultura?
« Resposta #3 Online: 19 de Outubro de 2007, 23:03:23 »
acho meio inevitável esse "frenesi" evolutivo. vão começar a dar explicações meio random de como a 'coçada de saco' evoluiu no homem, a fofoca da mulheres, ou a felação, ou a capacidade de dançar, e assim vai. tá na moda  :stunned:

Luz

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Re: Rosa para menina, azul para menino: psicologia evolutiva ou cultura?
« Resposta #4 Online: 19 de Outubro de 2007, 23:14:18 »
acho meio inevitável esse "frenesi" evolutivo. vão começar a dar explicações meio random de como a 'coçada de saco' evoluiu no homem, a fofoca da mulheres, ou a felação, ou a capacidade de dançar, e assim vai. tá na moda  :stunned:

Não tinha exemplo melhor que "fofoca" nas mulheres, não?  :x  Tipo coçar a testa?  :P

Releva, devem ser reflexos de outros tópicos...   :lol:

Temma

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Re: Rosa para menina, azul para menino: psicologia evolutiva ou cultura?
« Resposta #5 Online: 20 de Outubro de 2007, 00:32:31 »
acho meio inevitável esse "frenesi" evolutivo. vão começar a dar explicações meio random de como a 'coçada de saco' evoluiu no homem, a fofoca da mulheres, ou a felação, ou a capacidade de dançar, e assim vai. tá na moda  :stunned:

Não tinha exemplo melhor que "fofoca" nas mulheres, não?  :x  Tipo coçar a testa?  :P

Releva, devem ser reflexos de outros tópicos...   :lol:


foi por uma boa causa. eu precisava usar um estereótipo que soasse completamente equivocado  :hihi:






Offline Thufir Hawat

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Re: Rosa para menina, azul para menino: psicologia evolutiva ou cultura?
« Resposta #6 Online: 20 de Outubro de 2007, 00:58:58 »
Mas a fofoca já tem uma explicação evolutiva!
Lembro de um livro que li, chamado "O Gene da matemática", de Keith Devlin, sobre linguagem e matemática, no qual ele diz que há estudos que mostram não apenas que a maior parte da nossa comunicação consiste de fofoca (num sentido meio que ampliado, no qual fofoca envolve basicamente a discussão sobre os acontecimentos e os rumos dos diversos grupos dos quais fazemos parte: família, amigos, colegas de trabalho, entre outros) mas que isso é válido para ambos os sexos, e que a explicação para tanto é que grupos que permanecem unidos têm mais chance de prosperar e que a fofoca é apenas um reflexo da união do grupo, ou seja do interesse/preocupação dos integrantes pelo grupo.

Não sei se é uma explicação muito boa, mas o livro é interessante, recomendo.
Archimedes will be remembered when Aeschylus is forgotten, because languages die and mathematical ideas do not. "Immortality" may be a silly word, but probably a mathematician has the best chance of whatever it may mean.
G. H. Hardy, in "A Mathematician's Apology"

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Rosa para menina, azul para menino: psicologia evolutiva ou cultura?
« Resposta #7 Online: 20 de Outubro de 2007, 01:43:28 »
Esse livro "o gene da matemática" parece bastante interessante: aos não afeitos ao determinismo genético como eu, é interessante avisar que não é algo sugerindo que haja mesmo um gene ou série específica de genes para a matemática, é mais para ficar chocante o nome do livro, segundo o próprio autor, segundo minha memória (de uma entrevista com o autor).

Mas é sobre a genética da matemática no sentido de que os animais, humanos inclusos, tem habilidades matemáticas impressionantes, mesmo que não sejam matemáticas no sentido "clássico". Jogar basquete, ou futebol, envolve uma série de cálculos matemáticos sobre o movimento da bola, força, desvio da trajetória pelo ar, força necessária, etc; e fazemos tudo isso em instantes. Mesmo cães, por exemplo, se você jogar um objeto para que peguem e tragam de volta num lago, eles são matematicamente inteligentes o suficiente para andarem pelas margens, em terra, até que o trajeto até o objeto seja o menor possível, em vez de nadar diretamente ao objeto, por um percurso maior na água. Apesar do percurso total ser maior do primeiro modo, é mais fácil andar no seco do que nadar.

Offline Thufir Hawat

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Re: Rosa para menina, azul para menino: psicologia evolutiva ou cultura?
« Resposta #8 Online: 20 de Outubro de 2007, 01:53:25 »
É isso mesmo, Banzai. No prefácio ele já alerta pro fato de que não defende a idéia de que exista um gene para a aptidão em matemática, mas sugere que os processos cerebrais envolvidos em matemática devem ser muito semelhantes aos envolvidos na linguagem (ou até os mesmos) e que, partindo da a teoria de que a linguagem é inata, a capacidade para matemática também deve sê-lo, ainda que a facilidade em matemática deva ser mais produto do meio e de um fator individual.
Ele chega a citar um estudo segundo o qual crianças muito novas são capazes de entender operações de soma e subtração muito simples (ao contrário do que concluiu Piaget, que achava que crianças de até três anos ou mais ainda não tinham qualquer noção de matemática) e discute a possibilidade de animais possuírem alguma noção numérica.

Vale a pena, é bem interessante.
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G. H. Hardy, in "A Mathematician's Apology"

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Rosa para menina, azul para menino: psicologia evolutiva ou cultura?
« Resposta #9 Online: 02 de Julho de 2008, 21:18:36 »
acho meio inevitável esse "frenesi" evolutivo. vão começar a dar explicações meio random de como a 'coçada de saco' evoluiu no homem
Ajuda a ajustar os testículos numa posição que otimiza a produção de espermatozóides.


Citar
a fofoca da mulheres
Trocam informações sobre o status de potenciais parceiros sexuais, sendo que o status está ligado à aptidão, a melhores genes que se reproduzem mais, e assim elas encontram os parceiros com os melhores genes.
 

Citar
ou a felação
A língua e o sistema olfativo são sensores químicos muito acurados, então é muito provável que mulheres possam averiguar a qualidade do esperma pelo paladar, não precisando arriscar uma gravidez custosa sem ter certeza da boa qualidade dos genes ou condicionamento físico do parceiro. Pode também satisfazer machos provedores sem necessitar ter filhos deles, ao mesmo tempo em que engravida dos machos alfa.


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ou a capacidade de dançar
Ritual de acasalamento; a coordenação motora sinaliza a exibição de genes cerebrais que determinam um cérebro com aptidões de dança, e por extensão, caça e cópula.

Offline Fabulous

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Re: Rosa para menina, azul para menino: psicologia evolutiva ou cultura?
« Resposta #10 Online: 09 de Julho de 2008, 12:47:54 »
Cultura.
MSN: fabulous3700@hotmail.com

Offline Fernando Silva

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Re: Rosa para menina, azul para menino: psicologia evolutiva ou cultura?
« Resposta #11 Online: 09 de Julho de 2008, 12:51:54 »
Homens coçam o saco porque o saco coça.
Próxima pergunta.

Offline Fabulous

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Re: Rosa para menina, azul para menino: psicologia evolutiva ou cultura?
« Resposta #12 Online: 09 de Julho de 2008, 12:53:40 »
Coçam por falta de quadriderme.
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