O brasil é um país interessante. Pensa-se muito nos direitos das minorias esquecendo-se que a esmagadora maioria não tem direitos. É claro que os presos devem ser tratados com justiça, sem torturas e com dignidade. Não devemos esquecer, porém, que o cidadão comum recebe um salário acachapante, é geralmente sub-empregado, possui baixo índice de escolaridade e os serviços que o estado oferece são mínimos. O judiciário não funciona, a polícia não investiga, quando não confunde brutalidade com energia, a saúde é o descalabro que todos conhecem. A educação, essa, então, foi para o espaço e todos possuem diploma mas conhecimento que é bom...
Os homens comovidos e preocupados com o bem-estar infantil criam o estatuto da criança, uma espécie de lei especial. Lei não é para todos? Para proteger os idosos outro estatuto. E assim vamos criando foros privilegiados onde somente aqueles grupos capazes de se fazer representar, em detrimento de todo o resto que fica calado, são ouvidos. Querendo promover a justiça criamos privilegiados e as mudanças necessárias ficam para o dia de São Nunca. Esse é o brasil, tudo capaz de deturpar.
Quanto aos presos, não se pode esperar que sejam mais justamente tratados do que as pessoas comuns. Cá fora as pessoas dão o couro por uma gorjeta mensal, afora os maus-tratos cotidianos e o trabalho bruto e sem sentido. Dentro das celas exigem dignidade e respeito. Mas todos exigimos dignidade e respeito. Todos. Onde estão as ONGs dos cidadãos comuns? Não existem. O cidadão comum não dá verbas milionárias...